Capitulo quinze



Bufei novamente passando a mão no rosto e voltando-se para o pergaminho a minha frente que continha a nota sobre uma suspeita gang bruxa. Precisava me concentrar, ao máximo, aquilo era sério! Droga! Por que ela não saia da minha cabeça?

Já haviam se passado duas semanas e Hermione não mandara nenhuma carta, tudo bem que eu não queria me corresponder sempre com ela, mas duas semanas sem noticias estava me deixando com os nervos a flor da pele. Aquele maldito beijo me atormentava segundo após segundo, minha cabeça estava mais bagunçada do que o meu próprio quarto. Qualquer lugar me lembrava ela e aquela foto em cima da minha mesa de frente para o pergaminho estava me tirando toda a concentração necessária para que eu realmente conseguisse ler toda aquela nota e seguir a adiante com o caso.

Na foto estávamos no Hyde Park, primeiro dia em que realmente pudemos dizer “em fim sós”. Num dos lagos do parque estávamos nós de pedalinho. Hermione gargalhava enquanto eu jogava água nela, seu sorriso, sempre tão doce que me fazia esquecer que estava no trabalho e que era algo realmente sério a tratar. Me voltava para o pergaminho que quando dava conta de mim mesmo estava olhando a foto. Era como se pudesse me lembrar do dia maravilhoso em que passamos juntos. Ela me fazia rir apenas com um simples gesto ou fala, ou até mesmo quando estava a observando ler um livro qualquer, o modo como colocava a franja para trás da orelha e seu olhar tão singelo. As lembranças que permaneciam em minha mente daquele dia vinham à tona como um filme rápido e me fazia sorrir distraidamente.

Dei-me conta do trabalho e voltei rapidamente ao pergaminho. E novamente foi inútil esconder Hermione de minha cabeça. Passei a sentir raiva por ter me pegado pela milésima vez olhando seu retrato. Num ato de raiva peguei o retrato e o virei para baixo. Logo atrás havia outro, ela estava séria, e estava lendo o profeta, Rony havia a tirado por brincadeira, mas eu adorei a foto e tomei posse colocando ela sobre a mesa da minha sala, mais uma dentre as outras muitas que haviam em cima da mesa. O virei também com brusquidão. Na linha da minha visão há outro pendurado na parede, dessa vez estava Rony no meio, e a ver me fez sentir mais raiva. Me levantei furioso e sai tirando todos os retratos de todas as mesas, armários, e paredes, todos que era visível Hermione e cada retrato virado ou retirado parecia fazer minha raiva dobrar e num surto de ódio atirei o ultimo da seqüência na parede o fazendo se quebrar e espalhar cacos de vidro por toda a sala. No exato momento em que o vidro se quebrou Will entrou em minha sala parando estático com a mão na maçaneta olhando de mim para o porta-retrato quebrado no chão.

- Está ficando doente, Potter? – indagou McCulley com os olhos arregalados. – Você esta me assustando sabia? Eu entro aqui para saber sobre a nota e você me apresenta uma sala nesse estado? – passou os olhos sobre os retratos virados e alguns que estavam em minha mão que foram retirados da parede. – Tome, sua vice pediu para que eu lhe entregasse. – Me estendeu uma carta com um ar ainda aborrecido pelo estado da sala. – Parece ser daquela sua amiga... – ele não precisou terminar um “que morava com você”, eu já havia tomando a carta de sua mão. Abri desesperado por informações e encontrei uma caligrafia desleixada e rápida, aquilo não era típico de Hermione, sinal de que ela não estava em boas condições na hora que escreveu a carta.

Estou sem tempo e está impossível falar com o ministro. Desculpe-me não estar lhe correspondendo. Acabei de falar com o chefe do departamento de regulação de criaturas mágicas daqui e, sinto muito, não volto em menos de um ano.

Te adoro, saudades,
Hermione

Me joguei na poltrona atrás de mim, graças a Deus eu ela estava lá. Meus pesadelos viraram um simples pedaço de pergaminho com uma caligrafia grossa e desleixada.

- Parece tão simples pra você... – murmurei pra mim mesmo passando a mãos sobre o rosto e um nó subia a minha garganta.

- O que? O que ela disse? – indagou Will pondo-se a minha frente.

Bufei me levantando.

- Não volta em menos de um ano. – empurrei a carta contra o peito dele que a pegou e começou a ler enquanto eu me dirigia até a cadeira de minha mesa e pegava minha jaqueta a vestindo rapidamente. – Eu vejo a nota amanhã, ainda vai haver tempo. Não vou conseguir trabalhar agora.

Coloquei a mão na maçaneta decidido a sair da sala, abri a posta e antes que eu pudesse sair da sala pisei em um caco de vidro, isso fez minha atenção se voltar para o retrato que havia jogado na parede. No chão uma foto em tom de escala cinzenta. Eu abraçava Hermione por trás cheirando seu pescoço e ela tinha uma das mãos em meus cabelos e a outra e a outra sobre meu braço que a envolvia pela cintura. Certa hora na foto eu parava de cheirar seu pescoço e lhe dava um beijo estalado na bochecha e depois nos olhávamos sorridente para a maquina fotográfica bruxa. Aquilo me deu uma sensação de borboletas no estômago. Percebi naquele momento que aquela foto não passava nem um pouco a visão de “apenas amigos, muito bem. Obrigado”. Aquilo me lembrou instantaneamente um foto que eu guardava de meus pais, eram parecidas, e eu senti certo orgulho disso, mas me pergunto por que.

- O que vai fazer? – a voz de Will foi como uma buzina que me fez acordar. – Não consegue viver sem ela, olhe só essa sala e faz somente duas semanas que ela foi embora!

Meus olhos o encararam.

- Eu. Sei. Viver. Sem. Ela! – vociferei e bati a porta com toda a força ao sair.

*-/-*

- O QUE? – indagou Rony deixando a maça que comia cair no tapete da sala de sua casa. – Vender o apartamento? Cara, você bebeu?

- Rony! – quase dei um grito de desespero. – Você não está me entendendo. Cada canto daquela casa me faz lembrá-la. Cada cômodo, cada móvel, o quarto dela ainda conserva sei cheiro, o lado da minha cama está frio! Gelado! Sabe o copo laranja ao lado do filtro? Me faz lembrá-la! Eu não vou à varanda há dias só para não encarar a cadeira que ela sentava para ler seus livros, eu não agüento mais alisar o Bichento só porque ele é dela! E não tem mais nenhuma foto espalhada pela casa ou no meu escritório sabe por quê? Porque todas as fotos que eu tenho ela está no meio! Todas Rony! Todas! Esta sendo um tormento, dia após dia, noite após noite, sabe quantos pedidos de uma partida de cartas com o Sr. Granger eu recusei? Dez! Isso só porque ele é pai dela, e porque ela não vai estar lá nos observando como sempre, rindo de nós ou qualquer outra coisa ou detalhe que pode parecer insignificante, mas que agora me fazem mais falta do que água quando saio pra correr.

- Uau... Meu irmão você está obcecado por Hermione! – Rony disse me encarando bobamente. – ela foi embora a menos de três meses!

- Rony! – eu me aproximei dele, era capaz de sentir minhas mãos tremerem. – Eu estou sem ela há três meses! – minha voz saiu falha. – Só recebo cartas na qual ela esta se lamentando e dizendo que a sorte não esta mais do lado dela. Rony, ela esta sofrendo e eu não estou lá para ampará-la, para lhe dar força como sempre fiz, pra lhe dar um abraço e murmurar um “vai dar tudo certo, estou aqui pra te ajudar!”. – um nó subiu a minha garganta e eu me desmontei no sofá da sala, aquilo já fazia parte de mim, aqueles nós que eu tentava engolir, desmoronar no sofá ou na cadeira ou na cama, passar a mão pelos cabelos desesperado, esfregar o rosto como se isso pudesse esconder as lagrimas que me subiam aos olhos, tudo aquilo fazia parte do meu ritual no momento em que pensava nela. – Eu nunca imaginei que poderia ser tão difícil pra mim... – murmurei encarando o chão. – A vida sem ela não parece ter graça... – minha voz estava falha. – Deus! – exclamei passando a mão no rosto e a parando dentro dos meus cabelos com os cotovelos repousados sobre os joelhos encarando o chão. – Estou ficando louco... – disse mais para mim mesmo do que para Rony.

Até mesmo a casa de Rony me fazia a lembrar, era como se eu pudesse ouvir as risadas dela e de Luna vindas da cozinha. Como se os finais de semana que eu passava com ela ali fossem revistos todos em minha mente. A imagem dela vindo com Luna se sentando ao meu lado no sofá enquanto eu passava os braço sobre seu ombro e Luna se ajeitando da melhor forma possível ao lado de Rony e as tardes que tirávamos só para conversar e rir daquela maneira. Podia fechar os olhos por um momento e me desligar do mundo quando somente a voz dela vinha a minha mente, suas gargalhadas. Era como se ela estivesse morta, como se eu nunca mais pudesse a ver. Mas saber que ela ainda estava no mundo fazia a tortura subir ao meu peito me queimando como fogo e eu só queria a ver, segundo após segundo, nem que fosse de longe! Seus lábios... tão macios lábios... Deus! Eu já não entendia como esses pensamentos era tão bem vindos em minha mente. Estava tão confuso.

- Rony. – disse depois de um tempo em silêncio. – Acredito que... talvez eu... eu... não sei, mas... receio que... esteja gostando dela. De Hermione. – ainda encarava o chão e a voz dela ecoava em minha cabeça, assim como, de um modo absurdamente assustador podia sentir o seu cheio.

Percebi Rony rir.

- Cara, - ele se aproximou e se sentou numa poltrona a minha frente. – você é muito burro!

- Obrigado. – murmurei sem olhá-lo.

- Por que demorou tanto enxergar isso? – indagou ele num tom animado.

- Eu... Eu não sei, eu ainda não sei se enxerguei. Eu estou confuso, não sei se isso é porque sinto falta dela, estou tão desorientado sem Hermione. É como se eu não conseguisse ser eu mesmo. – O foquei e ele não sabia o que dizer.

- O que está pensando em fazer?

- Vender o apartamento. Quero apagá-la da minha vida. Não quero nada que me faça lembrá-la perto de mim.

Rony pôs-se a gargalhar e eu o olhei feio.

- O que? – Rony indagou. – Quer aprender a viver sem ela é? – ele soltou outra gargalhada. – Harry, olha o seu estado! Apenas três meses e nem a barba você se preocupou em fazer!

- Rony! – eu me levantei. – Ama Luna? – indaguei e ele pareceu surpreso com a pergunta repentina.

- Claro! – respondeu convicto. – Pensei que isso fosse mais obvio que a aliança em meu dedo.

- Estou falando de amar, em qualquer ponto, sentido ou ângulo. A ama de verdade?

- Claro Harry! Se não eu não estaria casado com ela!

- Se eu a levasse para o Japão agora e dissesse que poderia a ver apenas depois de um ano, e se esse um ano for certo, talvez ela fique por lá mais tempo. Como reagiria? O que faria? Ou pensaria?

Rony torceu o nariz.

- Iria pensar que estava querendo roubar minha mulher de mim!

Eu revirei os olhos.

- Não seja idiota! Sabe porque estou lhe perguntando isso.

- Bem... Na verdade, eu não sei não. Mas acredito que ficaria pior que você! Imagine... um ano sem minha Luninha, a lua da minha noite e o sol do meu dia! Um ano sem a ver, seria tortura. Enlouqueceria, pode acreditar.

- Obrigado, Rony! – disse enérgico me levantando e seguindo até a porta.

- Onde vai?

- Embora!

- Porque?

- Porque eu preciso pensar sem ela! E isso vai tomar bastante de mim!

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