Capitulo quatorze



Me joguei no confortável sofá da sala de estar do nosso apartamento tirando os sapatos e pondo o pé em cima da mesa de centro. Era um pouco estranho fazer isso e não ouvir um “tire os pés da mesa” que Hermione costumava falar num tom repreensivo.

Bichento pulou em meu colo esperando que eu começasse a alisá-lo. Hermione preferiu não o levar já que corria o risco de não ter tempo de cuidar dele, por tanto, não houve nenhum problema quanto a ficar com ele enquanto ela estava fora. Até porque alisar bichento era meu passatempo favorito. Ele subiu bastante em meus conceitos depois que descobri que Perebas na verdade era Rabicho que para meu agrado teve um pequeno desentendimento com o Lord das Trevas após fracassar um uma missão que provavelmente envolvia o seqüestro de Rony. Triste fim... realmente trágico...

Bufei jogando a cabeça para trás encarando o teto branco. No meio um pequeno lustre conjurado por Hermione para enfeitar a sala. Lembrei-me do dia em que ela o conjurara. Um tanto quanto engraçado, Hermione preferia um, Rony preferia outro. Acabara que eu escolhi, foi facil, apenas apontei para um dos dois, afinal, os dois eram legais e ficariam bem na sala, bastou apontar e sem mais acréscimos!

Eu tentava afastar a imagem da minha boca encostando na dela com qualquer outra coisa, mas o que estava me irritando era que qualquer coisa que eu olhasse naquela sala me lembrava ela. Acabei me dando por vencido voltando a cena do nosso simples “beijo”. Um erro, um completo erro! O que havia feito? Bem, Hermione pode ter encarado como um simples beijo de... amigos? É, quem sabe... Afinal, não fora bem um verdadeiro beijo apaixonado cheio de amor e desejo. Foi quase num ato inconsciente. Se bem que eu deveria mesmo ter dado um beijo apaixonado cheio de amor e desejo nela. Uau! Deus! O que eu estava pensando? E neste exato momento proibi a mim mesmo de pensar novamente naquele... vamos chamar de beijo, ok? Afinal, selinho também faz parte!

Um “crack” fez com que meus pensamentos voltassem ao presente e que eu tirasse meus pés da mesa enquanto Bichento assumiu um olhar estreito e atento.

- Dobby? – indaguei ao ver aquela incrível criatura andar até mim com uma expressão cabisbaixa. – Hermione já lhe disse sobre não poder aparatar aqui.

- Desculpe Dobby, Harry Potter! – disse baixo para não deixar que sua voz estranhamente aguda passasse da porta da sala invadindo os corredores do apartamento. – Dobby é um elfo mal. Muito mal, mas Dobby não pensou em como chegar à casa de Harry Potter sem aparatar. Dobby é mal! – bateu com a cabeça na quina da mesa, aquilo realmente deve ter doido.

- Dobby! Já disse sobre como deve se comportar em minha casa! – falei num tom repreensivo e ele parou imediatamente de bater a cabeça na quina da mesa.

- Desculpe Dobby novamente, Harry Potter. Dobby se esqueceu que não deve se bater na casa de Harry Potter e Hermione Granger. – disse enquanto lutava contra si para não pegar uma pequenina estátua de cerâmica em forma de um gato e bater compulsivamente em sua cabeça. – Dobby soube da partida de Hermione Granger. Harry Potter parece triste com isso. – Eu assenti com a cabeça tornando a por meus pés em cima da mesa da sala e voltando a alisar Bichento.

- É... – murmurei.

- Hermione Granger demora a voltar?

Dei de ombros.

- Dias, meses, ou... – era difícil dizer as palavras, talvez eu não me imaginava tanto tempo longe dela. – Anos. – acrescentei cabisbaixo.

Ninguém falou nada durante alguns segundos.

- Harry Potter está apaixonado por Hermione Granger? – indagou Dobby em uma expressão confusa.

- Que? Não! Claro que não! – disse confiante voltando-me para Dobby com um olhar duro.

Dobby desviou aqueles grandes olhos verdes perdendo-se em qualquer ponto que não fosse eu.

- Dobby não tem nada a acrescentar sobre o assunto senhor! – disse receoso, apensar de sua expressão ser um tanto quanto irônica eu resolvi não por em pratica minha insistência sobre não ser apaixonado por ela. – Dobby veio passar o convite de Rúbeo Hagrid, Harry Potter! Quer que o senhor e Ronald Weasley compareçam em sua cabana nos terrenos de Hogwarts perto a orla da floresta proibida para um chá. – Dobby parecia bastante formal, como se fosse algum vice passando as informações ao seu chefe.

- Já avisou ao Rony?

- Sim, Dobby já avisou! E Rony Weasley pediu para que passasse em sua casa para irem a Hogwarts juntos, de vassouras.

Eu abri um sorriso torto ainda com os olhos fixos em uma fotografia onde estava Rony e eu no começo do sexto ano. Ele apontava sua varinha para minha testa enquanto mantinha uma cara falsamente horrorizada, havia enfeitiçado as vestes para que ficassem verde e prata, cor da sonserina, e mantinha uma expressão que lembrava Draco, parecia que havia acabo de cheirar algo que realmente exalava um cheiro horrível pela careta que fazia. Típicas brincadeiras infantis que costumávamos fazer, pouca coisa mudou com relação a isso nos dias de hoje.

- Eu precisava mesmo voar. – disse sonhadoramente.

*-/-*

Tateei cegamente o outro lado da cama quando acordei no dia seguinte a procura de Hermione. Aquilo se tornara quase um ritual, acorda Hermione logo cedo para irmos ao ministério. Ao invés de encontrar o corpo de Hermione acabei por assustar Bichento que dormira no local onde deveria estar ela. Havia me esquecido novamente de que Hermione não estava mais em casa. Quase me desesperei ao encontrar o gato na cama, Hermione reclamaria por isso... Ok! Esqueci-me novamente de que ela não estava em casa.

Tomar café da manhã sozinho é estranho. Na verdade, ruim! Ou melhor, péssimo. Não que nunca tenha tomado café sozinho, mas é que das vezes em que estive sozinho ali naquela cozinha sabia que Hermione deveria estar ou no banho, ou na sala, ou em seu quarto, qualquer lugar ao meu alcance, e que logo ela adentraria o cômodo dizendo divertidamente irritada: “Você não me esperou para o café?”

Não havia ninguém para conversar, o silêncio reinava e aquilo estava me incomodando. Maldito silêncio! Onde estava a doce voz de Hermione? Certamente que a quilômetros de distância. Como senti falta do seu “bom-dia” naquele momento.

Entrei no carro saindo de casa com a impressão de estar esquecendo alo, e esse algo era obviamente Hermione. Silêncio durante o cominho inteiro até eu chegar no ministério onde suspirei tristemente... Seria assim todo o dia até ela voltar. Por um minutos me sentia culpado, se não fosse o sucesso do caso em Swanage seu departamento nunca teria crescido o tento que cresceu para ela ter ido ao ministério norte-americano uma autorização para se tornar independente e ela estaria ao meu lado agora, mas logo me sentir culpado por pensar somente em mim, se não fosse o caso em Swanage seu departamento nunca teria crescido tanto para ela ter ido ao ministério norte-americano autorização para se tornar independente e ela provavelmente estaria entrando comigo por aquela cabine de visitantes com a cabeça baixa recebendo olhares de “Aquela é a que defende os elfos, coitada...”.

Trabalho normal como sempre, uma livraria no beco diagonal reclamando sobre três livros em estoque terem desaparecido misteriosamente algo realmente alarmante para toda sua história de existência. Um cachorro de sido estuporado em meio a avenida central de Londres onde certamente havia milhares de trouxas. E algum engraçadinho que andou dando lucro a loja de Zonkos de Jorge e Fred resolveu aprontar em um restaurante trouxa. Nada tão assustador para uma manhã, mas conseguiu me distrair um pouco da visão de Hermione. Até porque estava acostumado a não lhe dar com ela ao meu lado no trabalho, o que era estranho e um pouco difícil de se acostumar também era não ouvir mais de Charllet, minha vice, as palavras: “Memorandos da Srta. Granger” ou “Granger pede que vá a sala dela”.

Sai pouco depois do almoço indo para a casa de Rony carregando a minha velha e antiga Firebolt, onde, apesar de antiga e passada eu não abria mão de trocá-la afinal era uma das lembranças mais vivas de Sirius que eu tinha. Voamos até Hogwarts e ver aquele castelo me fez bem. Aquele lugar fora minha casa durante minha adolescência. Passamos tantas coisas ali, Fofo, o Basilísco, Sirius, Dragões, Umbridge, Snape... Aprendi a viver naquele lugar, assim como amadureci ali e me tornei um grande bruxo ali. Devia tanto aquela escola, A Dumbledore, e ele nem ao menos estava perto, provavelmente ele me aconselharia sobre viver sem Hermione, quem sabe? Eu na verdade precisava de um manual de instruções, basicamente era impossível conseguir viver sem ela.

- Ah, Graças a Merlin! – exclamou Hagrid ao nos ver. – Pensei que aquele elfo não iria conseguir passar a informação corretamente. Dobby anda meio desorientado depois que foi libertado, coitado, imagino que queira ter uma dona como Hermione.

Maldita hora em que ele dissera Hermione! Eu estava tão distraído com tudo a volta que Hermione fugira da cabeça, e eu estava lutando para que isso acontecesse desde de manhã.

- Espero que seja um assunto realmente importante para eu não poder trazer minha mulher! – protestou Rony entrando na cabana.

- Ah, não! Pedi para que não trouxesse porque Harry não iria trazer Hermione.

- Ela não é minha mulher. – disse me sentando em um sofá cheio de remendos.

- É quase. – disse Hagrid indo em direção a uma chaleira em cima da mesa e separando três copos em uma estante. – Só faltam se casar. Moram na mesma casa e se tratam como um casal. E até difícil enxergar Harry Potter sem Hermione Granger e Hermione Granger sem Harry Potter. Não consigo os ver separados.

- Acontece que ela não está tão perto agora, não é? Vai ter que me enxergar sem ela agora.

- Ah, cara! – Rony se manifestou aceitando um copo de chá oferecido por Hagrid. – Assume logo que a ama e pare de Lengalenga! Sério, está se tornando exaustivo ver que vocês não conseguem enxergar o amor que sentem um pelo outro.

- Não sei o que há de mais! – protestei. – Somos amigos e estamos felizes nesse status, creio que não motivos para sermos mais que isso.

- Claro que não, Harry! – Hagrid exclamou. – Estão felizes, você pode fazer tudo com ela, a abraça, andam de mãos dadas, vivem juntos, qualquer pessoa os julgaria como um casal, porque mudaria de status se esta feliz nesse?

- Não, não estou feliz nesse! – aquelas palavras realmente saíram sem pensar, mas veio de algum lugar dentro de mim que realmente dizia “Não, você não esta feliz nesse status”. – Não sei... – murmurei quase pra mim mesmo. – É como se não fosse... Completo. – disse ainda me perguntando de onde estavam vindo tais palavras.

Hagrid e Rony começaram a rir e eu não entendi.

- Olha Harry! Não estava convencendo ninguém dessa forma. Primeiro você chega aqui com essa cara de enterro porque Hermione esta longe, segundo ainda nos diz sobre não se sentir completa sendo amigo dela. – Rony disse ainda rindo.

- Não estava me referindo a ela, ok? De certa forma estou falando no geral. Não é exatamente
ela. – acrescentei rápido um pouco gaguejante.

- Compreendo. – Hagrid disse lançando um olhar significativo a Rony pegando alguns biscoitos próximos ao forno. – Deve estar confuso quanto ao que sente por ela...

- Eu sei o que sinto por ela! – retruquei rápido, aquilo já estava me irritando.

- Sabe? – indagou Rony surpreso. – O que realmente sente por ela?

- Gosto dela! – afirmei incerto. – Quero dizer... é minha melhor amiga, não há como não gostar.

- Hum... – Hagrid murmurou com um olhar maroto.

- Escute, nossa amizade tem um limite, ok? Nós sabemos até que ponto devemos ir. Eu nunca a levei pra cama se é isso que não está os deixando dormir. – disse com raiva.

Hagrid e Rony arregalaram os olhos.

- Esta brincando, não é? – exclamou Hagrid.

- Uau Harry! – Rony disse bobamente. – Qual é, cara? Estão na mesma casa... sozinhos... você... ela... e nada! Nunca?

- Não! – minha face assumia uma expressão incrédula, como eles pensavam isso sobre mim e ela. – Eu sei a respeitar, certo? – revirei os olhos – E querem saber? Eu não vim aqui discutir minha relação com Hermione, até porque eu estou tentando ao máximo não pensar nela esses dias.

Hagrid estreitou o olhar, aquilo era um mal sinal, talvez eu estivesse um pouco agitado demais.

- Harry... – o tom do meio gigante era de advertência. – Seus olhinhos, Harry! Seus lindos olhinhos! – falou ironicamente.

Eu bufei e Rony riu.

- Seus olhinhos, Harry! Seus olhinhos! – repetiu Rony em tom divertido e infantil, logo destampou a gargalhar. – Você entende os de Hermione eu entendo os seus! – falou como se estivesse vencendo uma guerra mundial.

Pulei meus olhos de um para o outro enquanto eles riam de quase chorar.

- OK! JÁ BASTA! – gritei batendo forte meu copo de chá na mesa fazendo os dois pararem de rir imediatamente. – Querem falar sobre mim e Hermione? Vamos falar sobre mim e Hermione! – ninguém se manifestou por um período de tempo. Cobri meu rosto com minhas mãos apoiando os cotovelos nos joelhos. Respirei fundo e olhei os dois que me focavam atentamente. – Eu a beijei. – disse num fôlego só.

Olhei Rony que de uma expressão apreensiva assumiu uma abobalhada, deixando o queixo cair.

Hagrid arregalou os olhos pra mim num ato incrédulo.

- Você nunca havia a beijado? – indagou em tom baixo um Rony surpreso.

- Não na boca, quero dizer, não foi exatamente um beijo... por falta de uma palavra melhor: “descente”. Foi um selinho. – Rony fez uma careta. – De despedida. – acrescentei e Hagrid acompanhou Rony em outra careta. – Ta! – exclamei. – Foi completamente estranho pra mim. Diferente de qualquer outro e bem, não sai da minha cabeça um segundo sequer aquela cena, e às vezes me pergunto porque não aprofundei aquele beijo, eu... queria... poder sentir o gosto dela... – mal acreditava no que estava falando. – Certo! – disse depois de algum tempo no qual os dois não se manifestaram. – Não quero voltar a falar sobre isso, tudo bem? Acabo sempre dizendo ou pensando besteiras quando toco nesse assunto ou quando deixo minha mente ser vencida pela lembrança.

Hagrid e Rony trocaram olhares significativos e um brilho passou nos olhos dos dois.

- Bem... Quanto ao gosto de Hermione, é muito bom! – Rony falou num tom divertido. Ninguém riu, lancei-lhe um olhar mortal e ele faltou se encolher na poltrona pelo comentário. – Mas o de Luna é com certeza o melhor de todos! – balancei a cabeça negativamente.

*-/-*

Querido Harry,

Quando cheguei logo encontrei Edwiges batendo na janela para poder entrar. Talvez ela queira garantir que você vai mesmo receber uma carta minha contando sobre como foi voar sem você.
Realmente foi um desafio, conheci uma mulher legal, ela me distraiu um pouco durante a viajem, uma trouxa divertida e pode apostar bastante ousada!
Consegui uma instalação bruxa logo que cheguei. É bastante aconchegante por aqui, mas as pessoas parecem não gostar muito de caras novas. Pelo menos não no mundo bruxo.
Esta sendo difícil conviver sem você. É terrível tomar café da manhã sozinha e absurdamente estranho não sentir seus cutucões logo de manhã e você murmurando sonolento um, “Esta na hora, Mi”.
Enfim, no mais, está tudo bem. Vou ao ministério agora, me deseje boa sorte.

Com carinho,
Mione.

Sorri ao terminar a carta que encontrei ao lado de uma Edwiges triunfante por ter trago uma carta dela. É a coruja mais esperta que já conheci, parece que é capaz de ler meus pensamentos, sabia que estava desesperado por uma carta de Hermione.

Fiz um cafuné rápido em Edwiges e ela bicou carinhosamente meu dedo indicador antes de eu subir e pegar uma pena e um pergaminho em um pequeno cômodo onde Hermione separou para por seus livros. Sentei-me numa das mesas que ela costumava trabalhar em casa e comecei a arranhar a pena no pergaminho parando algumas vezes para pensar.

Hermione,

Creio que a essas alturas já deve ter voltado do ministério. Desculpe-me não ter respondido antes, estava na cabana de Hagrid com Rony.
Dobby esteve por aqui, aparatou. Não se preocupe, o adverti, mas foi apenas para trazer o recado de Hagrid. Ver um elfo logo após sua partida me fez pensar muito sobre você.
Não pense que também não esta sendo difícil pra mim conviver sem você. Tentei te cutucar de manhã, mas ao invés de te encontrar acabei assustando Bichento. Não se preocupe também, não vou deixar que ele durma novamente na cama. Digo o mesmo sobre tomar café da manhã sozinho, é terrível, um silêncio mortal...
No mais, alguma noticia sobre quando volta? Vou começar a me desesperar se não voltar logo!

Milhões de beijos, Harry.

Achei um pouco cedo dizer: saudades. Não que eu não a sinta, passei a sentir falta de Hermione no momento em que descolei minha boca da dela.

Esperei que escurecesse mais um pouco para dar a carta a Edwiges já que seria completamente imprudente da minha parte soltar uma coruja carregando uma carta em plena a movimentada Avenida Victoria Embankment. Edwiges precisava se recuperar também da sua longa viajem aos Estados unidos.

Talvez não fosse prudente trocar cartas constantemente com Hermione, não só porque seria um pouco estranho para os trouxas saber que eu tenho uma coruja de estimação e que ela costuma carregas pergaminhos enrolados na pata, mas também porque ela era um animal e tinha sua necessidades.

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