Vida Nova
Assim como Lily, Mariane nasceu trouxa e somente aos 11 anos descobriu que era bruxa, foi uma descoberta incrível que deixou a família Kuasne feliz.
A mãe de Mariane recordava-se bem desse dia, em que toda a família havia ficado muito entusiasmada... Mas agora o momento não era de alegria e sim de tristeza, em frente à senhora Kuasne encontrava-se um caixão, dentro dele havia uma moça, era Mariane. Seu rosto tinha uma aparência serena, parecia estar dormindo, continuava bela mesmo estando morta!
Em um canto da capela encontrava-se Lily Evans, melhor amiga de Mariane, e que a viu ser assassinada.
Lily chorava sem parar, nunca sentiu tanta dor em sua vida, chegava a ser física.
“Oi! Prazer, meu nome é Mariane Kuasne.
Prazer, sou Lily Evans.”
Foi a primeira vez que viu Mariane, elas se conheceram na Estação de King Kross onde embarcariam para Hogwarts.
“Lily ele me beijou, não acredito!”
“Mari que presente lindo, muito obrigado.”
“Ah Lily, você é a irmã que nunca tive, e sabe, vamos ficar velhinhas e ainda seremos amigas”.
Lembranças e mais lembranças foram invadindo a mente de Lily, era como se um filme passasse em sua cabeça...
Ao levantar a cabeça Lily viu, haviam fechado o caixão e o levaram, todos os presentes foram, em cortejo, atrás do caixão até chegarem à sepultura, desceram-no até chegar ao fundo de um buraco, alguém disse algumas palavras que Lily não prestou atenção e então começaram a jogar terra por cima.
Lily sentiu uma dor excruciante e uma vontade louca de gritar, nunca mais veria Mariane, nunca mais poderia abraçá-la, sua amiga havia partido para sempre e ela não pôde fazer nada.
Ela queria pular e ser enterrada junto com Mariane, era uma dor que sobrepunha qualquer dor, nada mais fazia sentido, não valia a pena continuar vivendo.
Fechou os olhos e chorou silenciosamente...
Lily sentiu uma mão tocar seu ombro delicadamente, ergueu a cabeça e virou-se... Diante dela encontrava-se James Potter, ele a olhava de uma forma que nunca havia olhado antes, seu olhar transmitia o mais puro dos sentimentos, sem dizer uma única palavra a envolveu num caloroso abraço, Lily não resistiu e abraçou James. Era tudo que precisava, sentia-se confortável, segura, como se nada a pudesse machucar.
- Vem! – disse James - Acho melhor sair daqui, venha comigo, confie em mim!
Lily hesitou por um momento, mas pensou melhor, não tinha nada a perder, já havia perdido tudo que conquistou na vida, a única amiga verdadeira que fez se foi para sempre!
Eles caminharam durante um tempo, ambos permaneceram calados, até chegarem a um grande estabelecimento trouxa, era uma casa de chás bastante acolhedora,um lugarzinho cheio e esfumaçado que era decorado inteiramente com babadinhos e rendas, havia várias mesinhas, a maioria ocupada por pessoas que conversavam tranquilamente sobre assuntos leves, ao contrário da conversa que teriam.
Sentaram-se em uma mesa ao fundo da casa chá, Lily olhava para James intrigada.
- Você está melhor? – perguntou James - Quer alguma coisa?
- Eu vou ficar bem, não se preocupe - respondeu Lily secamente - não quero nada, obrigada!
- Err... - começou a dizer James - mas ele não sabia o que dizer, antes mesmo que pudesse pensar em algo Lily falou...
- Como você soube do que aconteceu com a Mari?
- Saiu no profeta diário, na matéria tinha o local do enterro da Mariane.
- E porque você foi? - perguntou a menina - quero dizer, você não era amigo dela nem nada.
- Pensei que seria bom estar perto de você em um momento difícil como este.
- Porque tanta preocupação com alguém que é só mais uma em sua lista Potter?
James não sabia o que dizer. Como ela poderia continuar a pensar isso dele? Como ela poderia achar que era só mais uma? Ele fora até ali por ela, e mesmo assim ela não acreditava em seus sentimentos, aqueles olhos incrivelmente verdes da ruiva, eram frios, nem parecia a doce Lily por quem ele era apaixonado...
- Achei que você tivesse percebido que eu mudei Lily... Eu realmente me importo com você.
Lily o fitava com total descrença, nem ela sabia por que estava agindo assim, simplesmente não conseguia acreditar nele, não tinha mais nada a dizer.
- Cansei! - disse James com os olhos marejados - Você não acredita em mim, não importa o que eu faça, para você eu sempre serei o imbecil do Potter, não tenho mais nada a fazer aqui. Se quiser pensar isso de mim, o problema é seu Evans.
James levantou-se bruscamente, saiu sem dizer uma única palavra, Lily apenas o olhava. Por um instante pensou em ir atrás dele, mas já era tarde demais... O garoto já havia desaparecido, provavelmente já tinha aparatado...
A jovem bruxa foi embora sozinha, ao chegar em casa foi direto para seu quarto, deixou-se cair na cama fechou os olhos e uma fina lágrima escorreu de seus olhos...
“Você faz tudo errado Lily Evans, tudo” pensou a bruxa, “mas quando eu voltar a Hogwarts resolverei tudo, de uma vez por todas”.
- James! - disse Sirius - sua mãe está te chamando, o jantar está na mesa.
- Já vou descer - respondeu James - pode ir na frente.
James estava em seu quarto; a porta estava trancada, desde que voltara do enterro de Mariane refugiara-se nele, não queria ver ninguém, nem mesmo Sirius que era seu melhor amigo, não queria que ninguém o visse chorando. Por que era tão difícil de Lily acreditar nele? Essa era uma pergunta que não saia de sua cabeça, a resposta ele só saberia quando retornasse a Hogwarts.
Apressem-se meninos, o trem já vai partir - disse a senhora Potter.
- Nos vemos no fim do ano letivo, meninos! - disse o senhor Potter.
James e Sirius colocaram a bagagem no vagão, se debruçaram na janela e acenaram.
Quando o trem fez a curva o senhor e a senhora Potter aparataram.
- Vamos James! – disse Sirius – Temos que encontrar o Aluado e o Rabicho.
O menino não respondeu, simplesmente acompanhou o amigo em silêncio. Eles estavam caminhando pelo corredor quando ouviram uma voz conhecida os chamando, era Remus Lupin, mais conhecido entre eles como Aluado. Sirius e James foram em direção a Remus e entraram na cabine, havia mais um garoto lá, Peter, o Rabicho.
- E então, animados pra retornarem as aulas? – perguntou Peter.
- É óbvio! – respondeu Sirius - Só não sei se o James pensa assim também, desde que voltou do enterro da amiga da Evans que ele está com essa cara.
- Ah, eu li no profeta diário o que aconteceu - disse Remus – mas, nem fui ao enterro porque não conhecia a menina muito bem, e até onde me lembro você também não era amigo dela James, então porque está com essa cara de tristeza?
- Eu não estou triste, simplesmente não estou em um bom dia, acho que foi a comida da minha mãe que não fez bem! – respondeu James, ele apanhou o livro Quadribol Através dos Séculos e se enfiou atrás dele.
Sirius deu de ombros indicando que o deixasse para lá, ele sabia que se James estava sério, é porque tinha um bom motivo
- Olha quem vem aí! – disse Peter.
Ao olharem todos viram, era Lily Evans cercada de garotas, as mesmas de sempre, mas o olhar de Lily não era como antes, seus olhos estavam inchados e tinha uma expressão severa, ela olhou para James que desviou o olhar.
- Ela parece bem. – disse Remus.
- É muito bem, – disse James – embora essas meninas não sejam amigas dela, são colegas, a única amiga dela era a Mariane.
O resto da viagem correu tranquilamente, James ficou lendo o tempo todo, enquanto seus amigos jogavam snap explosivo.
Eles desembarcaram na estação de Hogsmeade e foram de carruagem até Hogwarts, e dirigiram-se direto para a torre da grifinória.
Janeiro passou rápido e James nem deu Feliz Aniversário a Lily como de costume, eles já estavam no inicio de Março e ele não falava com ela desde o enterro de Mariane. Lily por sua vez estava bem melhor, voltara a ser alegre como antes, mas às vezes ela fitava James por um longo momento, mas assim que ele percebia, ela desviava o olhar.
Severus estava cada vez mais próximo dos seus amigos da sonserina, e cada vez mais distante de Lily,o que houve entre eles um dia havia morrido por completo, embora ele ainda gostasse dela.
- Lily acorda! – chamou uma garota de cabelos extremamente pretos e lisos, corpo escultural, olhos pequenos e puxados, era Ayame Misora, aluna da grifinória e assim como Lily estava no sétimo ano.
- Bom dia Ayame! – disse Lily sonolenta – Por que você me acordou tão cedo?
- Bom dia Lily! E não está tão cedo assim. Não podemos nos atrasar pois hoje a Minerva vai aplicar um simulado do N.I.E.M’s.
- Ah Merlin! – exclamou Lily – Me esqueci completamente, mas não ia ser dia 27?
- Sim! – respondeu Ayame – E hoje é 27.
- 27 de março? – perguntou Lily.
- Lily você está em que planeta? – Ayame estava começando a se irritar com Lily – É, 27 de março sim! Se apresse, as outras já desceram te espero no salão principal.
Lily observou Ayame se retirar e permaneceu deitada em silêncio. Desde o dia que brigou com James pela última vez e que ele não falara mais com ela, tinha esperanças de que ele a desejasse um feliz aniversário, mas isso não aconteceu. - Será que não gosta mais de mim? – pensou Lily um pouco desesperada. Era difícil admitir, mas ela o amava e já havia percebido isso. Mari tinha razão, ele havia mudado e ela não quis aceitar, não quis acreditar. Mas, todo esse tempo que James esteve ausente fez Lily perceber que precisava dele junto a ela. - Você tem que tomar alguma atitude senhorita Evans! – disse Lily a si mesma – Hoje é o aniversário dele, um bom motivo para falar com ele – ela sorriu levemente. Levantou-se e foi se arrumar. Ao descer as escadas do dormitório deparou-se com um grupo de meninas que estavam em volta de James e seus amigos, elas estavam o felicitando e todos pareciam bem felizes.
- Ah, o nosso caro Pontas já é grandinho agora! – dizia Sirius rindo – Estamos tão orgulhosos do nosso menino!
- É gratificante ver uma criança crescidinha! – disse Remus rindo também – Agora só falta o Peter.
- Mas eu já sou maior de idade! – disse Peter indignado.
- Só na idade Rabicho, porque no tamanho... – disse Sirius. Todos explodiram em risadas, até mesmo Peter.
- Esses são meus amigos, meu orgulho! – disse James com um largo sorriso. As meninas davam risinhos.
Lily ia na direção deles, mas hesitou, queria falar com James quando estivesse sozinho, passou por eles e foi em direção ao retrato da mulher gorda. Caminhou pelos corredores que estavam com alguns estudantes que deveriam estar atrasados como ela, desceu as escadas lentamente até chegar ao salão principal, ao entrar seu olhar foi diretamente para a mesa da sonserina e fixou-se em Severus, ele por sua vez fez o mesmo, eles olharam-se profundamente, um olhar que somente Lily seria capaz de receber de Severus, a jovem ruiva sentou-se a mesa da grifinória juntamente com os outros alunos.
- Até que enfim! – disse Ayame. Lily somente sorriu.
Ao longe Severus a observava, só ele sabia o quanto a desejava, o quanto a amava!
O dia passou rapidamente, e Lily não havia falado com James ainda, ele passou o dia todo cercado de pessoas.
Durante o jantar Lily ficou observando-o, ele jantou rapidamente e levantou-se, a ruiva sem pensar foi atrás dele, esperou eles estarem em um corredor vazio...
Vai Lily, você consegue! - disse a si mesma.
- Potter! – chamou Lily seu rosto corou.
James parou abruptamente, ele deveria ter confudido a voz, ela não poderia tê-lo chamado, ou poderia? – pensou James.
Virou-se e quando a viu seu coração bateu mais forte. Ela estava ali, a menina mais bela que já havia visto na vida, a menina ruiva que mexeu com ele como nenhuma outra fora capaz, aquela que o fez chorar de tristeza, aquela que ele queria cuidar e proteger, estava ali bem diante dele, o fitando com aqueles olhos extremamente verdes, era o olhar mais puro que ele já vira.
- Err... Oi Evans! – disse James gaguejando.
- É... Eu queria te desejar felicidades! – disse Lily que permanecia distante de James.
- Hum... Obrigado, é muita gentileza da sua parte!
- Por nada! Bom é isso, já vou!
- Ah sim, tudo bem eu também já vou!
James virou-se e caminhou lentamente, tinha esperança de ao menos receber um abraço, mas ela ficou o tempo todo longe.
Lily o observou, seu coração parecia que ia sair pela boca, mas ela tinha que falar com ele, se preparou para esse momento e agora era a hora.
- JAMES! – gritou Lily – O garoto virou-se e a encarou sem dizer nenhuma palavra – Eu sei que eu não agi certo com você da última vez que conversamos, mas é porque eu estava muito triste e nem sabia o que dizer direito naquele dia e também, não estava esperando que você aparecesse...
- Você não esperava que eu aparecesse porque acha que você é apenas mais uma para mim, você já disse isso – disse James interrompendo Lily.
- NÃO! – gritou Lily – Quero dizer sim, naquela época até que pensei isso mesmo, mas é porque eu estava cega não via o que estava bem diante dos meus olhos, a Mari conseguiu ver o que eu não via, ou pelo menos não queria ver, nem admitir.
- E o que ela viu que você não viu?
- Que você mudou!
- É... Eu mudei sim!
- Agora eu vejo as coisas mais claramente James! – disse Lily que caminhava lentamente em direção ao rapaz – Todo esse tempo que fiquei sem falar com você me fez perceber que preciso de você perto de mim!
- Eu sempre estarei por perto, em nenhum momento deixei de pensar em você ou de me importar!
- Você continuou a se importar comigo mesmo depois de tudo?
- Sim! – respondeu James.
- Por quê? – perguntou a ruiva com os olhos marejados.
- Porque é isso que as pessoas que amam fazem, se importam com o amor de suas vidas!
Silêncio. Eles se olhavam. Lily caminhava lentamente em direção a James, se aproximou dele, os dois estavam muito próximos agora.
- Eu também me importo com você! – disse Lily.
- Por que você se importa comigo? – perguntou James.
- Porque é isso que as pessoas que amam fazem, se importam com o amor de suas vidas! – respondeu Lily.
A garota se atirou ao pescoço de James e o beijou.
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