Capítulo 3
N/A: Não me matem, rsrs! Demorou, mas estou de volta!
CAPÍTULO III
Na manhã seguinte, Hermione recebeu flores no escritório.
— Não vai ver de quem são? — A secretária, Lilá Brown, olhava com indisfarçada curiosidade para as rosas brancas.
Hermione abriu sem pressa o envelope contendo o cartão que dizia:
"Eu teria telefonado para me desculpar, mas achei que as flores falariam melhor por mim.”
O bilhete estava assinado por Harry Potter .
Uma torrente de emoções a tomou de assalto. Se por um lado se encantara com o gesto, por outro desejava desesperadamente que Harry Potter não tivesse mandado as flores. Agora não podia mais fingir que ele não existia.
— Harry Potter — Lilá perguntou ao ler a assinatura.
— Eu...eu o conheci na festa ontem à noite — Hermione contou, guardando o cartão na gaveta da escrivaninha. — Foi um encontro breve. Nós..ele... Havia muitos jogadores de quadribol lá — concluiu, consciente de que a explicação não bastava para justificar por que um deles lhe mandaria meia dúzia de rosas brancas ao romper do dia.
— Harry Potter lhe mandou flores? Meu Deus! — A secretária se sentou como se estivesse prestes a desmaiar. — Se fosse comigo, eu morreria de emoção. Como é ele pessoalmente?
Hermione deu de ombros enquanto se lembrava nitidamente da voz lhe perguntando: "Gostaria de dançar ou prefere dispensar as formalidades e fugir comigo?"
— Como um homem qualquer — ela respondeu, bem consciente de que mentia.
— Ele a está convidando para sair?
— Não! É claro que não. Ele só... não, não está me convidando para sair — disse e começou a folhear os papéis sobre a mesa.
— Bem, vamos voltar o trabalho. Conseguiu a revista que lhe pedi? Não posso esquecer de convocar a imprensa pra segunda-feira. Preciso verificar se Luna poderá aparecer também. Sua experiência no assunto é valiosa.
Lilá anotou as recomendações e ia se retirar quando não resistiu a curiosidade:
— Ele é charmoso?
Hermione visualizou o olhar intenso de Harry, o sorriso travesso, cativante... Ele não só era charmoso, era um homem maravilhoso. Só que não poderia expor suas emoções.
— Creio que sim.
— Ele é alto?
— Sim.
— E um famoso apanhador, certo?
— S-sim...
— Então é deslumbrante — a secretária proclamou com autoridade.
Hermione não pode discordar e considerou a possibilidade de ligar para Harry, agradecendo a gentileza.
Tentou ignorar a questão durante toda manhã, concentrando-se no trabalho atribulado da agência. Mas à tarde, observando as flores sobre a penteadeira, resolveu procurar Ludo Bagman e descobrir em que hotel o famoso apanhador estava hospedado.
"Será que não vou tornar mais embaraçosa a situação para Harry?", ela se perguntava aflita enquanto discava o número do hotel.
O coração batia descompassado quando a recepção passou a ligação para o outro quarto. Ela quase desistiu e desligou naquele momento, porém não foi preciso. Os toques insistentes não receberam resposta. Ele não estava lá.
A visão de Harry saindo com uma mulher bonita e saudável para um programa igualmente bonito e saudável deixou-a muito deprimida. Por que tinha de sofrer de uma doença indesejada. A reação a surpreendeu. Fazia tempo que havia enterrado aquele tipo de sentimento sob uma fria e amarga resignação.
Desligando o telefone, aproximou-se das rosas e tocou um botão. Sentiu a maciez das pétalas e...uma tristeza pungente. Tristeza por não ter podido dançar com Harry Potter.
Harry Potter chegou ao hotel por volta das duas da madrugada. Ao chamar o elevador, consultou o relógio e praguejou baixinho. Era tarde demais para telefonar a ela. Outra das festas a que era obrigado a comparecer a título de publicidade havia se arrastado noite adentro. Ele tinha saído assim que pode.
O cheiro de cigarro, o burburinho de conversas superficiais, as incessantes especulações sobre o jogo no dia seguinte e o ruído de um conjunto barulhento ainda assaltavam seus sentidos.
Imaginava o que ela estaria fazendo...Dormindo, seu tolo. Afinal eram uma e quarenta e cinco da manhã.
Teria recebido as flores? Havia conseguido facilmente o endereço dela com o anfitrião da festa da noite anterior. O que teria pensado ao vê-las? E, o mais importante, teriam remediado sua estupidez? Ainda não se conformava de não ter enxergado a bengala apoiada no sofá bem debaixo do seu nariz, quando no campo de quadribol avistava o pomo de ouro ao longe.
A verdade era que a expressividade de seu sorriso o cativara por completo, impedindo-o de uma análise crítica.
No quinto andar, o elevador parou e uma moça entrou. Era loira e usava uma camiseta que incitava os Cannons a vitória.
— Você não é Harry Potter? — Ela logo o reconheceu.
— Sou — ele confirmou sorrindo, enquanto o elevador voltava a parar, desta vez no nono, o seu andar.
— O meu time de coração é o Puddlemere. — A moça mal continha o entusiasmo.
--- Fico feliz em saber. — Cansado e ansiando apenas pelo sossego do quarto, ele saía para o corredor quando foi detido.
— Espere, espere! Pode me dar seu autógrafo?
Harry parou, segurando a porta do elevador. Atender um fã quando não sentia a menor disposição para isso fazia parte do jogo.
— É claro.
— Devo ter uma caneta aqui. — A loira vasculhava a bolsa.
Enquanto esperava, Harry se surpreendeu imaginando se Hermione havia levado às flores para casa ou as deixado no escritório. Queria tanto que as apreciasse...
— Aqui está. — A moça lhe entregou uma caneta.
— Onde assino?
— Na minha camiseta. — Ao vê-lo hesitar quanto ao local mais apropriado, ela deu uma risadinha e sugeriu: — Talvez seja melhor assinar nas costas.
— Parece uma boa idéia. Se bem que isto está perto de ser uma traição: um Puddlemere assinando a camiseta de um Cannons.
A loira deu outra risadinha, embevecida. Harry lhe devolveu a caneta.
— Obrigada pelo autógrafo.
— O prazer foi meu. Boa noite.
--- Escute, tem uma festa em comemoração à final lá em cima. Não gostaria...
— Obrigado, mas acabo de chegar de uma. Não creio que agüentaria outra.
— Claro, vejo você no jogo amanhã, então?
— Pode apostar que sim. — Com isso, ele soltou a porta do elevador e foi desorientado, como se involuntariamente se tornasse peça de um jogo conduzido por mãos invisíveis. E, por mais assustador que fosse, ele queria jogar até o fim. Precisava descobrir mais sobre Hermione Granger.
Como, por que ela mancava? E o que significavam aquelas cicatrizes em suas mãos?
Se estava intrigado antes, seu interesse agora se transformava em obsessão.
O bipe do telefone tocava indicando que havia um recado para o ocupante do quarto na recepção. Ele ligou imediatamente para saber do que se tratava. Ludo Bagman tinha telefonado. O que o relações-públicas poderia querer? Fosse o que fosse , teria de esperar até a manhã seguinte para descobrir. Então se despiu e, só de calção, fez os cem exercícios diários e religiosamente executados de flexão. Depois, ofegante, tomou uma ducha e foi se deitar.
Apesar do cansaço e do aconchego da cama, não conseguiu dormir. Virava-se de um lado ao outro, suspirava, concentrava-se para relaxar, mas não conseguiu adormecer.
Estaria Hermione sozinha também? Provavelmente. O anfitrião havia comentado que era solteira.
Harry suspirou, esmurrou o travesseiro e tentou novamente dormir. Sentia um vazio dentro de si, imaginava do que precisaria para preenche-lo. Ou...quem.
Se a concessão era a profissão de fé de Hermione, a tolerância constituía a qualidade que lhe permitia praticá-la. Assim, acordou na manhã de domingo com uma nova atitude em relação às rosas brancas. Se por um lado as flores representavam tudo que não poderia ter na vida, pois a experiência lhe ensinara que homens e doenças não combinavam, por outro elas também possuíam uma beleza inata. Como havia feito durante toda vida adulta, extrairia o bem do mal e o positivo do negativo, construiria a própria mansão emocional dos escombros da realidade. Em resumo, decidiu repudiar a tristeza e apreciar o presente.
Com esse objetivo em mente, transferiu o vaso da penteadeira no quarto para a mesa da sala de jantar, banhados pelos raios de sol da manhã. Um perfume doce se espalhou pelo ambiente. Depois da habitual refeição matinal constituída de torradas, mel e chá, foi a vez de tomar a série de comprimidos de que necessitava. Assim que conseguiu se movimentar com um mínimo de dor, ocupou-se dos afazeres domésticos. Só depois do almoço, forçou-se a descansar. No meio da tarde, distraía-se com um romance policial de Agatha Christie. O assassino estava prestes a cometer outro crime quando o telefone tocou, assustando-a.
Ela imediatamente apertou o botão no braço da poltrona que erguia o móvel. Havia sido um investimento necessário anos atrás, ao perceber que não conseguia mais se levantar e sentar sem grande esforço. Ou pior, sem ajuda. A cadeira lhe permitia manter a independência, como outros objetos espalhados pela casa: o assento sanitário especial, o banquinho em que se acomodava enquanto tomava banho e vários utensílios destinados a apanhar coisas em locais excessivamente altos ou baixos.
— Não desligue — Hermione pediu a quem quer que estivesse ligando, enquanto a poltrona lenta porém gentilmente a colocava de pé. Ela mancou até o telefone mais próximo. — Alô?
— Depressa! Ligue à televisão! Canal quatro!
— Luna?!
— Depressa! Falo com você depois.
—Depressa? Está brincando! — A amiga já havia desligado, e Hermione se deslocou o mais rápido possível para o quarto onde estava o aparelho de TV.
—...certamente o jogo previsto. Os Tornados e os Cannons lutam com todas as armas que têm — um repórter comentava. — A partida também corresponde às suas expectativas? — A câmera focalizou então o outro homem que ocupava a cabine de transmissão.
Harry Potter apareceu na tela.
— Sim e não ele respondeu.
Hermione respirou fundo na tentativa de aclamar as batidas aceleradas do coração.
— Eu esperava uma competição acirrada, mas, sinceramente, não que a ofensiva do Cannons dominasse o jogo como aconteceu.
— Creio que ninguém esperava isso. Talvez nem o próprio time — o repórter concordou. — E quanto à intercepção de Spinnet no início do jogo?
— Perfeita — Harry comentou — A sincronia foi absolutamente...
Perfeita. a palavra passou pela mente de Hermione, mas não em referência à atuação do jogador em campo, e sim ao desempenho de Harry diante das câmeras de TV.
— A equipe dos Tornados conta realmente com jogadores veteranos — o apanhador do Puddlemere continuava. — Assim vemos jogadores experientes...
Apesar da boa aparência, Hermione notou um traço de cansaço em sua expressão. Como se tivesse ido dormir tarde. E mais provavelmente ainda com alguma mulher estonteante...
— Eu diria que a partida está por um fio — o jogador observou. --- Tudo pode acontecer.
— Ora, Potter — o repórter sorria — Nenhum duende lhe contou em quem apostar seu dinheiro?
O Maroto respondeu com um sorriso capaz de arrematar o coração de qualquer mulher. Hermione não foi exceção à regra.
--- Duendes só podem apostar em arco-íris.
O repórter riu.
— O que não se verá hoje, pois não há absolutamente nenhuma chance de chuva por aqui. Obrigado pelos comentários, Harry.
— O prazer foi meu.
Veio o comercial, depois outro seguido de mais um. Hermione continuou diante da TV, embora não prestasse atenção em nenhum dos produtos maravilhosos que, garantia-se, mudaria sua vida. Estava perdida em pensamentos confusos. As emoções contraditórias que havia sentido ao receber as flores voltaram a assedia-la: uma sensação momentânea de alegria intercalada por outra de tristeza.
Forçou o último sentimento para longe. Bem longe.
O telefone voltou a tocar
— Alô?
— Você o viu? — O tom de Luna era ansioso.
— Quem?
— Não banque a desentendida. O que achou?
— Que era Harry Potter.
— Hermione, às vezes sinto vontade de estrangula-la.
— O que você queria que eu achasse?
— Não importa. Ele estava ótimo, não?
— Para quem gosta de jogadores de quadribol.
— Aquele homem é capaz de fazer o sangue de uma mulher fervilhar!
— Isso parece doloroso. — Hermione se esforçava para mostrar-se indiferente.
— Ele entrou em contato com você?
Hermione hesitou. A amiga na certa daria uma interpretação romântica à entrega das flores.
— Por que deveria?
— Só pensei que ele poderia ter ligado em vista do que aconteceu... Bem, estarei aí mais tarde para ajuda-la na hidromassagem.
— Não, Luna. Tomarei uma ducha quente. É quase a mesma coisa. Você merece folga ao menos nos fins de semana.
— Se tem certeza...
Muito tempo depois de desligar, Hermione continuava a olhar para o telefone. Por que havia omitido o fato sobre às flores? Não sabia o motivo, sabia apenas que desejava manter o assunto em segredo. As rosas representavam um pedido de desculpas. Nada mais. E no entanto...
E no entanto desejava mantê-lo como um doce segredo.
O escritório estava um caos.
Como uma secretária, uma amiga, um repórter, duas mães, uma assistente social e três crianças podiam fazer tanto barulho? Até então Hermione não havia se dado conta de quanto sua sala era pequena. Onde ficariam os jogadores de quadribol quando chegassem? A propósito, estavam atrasados.
A viagens e Excursões Granger dividia um casarão antigo com uma companhia de seguros e uma ceramista. A mobília era de segunda mão, sendo que as cadeiras haviam recebido um novo estofamento por conta do pai de Luna. As paredes exibiam uma combinação eclética de quadros: um Van Gogh multicolorido com motivo de girassóis em meio a uma variedade de pôsteres mostrando pontos turísticos de San Francisco, o Caribe e Nova York. À parte estavam as menções honrosas que Hermione tinha recebido pelo trabalho voluntário desenvolvido junto à Fundação de Pesquisas, expostas por insistência da amiga.
Sentada à sua mesa, ela observou a algazarra das crianças. Havia uma garotinha de dois a três anos de idade, um menino com aproximadamente cinco e outro de sete a oito. Este, Jason Holland, era órfão, vivendo atualmente sob a tutela do Ministério. Em pior estado que as outras crianças, movia-se com lentidão e seu olhar triste e cansado.
Hermione imaginou se carregava a mesma expressão depois de lutar quase dez anos contra a própria doença.
Luna terminou de contar uma história às crianças e então se levantou do chão e se juntou a Hermione.
— Eles estão atrasados, não?
— Alguns minutos — Hermione confirmou.
— Sabe quem vem?
— Não. Ludo Bagman disse apenas que mandaria alguns jogadores de quadribol.
— Jason está muito ansioso para conhecer pessoalmente um jogador. Acredita que aquela criança linda não tem lar? --- Luna comentou indignada. Então mudou de assunto com a impaciência que lhe era característica. Como se sente?
— Bem. --- Hermione respondeu, embora sentisse o corpo dolorido.
— O quadril dói?
— Um pouso.
--- Tem certeza?
Hermione apenas deu de ombro, provocando um suspiro na amiga.
— Você é rainha da minimização, sabia?
— Minha chefe lhe contou sobre às flores? — Lilá interrrompeu a conversa, alarmando Hermione.
— Lilá, por que não oferece café às pessoas?
— Que flores? —Luna percebeu a manobra da amiga.
— Ela não lhe contou sobre as rosas?
— Lilá, o café...
— Que rosas? — Luna arregalava os olhos.
— Alguém quer café? — Hermione falou bem alto para que todos presentes ouvissem.
A oferta foi aceita por unanimidade.
— Lilá, você poderia...
— Harry Potter mandou as flores — a secretária continuou, ignorando os pedidos da chefe. — Rosas brancas maravilhosas.
— Lilá, poderia servir café aos nossos convidados? — O tom de Hermione já era exasperado.
— Pode acreditar nisso? Harry Potter enviou flores a Hermione!
Hermione se recusava a encarar Luna, mas sentia o olhar penetrante da amiga. Embaraçada, ergueu-se resmungando:
— Eu mesma vou servir café aos convidados antes que eu mate alguém.
Luna e Lilá, porém, a seguiram até a pequena cozinha.
— Deixe que eu levo isso. — A secretária se ofereceu pra carregar a bandeja, arrependida por ter falado demais.
Luna permaneceu na cozinha, enquanto Hermione se ocupava em secar a pia.
— Por que não me contou?
"Por que por algum motivo que não compreendo eu queria apreciar o perfume das flores sozinha", Hermione desejava dizer: Em vez disso respondeu:
— Por que não significa nada. Ele quis apenas se desculpar por uma situação embaraçosa que criou. E ponto final.
— Lá vai você minimizando...
— E você maximizando.
— Hermione, quando deixará de pensar em si mesma como uma deficiente?
— Quando deixar de ser uma — ela não vacilou em retrucar.
— Eles chegaram — Lilá voltou para anunciar, mal contendo o entusiasmo.
— Eles chegaram — Hermione repetiu à amiga.
— Continuaremos esta conversa mais tarde — Luna insistiu.
— Está certo. No ano que vem. — Apoiando-se na bengala, Hermione foi pra sala.
Ela acabava de se congratular pela facilidade com que se livrara do assunto Harry Potter, quando se deparou com um par de familiares olhos verdes.
N/A: Eu sinto muitooooooooo pela demora, mas eu estava tão ocupada! Semana passada foi o aniversário de um ano do meu afilhado, vcs podem imaginar a correria com preparação de festa? Minha nossa, foi um caos!
Domingo eu fiz a prova do ENEM, acertei 55 questões (milagre), e estou me matando de estudar pro vestibular. Se eu não passar juro que me atiro de uma ponte, to ficando estressada já.
Mas tenho fé que eu vou passar (me desejem sorte rsrs).
E final de semana eu posto o ultimo capítulo de agora e sempre (sem falta *-*)
Bjs, Jéssica Malfoy
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