Tudo ok Querido?



- Mamãe! – Gina largou o malão e correu para um abraço cheio de saudades. – Desculpe a demora, eu estava me despedindo da Leny e a senhora sabe como ela é... - Minha queridinha, não tem problema! Ah! – Molly fungou e segurou o rosto da filha com as mãos – Minha menininha já é uma adulta! Gina achou aquilo tudo muito dramático, mas aceitou passivamente que Molly expressasse seu orgulho de mãe. Afinal, era sua última criança formada em Hogwarts e partindo para uma vida adulta, ela tinha direito de se emocionar. E tinha outra coisa que fazia Gina agüentar calada a choradeira da mãe: ela sabia que era tão dramática quanto. - Gina, e seu namorado? – ela agora olhava por cima do ombro da filha, procurando – Você não disse que ele vinha? Estava tudo preparado. A ruiva tinha implorado para a mãe que viesse busca-la sozinha, para que ela e “o namorado” pudessem ser apresentados. Ela impôs essa condição porque sabia que a mãe era bem mais compreensiva que os irmãos e temia que seu pai desmaiasse de desgosto ao ver um Malfoy. Gina respirou fundo e explicou que o “namorado” encontraria com elas além da barreira trouxa. Molly concordou silenciosamente. - Mamãe tem mais uma coisa... – Gina disse timidamente. – Nós marcamos em um lugar e...eu preferia falar com ele antes de apresenta-lo pra você. Tudo bem? - Claro! Mas não vá demorar muito, estou ansiosa para conhecer esse rapaz tão misterioso. – ela disse com um sorriso doce. Assim que atravessaram a parede da plataforma, Gina pediu a mãe que a esperasse e foi correndo até o lugar que tinha marcado com Draco, próximo a bilheteria. “Claro que ele está atrasado...”, ela pensou quando não o viu, “Que novidade...”. Ela estava nervosa, estava com saudades, estava com um certo medo... E se a distancia tivesse diminuído o sentimento dele? E se ele não viesse? E se a mãe tivesse um ataque histérico ao ver de quem se tratava? E se... - Adivinha quem é? – disse-lhe próximo ao ouvido uma voz arrastada, enquanto mãos frias tapavam seus olhos. Um sorriso de felicidade absoluta marcou o rosto de Gina. Todas as dúvidas tinham evaporado, como se tivessem sido um sonho do qual se tem poucas lembranças. - Não sei... Que tipo de maluco sai tapando os olhos de mocinhas na rua? – ela disse manhosa. Ela achou que ele logo tiraria as mãos dos olhos dela terminando com a brincadeira, mas ele não o fez. Sabendo que ela se arrepiaria inteira, ele deu um beijo suave em seu pescoço. - Já sabe quem é? - o tom de voz dele era divertido, mas malicioso. - Só sei que é um garoto muito atrevido! – disse sorrindo e sentiu-se corar. Ele tirou uma das mãos dos olhos dela, mantendo-os fechados com a outra. Delicadamente ele a virou de frente para si, aproximou seus rostos e encostou seu nariz no dela, como num “beijo de esquimó”. Ela riu, lembrou-se de ter feito isso quando era criança. - É sua última chance... – ele sussurrou, o rosto tão perto do dela que ela sentia o ar saindo de sua boca. Ele a beijou carinhosamente, a mão que fechava os olhos encontrou lugar entre os cabelos vermelhos e a outra apoiava-lhe as costas, trazendo-a mais para perto. Ela passou os dois braços pelo pescoço de Draco, aspirando longamente seu perfume cítrico, acariciando sua nuca. Foi um beijo longo e eles só se separaram pela vontade que tinham de falar e de ver um ao outro. - Céus! – ela exclamou mantendo-se abraçada a ele – Você está tão corado! Bondade de quem ama. Ele continuava tão pálido como sempre tinha sido, havia apenas um levíssimo tom róseo nas maças do rosto de Draco, quase imperceptíveis. - O sol do Mediterrâneo me fez bem, eu acho... – ele explicou – Você está linda! – ele a olhou detalhadamente – Virgínia, só agora que eu estou com você eu sei o quanto senti a sua falta. - Nem me fale! Foi o ano mais longo de toda a minha vida! – ela ofegou, como se quisesse mostrar que tinha realmente ficado cansada de esperar – Fico feliz que tenha finalmente acabado! Como se tivesse lembrado de algo urgente ele interrompeu a cena romântica. - Sua família? Onde está? Eles vieram ou já te expulsaram de casa?– ele debochou. -Bobo! Claro que eles não me expulsaram de casa! – ela respondeu imediatamente – Minha mãe veio sozinha. Eles ainda não sabem quem você é... - E que grande surpresa eles vão ter! – ele gargalhou, fazendo-a rir também. Ela olhou para o namorado apreensiva, entrelaçou os dedos nos dele e disse: - Vamos? - Vamos! – ele disse com firmeza, tentando passar confiança para Gina, embora nem ele mesmo estivesse muito seguro do que ia acontecer dali pra frente. Ela pegou no braço dele, estava tão nervosa que parecia que era ela a se encontrar com uma família estranha. Ao avistar a Sra. Welasley, Draco observou: - Você não disse que sua mãe tinha vindo sozinha? - Ela veio... – ela falou e só depois olhou para frente, vendo mais uma pessoa ruiva. – Não veio, não! - Bem, - ele a tranqüilizou mesmo que não estivesse nada tranquilo – Eu ia ter que conhecer seus irmãos um dia. Ao se aproximarem, Gina foi cumprimentar o inesperado acompanhante de sua mãe. - Percy! – ela o abraçou sem ânimo – O que você está fazendo aqui? - Eu estava trabalhando no bairro, e resolvi passar para vê-la. – ele espichou os olhos para Draco, achou que se tivesse tido uma ilusão de ótica e nada comentou. - Mãezinha, este é meu namorado... – ela dirigiu-se para Molly, apontando para Draco com nervosismo. Ele parecia calmo, estendeu a mão cordialmente e quando a Sra Weasley o cumprimentou ele se apresentou. - Draco Malfoy. – ele sorriu ao não notar nenhuma alteração no rosto da senhora – Encantado em conhece-la, Sra Weasley. Gina olhava para sua mãe, que retribuía o cumprimento simpática e cortês. A jovem olhava para Draco, sorrindo exageradamente. Não se atrevia a olhar para Percy. “Pior que isso só se fosse o Ronald!”, ela avaliou. - Muito prazer querido! Gina fez tanto mistério sobre você que achei que nunca o conheceria. – ela falava com a mesma amabilidade de sempre e não parecia surpresa. Gina suspirou aliviada – Este é meu filho Percy, não sei se vocês já se conhecem... Draco estendeu a mão discretamente, mas o outro limitou-se a mira-lo com assombro. - Como você disse que se chama? – ele disse finalmente estendendo a mão num cumprimento rápido. - Draco Malfoy – ele repetiu enfatizando o sobrenome. “Pelo menos esse não parece ser do tipo que dá socos”, suspirou de alivio. - Draco Malfoy, filho de Lúcio Malfoy? – os olhos arregalados, mas postura austera de sempre. - Sim, esse mesmo. – o louro disse com uma certa irritação. - Eu sinto muito pelos seus pais. – Molly interrompeu delicadamente – Como você está se sentido, querido? Gina e Percy ficaram encarando a mãe com o mesmo semblante abobalhado. Em outra ocasião Draco teria caído de rir da cara deles. Mas agora ele estava ocupado demais tentando ter certeza que tinha ouvido aquilo. “Como você está se sentido, querido?”, ele repetiu mentalmente. Duas vezes ela tinha dito “querido” e o garoto achou isso muito esquisito. Gina tinha dito que sua mãe era agradável e compreensiva, mas não tinha dito que ela era doida. Para Draco, só extrema loucura faria uma Weasley referir-se a ele como “querido”. Ele olhou de soslaio para Gina e sorriu. “Deve ser hereditário...” - Estou... – ele hesitou. Sentia-se preparado para responder a insultos, mas aquilo era totalmente inesperado – Estou me acostumando com a idéia de estar sozinho... eu acho. É estranho. Eu não pensei muito no assunto na verdade... – ele confessou um tanto quanto sem jeito. - Não se preocupe, se minha menininha gosta de você, então você já é da família. – ela disse maternalmente. - Er... Obrigado. – lhe pareceu uma frase muito tola.

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