Visitinha à Mansão Malfoy
Logo que saiu da lareira Gina viu um enorme cômodo forrado com um papel de parede em elegantes tons de vinho e ouro velho que estava praticamente vazio. E viu Draco de costas, respirando profundamente. - Lar, doce lar... – disse Draco virando-se de frente para Gina. – Bem vinda a minha casa! Está meio...er....totalmente vazia, porque a maioria dos móveis estava tão impregnada de magia negra que tiveram de ser destruídos... – ele olhou tristemente para a sala, lamentando silenciosamente pelos objetos perdidos (não só pelos objetos...). Gina apenas o fitou, respeitando aquele momento. - Claro que o Ministério pagou cada centavo... – ele disse sorrindo e concluindo numa maneira muito “Malfoy” de terminar os assuntos. - Eu nem acredito que estou na sua casa! – ela disse dando um “meio” abraço no namorado, e unindo-se a ele na observação silenciosa do ambiente. Havia um arco na parede separando a sala de jantar da de estar. Na sala de estar, onde eles estavam, havia apenas um piano muito antigo e bem cuidado. Na outra apenas uma cristaleira antiga, cheia de taças de todos os tipos. Haviam mais duas saídas, além da que dava para a outra sala, uma era a porta de entrada (Gina deduziu) e a outra, bem, essa era um caso a parte... Uma enorme janela era o que ela parecia, que ia do teto até o chão, emoldurada por arcos de madeira escura, com o tamanho de três portas de entrada. Ela dava pra um belo jardim interno, que Gina calculou ter o tamanho de duas vezes a sua sala, cheio de flores azuis pálidas. A ruiva suspirou admirada porque nunca tinha pensando que na Mansão Malfoy pudesse ter um jardim tão delicado quanto aquele. - Que lindo, Draco... – ela disse apontando o jardim com o rosto. Ele sorriu orgulhoso. - É mesmo! E aposto que você acreditava naquela lenda de que eu morava numa masmorra úmida, não é? Gina riu-se e afirmou com um movimento de cabeça. Todos na Grifinória, especialmente os amigos de Harry, acreditavam que a Mansão Malfoy era comparável a uma casa de filmes de terror. A surpresa fora tão agradável para Gina que ela não via a hora de conhecer os outros aposentos da casa. Rapidamente imaginou-a mobiliada e pensou que, a julgar pelas flores, o piano e cristaleira, deveria ser tudo de muito bom gosto. “Nada parecido com uma masmorra...”, pensou mas logo se lembrou que os móveis haviam sido destruídos por excesso de magia negra e achou que o ambiente não devia ser assim tão agradável. A contemplação durou bem pouco, logo eles foram interrompidos por uma voz estridente e exultante que gritava: - Senhor Malfoy!!!! – Gina só viu um vulto um pouco mais baixo que seus joelhos, passar por ela e ficar na frente de Draco. Quando parou, ela viu que era um elfo doméstico “vestido” com um puído pedaço de toalha de banho amarela. – Finalmente o senhor voltou! Nós elfos ficar perdidos com toda gente que veio aqui! E eles queria nos dizer o que fazer, senhor! Nós não fazer nada do que eles falou! Nós disse que esperar ordens do mestre Malfoy quando ele voltasse. – a criatura sorriu debilmente, parecendo que aquele era o dia mais feliz da sua vida – E o senhor voltou! Pilim disse que o senhor voltava! Homens feios não acreditar, mas Pilim sabia... Pilim disse! - Oi Pilim... – disse Draco sem nem um terço da emoção que o elfo demonstrava, este pareceu não se importar com isso – Aonde estão os outros? Nesse momento mais quatro elfos entraram timidamente na sala, em fila indiana. Gina os olhou com tanta curiosidade quanto eles olharam para ela. - A menina do cabelo vermelho quer alguma coisa? – disse uma elfa de voz muito baixa – Ah... – suspiro – Mas não tem nada pra dar pra menina... – a criaturinha lançou um olhar muito apreensivo para Draco e pôs se a falar com ele – Menino Draco...Quer dizer...Senhor Malfoy...Os moços do Ministério levar tudo embora! Tudindinho! Eles querer levar nós com eles, mas nós ficar porque nós saber que o menino...que o senhor, voltava! – novamente voltou-se para Gina e balançou a cabeça freneticamente – Mas Mikka não tem nada pra dar pra menina vermelha... Ao ouvir “menina vermelha” Draco olhou pra Gina e abafou uma risada. - Não tem problema... – Gina disse delicadamente para a elfa – Eu não quero nada. - É, está tudo bem...- Draco disse em tom jovial, acalmando os elfos – A menina vermelha não quer nada. – Num tom muito mais sério e autoritário ele continuou. Gina observou atentamente o modo com que ele lidava com os escravos domésticos, porque não estava disposta a admitir maus tratos (sim, ela tinha ouvido falar sobre Malfoys prendendo as mãos dos elfos na porta dos fornos...). Draco apontou para o jardim interno e todos os elfos viraram suas cabeças imediatamente – Qual de vocês tem cuidado do jardim? O menor dos elfos deu um passo a frente, com as mãos puxando as enormes orelhas para baixo de modo a emoldurar a face. Ele estava tremendo de medo e, quando falou, a voz tremeu também. - E...e...eu! O louro mirou o elfo, com a expressão fechada e meio ameaçadora. Voltou-se para o jardim e olhou o longamente... Foi vagarosamente até a porta de vidro e a abriu. Não chegou a ficar muito tempo lá, apenas tocou a terra com a ponta dos dedos, murmurou algumas coisas para si mesmo e voltou para dentro. Gina estava intrigada. - Parabéns Jugg... – ele finalmente aliviou o rosto e sorriu – Vocês todos se comportaram muito bem enquanto eu estive fora. Nem os elfos ficaram tão contentes com o que Draco disse quanto Gina. Enquanto os cinco escravos faziam muito barulho alegre (palmas, gritos, risos...) Gina deu um beijo caloroso do rapaz. Estava tão feliz que ele não era um monstro com seus elfos, tão feliz! Quando o beijo terminou, ela abriu seu melhor sorriso para o namorado, mas ele não correspondeu como ela esperava. Simplesmente a soltou e, sem olha-la nos olhos, ordenou aos elfos que se retirassem. Eles, é claro, obedeceram- o mais rápido que puderam (o que ocasionou numa cena cômica: elfos se atropelando, correndo e guinchando). Só com a sala novamente silenciosa Gina se atreveu a falar, hesitante porque sentia uma tensão no ar. - Draco, o que houve? A frieza com que ele a olhou foi simplesmente congelante, Gina se sentiu transportada de volta a anos atrás quando Draco era Malfoy e ela era Weasley. Ela se assustou porque não tinha idéia de que ele detinha esse poder... - Vai ser sempre assim, Virgínia? – o olhar de Draco incomodava, Gina desviou os olhos mas ainda sentia sua energia. - Do que você está falando? Ele deu uma risada que soou triste. Talvez em outros tempos Gina teria achado que era uma risada de desdém, mas agora não... Ela sabia que era uma risada triste. - Todas as vezes que eu fizer algo legal pra alguém você vai comemorar como se fosse uma grande vitória? - Claro, eu gosto quando... – ela começou. Ele elevou o volume da voz, deixando a raiva encobrir a tristeza. - Não se faça de santa! – ele ameaçou apontar para ela com o indicador, mas desistiu antes de erguer o braço – Não tem nenhum motivo pra você ter ficado tão feliz! A não ser que você estivesse esperando algo muito diferente do que eu fiz, é claro... – ele terminou com acidez. Gina cruzou os braços sobre o peito, em atitude defensiva, deu alguns passos para lugar nenhum, enquanto pensava no que Draco acabara de dizer. Terminou por sentar-se no chão, de pernas cruzadas e apoiou o rosto sobre as mãos, como uma criança. - É eu estava mesmo... Sentia-se derrotada e envergonhada. Porque achava que ele agiria de modo diferente do que agiu? Porque estava sempre esperando o pior dele? Bem, qualquer que fosse o motivo ela não ia argumentar. Ele estava certo e nenhum orgulho ia faze-la dizer o contrario. Mas, ainda assim, seu orgulho gritava por uma reação. Draco imitou-lhe o movimento e sentou-se ao lado dela. - Se você veio até aqui esperando uma masmorra e um tirano torturador de elfos, porque você veio, então? - Desculpe. – o pior sentimento do mundo: sentir-se idiota. Nenhuma outra palavra além de “desculpe” ocorria a Gina. – Você tem razão e eu mereço que você fique bravo... – ela concluiu organizando seus sentimentos da melhor maneira que conseguiu. Draco pôs as mãos pra trás do corpo e inclinou-se, deixando a cabeça pender de modo que ela ficasse fora da luminosidade solar, que entrava pela janela do jardim. Gina observou os cabelos dele bagunçarem pelo movimento elegante, e achou o mais lindo do que nunca. Instintivamente ela deitou a cabeça na perna do namorado, contraindo as pernas e os braços, ficando quase na posição fetal. Ela respirou fundo, esperando que ele a repelisse mas ele não o fez, ele nem se moveu. - Eu não vou brigar, nem estou bravo. – Havia aquela nuvem de tristeza na voz dele, Gina podia senti-la. - Ah Draco... – ela murmurou chorosa – É um costume, você entende? Eu fui criada ouvindo meus irmãos, e meus pais e a Grifinória falarem coisas de você... E eu sei que elas não são verdade, mas as vezes eu faço e falo as coisas sem pensar... Ela pode ouvir o som da risada de Draco, mas não detectou o que ela queria expressar. Era cem por cento sarcasmo. - Pensar não é bem o seu forte não é Weasley? – ele disse maliciosamente e riu. Agora era só uma risada de diversão, de quem lembra uma piada antiga e ainda acha graça como se fosse a primeira vez. – Lembra? Uma vez eu te disse isso... - Eu me lembro. Céus! Você é um grosso, Malfoy! – ela disse iniciando uma cadeia de lembranças de momentos “Malfoy X Weasley “que a fez rir ainda mais. Ele se mexeu fazendo com que ela levantasse e ficasse novamente sentada. Draco segurou o rosto dela com as mãos, os dois ainda riam, e encostou a testa na dela. - Como é que isso aconteceu, Virgínia? - Sei lá... – disse sinceramente. Draco parecia bêbado de tanto que riu dessa resposta, teve que apoiar o rosto no ombro de Gina pra recuperar o fôlego. - Eu amo você, sabia? – as palavras saíram com tanta timidez que pareceu a primeira vez que ela dizia aquilo. - Eu te amo também... – o louro disse erguendo o rosto e o colocando perto o suficiente do da namorada para que eles sentissem a respiração um do outro. – Mesmo quando você acha que eu sou um monstro. Ela ficou totalmente séria. Se aquilo era uma chantagem emocional estava funcionando muito bem. Ela olhou profundamente nos olhos cinzentos do namorado. - Eu não acho que você é um monstro, eu já disse foi uma coisa que eu falei sem pensar, eu não achei que você fosse ficar ofendido, me desculpe, eu... – ela disse depressa demais pra uma pessoa normal entender. Draco, é claro, não estava incluído na lista de pessoas normais. Ele a calou com o gesto delicado, mas decidido de colocar o indicador sobre os lábios. O olhar tenso da ruiva só se amenizou quando Draco voltou a sorrir pra ela. - Eu sei...
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