Flor de Liz, Flor de Lótus
Capítulo 6- Flor de Liz, Flor de Lótus
Haviam duas flores em minha frente. Eu estava meio aéreo, iria fazer Goyle se acidentar naquele dia. Mas Snape me despertou:
“Flor de liz e flor de lótus. Diferentes propriedades mágicas, quase opostas. Aparentemente iguais, significados opostos, poderes opostos. Leiam a página 42, e a 563 também tem certas passagens. Quero que escolham uma poção com complexidade de nível 2, no mínimo, que envolva uma das duas flores.”
A Sonserina, naquele dia, fora integrada com Corvinal. Eu folheava distraído o livro, enquanto Tom tentava encontrar o caldeirão e os ingredientes para a poção.
“Flor de Lótus:
Exploradores do lado negro da magia costumam aplicá-la na maioria de feitiços, encantos e poções. Branca, costuma representar a noite, a lua, a energia corrente negra/negativa. Aveludada, cheirosa, não é venenosa. Sua cor branca e aspecto delicado significa que as aparências enganam.
Personalidade bruxa revelada em Lótus: sedutora, misteriosa, errada porém certa. Forte.”
Personalidade revelada em runas e em plantas... em Runas Antigas, tinha alguma coisa a ver com a reação mágica que o bruxo teria se jogássemos uma poção nele... acho que reagia, dependendo dos ingredientes. Flor de lótus revelava aquilo tudo escrito, sobre a personalidade de um bruxo que reagisse.
“Flor de Liz:
O oposto da flor de lótus, é considerada magicamente inferior, em relação de propriedades.As poções, encantos e feitiços derivados dessa flor são, geralmente, de clarear a mente, iluminação e para o encontro do rumo.
Relacionada ao poder solar, aumenta de força no solstício. Representa a luz o dia, a energia positiva. Branca, cheirosa, não venenosa.
Personalidade bruxa revelada em Liz: aérea, inteligente, sonhadora, alegre e brincalhona. Leve.”
Folheei as páginas do livro em busca de uma poção relativamente simples em que eu pudesse me distrair. Em certa página, berrava em minha folha o nome POÇÃO DO EQUILÍBRIO.
Poucos ingredientes, dentro dos exercícios e rápida. E acima de tudo: parecia útil. Quem sabe eu não usaria no futuro?
Tom já havia feito a gentileza de separar meu caldeirão, minha faca e outros instrumentos. Separei os ingredientes e comecei a fazê-la.
Não sei como nem por que a aula passou tão rápido. Sem grandes surpresas, quase todos terminaram suas poções. A maioria escolhera explorar os territórios da positiva flor de liz, mas eu misturei as duas no Equilíbrio.
“Sr.Malfoy, limpe seu caldeirão.” Eu havia me distraído (novidade) olhando o conteúdo arroxeado das ampolas a minha frente, e deixando o resto da poção no caldeirão. O limpei com o passe de mágica, enfiei uma ampola no bolso e entreguei uma a Snape. Levantei sem nenhum esmero e segui para o corredor, onde encontraria Harry, Rony, Hermione e provavelmente Chamma.
Goyle me viu saindo, por isso resolveu tirar com minha cara.
“Hey, Malfoydito! Vai encontrar a namoradinha do seu amigo e babar no colo dela?” Tom não estava lá pra ouvir. Mas eu estava.
“Cale a boca, Goyle.” Ordenei, tentando ficar calmo.
“Não estou mentindo, estou dizendo verdades.”
Eu perdia a paciência, pouco a pouco.
“Bem, eu vou pegar essas verdades e enfiar em um lugar muito, muito dolorido!”
“Isso não é uma sugestão bonita, Malfoy.”
Dei um sorriso.
“É mais bonita, elegante e inteligente que você.”
Ele começava a ficar vermelho.
“Ora, você não sabe o que está fazendo.”
“Tenho mais noção que você.”
Ele ia falar qualquer coisa, mas Harry, Rony e Hermione chegaram, mais Chamma. Goyle calou-se no momento que viu os olhos amarelos dela.
“Ora, Greg” ela falou, com sarcasmo na última palavra “não pare! Eu quero ouvir o que ia dizer... prometo que não virara uma doninha, se eu não gostar.”
Nem foi preciso que ela sacasse a varinha. Ele virou-se, com Krabbe atrás, e seguiu para a aula, Trato de Criaturas Mágicas.
“Que idiota.” Comentou Harry. Todos concordaram.
Andávamos normalmente. Rony estava com o braço em torno da cintura de Hermione, rindo e brincando, como Hermione. Rony parecia leve, e Mione perdera a velha ruga de preocupação que tinha entre as sobrancelhas. Os dois estavam realmente felizes.
Eu também, acho.
Na margem da Floresta Proibida, Hagrid nos apresentava a Bicuçu. Foi como na primeira vez, Harry voou. Quando voltou e as palmas soaram, murmurei para Goyle.
“Aposto que não bateriam palmas pra você.”
Ele nem se virou. Seu orgulho do tamanho de um noitebus o guiou até o hipogrifo.
“Seu bichão nojento! Você não é de nada! Agache pra eu subir aí!” berrou ele
Hagrid moveu-se, pra impedir Bicuçu. Mas o Bicuçu era mais rápido, e estava em um estado de fúria.
“AHHHHHHHHHHHHHHHH!” berrou Goyle, quando o hipogrifo rasgou sem braço. Era um pequeno corte, mas sangrava incessantemente. Hagrid o levantou no colo, preocupado.
“Temos que levá-lo pra enfermaria!”
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As visitas de Goyle? Quando passei pela enfermaria, vi Pancy Parkson, Krabbe e mais alguns sonserinos. Poucos, pra deixar claro.
Harry exprimia sua preocupação com Goyle, se o gordo inimigo arranjaria um modo de tirar Hagrid das aulas.
Goyle iria contar tudo a mãe, que por sua vez avisaria a minha (são unha e carne, deixemos claro) que reclamaria com meu pai. Era um ciclo vicioso, que terminaria do mesmo jeito que terminara realmente.
Tom ficara separado de Chamma na aula inteira, e ela não o encontrou depois. Tentava não mostrar-se preocupada, seu lado orgulhoso a impedia disso, mas ela provavelmente estava insegura.
O dia terminou sem surpresas. Rony e Hermione sumiram de nossa vista, pra aproveitar o tempo livre com... diversão coletiva. Chamma faria o mesmo se Tom estivesse por perto, mas ele não havia a procurado. Ela só falava ou ria quando a chamávamos, mas sua preocupação começava a transparecer.
“Esses dois devem estar aproveitando.” Comentou Harry, se referindo ao casal Rony e Hermione.
“Quem me dera poder fazer o mesmo...” suspirei. Juro que, conscientemente, não havia nenhuma intenção de atrair Chamma.
“Ah...” monossílabos regiam as participações de Chamma em nosso diálogo. Ela olhava distraída para uma das estranhas abóbadas do mesmo corredor que, dias atrás, havíamos fugido de Snape. Harry e eu sabíamos que ela estava lacônica por causa de Tom, algo que raramente acontecia com Chamma, apesar de seus muitos casos amorosos.
Eu e Harry não éramos idiotas o suficientes para tocar no assunto. Ela, provavelmente com o orgulho ferido, reagiria dizendo que não gostava de Tom do jeito que pensávamos (que era o que ela provavelmente sentia). Ela era nova no terreno de gostar de alguém um nível acima de meros amassos.
Conversávamos sobre garotas bonitas (isso sempre deixava Chamma animada, falando dos defeitos das outras e de suas qualidades), mas ela respondia com monossílabos átonos, também.
Na hora do jantar, ela animou-se, parecendo um pouco mais calma. Provavelmente estava com a expectativa de encontrar Tom. Eu me animei também (não, Tom não me interessava, eu queria comer- estava com fome!), como Harry. Andamos conversando sobre méritos de diferentes empregos bruxos (entre eles auror, professor, cargos no ministério e artesão de varinhas), com Chamma opinando normalmente (ou seja: muito).
Chegamos no refeitório, com Rony e Hermione guardando nossos lugares. Os professores percebiam que eu, e usualmente Chamma, trocávamos de mesa, mas tinham o bom senso de ignorar. Chamma avistou Tom na mesa da Sonserina, conversando e brincando alegremente. Sua face iluminou-se, e revelou a tortura que fora não encontrá-lo naquele meio tempo. Chamma se apaixonara, e ela, apenas ela, parecia não sabê-lo.
Sentei-me, e ela não esperou aprovação pra dirigir-se onde Tom estava.
Eu observava de longe, assim como o trio. Não era possível ouvi-los, mas a expressão de Chamma enrijecia-se a cada palavra que Tom murmurava. Este também estava com uma cara não muito animada.
Ela não chorou. Não, pelo contrário, deu um sorriso de escarninho. Quando Tom formou uma expressão de surpresa. Algo estalou. Que fez barulho em todo o salão, fazendo todos virarem para a direção dos dois.
O rosto de Tom estava vermelho. Chamma havia lhe dado um tapa.
Com o rosto sério, ela caminhou até seu lugar ao nosso lado e sentou-se, comendo como se nada tivesse acontecido. Risinhos começaram, e as fofocas também. Mas todos seguiram seu exemplo e começaram a comer.
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A Dama dos Olhos de Gato, como dissera Tom na primeira vez que a vira, não falou uma palavra durante o resto do jantar e foi direto para o dormitório, sem dar bola para nenhum de nós.
Eu me sentia na obrigação de tranqüilizá-la. Afinal, fora eu que a apresentei a Tom. Naquele momento, eu não a via mais como Chamma- Objeto de Meu Amor e Desejo. Eu a via como Chamma- Amiga Amável que Precisava de Ajuda e de um Ombro.
Minha amizade com ela influenciava em muito meu amor por ela: às vezes o deixava avassalador, as vezes compreensivo.
Para a maioria dos meninos, conhecê-la é amá-la. Comigo não fora diferente, como eu disse. Ela tinha um clube de admiradores, e um ainda maior de amigos e amigas. Era considerada um tanto popular, inteligente e encrenqueira com os professores.
Por isso, quando a vimos no quarto, havia do seu lado varias garotas, muitas amigas verdadeiras, querendo saber o que acontecera. Fora cartas de admiradores, pois a pseudoprincesa estava solteira.
Foi grossa e direta com todas que a perguntavam. Os diálogos era resumidos a isso:
“Por que o tapa no Tom?” perguntava um curioso
“Porque ele é idiota.”
“Por que?”
“Pergunte a ele, não estou interessada.”
Tom, provavelmente, espalhava a sua versão da história. Ele tinha uma considerável coleção de foras dados e recebidos, colecionava beijos recebidos de garotas difíceis e os contava pra quem quisesse ouvir. Muitas tentaram mudá-lo com ‘o amor’, mas estas tornaram-se mais uma em sua coleção de casos. Sim, ele era um cara muito legal. Mas podia ser muito, muito melhor.
Como ela estava inacessível, despedi-me dos meus amigos grifinórios e fui para o quarto.
Não sabia como Tom jogava fora uma garota como Chamma. Não sabia, entendia ou queria fazê-lo. Eu iria tirar satisfação com Tom, se ia!
Goyle já estava no dormitório, e Krabbe também. Ainda estavam acordados, com Goyle reclamando do ‘horrível’ corte que aquela ‘estúpida pseudoave’ havia feito. Falava sem parar de como ia fazer aquele ‘estúpido’ professor pagasse a ‘grande cagada’que havia feito. Eles falavam alto, tentando mostrar a mim que ‘meus amiguinhos’ iriam ‘perder as cabeças’.
Tom não estava lá. Eu tinha que falar com ele. Tinha que saber o por eu do fora que dera.
Eu esperei acordado, em uma vigília sem fim algum. Me senti ridículo enquanto folheava o livro e as anotações de História da Magia para ver se entedia alguma coisa e me distraia (principalmente a segunda coisa) enquanto esperava Tom.
Nove, nove e meia, dez horas. Quando vi que era dez e meia, pensei em desistir e deixar essa cobrança idiota para o dia seguinte.
No momento em que empilhei as anotações e o livro de qualquer jeito em cima da mochila e preparei-me para dizer “Nox” e apagar a luz, Tom entrou.
Não parecia triste. Não parecia frustrado. Não parecia nem mesmo desanimado. Estava mais para aéreo e sonso.
Sacana.
“Hey, cara! Não esperava te encontrar acordado!” Ele dizia com a expressão e com a fala que não estava triste ou com medo de qualquer coisa. Mas seus olhos denunciavam seu medo de me encontrar.
“Só estava dando uma revisada em História da Magia, estou muito fraco nessa porcaria!” tentei parecer meio animado, mas simplesmente não consegui. Nós dois sabíamos que assunto ‘Chamma’ seria o próximo. Mas eu não conseguir ser casual. Eu já era um ator água com açúcar, mas a curiosidade e a raiva me devoravam.
“Por que?” perguntei
Ele ia contestar, questionar ‘por que o que?’. Quando ele ia abrir a boca, levantei uma sobrancelha. Ele entendeu que era pra ser direto.
“Não dava mais.” Eu continuei com a mesma expressão, dando espaço para ele desenvolver. Ele parecia tenso. “Olha, você não entende como é ficar com Chamma, ta legal? Sim, beija bem, é linda e inteligente. Mas e orgulhosa e pode ser tão agressiva como uma felina. Ele tem a personalidade mais forte que já vi em uma garota. Eu não vou me prender agora. Estou acostumada com as bobinhas. Ela não é o meu tipo. Nunca será. Foi tudo rápido demais. Ela é uma jóia, cara. Uma jóia amarela como olhos de um gato e com lábios macios. Mais eu nunca vou conseguir passar de um beijo com ela.”
Eu não diferia muito bem. Não parecia ser uma desculpa, mas a linguagem corporal de Tom dizia algo completamente diferente. Resolvi tentar ignorá-la.
“Ta, voce é um cara legal, eu só estava... curioso.” Era uma mentira desvairada, nós sabíamos disso. Mas uma coisa ainda me incomodava: “Onde você estava? Com Anthony? Sumiu algumas horas pra poder não me encontrar.”
“Bem...”
Na hora, pude ver que ele estava pesando a verdade e a mentira. E que não, ele não estava caminhado por aí com Anthony.
“Cara, eu...” antes que ele inventasse uma desculpa, levantei minha sobrancelha. Ele sabia que eu não ia cair. “...estava com Parvati Patil, lá embaixo.”
Ele parecia se sentir culpado. Parecia mesmo. Ele não tentaria se defender, se eu o repreendesse.
Mas eu estava cego. Não via isso.
E ele também não viu quando enterrei meu punho em seu rosto.
Sele caiu no chão, mas estava consciente. Colocava as mãos desesperadamente no nariz, tentando manter a camisa limpa do sangue que escorria. Ele olhou pra mim, revoltado. Eu estava com uma expressão de semi-ódio, mas ainda tinha alguma compaixão em algum lugar. Meu rosto demonstrava uma pedra de gelo. Saquei a varinha reconstruí o nariz dele com um movimento. Me virei, pra ir para cama, e só ouvi ele murmurando:
“Cara...”
Nós dois nos deitamos sem nos olhar. Eu não tinha ódio, e não entendia direito o que eu havia acabado de fazer. Tom provavelmente entendia. Entendia que eu a amava.
Amava Chamma mais que tudo.
Eu consegui dormir apenas as onze horas.
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Uma mão fria tapou minha boca. Eu não podia gritar quando acordei. Abri os olhos apavorado, e lá estava Chamma. Não era um sonho. Provavelmente, não era um pesadelo. Ela colocava o indicador sobre a boca, pra indicar que era para eu me calar. Parecia calma, apesar de ter uma leve tristeza no olhar amarelo.
Levantei, completamente confuso. Ela jogou meu casaco na cama, o que eu havia deixado jogado em cima do malão. Coloquei-o, e ela acenou para segui-la, e eu o fiz.
E lá fomos nós, andando. Saímos do dormitório, passamos pelo Salão Comunal e logo depois pelo retrato que guardava a Sonserina (eu não fazia idéia de como ela entrara ali, nem se ela sabia a senha pra passar). Ela caminhava na frente, passos largos e silenciosos, com o casaco em cima de uma camisola. Andamos por três minutos sem falar nada, eu a fitava esperando ao menos uma olhadela significativa explicando o que acontecia. Ela não parecia preocupada com o fato de poder sofrer uma detenção a qualquer momento, se fossemos pegos.
Eu não fazia idéia de por onde passávamos, em quais escadas subíamos e descíamos, ou em que corredor poderíamos estar. Ela, pelo contrário, parecia ter completa noção de por onde ia e onde queria chegar. Em determinado momento, ela parou diante de uma enorme janela, em uma grande altura, e sacou a varinha.
“O que é isso??” perguntei, baixo e um pouco indignado.
“Shhhhhh!” mandou ela, brava. Depois, ordenou “Lumus!”
A luz clareou seu rosto e iluminava parte do caminho. Ela abriu um estranho pedaço de pergaminho, que mais tarde descobri ser o Mapa do Maroto.
“Juro solenemente não fazer nada de bom.” disse ela, encostando a ponta da varinha na folha, e nela começara a nascer um mapa “De Fred e Jorge. Eles me deixaram fazer um último uso antes de dá-lo pra Harry.”
Eu não entendia nada. Não sabia por que diabos iam dar aquele pedaço de papel a Harry, não sabia o que ela fazia com isso e nem pra onde me levava. Só sei que, depois de mais quinze minutos andando, estávamos no jardim. O relógio bateu meia noite quando nos sentamos na grama molhada pelo orvalho.
“O que estamos...?” comecei
Mas ela não me deixou continuar. Levantou os belos olhos amarelos, e deles desceram uma única lágrima.
“Por Merlin, cale a boca, Malfoy.” Ela me olhou com a mesma súplica da outra vez, puxou o colarinho do meu pijama listrado e me beijou.
Senti sua lágrima em minha bochecha, senti seus braços apertando minha nuca, com ela deitando sobre mim na grama. Rolamos pela grama, molhada, por alguns segundos, sempre beijando. Ela me segurava com força, como se não houvesse amanhã ou depois. Sempre surpreso, posicionei minhas mãos em sua cintura, apreciado o acontecimento.
Mas alguma coisa... alguma coisa estava errada. Não havia sentimento.
Era mecânico.
Rolamos mais uma vez, e consequentemente eu estava em cima dela. Parei, sentando na grama, suado.
“Pare, Tom não vai voltar pra você por causa disso.” Ela pareceu surpresa, e aproximou-se para um novo beijo. Chamma era uma garota decidida e estava acostumada a ter o que queria. Claro, devia ser nova no quesito de se apaixonar, para estar tão confusa, mas havia algo mais. Seu olhar triste denunciava que algo de muito, muito ruim havia acontecido. Com muito esforço e vontade pessoal, a repeli. “Aconteceu mais alguma coisa?”
Além da oclumência, Bellatriz Lestrange, minha ilustre tia, ensinou-me um pouco de legilimência. Mas, por eu ser ‘um completo inútil’ sem ‘nem um pingo de pulso firme’, não passei da segunda aula, e só tenho uma chance remota de usar esse... ‘presente’ da titia: se a pessoa for um trouxa sem nenhuma noção, ou um bruxo extremamente abatido, mas abatido mesmo.
A mente de Chamma estava completamente aberta depois de minha pergunta e recusa. A breve visão que pude ter mostrava Chamma ao lado de uma lápide.
“Mas o que...?” comecei
Ela levantou-se e começou a chorar, tentando andar desajeitadamente, sem sucesso. Eu tentei contê-la, mas ela começou a tremer e tentar a se desvencilhar, quase que convulsivamente, de meus braços, meu singelo abraço.
Foi minha vez de aquietá-la:
“Shhhhhhh...” eu tentava contê-la em meus braços. Ela começou a se acalmar, e quando finalmente parou de se debater, chorou mais alto.
E ela chorou em meus braços.
Pareceu se sentir finalmente segura, e enterrou os rosto em meu obro, encharcando-o com lágrimas. Senti seu cheiro delicado misturado com o orvalho e grama de suas roupas.
“Mommie...” murmurou ela, ainda chorando, como uma criança.
Ela havia perdido a mãe. E eu nem sabia.
Deveria ter sido a pouco tempo, e ela estava lidando aparentemente bem. Para o mundo, ainda era a mesma Chamma.
Mas, vulnerável, apaixonara-se por Tom. A gota da água devia ter sido o fora. Era muita coisa reprimida pra uma pessoa só.
Para uma alma só.
Era uma explicação plausível, e provavelmente a verdadeira.
Quando ela parou de chorar. Continuamos na mesma posição. E lá estávamos nós, sentados e abraçados, com o rosto dela encostado em meu ombro. Sem falar nada. E, surpreendentemente, aquilo pareceu ser mais curativo que qualquer conselho ou fala. Ficamos assim por mais tempo que imaginávamos.
Ás duas da manhã, o sol começou a aquecer nossos corpos. Ainda em meu colo, ela desencostou-se e pareceu pronta para contar.
“Mamãe morreu a um semana. Por causa de um experimento mal feto por um dos colegas dela, no laboratório de poções. Aí eu conheci Tom, e ele...” ele respirou profundamente tentando conter uma lágrima “foi a gota d’água. Eu... desculpe... você... ah...”
Eu apenas sorri. Dava pra ver que era difícil botar as coisas pra fora para uma garota orgulhosa como ela.
Ela percebeu que eu a perdoara por tentar me usar. E pareceu muito, muito feliz por isso.
Por que para ela, eu era, acima de tudo, um amigo precioso.
Apesar de eu quere mais. Muito, muito mais.
“Precisamos ir, Draco. Você mal dormiu...” murmurou ela em meu ouvido
Aquilo fora mais sedutor que rolar na grama com ela, apesar de não ser intencional. Se ela me beijasse naquela hora, eu iria ceder sem fazer perguntas.
Caminhamos lentamente, de mãos dadas. Ela ainda estava emocionalmente vulnerável, mas parecia melhor, caminhava com um sorriso leve, sem nenhum traço malicioso.
Quando chegamos ao caminho que nos dividia, cada lado iria para uma casa, ela virou-se pra mim, ainda com aquele sorriso.
“Você sabe que eu te amo, né, Draquinho?”ela disse, com um sorriso amigo.
“Eu também te amo muito.” Ela não tinha idéia de como aquilo passava da verdade que ela imaginava. Nos abraçamos.
E ela me deu um selinho.
Um selinho amigo. Um selinho que me marcara mais que os beijos e amassos técnicos e forçados.
“Você é meu melhor amigo.” Disse ela, ainda sorrindo. Depois virou-se e subiu as escadas, que a levariam para o Salão Comunal da Grifinória.
Eu era seu melhor amigo. Ela era minha melhor amiga, meu objeto de desejo e minha paixão.
Eu entrei no dormitório, e Goyle, Krabbe e Tom estavam dormindo. Eram quinze para as três da manhã, eu estava com enormes olheiras. Mas estava ligeiramente feliz, ligeiramente triste.
Eu havia feito Chamma feliz.
Mas ela não me amava. Não do jeito que eu queria.
Fechei os olhos, cansado, e dormi como uma pedra as quatro horas e meia que faltavam para eu acordar para a rotina do dia seguinte.
Dormi e sonhei com Chamma, minha bela flor de liz.
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Putz, sei lá.
OI xD Essa história tah meio sem noção e forçada, mas eu tinha q colocar a ultima parte, de qualquer jeito xD!
Bem, comentem e deem nota!
Beijus
Bi@~~Ballu [email protected]
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