Capítulo 3
3) Capítulo 3
Should it hurt to love you? (Deveria doer para amar você?)
Should I feel like i do? (Eu deveria me sentir como me sinto?)
Should I lock the last open door (Eu deveria trancar a última porta aberta?)
My ghosts are gaining on me (Meus fantasmas estão lucrando comigo)
All that I’m living for – Evanescence
- Então, adeus! – ele ia se virar para caminhar até a porta, mas seu olhar recaiu sobre o criado-mudo dela. Ele ergueu a sobrancelha ao ver um par de sapatinhos cor-de-rosa que certamente só caberiam em pés de um bebê. Então, ao olhar novamente para a mulher, viu pela primeira vez a pequena barriga que começava a se desenvolver, agora que ela estava sem o casaco.
- O que foi? – ela perguntou sem entender, até que lembrou que Harry não sabia da gravidez – Maldição! – murmurou para si mesmo. E ele deveria ter continuado sem saber.
- O que significa isso? Por acaso está grávida? – a resposta era muito óbvia, mas não conseguiu evitar a pergunta.
- E que importância isso teria para você? – ela manteve o olhar firme, atenta às expressões dele. Será que aquela criança conseguiria sensibilizá-lo?
- É meu?
- Sim, Harry. Ela é nossa. – um sorriso surgiu nos lábios de Hermione ao contar.
- Eu não quero essa criança, Hermione. – a frieza com que ele disse aquilo a magoou intensamente.
- Não lhe perguntei se queria; posso cuidar muito bem dela sozinha.
- Por acaso... Era essa sua intenção quando dormiu comigo naquele dia?
- Mas do que está falando? – Hermione questionou horrorizada, enquanto se aproximava.
- Talvez pensasse que uma criança me faria ficar e lutar. Contudo, querida, sinto desapontá-la, mas seu planinho rídiculo não foi bem sucedi... – ele não continuou de falar, pois a palma da mão de Hermione atingiu a bochecha esquerda dele com toda sua força.
- Nunca mais repita isso! – ela disse com raiva. Um sorriso frio surgiu nos lábios dele, e no instante seguinte, ele a segurou pelo punho.
- E você, nunca mais ouse encostar em mim... – Harry apertou o punho dela, mas ela não reclamaria da dor – Ou eu posso esquecer que é uma mulher e...
- E o quê? Vai me bater? Pois pode bater, Harry... Garanto-lhe que a agressão física doeria bem menos que essas suas palavras e esse seu olhar frio! Como pode ser tão perverso ao ponto de sugerir que eu dormi com você para engravidar?
- Por que não? Vocês fariam de tudo para ter o idiota Potter de volta, não?
- Não seja tão convencido, Harry. Eu jamais faria uma coisa dessas, e sabe muito bem disso!
- Eu não quero essa menina. Não lhe pedi um filho, e você deveria ter se cuidado.
- Eu deveria ter me cuidado? Ah, claro... Eu sou a única responsável por essa criança ter sido formada. – ela disse ironicamente – Além disso, não sei se ainda lembra, mas naquela noite você mais parecia um animal no cio! – ele ficou quieto, mas apenas por um breve instante.
- Não lembro de tê-la visto reclamar, Hermione. – ele apertou os olhos – Ainda posso ouir seus gemidos, querida.
- Pare de me chamar assim. E eu posso ter gemido sim, mas apenas quando começamos, pois eu pensei que seria como das outras vezes. Contudo, Harry, eu garanto que se tivesse prestado mais atenção em mim naquele momento teria visto as lágrimas em meu rosto por perceber que estava tentando fazer amor com um monstro! – Harry ergueu a sobrancelha, mantendo a expressao fria. As palavras dela não pareciam capazes de afetá-lo.
- E esse monstro é o pai de sua filha.
- Pai é uma palavra muito forte. Você ajudou na concepção dela, mas pai você ainda não é. Tinha esperanças de que ao saber dela você mudasse um pouco, mas novamente me enganei. Nada pode resgatar o meu antigo Harry, não é?
- Não. Não há o que ser resgatado, pois aquele antigo e ingênuo Harry não existe há muito tempo. – ele falou.
- É mesmo uma pena, minha pequena Isobel nem nasceu e já é órfã! Entretanto, ela tem uma mãe que, sem dúvida, fará tudo por ela!
- Confesso que nunca a vi tão confiante, Hermione, mas duvido que consiga criá-la sozinha. Disse que aquele homem é noivo da Gina, mas talvez tenha arranjado algum estúpido o suficiente para acreditar na sua história de vítima e te ajudar com essa menina!
- Primeiro, eu posso muito bem cuidar de minha filha sozinha! Segundo, pare de falar como se ela fosse um estorvo, e terceiro, Harry... Talvez eu tenha mesmo encontrado alguém, um homem de verdade que estaria disposto a enfrentar tudo ao meu lado, e não um covarde que na primeira tempestade foge! – ela provocou, fazendo-o bufar de raiva, e o espelho que havia na parede quebrou.
- Então, você acha que sou um covarde? – ele se aproximou, perigosamente, e Hermione tremeu por dentro, apesar de não ter demonstrado.
- Sim, eu acho que você se tornou um covarde. Sua vida certamente teve mais dificuldades que a de outras pessoas, mas eu estivesse sempre a sua disposição, desde o dia em que te conheci. Eu permaneci ao seu lado, lutei com você, sofri as mesmas perdas que você, Harry... Mas você mudou, deixou que a guerra te transformasse nisso que é hoje. – Hermione o olhou bem nos olhos – Você não é mais o homem que eu admirei um dia.
- Suponho que você admira esse seu novo homem, contudo, eu não vejo uma aliança em seu dedo. Talvez, ele não seja tão homem assim, afinal não teve coragem de selar um compromisso com você.
- Se eu confio na pessoa, não preciso de objetos para demonstrar meus relacionamentos. – Hermione revirou os olhos – Estou cansada dessa conversa, Harry. Por que não vai procurar alguma garotinha para se divertir? Era isso que tanto queria quando fugiu da Inglaterra, não? - dessa vez, foram alguns vidros de perfume que explodiram – Quer parar de destruir o meu quarto e ir embora , por favor?
- Eu posso lhe mostrar agora mesmo que sou muito homem, Hermione. – ele a segurou pelo queixo com uma das mãos, e a beijou, mas a morena não correspondeu. Então, Harry parou, e sorriu maliciosamente – Não costumava reagir assim às minhas carícias.
- Isso era quando você me tratava com carinho. – Harry manteve o sorriso.
- Eu realmente duvido que consiga resistir por muito tempo.
- E eu lhe garanto que uma noite como aquela nunca mais se repetirá! – ela não se movia, e mesmo estando louca de vontade de abraçá-lo, suas mãos estavam imóveis – Vá embora, agora.
Ele a fitou por alguns segundos, e finalmente se afastou. Caminhou até a porta, e antes de sair, sorriu friamente para a morena. Hermione fechou a porta e encostou as costas contra ela, como se temesse que ele voltasse. Não queria ouvir mais nada que viesse de Harry, pois sabia que sempre seriam palavras duras a fim de magoá-la. Colocou as mãos no ventre, e sorriu, enquanto algumas lágrimas escorriam por sua face; não queria desistir de Harry, pois negava-se a acreditar que aquela máscara fria permaneceria. Um dia ele acordaria, e Hermione torcia para que não fosse tarde demais.
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- O que está dizendo? – Gina sentou na cama da amiga, enquanto a outra terminava de ajeitar os cabelos.
- Isso mesmo que você ouviu... Encontrei o Harry ontem! – ela suspirou, e finalmente encarou a amiga – Eu fui atacada, ele acabou me ajudando e me trouxe de volta para o hotel.
- E como ele está?
- Fisicamente está ótimo, mas psicologicamente continua o mesmo, talvez até pior. Eu não sei mais o que fazer, Gina. Ele me disse tanta coisa horrível.
- Não fica assim não, Mione. Eu adoro o Harry, mas eu não vou permitir que ele seja grosso com você novamente. – Hermione sorriu.
- Obrigada, mas eu duvido que nos encontremos mais uma vez. – ela suspirou tristemente.
- Você contou sobre a Isobel?
- Não contei, mas ele viu os sapatinhos que você me deu de presente, e deduziu. Harry deixou bem claro que não a queria. – a morena sentou ao lado da amiga – Eu imaginei tantas vezes o momento em que ele descobrisse, mas em todos os meus devaneios ele sempre sorriu e me abraçava.
- Talvez quando ela nascer...
- Não, eu duvido. Eu nem sei se há alguma maneira de trazer o antigo Harry de volta, nem mesmo a nossa filha.
- Ah, Mione. Não fica assim. – Gina abraçou a amiga – Vamos mudar de assunto?
- Recebi uma carta do Ministério, a qual dizia que ficaremos aqui por mais uma semana. Depois, devemos retornar à Inglaterra.
- Certo.
- E como foi o resto da noite ontem? – Hermione perguntou, sorrindo para a ruiva.
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Encheu novamente a taça com vinho tinto, e em seguida tomou mais um gole. A refeição que pedira estava praticamente intocada, não tinha fome. A lembrança da noite passada continuava a atormentá-lo, e a idéia de ser pai parecia persegui-lo. Amaldiçoou Hermione inúmeras vezes por ter permitido aquela gravidez; negava-se a aceitar qualquer “culpa” de sua parte, afinal, ela era a mulher e deveria ter se cuidado. Isto apenas confirmava a suposição de que tudo havia sido premeditado, e ele caíra como um idiota.
Entretanto, Harry não seria enganado novamente. Ninguém o faria de idiota e o obrigaria a voltar por causa de uma menina que ele sequer desejava. Tomou outro gole de vinho, e resmungou algo inaudível. Por que teve que reencontrá-la? Seria bem mais fácil se nunca tivesse visto Hermione em Veneza.
- Papai? – ergueu a sobrancelha, e virou-se, ao sentir um leve puxão em seu casaco, e ao olhar para baixo encontrou um garotinho, o qual deveria ter uns 4 anos, no máximo.
- O que é garoto?
- O senhor não é o meu pai... Papai? – ele parecia assustado, e seus olhos marejaram. Harry não soube o que fazer – Papai?
- Ben! – um homem, cujo cabelo era bem negro como o de Harry, apareceu – Disse para não sair de perto de mim. Quer me matar do coração? – ele sorriu para Harry, enquanto carregava o menino – Perdoe-me, senhor.
- Papai! – o garotinho abraçou o homem.
- Tudo bem. Acho que ele pensou que eu você fosse. – Harry falou, indiferente.
- Sim, deve ter nos confundido. Temos que ficar de olho nesses pequenos, senão... Nem quero imaginar como eu ficaria se ele sumisse. O senhor tem filhos?
- Não.
- Ah, mas quanto so tiver, saberá exatamente o que estou falando. Os filhos são como partes de nós! – ele sorriu, mas Harry manteve-se sério – Agora, com licença.
- Toda! – Harry revirou os olhos. Levou a taça à boca, e dessa vez tomou quase todo o conteúdo de uma vez. Deveria ser alguma praga que Hermione lhe lançou. Chamou o garçom, pediu a conta, e saiu.
Resolveu voltar para o hotel, quando uma explosão o assustou, e na mesma hora ele se abaixou. À sua esquerda, uma fumaça negra surgiu, não demorando para Harry ouvir outras explosões. “Malditos! Estão atacando!”, disse em pensamento. O ideal seria ignorar totalmente o que quer que estivesse acontecendo, mas ele não conseguiu. Uma parte “estúpida” dele o guiou ao local das explosões, tomando cuidado, apenas com alguns escobros.
Escondeu-se atrás de uma árvore, e viu que aquela fumaça negra era uma barreira mágica, e estava evitando que os dois imensos gigantes e os diversos dementadores se espalhassem. Havia várias pessoas tentando manter o ataque sobre controle, e não demorou para Harry encontrar Hermione tentando repelir um dementador. Permaneceu imóvel por vários minutos, apenas observando a batalha. Sabia que seria questão de tempo imobilizarem o gigante, e afugentarem todos os dementadores.
Não precisavam dele; Harry sempre soube que não era importante quanto diziam, afinal estava fora há mais de quatro meses, e o mundo não havia sido destruído por Voldemort. Riu friamente para si mesmo, deveria ser alguma estratégia, um modo de intimidar Voldemort. Talvez a profecia sequer existira, e fora tudo um plano da Ordem da Fênix para persudi-lo a lutar como um imbecil.
Continuou observando a batalha, mas sua atenção sempre voltada para Hermione. Como ela tinha coragem de lutar naquele estado? Balançou a cabeça negativamente; sempre querendo demonstrar superioridade, será que a morena não mudaria nunca? Estreitou os olhos quando percebeu um dementador começou se aproximar por trás de Hermione. Ela mal teve tempo de afugentar o dementados a sua frente, quando o que vinha por trás a atingiu, fazendo-a soltar um grito de desespero.
A morena caiu de joelhos, e agora dois dementadores sobrevoavam ao seu redor. Harry continuou parado, seus pulsos fechados e os dentes cerrados, ordenando em pensamento que a mulher se levantasse para combater os dmentadores. Quando percebeu que ela não levantaria, e estava inconsciente, Harry tentou se aproximar, ainda usando as árvores como barreira. Um dos companheiros de Hermione também notou que o que ocorrera, e afugentou os dementadores de perto dela, mas não conseguiu verificar se ela estava bem, pois outros dementadores o impediram.
Harry, então, pegou sua varinha e após sussurrar um feitiço contra a barreira mágica conseguiu ultrapassá-la. Abaixou-se e percebeu que Hermione estava viva, apesar de sua respiração estar muito fraca. Tomou-a nos braços, mas antes de sair da barreira mágica, encontrou Gina com o olhar. A ruiva parecia surpresa ao vê-lo, mas acabou sorrindo; sabia que Harry não faria mal a Hermione, pelo menos não fisicamente. Gina sorriu, porém, ele não correspondeu, apenas se afastou com a morena nos braços.
Ele desaparatou, reaparecendo próximo ao hotel no qual estava hospedado. Seguiu com Hermione nos braços, sem se importar com os olhares curiosos que recebia de todos os presentes na recepção. Logo, adentrou em seu quarto, e a colocou sobre a cama. Sua pele estava fria e pálida, sua respiração continuava fraca e irregular. Harry buscou algo em suas gavetas, e após achar um pequeno frasco com um líquido azul marinho, levantou um pouco a cabeça de Hermione e despechou lentamente quase todo o conteúdo. Com aquela poção revitalizadora ela certamente ficaria melhor.
Mirou a face da mulher, afastou uma mecha de seu cabelo; por que a trouxe para seu apartamento? Era impossível negar que de alguma forma Hermione mexia com ele, por mais que demonstrasse o contrário, na frente dela. Não a via há tanto tempo, mas preocupou-se ao vê-la sendo atacada.
Seu olhar recaiu sobre o ventre da mulher, e sem nem perceber sua mão repousou naquela região. Acariciou a barriga dela, ao mesmo tempo em que um sorriso sincero surgiu em seus lábios. Uma filha... Eles teriam uma filha! Piscou várias vezes, balançando a cabeça negativamente. Maldita fosse Hermione por tentar manipulá-lo, ele não permitiria. Aquela criança não significava nada para ele. Nada. Resmungou algo inaudível, e se afastou, caminhando até a janela. De seu quarto ainda podia ver a fumaça negra, a batalha ainda não havia terminado.
N/A: Mil desculpas pela demora gente, mas a memória do meu pc queimou e depois disso, teve uma série de problemas por aqui, então eu fiquei quase duas semanas sem poder escrever. Mas aqui está o cap, espero que gostem... Minha próxima atualização é “Cuida bem de mim”, farei o possível para atualizá-la o quanto antes. Obrigada a todos que leram, comentaram e votaram!! Beijos!! Pink_Potter : )
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