Capítulo 4
4) Capítulo 4
Nada adianta depois se lamentar
por maior que seja sua displicência...
Volta ou vai embora, meu amor
Sem ameaças ensaias na frente do espelho
O caminho mais fácil,
nem sempre é melhor que da dor
Lama – Luxúria
Precisava abrir os olhos, saber onde estava, mas eles pareciam pesados demais, e ela não encontrava forçar para fazê-lo. Também não conseguia mover qualquer parte de seu corpo, como se todo ele estivesse sob efeito de algum feitiço paralizante. Frustrada, ela só conseguiu gemer baixinho, chamando a atenção de Harry. O moreno passara as últimas três horas “preso” naquele quarto por causa dela. Por que ainda não havia acordado?
Aproximou-se o suficiente para perceber as expressões estranhas na face de Hermione, contudo, ela permanecia imóvel. Cerrou os olhos, mas não conseguia entender o que estava acontecendo. Nem foram tantos dementadores assim, que a atacaram, e ela já havia tomado a poção revitalizadora. Por que ainda estava inconsciente?
- Talvez eu deva deixá-la num hospital! – disse para si mesmo, mirando-a – Saberão o que fazer com ela! Já perdi tempo demais!
Mesmo não tendo forças para se mover, ela pôde ouvi-lo. Era Harry! Harry estava ao lado dela, será que ele a havia salvado? As expressões de seu rosto se suavizaram, ela confiava nele; estava segura com ele. A tentativa de pronunciar o nome dele foi frustrada, e tudo que ela conseguiu emitir foi um novo gemido. Harry olhou novamente para Hermione, erguendo a sobrancelha ao ver que um pequeno sorriso parecia surgir nos lábios da mulher.
- Talvez... Você só precise de mais um pouco de tempo para recuperar suas forças. – ele falou, surpreso com o próprio tom de voz.
Harry deu um passo para trás, ao mesmo tempo em que as dúvidas borbulhavam em sua mente. Tentava convencer-se do contrário, mas não podia negar que Hermione ainda era capaz de mexer com seus sentimentos. Por quê? Não queria razões para voltar ao inferno do qual fugira meses atrás. Queria viver sua vida, sem que o herói Potter pudesse atrapalhar. Bufou de raiva, e buscou um pedaço de papel, no qual deixou uma breve nota para Hermione.
“Vá embora assim que tiver forças, e não me procure mais!”. E deixou sobre o criado-mudo, ao lado da cama. Não poderia ficar mais tempo perto dela, e deixar que influenciasse suas decisões como sempre fizera. Mirou o corpo dela, ainda imóvel sobre a cama. Seria questão de horas até que finalmente pudesse deixá-lo em paz. Para assegurar-se de que não correria o risco de vê-la novamente, só retornaria ao hotel no dia seguinte.
Bateu a porta do quarto, e ao chegar à recepção, deixou ordens com o gerente para que ele atendesse qualquer pedido da moça que estava em seu quarto. O homem assentiu, vendo partir um Harry cheio de pressa, que seguiu para uma boate qualquer. Passaria a noite no apartamento de alguma mulher; isso certamente não seria problema para ele.
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Aos poucos, ela conseguiu mexer os dedos das mãos, e à medida em que o tempo passava, suas forças iam voltando lentamente. Quando finalmente pôde abrir os olhos, sorriu sozinha ao mirar o teto do quarto; no mesmo instante, levou a mão ao ventre, acariciando o local por vários minutos.
- Estamos bem, querida. Seu pai nos salvou. – a voz dela soou bem fraca, quase inaudível. Contudo, estava tão feliz por ter sido salva por Harry que nem se preocupou. Sabia que os dementadores por pouco não a mataram, e demoraria bem mais para recuperar suas forças por causa da gravidez, mas ainda assim sentia-se contente.
Já era noite quando finalmente ela conseguiu ajeitar-se na cama, e sentar. Olhou ao seu redor, estranhando o silêncio do aposento. Provavelmente ele fora jantar, disse em pensamento. Seu próprio estômago reclamou para lembrá-la de que também precisava se alimentar, porém, com certeza Harry estaria de volta em breve. Um sorriso ainda maior brincava em seus lábios; certamente, ele vira a batalha e a salvou quando percebeu que estava prestes a morrer. Ainda tinha sentimentos bons nele.
Hermione suspirou, fechando os olhos em seguida. Ainda estava tão fraca e cansada, como se tivesse lutado por dias inteiros sem descanso. Cansada da escuridão em que se econtrava, voltou-se para o criado-mudo, acendendo o abajur que havia ali. Um belo quarto de hotel, pensou. Então, seu olhar recaiu sobre o pedaço de papel que estava perto do abajur, e sem nem precisar pegá-lo, reconheceu a letra de Harry; seu coração afundou em seu peito ao ler aquelas palavras tão frias. Uma onda de raiva percerreu todo seu corpo.
Sentiu uma ânsia de vômito, mas como não havia nada em seu estômogo, ficara apenas com a sensação ruim. Deveria ser mesmo a mulher mais cega do mundo; não havia nada de bom em Harry, e só Merlim saberia por que a salvara. Ela agora tinha certeza de que não deveria ser por amor. Buscou forças que pareciam não existir, e levantou. O quarto girou, e Hermione cambaleou para trás, forçando-a parar por alguns segundos. Respirou fundo, mirando a porta, não ficaria nem mais um segundo ali.
Seus lentos passos finalmente alcançaram o elevador, e quando este finalmente aparecera, Hermione entrou. Um senhor baixinho e careca, que já estava no elevador a encarou, preocupado, ela estava pálida.
- A senhorita está bem? – questionou ao notar que ela não conseguira apertar o botão do andar que desejava.
- Preciso sair desse lugar. – ela murmurou, encostando-se à parede do elevador.
- Está muito pálida. – ele ignorou totalmente o que Hermione disse. O elevador estava descendo, e sensação de que tudo ao seu redor girava estava ainda pior. Ela fechou os olhos para afastar aquela sensação ruim, preocupando ainda mais o homem – Senhorita?
Dessa vez ela não respondeu mais. Perdeu a consciência e se o homem não a aparasse teria desabado no chão do elevador. Quando o elevador chegou à recepção, o homem gritou por ajuda, e logo várias pessoas o ajudaram. Uma ambulância foi chamada, mas ninguém sabia exatamente quem era aquela mulher. O porteiro sabia apenas que chegara com Harry Potter mais cedo.
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Eram quase onze horas quando Harry retornou ao hotel. Tinha certeza absoluta de que não teria mais que ver Hermione novamente, então, um sorriso surgiu em seus lábios, quando passou pela portaria. Deu bom dia ao recepcionista e ia subir quando o mesmo o chamou. Ergueu a sobrancelha, visivelmente chateado por ter que ouvir o que quer que aquele homem tinha a lhe dizer.
- S-senhor Potter?
- Seja breve por favor. – ele disse rispidamente.
- Tentamos contactá-lo ontem à noite, senhor, mas não sabíamos onde estava e... – começou, nervosamente. Harry não tinha uma fama muito boa no hotel, e nenhum dos trabalhadores gostava de falar com ele.
- Que diabos aconteceu?
- Aquela moça, senhor... Quando pediu que atendesse a qualquer pedido que fizesse não sabíamos que...
- Do que está falando? Por acaso ela ainda está aqui?
- Não, ela não está mais aqui. – Harry respirou aliviado – Mas o que quero dizer, senhor, é que deveria ter avisado que ela estava doente e...
- Doente? Deve haver algum engano! Aquela mulher deveria estar perfeitamente bem ontem mesmo!
- Não, senhor. A senhorita teve que ser levada às pressas ao hospital. Não sabíamos onde o senhor estava, por isso não avisamos... – a partir daquele momento Harry não ouviu mais nada. Hermione foi levada ao hospital? Por quê? Ela já deveria estar boa, foram poucos dementadores, além disso, Harry lhe dera uma poção revitalizadora. Precisaria de poucas horas para se recuperar totalmente e ir embora.
- Qual hospital? – perguntou, cortando mais uma vez o homem.
- O hospital público central, senhor. Não sabíamos o nome dela, nem qualquer outra informação de parentes ou amigos.
- Maldição! – ele murmurou, antes de sair apressado.
Ele entrou como um furacão no hospital. Procurou a recepção, mas teve que esperar que a recepcionista desligasse para atendê-lo. Quando finalmente a mulher se aproximou, Harry perguntou.
- Procure onde está Hermione Granger. – ordenou. A mulher ergueu a sobrancelha, surpresa, com a arrogância do homem.
- Perdoe-me, senhor, mas a sua secretária particular ainda não chegou. – ela respondeu com um sorriso tão fácil, que Harry teve que se controlar para não azará-la.
- Senhorita, será que, por favor, poderia me informar o quarto de Hermione Granger?
- Agora vamos nos entender. – a mulher sorriu mais uma vez, antes de digitar o nome no computador – Sinto informá-lo, mas não temos nenhuma paciente com esse nome.
- Como não? Disseram-me que ela deu entrada aqui ontem!
- Não há esse nome no nosso sistema. – explicou. Ele, então, lembrou o que pessoal do hotel não sabia o nome de Hermione.
- Ah, sim... Talvez, ainda não saibam o nome dela... Uma moça morena, grávida, que deu entrada neste hospital ontem à noite. Acho que estava inconsciente e...
- Ah! Sei de quem está falando, mas ela não está mais nesse hospital.
- O que está querendo dizer?
- Ela foi medicada aqui sim, mas assim que ficou consciente ela começou a chamar por uma amiga dela... Localizamos a moça, e assim que ela chegou aqui, pediu transferência.
- Sabe para que hospital foram?
- Não. Não revelaram, mas provavelmente um hospital particular. – ela supôs. Harry, no entanto, imaginou que teriam levado Hermione a um hospital bruxo.
- Obrigado. – sem mais uma palavra, ele deixou o hospital.
Não deveria se preocupar; provavelmente Gina levara Hermione para um hospital bruxo e ela logo se recuperaria. Contudo, havia uma certa culpa nele, e não conseguia ignorar. O mais certo seria ir embora da Itália naquele instante, porém, precisa ter certeza de que Hermione não corria nenhum risco de morte. Amaldiçoou-se mentalmente, e seguiu para o único hospital bruxo que existia em Veneza.
Fez exatamente o mesmo que fizera no outro hospital, e dessa vez havia uma paciente chamada Hermione Granger lá. Certificou-se de que estava viva e bem, mas não foi embora como planejara. Ao descobrir em que quarto se encontrava, seguiu até ele. Quando alcançou o quarto, abriu lentamente a porta, e a encontrou adormecida na cama, ainda bem pálida. Uma sensação ruim percorreu todo o corpo dele, não gostando de vê-la daquele modo. Pensou em tocar-lhe a mão, mas antes que pudesse a porta se abriu novamente. O olhar que Gina lhe lançou foi tão intenso, que Harry teve certeza de que se ela pudesse, teria matado-o apenas com aquele olhar.
- O que faz aqui? – perguntou baixo, mas o suficiente para que ele ouvisse; contudo, ele a ignorou completamente, e deixou o quarto. Ela o seguiu – Eu fiz uma pergunta, Harry, e gostaria muito que me respondesse!
- Não é da sua conta, Gina. – ele respondeu, finalmente. Antes que ele continuasse, ela o segurou pelo braço, forçando-o a encará-la.
- Por acaso acha pouco o mal que fez à Hermione?
- Não sei do que está falando.
- Não sabe? Pelo amor de Merlim, Harry, onde está seu coração? A Mione está grávida, e foi atacada por dementadores, e o que você fez? A deixou sozinha com um bilhete a expulsando-o.
- Pelo visto, ela não estava tão mal assim, afinal teve condições lhe contar isso. – disse ele.
- Muito pelo contrário. Foi justamente por estar tão mal que eu soube. – Gina balançou a cabeça negativamente – Quer saber... Deixa para lá, Harry. Eu não sou como a Mione que ainda acredita que você possa mudar. – Gina deu meia volta e ia entrar no quarto, mas dessa vez foi ele que a impediu.
- Ela já está bem agora.
- Será, Harry? – a ruiva suspirou, tristemente – Eu gostaria de acreditar nisso também.
- Pelo menos, ela me pareceu bem. – ele insistiu. Precisava ter certeza daquilo.
- Você quer mesmo saber? – ela virou-se para encará-lo novamente – A Mione não está bem desde que você foi embora. Eu pensei que se não quisesse lutar, ficaria na Inglaterra, pelo menos, por ela, Harry, mas então eu percebi que o amor entre vocês era unidirecional, e isso certamente faz tanto mal à minha amiga.
- Não seja boba, Gina. Ela não me ama mais; Hermione é nova e com certeza logo ela encontra outro e...
- Não seja bobo, você, Harry. Ela passou a noite toda pedindo que não a expulsasse novamente de sua vida, que te amava... Se isso não é amor, eu realmente estou precisando de uma aulas. – Gina disse, revirando os olhos.
- Não vou cair nessa jogada, provavelmente combinou tudo isso com...
- Você está mesmo insuportavel! – ela só não gritou porque estava no corredor de um hospital – Você acha que a Izobel é o quê? Uma farsa também? Sabe quantos problemas a Mione tem passado por causa dessa gravidez? Não, você não sabe... Como poderia? Fazer deve ter sido maravilhoso, mas apoiá-la no momento que ela mais precisa? Tarefa muito complicada para o senhor Potter!
- Cala a boca, Gina! Eu não pedi essa criança. Se não queria, se estava dando problemas, ela que tirasse... – ela arregalou os olhos.
- Essa foi definitivamente a gota d’água! – a ruiva teve que se controlar para não esbofeteá-lo – Eu agradeço a Merlim por Hermione ter passado a responsabilidade da Izobel à mim.
- Do que está falando?
- Como eu estou tentando lhe dizer, Harry, e esse é um dos motivos pelo qual a Hermione foi tão afetada pelos dementadores, é que a gravidez dela é de alto risco. Tanto, que a Mione já escreveu uma carta e levou a um juiz para comunicar que se algo acontecer à ela antes ou durante o parto, a menina ficará comigo, e não com o pai, como por direito.
- Ela pode morrer?
- Sim. – ela o olhou atentamente na tentativa de descobrir alguma reação no moreno, mas não conseguiu – E, como eu disse, se isso vier a acontecer, pelo menos, a Izobel terá à mim.
Antes que ele falasse algo novamente, Gina adentrou no quarto de Hermione. Harry ainda ficou mais algum tempo parado, ainda absorvendo as palavras da mulher.
N/A: Bom... Sei que demorei, mas agora a facul está um verdadeiro inferno, e eu estou tendo aulas pela manhã e tarde, fora as coisas que tenho para estudar... Por enquanto, acho que vai demorar um poukito para atualizar novamente, mas prometo tentar atualizar o mais breve possível!! Espero que vocês curtam, talvez tenha ficado um pouco dramático, ehuieheuiheuihe, mas é que a fic está bem maior que eu esperava... ¬¬ Acredito que tenha mais uns 2 caps, oks!? Agradeço a todos que leram, comentaram e votaram!! Beijosss!! Pink_Potter : )
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