A garota estranha.



Harry acabara de fechar a gaiola de Edwiges. Já ouvia os passos pesados de seu tio subindo as escadas. Se deitou rapidamente, antes que a porta se abrisse ferozmente.
- Se algum dos vizinhos ver essa galinha esquizita nós teremos problemas seu...
- O que? - Disse Harry fingindo uma voz sonolenta. - Ela... Edwiges não saiu do lugar!
- Bom mesmo... - Disse o gordo envergonhado. - Foi só um teste. Suas malas estão prontas? Aquela família deve vir de buscar cedo.
- Está tudo pronto! - Harry fingiu estar voltando a dormir enquanto seu tio saia do quarto.
Olhou no relógio que marcava Meia noite e um. O primeiro minuto de seus 16 anos.
Demorou um pouco mas pegou no sono. sonho, mais uma vez com Sirius. Já havia se conformado, era algo que ele não conseguia evitar.
Acordou 9:30 da manhã, mesmo sabendo que poderia dormir até as 11:00. Trocou de roupa, desceu as escadas, comeu um pão e tomou um pouco de café. Subiu e escovou os dentes e então ouviu várias vozes vindo da porta da frente.
- Talvez você deva dizer algo como "Gárgula Fedido". - Era Ron e seus familiares tentando descobrir como abrir a porta.
Harry desceu correndo e abriu a porta.
- Olá. - Disse ele simulando um sorriso.
- Harry! Parabéns! - Todos disseram antes e o abraçaram, pegaram suas malas e colocaram no carro.
- Venha! - Ron disse -Vamos comprar nosso material e tomar uma cerveja amanteigada.
- Certo! - Harry entrou no carro que parecia bem maior, pois cabia quase toda a família Weasley.
Embora todos falassem mil coisas, Harry permaneceu calado. Não só pela falta do que falar mas por não querer falar.
- Você está bem? - Gina perguntou à Harry.
- Estou... Estou sim. - Ele respondeu, forçando novamente um sorriso.
Ao chegarem no Beco Diagonal, Ron e Gina resolveram comprar um bolo para comemorar o aniversário de Harry.
- Esse aqui.- Gina apontou um bolo, grande e aparentemente delicioso.
- Você não pode levar ele. Eu estou levando ele. - Uma menina de cabelos curtos que estava perto do bolo disse. Era Aubrey.
- Eu vi primeiro. - Gina disse. - Eu vou levar.
- Tecnicamente eu vi ele primeiro, e eu estava apenas analizando se a cobertura estava boa o bastante para a minha festa.
- Deixe Gina... Eu não preciso desse bolo. Escolha outro. - Harry disse, olhando desconfiado para a menina, imaginando quem seria ela, e como ela era nervosa e se a conhecia.
- O que? - Ela perguntou. - Não minta, eu sei o que você está pensando. Você não me conhece, e eu sou... Qual é mesmo a palavra que você usou? Ah sim, “nervosa” com a maioria das pessoas.
Harry não disse nada, até que Mike apareceu.
- O que você está fazendo Aubrey? - Ele perguntou.
- Ele é meu, meus 16 anos, meus parabéns, meu bolo. Eu estou indo embora para o Caldeirão Furado, pague a conta, cara. - Ela saiu, levando o bolo consigo e uma gata rodeando seus passos.
- Desculpe Aubrey, ela não tem paciência com pessoas desconhecidas.
- Tudo bem - Disse Harry. - Ela não estuda em Hogwarts, não é mesmo?
- Melhor perguntar pra ela quando ela estiver... Menos nervosa. - Mike disse, acenando e caminhando no mesmo rumo de Aubrey.
- Menina estranha - Ronny disse. - Mas...
- Mas o que?! - Gina perguntou nervosa, com medo de algum comentário sobre a beleza de Aubrey fizesse Harry se sentir atraído por ela.
- Gato legal. - Ele disse, com medo da irmã.
- Qual é a do cabelo dela?! É muito...
- Curto. - Disse Harry, ainda pensando na menina e na reação dela.
- Vamos logo Harry, escolha outro bolo, sim?! - Gina disse, sorrindo.

Enquanto isso, Aubrey ouvia Mike lhe dar uma bronca no Hall do Caldeirão Furado.
- Desculpa. Tem no mínimo 10 anos que eu não tenho um bolo Mike, eu merecia o que eu queria.
- Tudo bem. Mas tente diferente esse ano Aubrey! Tente não assustar os alunos, tente fazer amigos.
- Eu tento.
- Daquele jeito?!
- Meu jeito Mike! Me escute, minha vida, minha família, meus amigos cabem na minha bolsa. Eu não preciso de mais ninguém. – Disse ela em referência à gata.
- E por isso você veio procurar seu pai? - Mike perguntou.
- Não, eu vim saber sobre ele. Só isso. Eu não acho que ele esteja morto, eu acho que minha mãe mentiu pra mim.
- Aubrey...
- Mike, me deixa tá. Eu vou pro meu quarto. - Ela disse se levantando e deixando o pedaço de bolo praticamente inteiro no prato. Alguns segundos depois voltou e pegou o prato com o bolo e disse antes de subir: - Eu estou com fome.
Mike sorriu, mesmo Aubrey estando de cara fechada. Ela era assim, daquele jeitinho dela, mesmo sendo irracional ás vezes.

Mesmo desejando ficar sozinho em seu quarto, Harry aceitou o bolo e os presentes que os Weasley lhe deram, durante uma pequena comemoração de seu aniversário no Caldeirão Furado, onde eles estavam hospedados.
- Mione deve chegar amanhã. - Disse Gina contente.
- Como você sabe? - Ron perguntou.
- Ela me mandou uma carta me dizendo.
- Ele me mandou uma carta me dizendo também. - Harry disse, não entendendo a surpresa do amigo.
- Ela mandou uma carta para vocês dois e não me mandou nenhuma! Grande amiga!
- Provavelmente ela achou que Gina te contaria. - Harry defendeu Hermione.
- Não... Não havia nada escrito " Avise o Ron" na carta. - Gina disse,sem perceber o estrago que estava fazendo.
- Que legal! - Ron disse se levantando e subindo para seu quarto. - Acho que vou dormir!
Harry ficou por um tempo conversando com Gina e com os gêmeos, mas logo foi para o quarto que dividia com Ron.
O amigo já estava dormindo, ou pelo menos era isso que Harry supunha. Se deitou e tentou dormir, mas algo o impedia. Talvez fosse o ronco de Ron, talvez fosse o miado de um gato que o incomodava. E talvez fosse os dois.
Resolveu se levantar, dar uma volta e quem sabe na volta conseguiria dormir. O Caldeirão Furado estava calmo e vazio e os únicos barulhos que se ouvia era uma voz, quase que infantil e um miado irritante. Seguiu a voz, na esperança de ajudar a pessoa e matar sua curiosidade ao mesmo tempo. Mas se arrependeu em seguida, quando viu que a voz vinha da mesma menina que tinha pegado o bolo que Gina havia escolhido para ele. Ao ver que Harry se aproximou, Aubrey o olhou e disse:
- Sabia que você viria. Eu não sou alta o bastante... Será que você pode... – Ela aprontou para o gato alaranjado em cima de uma estante enorme. – Nirvana não quer descer. Acho que ela está com medo de descer.
Harry riu da menina, que usava uma calça de moleton roxa e uma camiseta preta com o desenho de uma banda. Ela parecia tão menos agressiva, tão inofensiva que ele não poderia deixar essa chance passar.
- Diga a palavra mágica. – Ele disse, sério, mas rindo por dentro.
- O quê? – Aubrey perguntou, mas sem resposta apenas disse: - Pode deixar, que eu a pego sozinha.
Aubrey foi escalando a estante e Harry, ao ver a cena e prever que a menina levaria um tombo bem feio, disse:
- Pode deixar, eu pego seu gato. Mas você deveria ser mais educada.
Aubrey permaneceu em silêncio enquanto Harry pegava sua gata e quando ele a entregou o felino ela apenas disse:
- É ela.
- O quê? – Ele perguntou sem entender.
- É ela. A gata é fêmea e chama Nirvana.
- Nirvana? – Harry perguntou se encostando à estante.
- Como a banda. – Disse ela com um sorriso, forçado.
- Como a banda. – Harry disse em resposta. – Posso te perguntar por que você fez aquela cena por causa de um bolo?
- Eu exagerei. Eu sei disso. Mas eu queria aquele bolo.
- E por quê? – Harry a questionou.
- Me fez eu me lembrar meu último aniversário. – Ela se sentou no chão com a gata no colo. – E ele foi há muitos anos atrás. Eu queria ele de volta e essa era uma forma de trazê-lo até mim.
- Seu último aniversário foi quando?
- Eu devia ter uns 10, 11 anos. Pouco antes de eu descobrir que eu era bruxa. Pouco antes de... – Ela se calou por uns instantes, e depois apenas disse: – Não esperava por isso.
- Isso o quê? – Harry perguntou se sentando no chão também.
- Eu sempre fui muito eloqüente, mas hoje eu não consigo falar sobre isso. Acho que está acontecendo.
- Desculpe... Eu não estou entendendo uma palavra do que você está dizendo. O que está acontecendo? – Harry olhou nos olhos da menina que permanecia quieta, com seus cabelos curtos.
- Você é Harry Tiago Potter. Você sabe que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades. Tentarei não dificultar pra você e citar Homem-Aranha ao mesmo tempo... – Aubrey sorriu um sorriso denso, calmo e que ao mesmo tempo conseguia o acalmar, mesmo ele achando estranho que ela soubesse seu nome. – Eu sou quase como você, deve ter por aí várias pessoas desejando minha morte ou pelo menos a planejando. Como com você, também quero várias respostas que eu sei que corro o risco de não descobri-las. E eu temo todo dia pelas pessoas que eu amo, mesmo sendo poucas, me machuco todo dia por que por minha culpa eu as faço sofrer e ás vezes meu poder as condena à morte.
Harry não sabia o que dizer. Como ela poderia saber tanto dele o perturbou e o aliviou ao mesmo tempo. Era bom saber que havia pelo menos uma pessoa com quem ele poderia conversar sobre seu sofrimento.
- Como você... – Antes que Harry terminasse a frase Aubrey respondeu:
- Eu só sei. Desde que me lembro certas coisas eu sei, só sei. Não sei de onde vêm, mas é uma certeza tão grande que eu me sinto obrigada a confiar no que me vêm em mente.
- O quê mais você sabe? – Harry perguntou perplexo. – Sobre mim
- Que você está sofrendo e que você está com fome. – Aubrey riu e Harry também. – Que você precisa tomar muito cuidado com o que deseja... Você pode tomar decisões egoístas e não sabe o quanto várias pessoas dependem de você. Que você sente falta de pessoa que você nem conheceu... Nossa, tantas coisas me vêm a mente ao seu lado. Quase nunca é assim.
Aubrey colocou as mãos na cabeça.
- E você sabe por quê?
- Acho que eu preciso saber muitas coisas sobre você. Só não sei por que.
Ambos permaneceram em silêncio, até que Aubrey se levantou e disse:
- Acho melhor nós irmos dormir. Eu sei que não preciso te pedir, mas mantenha em segredo nossa conversa, certo? Não quero que as pessoas me olhem como uma esquisita na minha nova escola. Prometi começar tudo de novo e fazer amigos, já que eu nunca tive um. A propósito, eu sou Aubrey. Aubrey Elizabeth Bloom.
- Tudo bem, ficará em segredo. – Harry sorriu e se levantou também.
Enquanto aubrey caminhava para sue quarto com Nirvana nos braços, Harry a observava.
– Aubrey! – Ele gritou, e ao ver que ela se virou disse: - Você já tem um amigo. Apesar de ser mal educada.
A menina forçou um sorriso e acenou para o novo amigo, que se virou e caminhou para seu quarto.

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