Capítulo 5



No capítulo anterior...


...- Fred, George, Gui, se preparem porque nós vamos lá pegar a sua irmã! – Disse o Arthur para os filhos, os três engoliram em seco e acenaram que sim com a cabeça.
Nesse momento, com a fala do pai, Ron pareceu acordar de seu devaneio.
- Eu não tenho tempo pra isso. – murmurou ele antes se sair correndo em direção a casa.
- RON! – berraram o Sr. Weasley e Hermione, que o seguiu, mas ela nem de longe conseguiria correr tão rápido quanto ele e alcançá-lo. Já Ron corria como jamais havia feito em sua vida. Ofegava e a dor nas costelas e em todo o corpo, conseqüência da maldição Cruciatus que recebera, parecia não existir mais, tudo agora girava em torno de Gina, ela era a sua irmã, a sua irmãzinha, não ia deixá-la.
Ele já estava á uns 7 metros da casa quando foi arremessado para trás com uma força colossal, juntamente com milhares de pedaços de madeira, metal e objetos.

A Toca tinha acabado de explodir.










Capítulo 5: Era um anjo ruivo...



Para Harry tudo passava em câmera lenta. Os pedaços da Toca voando para todo os lados, o fogo e a grande nuvem de poeira que se formava, parecia que tudo estava acontecendo lentamente enquanto sua mente se ocupava em assimilar todos os fatos. Fatos que nos quais ele não queria acreditar. A Toca havia explodido e Gina estava lá dentro. Tudo o que ele desejava era que aquilo fosse um filme de terror, um pesadelo do qual ele queria desesperadamente acordar.
Quando Ron fora arremessado, caiu próximo de onde Hermione estava. Ela correu mais um pouco para chegar até ele e ampará-lo, abraçando-o fortemente enquanto olhava para os restos do que já fora a casa dos Weasley com os olhos marejados e tremendo.
- Meu Deus...- sussurrou Hermione, com a voz embargada e levando uma das mãos aos lábios.
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO! – A Sra. Weasley berrou desesperada, se soltando dos braços de Gui e correndo em direção a explosão. – GINAAAA!
- MOLLY! Não! – O Sr Weasley foi até a esposa e a segurou com força.
- ME SOLTA, ARTHUR! EU QUERO A MINHA MENINA! EU VOU ATRÁS DELA!! – Molly se debatia com loucura e impulsionava o corpo para frente tentando se soltar, o que a fez ir ao chão, levando o marido com ela.
- Não...Molly...para...!- ela, mesmo caída, tentava se libertar dos braços do marido com desespero.
- NÃÃÃO! ME DEIXA, ARTHUR! EU VOU ACHÁ-LA! ELA AINDA ESTÁ LÁ!- Com muito esforço ele conseguiu imobilizá-la, abraçando-a por trás e prendendo seus braços.
- É tarde demais...Não podemos fazer mais nada... – sussurrou ele com uma voz amargurada. Nesse momento as lágrimas e os soluços de Molly soavam alto.
- NÃÃÃÃÃÃO! – agora ela se encolhia nos braços do marido. Ela chorava desoladamente, gritava, gemia tudo para tentar aliviar uma dor que não passava - É nossa menina Arthur! A NOSSA GINA! Minha princesinha! – Arthur já a tinha soltado e a abraçava-a forte num ato inútil de consolar a ela e a si mesmo, que agora chorava junto o com ela.
Fleur também chorava nos braços do marido, que se segurava para não fazer o mesmo. Os gêmeos não expressavam reação alguma, tinham os olhos esbugalhados e encaravam ora chão ora um ao outro. Ofegavam como se tivessem corrido uma maratona e suspiravam. Pareciam esperar o mesmo que Harry: que aquilo fosse um pesadelo e que logo iriam acordar.
Hermione ainda segurava Ron desmaiado nos braços, o socorria, checando se não havia sofrido nenhum ferimento sério enquanto chorava como todos os outros.
E Harry ainda estava lá, na mesma posição, parado e olhando para a casa, ou os restos do que fora ela. Não acreditava, não podia acreditar...O choque era tão grande que ele não sabia o que fazer. Ele olhou para a mata atrás de si ainda com a esperança de que Gina saísse de trás de umas das árvores com aquele sorriso maroto que ele tanto amava e dizendo: “Pra que essa choradeira toda? Achavam mesmo que eu estava lá dentro? Peguei vocês!” Mas isso não iria acontecer.
- Vamos, temos que ir logo para a Ordem informá-los do que aconteceu – disse o Sr Weasley, com a voz embargada e segurando mais lágrimas, indo até eles com a mulher que continuava a chorar alto em seus braços. Ele olhou para o lugar onde ficava sua tão amada casa e sentiu os olhos marejarem novamente. – Não há mais nada que possamos fazer aqui...
E todos voltaram os olhos para o fogo que se alastrava em cima dos restos da casa dos Weasley. O fogo queimava e a fumaça aos olhos de todos parecia esculpir no céu um rosto, o de uma garota ruiva que sorria e se despedia de todos enquanto subia junto com essa mesma fumaça para o céu estrelado daquela noite.






O Sr Weasley havia conjurado uma chave de portal e todos já estavam na Grimmauld Place recebendo os devidos cuidados. Hestia Jones cuidava de Fleur, Annita Volts, Dermont Cole e Nathalia Ward, aurores que recentemente haviam entrado para a Ordem tratavam de Gui, dos gêmeos e da Sra Weasley, respectivamente, sendo que esta última recusava toda ajuda que lhe era oferecida.
- Vamos Sra. Weasley, essa queimadura no seu braço vai ficar feia se a não for tratada. Deixe-me cuidar dela para a senhora. – Nathalia dizia docemente enquanto tentava tocar o ferimento com um algodão embebido com uma poção contra queimaduras.
- Não... – Molly disse num fio de voz, recolhendo o braço para que a auror não o tocasse. – N-não quero cuidados. S-só quero a minha filha, s-somente e-ela. – a mulher dizia cabisbaixa e entre um soluço e outro. Ward não sabia o que dizer.
- Molly, por favor, seja razoável, não há nada que você possa fazer agora. Aconteceu, ninguém poderá mudar isso.
- CALA A BOCA WARD! NÃO PRECISO DE VOCÊ NEM DE SEUS CUIDADOS! APENAS ME DEIXE EM PAZ OUVIU? DEIXE-ME EM PAZ! – estourou a Sra Weasley, Nathalia ficou sem reação. Tonks, que estava num outro canto com Harry, Ron e Hermione foi até a nova companheira e tocou seu ombro.
- Tudo bem Nat, acho que esse é o momento de a deixarmos quieta um pouco, não deve estar sendo nada fácil para ela. – sussurrou Tonks em tom doce. Nathalia acenou com a cabeça enquanto Molly se encolhia na poltrona e chorava silenciosamente. – Venha, me ajude a cuidar dos garotos. – Nathalia aceitou a mão que Tonks lhe estendia, levantou do assoalho e foi com ela até o outro lado do cômodo.
Nathalia era, além de recente membro da Ordem, uma auror recém-formada, portanto com pouca experiência e muito ingênua. Tonks estava ajudando-a a se encaixar aos padrões, afinal, um dia ela fora assim.
Harry, Ron e Hermione estavam no mesmo sofá. Num canto estava Ron, já acordado e com curativos espalhados pelo rosto, pescoço e grande maioria dos braços e pernas, já que estivera demasiado perto da casa quando esta explodiu, olhava para a janela com uma olhar perdido. Tonks e Nathalia chegaram e esta última foi terminar os curativos de Hermione, que estava ao lado de Ron e que, embora não estivesse muito machucada, em seu rosto ainda estava marcada a trilha percorrida pelas grossas lágrimas que haviam escorrido por ele e seus olhos estavam inchados. Ela olhava para Ron, desde que chegaram à mansão Black ela só sossegou quando o rapaz acordou, mas ainda se preocupava, afinal, ele sofrera várias queimaduras. Foi aí que ela se lembrou de alguém que até então ela não havia dado nenhuma atenção:
Harry...”.
Ela virou-se para o moreno que, no momento, estava sendo cuidado por Tonks. Ele tinha o mesmo olhar perdido que Ron, podia-se dizer que mais perdido ainda. “Como se estivesse sonhando” pensou a garota se martirizando por dentro por não ter dado atenção para o amigo, sabendo que ele também devia estar sofrendo muito. Começou a se preocupar com ele também, afinal, desde que a Toca havia explodido, ele não havia dito mais nenhuma palavra e ficava daquele jeito, perdido, sonhando...
O Sr. Weasley estava na portada sala com Lupin e Moody, apesar de tudo ele teve que ser forte e se recompor. Havia perdido sua filha, sua única filha, e agora ele precisava agir como um verdadeiro membro da Ordem e lutar, mas do que ele já fazia, para derrotar aqueles que a tiraram dele. Ele discutia com os companheiros como um grupo de comensais havia conseguido ultrapassar a proteção mágica de sua casa quando McGonagal adentrou a Ordem quase que correndo.
- Arthur?! – Ela procurou o ruivo com os olhos até encontrá-lo junto aos outros dois membros da Ordem. – Oh Arthur, vim o mais rápido que pude! O que aconteceu? – a ex-vice-diretora de Hogwarts se aproximou do Weasley, preocupada.
- A Toca foi atacada Minerva. 12 comensais ao que me parece. A incendiaram e logo depois ela explodiu. – disse Moody. McGonagal levou as mãos a boca espantada.
- Meu Deus! Como estão todos? Por Merlin Arthur! Estão todos bem? – McGonagal segurou Arthur pelos ombros e olhou em seus olhos. O Sr. Weasley abaixou a cabeça.
- Houve uma vitima Minerva. – Disse Lupin, fazendo McGonagal encará-lo – A menina, Gina, estava na casa quando ela explodiu. – ele pode ver os olhos de McGonagal se arregalarem.
- M-minha nossa! N-não pode ser! Oh, Arthur, sinto muito... – ela abraçou o amigo de muito tempo com carinho. – Como você está? Meu nossa, e a Molly? – Arthur sorriu tristemente.
- Como poderíamos estar Minerva? Embora tenhamos todos os nossos filhos, ela era a nossa única menina, a nossa princesa. Eu, bom, eu ainda tenha lá o meu autocontrole, não? Mas já a Molly...- ela olhou para a esposa que ainda chorava encolhida na poltrona. O Weasley deixou uma solitária lágrima escorrer por seu rosto. McGonagal o abraçou novamente, numa tentativa de reconfortá-lo.
- Sei que todos nós estamos muito abalados com tudo isso, principalmente você Arthur, mas temos muito que falar sobre o que aconteceu esta noite. – disse Moody. Arthur e Minerva se soltaram e olharam para Moody entendendo o recado. – Tonks, Jones, Ward, Cole e Volts, venham conosco, por favor. – Moody chamou os outros cinco aurores que estavam na sala. Os cinco, juntamente com o Sr. Weasley, McGonagal, Moody e Lupin entraram na biblioteca e se trancaram lá.




Já faziam quase duas horas que eles estavam trancados naquela biblioteca. As coisas na sala do Grimmauld Place não mudaram muito, A Sra. Weasley parecia ter virado uma estátua que chorava, já que continuava na mesma posição de horas atrás em sua poltrona, Fleur dormia aconchegada nos braços de Gui, depois de chorar muito também, os gêmeos estavam sentados em duas poltronas em frente a lareira acesa, silenciosos. Harry Ron e Hermione também continuavam do mesmo jeito. Ron parecia ter virado uma estátua, assim como a mãe. Olhava pela janela com um olhar perdido enquanto Hermione já estava quase adormecida ao seu lado. Harry também se perdia em pensamentos.
Foi então que a porta da biblioteca se abriu e de lá saíram os nove bruxos, caminhando até eles. Arthur estava cabisbaixo e McGonagal abandonara a expressão surpresa de horas atrás e a substituira por uma bem mais séria. Ela parou no meio da sala, com os outros bruxos atrás de si. Todos pareceram acordar e voltaram o olhar para o grupo parado na frente deles.
- Peço a atenção de todos, por favor. Sei que essa noite não foi fácil para nenhum de vocês, mas preciso que me ouçam com atenção. Primeiramente queria explicara Harry a questão sobre o que aconteceu na casa de seus tios. O fato de Bellatrix ter conseguido chegar até você foi devido à proteção criada por Dumbledore ter caído com a morte dele, não há outra explicação. Sei que isso pode não importar mais agora, já que não voltará mais para lá, a menos o deseje, mas achei melhor que soubesse. – Harry apenas acenou positivamente com a cabeça. McGonagal limpou a garganta e respirou fundo, então continuou, mantendo o tom sério, mas agora sendo um bem mais amigável – Agora, sobre o ocorrido dessa noite, primeiramente, eu creio que vocês gostariam de saber como aqueles comensais chegaram a sua casa. E eu lhe respondo: Não sabemos. Meditamos muito sobre isso, mas não conseguimos chegara nenhuma conclusão plausível, mas dou a minha palavra que faremos de tudo para esclarecer essa situação. – todos abaixaram as cabeças. – E em relação a jovem Weasley... – um silêncio fúnebre reinou pela sala – Todos vocês tem que saber que a morte dela não foi um acidente. Foi planejado. – a surpresa era evidente em todos lá – Isso mesmo. Levando em conta o que Arthur me disse sobre algumas coisas ditas por Bellatrix Lestrange, deduzimos e podemos dizer que temos quase certeza que tudo aquilo foi planejado e que aqueles comensais foram para lá com um único e principal objetivo: matar Ginevra Weasley. Não sabemos o porque, mas é a isso que tudo nos leva. – Harry sentiu uma pontada no peito. Sim, ele sabia o porque deles a quererem morta.
- Mas eu sei professora McGonagal. – disse Harry de repente. Surpreendendo McGonagal.
- Sim, Sr. Potter?
- Eu sei porque eles a queriam morta. E você quer saber? É porque eu a amava. É, é por isso mesmo! Porque ela era a namorada do menino-que-sobreviveu, e qual seria a melhor maneira de atingi-lo se não matando justamente aquela que é a dona de seu coração? Não, não há maneira melhor e mais eficaz do que essa. E parece que Voldemort foi inteligente o bastante para pensar nisso, não? – todos ouviam silenciosos a aquela declaração – E eu? Eu não avisei? Eu não tentei evitar? Sim, eu o fiz, mas quem me ouviu? Ninguém! Diziam que não, que o que nos faz diferente de Voldemort era justamente a capacidade de amar, mas o meu amor pela Gina foi capaz de salvá-la? Não, mas foi ele a causa da morte dela. – as palavras dele já haviam se tornado um desabafo. Tudo o que ele não tinha expressado quando viu a toca explodindo em milhões de pedaços ele fazia agora. As lágrimas brotavam de seus olhos e ele não as impedia. – E esse é o meu destino, não é? A NÃO TER NINGUÉM QUE EU AMO POR PERTO! A TER TODOS MORTOS! MINHA MALDIÇÃO! PRIMEIRO MEUS PAIS, DEPOIS SIRIUS, DUMBLEDORE E AGORA A GINA! É A ISSO QUE EU ESTOU DESTINADO: A NÃO TER NADA! A NÃO TER NINGUÉM! E VOCÊS FICAM RECLAMAMANDO DE SEUS PROBLEMAS FÚTEIS! Você Ron – ele se virou, irônico, apesar de tudo, para o amigo - vive reclamando que não tem dinheiro, que é um pé rapado, o que me diz agora? Essas suas reclamações, seus problemas, são maiores que os meus? Eihn? ME DIZ! SE TEM ALGO MAIS DO QUE SE QUEIXAR FAÇA-O AGORA!
Harry havia perdido todo o seu autocontrole e dizia toda e qualquer coisa que lhe vinha à mente. Ron, depois de horas, pareceu finalmente acordar. Levantou-se e virou-se para Harry com uma carranca furiosa a qual o amigo nunca havia visto. Harry não teve tempo de dizer mais nada pois o punho fechado de Ron acertava-lhe o lado esquerdo do rosto com força e precisão, levando-o ao chão.
- SEU DESGRAÇADO! CASO VOCÊ TENHA SE ESQUECIDO ELA ERA A MINHA IRMÃ! – Ron berrou com toda a força que seus pulmões lhe permitiam para Harry, ainda caído e que levava a mão ao lugar onde havia sido golpeado. Ninguém sabia o que fazer, como interferir, então Hermione se levantou e tocou os ombros do amigo.
- Ron, n-não faz isso. N-ão vai...
- CALA A BOCA MIONE! EU ESTOU CANSADO, OUVIU? CANSADO! CANSADO DE SEMPRE TER QUE OUVIR O HARRY FALANDO DE COMO ELE SOFRE E DE COMO ELE É INJUSTIÇADO NA VIDA DELE COMO SE ELE FOSSE O CENTRO DO ÚNIVERSO! – Ron berrava, gesticulava e mudava de expressões como um louco. - TÁ AÍ UMA NOVIDADE PRA VOCÊ HARRY: O MUNDO NÃO GIRA EM TORNO DE VOCÊ! EXISTEM OUTRAS PESSOAS NELE, PESSOAS QUE TAMBÉM SOFREM E QUE NÃO APÁTICAS COMO VOCÊ PENSA. PORTANTO PASSE A OLHAR PARA ALGO QUE NÃO SEJA O SEU PROPRÍO UMBIGO E, POR MERLIM, PARE DE AGIR COMO UM HERÓI OU, COMO O AQUELA DONINHA ALBINA DIZIA, COMO O SANTO POTTER, PORQUE VOCÊ NÃO É HARRY! NÃO É!
Ron enfiava o dedo na cara do amigo e quem olhasse em seu rosto teria a impressão que ele pularia no pescoço do garoto a qualquer momento. Mas o Weasley não o fez, apenas saiu do cômodo pisando duro e subiu os degraus da escada como se quisesse esmagá-los.
Harry estava estatelado no chão. Não sabia como reagir. Não medira suas palavras e agora o seu melhor amigo o odiava. Não sabia que ele pensava todas aquelas coisas a respeito dele, nunca havia parado para pensar em tudo aquilo, mas se fosse refletir, tinha um fundo de verdade. Ele havia negligenciado os sentimentos não só do amigo como de todos lá, principalmente dos Weasley. Ele passeou os olhos pela sala, todos o olhavam como se ele fosse uma estátua ou algo em exposição. Olhares surpresos, de reprovação, de pena. Não, ele não suportava aquilo, como fora idiota!
- Eu...me desculpem...- murmurou ele antes de sair correndo desesperadamente escada a cima. As lágrimas escorriam por seu rosto sem que ele pudesse controlar. As palavras de Ron ecoavam em sua mente e o afetavam profundamente.
Só parou de correr quando chegou ao sótão da casa dos Black. Ele entrou e bateu a porta com uma força sem igual. Ele encostou as costas na porta e foi escorregando por ela até chegar ao chão. As lágrimas escorriam, ele soluçava, não conseguia se controlar.
Afundou a cabeça entre os joelhos e chorou como uma criança. Não sairia daquele sótão tão cedo, não queria fazer nada, não queria ver ninguém, só queria ficar lá, sozinho, chorando, enquanto as suas forças lhe permitissem.




Bellatrix seguia pelo corredor mal iluminado com um sorriso e andar triunfantes até alcançar a grande e antiga porta de carvalho. Estendia a mão para segurar a fechadura quando alguém a interrompeu.
- Onde você pensa que vai Lestrange? – era Rabicho parado logo atrás dela.
- Não lhe devo satisfações seu verme. – ela novamente estendeu a mão para a fechadura, mas Rabicho tornou a impedi-la.
- Não! Mestre deu ordens para nada nem ninguém incomodá-lo! Não a deixarei entrar! – disse ele se colocando entre ela e a porta. Bellatrix o olhou com profundo desprezo.
- Saia da minha frente seu imprestável! Trago boas novas que serão de profundo agrado ao mestre. Agora saia do meu caminho. – ela tirou o pequeno homem da sua frente sem nenhuma delicadeza, jogando-o no chão.
- Se quer ser castigada novamente o problema é seu. Mas não diga que eu não te avisei – disse o pequeno homem amargamente enquanto se afastava. Bellatrix bufou em irritação e abriu a porta logo em seguida.
Como de costume o cômodo estava mergulhado na escuridão a não ser pela área iluminada pela lareira eternamente acesa. Ela buscou com os olhos a poltrona velha e não demorou a encontrá-la no mesmo lugar de sempre: frente à lareira e virada de costas para a porta.
- Mestre. – Bellatrix deu uma pequena reverencia em direção à poltrona.
- Ora, ora Bellatrix, já retornaste? Que notícias traz para seu mestre?
- Tudo correu perfeitamente milorde. A garota esta morta como o senhor desejou. - o sorriso triunfante que estava no rosto de Bellatrix apareceu também no de Voldemort.
- Vejo que não desperdiçou a chance que eu lhe dei para se redimir Bella, parabéns. Agora as coisas começarão a se encaminhar. – disse Voldemort misteriosamente.
- Se me permite mestre, queria saber o porque de termos matado a Weasley. Em que exatamente isso nos ajudará?
- Segundo Severus e Draco, a jovem Weasley construiu, durante o último ano letivo, um elo muito forte com o Potter, parece-me que os dois namoraram por alguns meses...O que a sua perspicácia diz sobre isso Bella?
- Que matando a Weasley, atingiremos o Potter. – disse Bellatrix sorrindo afetadamente. – O senhor é mesmo brilhante milorde. – Bellatrix fez mais uma reverência.
- Poupe-me de suas bajulações Lestrange. – Voldemort levantou-se da poltrona onde estava e se dirigiu a uma mesinha de centro que estava mais à frente, em cima desta estava uma garrafa de vinho e uma taça. – Realmente foi uma pena que a pequena Weasley teve de ser sacrificada...Eu ainda tinha esperanças de que um dia e ela voltasse a me servir, mas de uma maneira ou de outra ela está sendo de muita utilidade para o Lord. – ele despejou o conteúdo da garrafa na taça com lentidão.
- E qual será o próximo passo, meu Lord?
- Vamos agir com rapidez, aproveitaremos esse momento em que o Potter e todo o clã de cabeças-vermelhas estarão abalados com a morte da menina para darmos início ao nosso plano. Não podemos perder tempo. – ele mexia o líquido da taça com as unhas longas.– Vamos atrás do primeiro dos itens. – sussurrou ele quase de formal inaudível, mas Bellatrix conseguiu ouvi-lo.
- Perdão milorde, mas do que está falando? – perguntou Bellatriz claramente confusa.
- Nada que você deva saber Bella, pelo menos não por enquanto... – ele observava o redemoinho que o movimento de sua unha causava no líquido escuro. – E a garota? Ela já está a postos? Já fez algum contato? – Bellatrix estreitou os olhos.
- Ainda não milorde. Mas se ela ainda não chegou logo chegará. Informarei ao senhor quando ela fizer contato. – por algum motivo as palavras de Bellatrix eram ácidas, como se nutrisse uma profunda raiva e ódio por aquela a qual ela se referia.
- Ótimo, quanto mais cedo ela estiver lá dentro melhor. - Voldemort segurou a taça e levantou-a – Minha pequena se encarregará de plantar a discórdia naqueles á sua volta e me ajudará a derrubar o Potter, pouco a pouco...
No rosto de Bellatrix era nítida uma carranca invejosa.
“Essa garota ainda me paga. Não entendo como o Lord pode confiar nela em tão pouco tempo...” Ela viu Voldemort levar a taça aos lábios e umedecê-los com o vinho.
- Saia Bellatrix, o Lord deve ficar sozinho agora... – ele afastou a taça dos lábios e ficou a observar o liquido mais uma vez.
- Como o senhor quiser, milorde. – Bellatrix fez uma longa reverência. – Com licença milorde.
A bruxa de cabelos negros saiu pela grande porta de madeira sem antes fechá-la com delicadeza, deixando o Lord das Trevas a sós com os seus pensamentos.




No dia seguinte o Sr Weasley havia pedido uma dispensa do trabalho e Carlinhos havia sido avisado sobre o que tinha acontecido com a família e estava a caminho do Grimmauld Place.

Harry sentiu as pálpebras abrirem lentamente. O lugar onde estava era escuro e a dor na suas costas e pescoço eram quase insuportáveis. Olhou ao redor e constatou que havia passado a noite no sótão da casa dos Black. Esfregou os olhos na tentativa de espantar o cansaço já que, como Hermione dizia quando eles passavam grande parte da noite fazendo tarefas na sala comunal: “Uma noite mal dormida vale por dez não dormidas”. Nunca concordou tanto com isso.
Levantou-se e abriu a porta lentamente. Mesmo a casa dos Black sendo naturalmente escura, qualquer claridade para ele era muita comparada à escuridão do sótão. Colocou a mão frente aos olhos até se acostumas com a luz e desceu as escadas sonolentamente. Não se lembrava muito bem do que havia acontecido na outra noite.
No momento em que pos os pés no hall de entrada da casa ele sentiu algo se pendurar em seu pescoço e dois braços o apertando.
- Harry! Onde você estava? Te procuramos nos quatro cantos da casa ontem a noite e não te encontramos! Onde você estava? Estávamos com medo que você tivesse fugido depois de tudo aquilo. – Hermione parecia aliviada em ver o garoto bem.
- Você está vendo que eu estou bem, não está? Então pra que tudo isso? – disse ele seco. Hermione o largou e ficou encarando-o.
- Desculpe-me se a minha preocupação é insignificante para você Harry. – Disse ela magoada e já ia saindo quando Harry a segurou pelo braço.
- Mione, espera. Olha, desculpa vai, eu não dormi bem essa noite, minha cabeça e meu corpo inteiro estão doendo então meu humor não está dos melhores. Desculpe se fui grosso com você. – disse ele massageando a nuca com a mão que estava livre. Hermione sorriu levemente.
- Tudo bem Harry, toda reação vinda de você é aceita depois de tudo o que aconteceu ontem... – Ela abaixou os olhos tristes e respirou fundo, como quem se controlasse – Bom, mas venha, já está na hora do almoço e você deve estar faminto! – foi a vez dela segurá-lo pela mão e o guiá-lo até a cozinha.
Assim que passaram pela porta todos os olhos se viraram para Harry: Lupin que lia o Profeta Diário, Fred e George que mais brincavam com a comida em seus pratos do que comiam alguma coisa e Gui e Fleur que comiam o seu almoço silenciosamente. Todos, com exceção da Sra Weasley que parecia ter encontrado algo particularmente interessante em seu prato, passaram a encarar Harry no momento em que ele entrou na cozinha. Harry estava começando a se sentir desconfortável e ia sair de lá quando Lupin se levantou e foi até ele.
- Harry, você está bem? Você sumiu a note toda, pensávamos que havia fugido. – disse o ex-professo tocando-lhe um dos ombros.
- Eu to bem professor eu só...Precisava um pouco sozinho... – ele abaixou os olhos e o ex-professor o olhou com carinho.
- Eu te entendo...Venha, vamos almoçar. Hermione. – ele estendeu o braço fazendo sinal para eles se sentarem o que ele fez logo depois. Eles comiam normalmente, mas Harry não deixou de se sentir desconfortável, já que percebia o olhar dos outros sobre ele.
Momentos depois mais uma figura de cabelos vermelhos apareceu na porta da cozinha. Ron tinha fortes olheiras e os olhos fundos, como quem passou a noite inteira em claro. Ele passeou os olhos pelo cômodo até que seu olhar se encontrou com o de Harry.
Todas as lembranças do que ocorrera voltavam à mente de Harry:

Ele e Gina...
Tremores...
Ele deixando Gina no quarto...
Mais tremores...
Comensais...
Feitiços sendo disparados de todos os lados...
Uma casa em chamas...
Uma explosão...
A sala do Grimmauld Place...
Uma briga...
Lágrimas...
A escuridão do sótão.

Tudo aquilo que ele tinha se forçado a esquecer durante a madrugada que passou isolado no sótão voltava a sua mente e o fazia sentir como se o seu estômago pesasse toneladas. E o olhar que Ron, que seu melhor amigo lhe lançava o fazia se sentir ainda pior: era um olhar frio, duro, transmitindo-lhe toda a mágoa que estava sentindo dele naquele momento.
Harry não conseguia, simplesmente não podia suportar um olhar daqueles vindo de seu amigo de tantos anos, de seu parceiro de tantos momentos. Preparava-se para sair dali imediatamente quando Alastor Moody, seguido por Arthur Weasley, surgiu atrás de Ron, pedindo licença para que pudesse passar. Ron deu espaço para que o velho auror passasse, encostando-se à parede do lado direito da porta. A figura do auror caolho, por algum motivo, causou nítidos sinais de agitação em todos os presentes. Algo estava acontecendo e Hary não havia sido informado de nada. Lupin se pos de pé e dirigiu-se inquieto ao amigo auror.
- E então Alastor? - Moody respirou fundo, limpou a garganta e com um olhar sério começou a falar.
- Nós acabamos de chegar da Toca. Fomos fazer uma inspeção nos destroços, calcular os estragos e ver o que ainda podia ser salvo. – comunicou Moody. Todos pareciam já saber disso, mas para Harry foi uma surpresa. – Do que foi encontrado por entre os destroços, pouca coisa pôde ser salva. A maioria do que foi encontrado ainda inteiro estava totalmente queimado, mas pegamos o que podíamos e Arthur me ajudou a procurar coisas que eram importantes para vocês. Tudo está passando por uma restauração e logo mais deve chegar às suas mãos.
Ninguém se manifestou ao comunicado de Moody, parecia que as expectativas de todos do que poderia ser encontrado não haviam sido atingidas.
- E ela Alastor? – murmurou alguém num fio de voz.
Todos se assustaram quando Molly se manifestou. Desde a noite anterior ela não havia falado mais do que o necessário e apenas com os filhos e o marido. Não só o fato de ela falar, mas também (e principalmente) a pergunta que ela fez a Moody causou espanto e ainda mais agitação nos presentes.
- DESEMBUCHA LOGO ALASTOR! ACHARAM OU NÃO A MINHA FILHA?
O ar pesava e ninguém ousaria se pronunciar antes que Moody desse uma resposta a Molly.
Moody, mantendo-se impassível todo o tempo, apenas respirou fundo e olhou Molly nos olhos.
- Sim, nós a encontramos... – o rosto de Molly se iluminou em esperança. Ela se levantou, com a boca entreaberta e os olhos arregalados.
- E...? - Moody suspirou mais uma vez antes de continuar.
- Desculpe-me Molly, mas não haverá condições de você ver o rosto de sua filha mais uma vez.
Mollu soluçou alto e Harry sentiu como se uma faca tivesse sido enfiada em seu peito.
-...encontramos apenas alguns restos do corpo, todos completamente cobertos por queimaduras. Antes de virmos para cá levamos o corpo para fazerem uma inspeção, ela já teve 30% do corpo queimado antes mesmo da explosão.

Todos sabiam que Moody nunca fora o mestre da sutileza, mas falar tal coisa foi demais para os presentes, que ainda estavam sensíveis. Foi como se tivessem levado uma pancada no estômago, fazendo-o revirar.
Lupin lançou um olhar reprovador a Moody que nada disse, apenas o olhou de volta antes de sair do cômodo.
Fleur soluçou alto e saiu do correndo de lá, aos prantos.
- Fleur! – Gui saiu em disparada atrás da noiva enquanto Arthur, que ainda estava na porta, ia até a mulher para ampará-la.
Harry apoiou os cotovelos na mesa e colocou as mãos uma em casa lado da cabeça.
Tudo o que desejava era sair daquele inferno.





Uma brisa suave soprava, tão suave que até parecia fúnebre. Tocava a copa das árvores formando a melodia de fundo daquela tarde que seria fatídica.
Tudo estava tão silencioso que nem parecia que havia ali, embaixo daquelas árvores, um grupo de quase 30 pessoas, todas vestidas de preto e com expressões que iam da tristeza a desolação, sentadas de frente para um altar de madeira e para uma cova.
Era um lugar extremamente bonito. As árvores floridas e a grama fofa, mas se virasse para o lado não veria um cenário tão bonito como esse.
Destroços, pedaços de madeira e móveis estavam por todos os lados num raio de mais ou menos 50 metros. Cinzas, sobras de uma explosão, coisas que traziam de volta a mente dos Weasley, Harry e Hermione memórias daquela noite trágica de três dias atrás.
Os Weasley, contrariando a opinião da maioria, optaram por fazer um enterro tradicional para a filha, mesmo que não tivesse propriamente um corpo. Talvez para que pudessem se despedir da filha da forma com que não puderam fazer, uma maneira de dar um adeus digno.
O silêncio do local foi rompido pelo estalo de varias aparatações, todas ao mesmo tempo. Arthur chegava seguido pelos filhos e a esposa, Ron aparatou com Hermione e Harry chegou logo depois com George, já que os dois ainda não tinham licença para aparatar. Molly, depois de passar os dois últimos dias chorando, finalmente havia se acalmado, parecia que finalmente havia compreendido e pode-se dizer que “aceitado” a atual situação e agora mantinha apenas a expressão triste e desolada igual a de todos os membros da família.
Arthur e Molly recebiam os pêsames de alguns conhecidos enquanto Ron, Harry e Hermione se encaminhavam para três cadeiras vazias em uma fileira próxima. Sentaram-se e Hermione olhou ao redor, a maioria das pessoas ali eram desconhecidas para ela, mas não havia como negar que algumas delas eram Weasleys, pelo coloração vermelho-alaranjada dos cabelos. Dentre os presentes que podiam ser reconhecidos por detrás das roupas negras Kingsley Shacklebolt, Tonks, Nathalia, Moody, Lupin e os demais membros da Ordem, alguns alunos de Hogwarts como Colin Creevey, Simas Finnegan, Dean Thomas, Michael Corner, Neville e Luna, acompanhados pela avó e os pais. Também estavam lá todos os professores e de Hogwarts dentre eles Flitwick, Sprout, Slughorn e até mesmo a professora Trewlaney, Madame Pomfrey e Mademe Prince. O meio-gigante Rúbeus Hagrid estava postado ao lado da professora McGonagall e enxugava os pequenos olhos negros, que se escondiam por trás juba castanha, com um lencinho relativamente pequeno se comparado com a sua enorme mão, soltando um soluço alto hora ou outra. Hermione deu um sorriso triste, iria falar com o amigo depois.
Ela então olhou para os amigos sentados ao seu lado, Ron no seu lado direito e Harry no esquerdo. Desde a briga da outra noite os dois não trocaram nenhuma palavra, nem mesmo quando tiveram aquela briga durante o quarto ano eles tiveram tal comportamento. Eles evitavam ao máximo se encontrarem nos corredores do Grimmauld Place e quando isso acontecia os dois mal se olhavam, no máximo trocavam um rápido olhar carrancudo e depois cada um seguia o se caminho. Hermione apertou o cabo do lírio que tinha em mãos, não sabia o que fazer. Amava os amigos (e sabia que os dois se amavam também) e se sentia mal em ver os dois naquela situação lamentável.
Mas, naquele momento, Harry e Ron pareciam iguais, mantendo a mesma expressão dura e um mesmo olhar melancólico direcionado para o altar de madeira mais à frente.
Hermione suspirou. Queria os amigos de volta.




Em outro canto, Alastor Moody caminhava até onde Arthur que, juntamente com Molly, ainda recebia as condolências de alguns conhecidos.
- Arthur. – chamou ele, fazendo os dois Weasley e o casal o qual os cumprimentava se virar para ele. – Preciso falar com você...em particular.
Arthur fez sinal positivo com a cabeça e pediu licença a mulher e ao outro casal, depois seguiu com Alastor até um lugar um pouco mais distante.
- Sei que não é a melhor hora e que a cerimônia já esta para começar, Arthur, mas fizemos uma descoberta importante e acho que você deve ser informado. – disse Moody parecendo apreensivo.
- Claro Alastor, diga-me: do que se trata?
- Estive trabalhando para descobrir como sua casa havia sido encontrada pelos comensais e acho que já sei o que aconteceu. – ele pode ver Arthur arregalar os olhos num gesto claro de surpresa.
- E então? – Arthur parecia afobado e incentivava a continuar. Moody suspirou e olhou sério para Arthur.
- Há um traidor entre nós.

Arthur quase engasgou com a própria saliva, os olhos arregalados miravam Moody com surpresa e como se esperassem que ele confirmasse a informação que acabara de dar.
- A-Alastor...i-isto é uma coisa muito séria. S-se você não...
- Eu tenho plena certeza do que estou lhe dizendo, Arthur, não faz meu tipo dizer esse tipo de coisa sem ter absoluta certeza. – Moody, mesmo dando uma noticia tão desesperadora não só para Arthur, mas como para qualquer um de dentro da Ordem, mantinha-se impassível.
- M-mas...como? Como isso pode acontecer? – Arthur ainda digeria a notícia que havia recebido.
- É isso que queremos descobrir Arthur. Por enquanto não temos a mínima idéia de quem possa ser, mas com certeza se trata de alguém inteligente e engenhoso, porque para conseguir nos enganar e passar uma informação confidencial como essa para os comensais de tal maneira, sem que nós ao menos desconfiemos não quem seja. E mais do que isso: perigoso. Manter alguém desse tipo dentro da Ordem é praticamente suicidar todos nós.
- Então vamos organizar uma reunião com todos quando chegarmos do QG, vamos dar a informação e quando o traidor souber que nós já sabemos de sua existência ele com certeza irá fugir, então só caberá a nós segui-lo!
- Não Arthur, isso não seria o melhor a se fazer agora, nós...
- O que então, Alastor? O que você sugere que deva ser feito? – O sr. Weasley começava ficar impaciente.

- O melhor agora, Arthur, é fazermos totalmente o contrario do que você disse e agir como se não soubéssemos de nada...
- O que?! Você enlouqueceu Alastor?! – Arthur parecia indignado com a idéia exposta pelo companheiro. – Você mesmo disse que manter alguém assim dentro da Ordem seria suicídio! O que faz você pensar que agir dessa maneira seria melhor para nós?
- Se você me der a chance de explicar, Arthur, eu diria. – disse secamente Moody, fazendo Arthur se calar. – Acontece que se mantermos o silêncio, Arthur, e contarmos o que descobrimos apenas para um grupo seleto de pessoas como eu, você, McGonagall e Lupin, o espião achará que ainda não sabemos de nada e continuará a agindo, o que facilitará para que o peguemos.
- Eu não sei se realmente é o melhor Alastor. É muito arriscado...
- Eu já falei com McGonagall, Arthur, e ela concordou com a idéia. E eu acho que você não oferecerá resistência, ou vai Arthur?
O Sr. Weasley passou a mão pelos cabelos num sinal claro do quanto estava desconfortável com a idéia, mas se McGonagall havia concordado com a idéia de Moody, como o mesmo disse, não seria ele que iria discordar.
- Não Alastor, não vou. Se Minerva, como sucessora de Dumbledore, acha que é o melhor a se fazer, não cabe a eu discordar...
- Ótimo, como eu disse, apenas eu, você, Minerva e Remo saberemos do que está acontecendo, e deve ser mantido o sigilo absoluto até que julguemos necessário que mais alguém saiba.
- Eu compreendo Alastor. – Moody acenou positivamente com a cabeça antes de se virar. Deu alguns passos e depois virou-se novamente para Arthur.
- Não fique aflito, estamos fazendo a coisa certa. Não demorará para que peguemos o verdadeiro responsável pela morte de sua filha. – dito isso Moody seguiu para seu assento.
Arthur suspirou e novamente passou a mão pelos cabelos. Era isso o que ele esperava.




O trio esperava em completo silêncio o inicio da cerimônia quando ouviram vozes atrás de si.

- Como assim ele não vai? – puderam ouvir o Arthur falar baixo.
- Foi o que ele disse pai. – agora Carlinhos se pronunciava.
- Mas como assim Percy não vai carregar o caixão conosco? É a irmã de vocês! – Arthur, mesmo falando baixo, parecia indignado.
- Eu disse a ele pai, mas ele simplesmente se recusa. Disse que não vai fazer esse papel deprimente, que já veio ao enterro e que devemos nos dar por satisfeitos. – respondeu Carlinhos, que também parecia frustrado.
A essa altura Hermione, Harry e Ron já haviam se virado para ouvir a conversa dos dois Weasleys.
- Mas é um desgraçado! Trata como se fosse o funeral de qualquer um! É a nossa Gina! Ah, mas ele vai me ouvir... – Fred parecia bem mais irritado que o pai e o irmão. Estava pronto para se levantar e ir atrás do outro irmão, mas o pai o segurou.
- Não, Fred! Se é assim que ele quer, que seja. Se ele prefere negligenciar completamente a morte da irmã, que seja feita a vontade dele. – disse Arthur seco e logo depois soltando um longo e triste suspiro. – Nós e seus irmãos carregamos o caixão sozinhos.
Hermione percebeu que Harry fazia menção de que iria se levantar, mas alguém fora mais rápido que ele.
- Eu vou no lugar dele. - Hermione e todos os outros quatro viraram-se trás e viram Ron de pé e com uma expressão decidida no rosto.
- R-Ron… - sussurrou Hermione.
- Eu vou no lugar do Percy, pai.
- Filho, não queremos que você passe por essa experiência. Pode parecer que não, mas é algo doloroso. – a voz de Arthur estava falha.
- Eu não quero saber pai. Se você e os meus irmãos podem fazer isso, então eu também posso. – a voz de Ron, mesmo soando melancólica e estando embargada não deixava negar o quanto estava decidido do que queria fazer. Arthur soltou um suspiro cansado e deu um pequeno e triste sorriso para o filho.
- Tudo bem, como você quiser, filho. Venha.- Ron seguiu o pai até um lugar atrás das árvores. Hermione olhou discretamente para Harry. Ele parecia estar decidindo se iria ou não seguir Ron e o sr. Weasley, mas ele apenas suspirou, cansado, e sentou-se novamente em sua cadeira. Em nada ele poderia ajudar.
Poucos minutos depois uma marcha fúnebre começou a tocar e todos se levantaram e viraram para trás. Parados no inicio do corredor formado pelas duas colunas de cadeiras estavam os Arthur e os cinco filhos, carregando em seus ombros um caixão feito de marfim.
Calados, os presentes acompanhavam aquela triste entrada. Todos os Weasley mantinham a cabeça erguida numa demonstração de força, embora a tristeza estivesse claramente estampada em seus rostos. Caminhavam lentamente acompanhando a triste musica de fundo. Molly, já no altar, chorava copiosamente, mas em silencio.
Para Harry tudo aquilo era surreal. Durante os três dias seguintes à explosão ele havia sido pouco mais do que um fantasma. Passava os dias no sótão da casa dos Black, não comia e não falava com ninguém. Sua mente e coração ainda se negavam a acreditar no que havia acontecido. Saber que Gina havia sido morta, morta por culpa dele, fazia-o sentir como se aquele mostro que tomava conta dele sempre que ele estava com Gina fosse atingido por milhões de facas, matando-o pouco a pouco. E era isso que aquela dor estava fazendo com ele: matando-o.
Ele se sentia um idiota agora. Idiota por sempre ter afastado Gina dele mesmo ela sempre dizendo que estava ao seu lado para o que viesse, idiota por ter negado a ela e a ele mesmo a felicidade. Agora ele se remoia por dentro, pensava que se pudesse voltar no tempo faria tudo diferente. Ele daria tudo, faria tudo apenas para ter uma chance de vê-la de novo, de tocá-la, de dizer o quanto ela era importante para ele.
E ele esteve tão perto de falar a ela, de lhe contar que ele esteve errado todo o tempo e que ele a queria ao seu lado. Mas o momento lhes fora roubado. Roubado quando aquele maldito ataque começou e ele a havia deixado naquele quarto, pensando que lá ela estaria protegida. Que grande engano...grande, estúpido e revoltante engano.


Os seis Weasleys pararam quando chegaram em frente ao altar de madeira e lá desceram o caixão, próximo a vala que fora aberta. Em seguida os seis se posicionaram próximos a Molly, que foi imediatamente abraçada pelo marido, enquanto continuava a chorar.
O bruxo religioso, responsável pela cerimônia fúnebre, subiu ao altar, ficando atrás do caixão. Ele com um aceno da varinha ele fez com que a música cessasse e depois fez um gesto com as mãos, num pedido para que todos se sentassem, o que foi prontamente atendido. Ele então limpou a garganta e começou a falar.
- Senhoras e senhores, estamos aqui nesse dia que com certeza é um dos nossos dias mais tristes, para nos despedirmos da jovem Ginevra Molly Weasley, que deixou o nosso convívio na noite do dia 8 de julho de 1997 em mais um ato de extrema barbaridade d’Aquele-que-não-deve-ser-nomeado. Uma garota doce, extremamente ligada a sua família e com um coração que valia ouro. Ela viveu momentos que nenhuma outra garota de sua idade poderia ter vivido, passou por momentos em que teve que provar o seu valor e a força que tinha em seu interior para que pudesse sobreviver. Tão pequena e ao mesmo tempo tão forte. Essa era a imagem que a maioria de nós tinha de Ginevra. A filha caçula e única filha mulher. Desde pequena ela já se destacava. Viver num ambiente cercado de homens pode ter sido uma das coisas que deu a ela essa força interior. Extremamente ligada aos irmãos, ela quando pequena via os irmãos mais velhos irem para Hogwarts enquanto ela ficava em casa com a mãe, sonhando com o dia em que seria ela quem embarcaria no trem vermelho na plataforma 9 ½ ...
O discurso do bruxo prosseguiu da maneira mais bela possível. Suas palavras, apesar de simples, tocavam o coração dos presentes. Todos os Weasley, sem exceção, se emocionavam a cada palavra dita e tiveram seus rostos dominado pelas lágrimas. Ao final, um a um, os Weasleys, assim como todas as pessoas próximas à família se levantaram e jogaram em cima do caixão da jovem Weasley o lírio que cada um tinha em mãos. Depois de todos, veio Harry, cabisbaixo, mas com os olhos fixos no caixão. Em seu rosto estampava-se a dor do sentimento da perda, a desolação. Com um último olhar, ele atirou a flor ao caixão de marfim e, com uma lágrima solitária escorrendo pela face.
- Adeus, meu anjo ruivo.






O retorno para o Grimmauld Place foi algo mais que melancólico. O silêncio era predominante, ninguém queria falar com ninguém. Os gêmeos foram para o seu quarto, os demais Weasley estavam na cozinha, em reunião com os membros da Ordem e não havia nenhum sinal de Harry desde que haviam retornado, mas era muito provável que ele, assim como os gêmeos, estivesse em seu quarto.

Já havia anoitecido e Hermione estava preocupada, não era apenas Harry que havia sumido. Também não vira Ron desde que haviam retornado ao QG da Ordem. Depois de muito pensar resolveu que deveria dar um tempo ao amigo, ele deveria estar muito abalado com tudo o que havia acontecido, fora um dia difícil. Ele havia enterrado uma irmã e isso não é uma coisa fácil para ninguém. Tudo o que ela desejava era que ele conseguisse superar tudo isso.
Suspirou pesadamente e balançou a cabeça de leve. Precisava relaxar e não havia melhor lugar para se fazer isso do que lendo um bom livro. Por isso levantou-se do sofá onde estava e se encaminhou até a biblioteca do Grimmauld Place.
Assim que entrou estranhou ao ver a lareira acesa e logo viu que não estava sozinha lá, mas o que realmente a surpreendeu era quem estava lá.

Ron estava sentado no sofá que ficava de frente para a lareira, envolto por uma coberta castanha, com os joelhos dobrados e a cabeça apoiada nos mesmos. Os olhos fixados nas chamas da lareira e refletiam o brilho que elas emitiam, mas estavam longe de emanar o mesmo calor que elas.
- R-Ron? – chamou ela quase que sussurrando.

Ron não esboçou nenhuma reação ao chamado de Hermione, ela então fechou a porta atrás de si delicadamente e caminhou, com passos leves e silenciosos, até o sofá onde ele estava.
- Posso? – perguntou ela, ainda sussurrando, e apontando para o lugar vago ao lado dele. Ron apenas virou o rosto para ver a que ela se referia e deu um aceno positivo com a cabeça. Hermione então percebeu que ele segurava algo como um pedaço de papel fortemente nas mãos.
Ela sentou-se ao seu lado e passou então a observá-lo com atenção. A cabeleira ruiva havia crescido consideravelmente e agora lhe atingia o meio do pescoço, com a franja caindo de forma desalinhada por sobre os olhos azuis-piscina, olhos azuis-piscina que se escureciam e se pareciam muito com um mar revolto quando eles discutiam, olhos que clareavam de tanto que brilhavam quando faziam as pazes, olhos que sempre a intrigaram e ao mesmo tempo a encantavam de uma maneira que ela não sabia explicar. Ela apenas olhava para eles e se sentia presa, se sentia protegida e também sentia que ali era seu porto-seguro, um mar onde ela poderia se refugiar sempre que quisesse. E olhar para eles agora a fazia se sentir agoniada, agoniada pela tristeza e melancolia que aqueles olhos transmitiam. Aquele mar não mais brilhava, aquele mar não mais tinha ondas, apenas parecia estar morto.

- É bonito, não é? – Hermione sacudiu a cabeça e voltando a realidade quando ouviu a voz rouca de Ron. Ela franziu o cenho, em sinal de confusão – O fogo, é bonito vê-lo queimar. – a voz dele era fraca e falha, mas era o bastante para que ela ouvisse. Ela manteve a expressão confusa, não entendo onde ele queria chegar, mas mesmo assim ela concordou com a cabeça.

- Ela gostava do fogo... – sussurrou Ron depois de alguns minutos de silencio e Hermione não precisou pensar muito para saber que era de Gina que ele falava, mas ela permaneceu em silêncio, não sabia o que falar naquela situação.
O silencio se instalou por mais longos minutos, nos quais as únicas coisas que podiam ser ouvidas na sala eram a respiração do casal e o estalar das chamas da lareira.
- Eu devia ter corrido mais rápido, se eu tivesse sido veloz o bastante talvez nada disso teria acontecido...eu deveria ter conseguido salvá-la... – a voz dele soou rouca e melancólica pela sala – Eu devia isso a ela, ela era minha irmã mais nova, eu devia ter cuidado melhor dela... – disse ele apertando com mais força o pedaço de papel que tinha em mãos.
- Ron, Ron olha pra mim... – Hermione segurou o queixo dele levemente e puxou seu rosto para cima, buscando seus olhos – Não foi sua culpa, você não poderia ter evitado nada, ninguém poderia. Eu sei o que você está sentindo, voc...
- Você já carregou algum caixão Hermione? Um caixão no qual estava uma das pessoas mais importantes da sua vida? – perguntou ele cortando-a. Ela, assustada pelo modo com o qual ele a interrompeu, apenas negou com a cabeça. – Então você não sabe o que eu estou sentindo. Então você não sabe o que é se despedir de alguém que você amava sem ao menos poder ter olhado no seu rosto uma ultima vez. Você não sabe o que é tentar proteger alguém a sua vida inteira e depois saber o quanto essa pessoa agonizou e sofreu antes de morrer. Você não sabe Hermione...o que é perder um irmão. – essa última frase foi dita num falho fio de voz.
Hermione soltou o queixo do rapaz e desviou os olhos dos dele, mordendo os lábios para segurar as lágrimas. Ela sentia a dor da perda, dor de ter perdido uma amiga tão querida como Gina era para ela. Mas Ron estava certo, apesar de toda a tristeza dela, ela com certeza não fazia idéia de como estava sendo para ele.
Ela então voltou a encarar o amigo, mas esse já não a olhava mais, agora seu olhar se direcionava para aquele tal pedaço de papel que ele tinha em mãos e que só agora ela pode perceber o que era. Era uma fotografia, daquelas tiradas naquelas máquinas de rua. Nela estavam Ron e Gina, abraçados e com grandes sorrisos.
- Tiramos isso quando papai nos levou para um passeio pela Londres trouxa. – ele deu uma pequena risada – Ela praticamente me arrastou pra essa máquina quando papai disse para que servia. – ele deu mais um pequeno sorriso – Nos divertimos tanto nesse dia. – Hermione olhou a foto atentamente e viu que na parte inferior dela havia algo escrito com uma bonita caligrafia:

“Para o meu irmãozinho favorito.
Gina. ♥”


Mais uma vez Hermione sentiu seus olhos encherem d’água e precisou morder o lábio para não chorar. Buscou novamente os olhos de Ron, mas estes pareciam fugir dela. Ela então pode ouvir um soluço.
- Eu sempre me esforcei tanto pra protegê-la, sempre tentei fazer com que ela não se machucasse ou sofresse...e acontece isso. – ele fechou o punho com força e rangeu os dentes. – Sempre tentei protegê-la quando ela não precisava e quando era realmente necessário eu não fui capaz. Eu me sinto um inútil, Mione...
Hermione não conseguiu se controlar e lançou seus braços ao redor do ruivo e o abraçou numa tentativa de consolar a ele e a si mesma. Ron foi pego de surpresa pela atitude da amiga, mas não demorou a se entregar a aquele abraço. Na verdade tudo o que ele precisava e desejava naquele momento era de carinho.
Ela pode ouvir soluços e sentiu seu ombro ficar levemente úmido. Ron chorava.
- Eu a amava, Mione. Do meu jeito, mas eu amava. Ela era uma princesa pra mim, mesmo com todas as brigas ela sempre ficou do meu lado. Eu quero a minha irmã comigo, Hermione.
Ron chorava como uma criança e apertava levemente os ombros de Hermione enquanto afundava o rosto em seu pescoço. Em outras circunstâncias Hermione sentiria um arrepio percorrer-lhe a espinha com aquela aproximação, mas naquele momento ela não sentia nada, somente se entregava ao momento da mesma maneira que Ron fazia. Ela levantou uma das mãos e afagou-lhe o cabelo ruivo.
- Não havia nada que você pudesse fazer Ron, nem você nem ninguém. Foi uma fatalidade. – ela também não se controlava mais e chorava junto a Ron – Mas não pense em Gina como morta, porque ela não está. Ela sempre vai estar viva dentro de todos nós e, daqui em diante, vai ser um anjo que vai guardar você, assim como você fazia com ela.
- Então agora eu terei dois...eu já tenho um anjo, Mione... – sussurrou ele. Hermione se afastou e o olhou, não entendendo a que ele se referia. – E estou olhando para ele. – completou ele, olhando-a nos olhos.
Perdida naquelas piscinas azuis banhadas pelas lágrimas, Hermione sentiu como se o olhar dele explorasse cada canto de sua alma, causando-lhe uma paz a qual ela nunca havia sentido na vida. Ron estendeu a mão e tocou-lhe a face corada, fazendo com que Hermione tombasse a cabeça para o lado, aproveitando o carinho. Ele então desceu a mão para o queixo da garota, fazendo com que ela o encarasse novamente.
Ainda segurando-a pelo queixo ele começou a aproximar o rosto do dela. Hermione sentia seu coração batendo descontroladamente e sua respiração começando a ficar ofegante conforme ela sentia o hálito quente de Ron bater em seu rosto. Ele não parecia querer parar.
Os dois fecharam lentamente os olhos e os lábios já se roçavam...

BAM!

- O que foi isso? – Hermione deu um pulo para trás com o susto, Ron fez o mesmo. Barulhos de vozes e um começo de tumulto começaram a serem ouvidos vindos do hall. – Está acontecendo alguma coisa lá. – Hermione se levantou rapidamente e para sair da biblioteca.
- Merlin, alguém me odeia – resmungou Ron -...Hermione, espera! – ele se levantou e a seguiu.
Quando chegaram no hall viram a Ordem postada em formação de uma meia-lua em volta da porta de entrada, como se fosse uma barreira. Harry descia as escadas para ver o que era aquele barulho. Ele se aproximou de Hermione e Ron quando este tocou os ombros do Sr. Weasley.
- Pai, o que está... – ele não terminou a frase, pois agora sua atenção havia sido desviada, como a de todos os outros, para o que acontecia frente na porta do Grimmauld Place.
- Ron? – Hermione se aproximou do amigo e esticou-se por cima dos ombros dele para poder ver o que todos olhavam.
O barulho que ela havia escutado havia sido o da porta sendo aberta (com uma violência e força desnecessárias) e agora em frente à ela estava parado um casal. Tanto ele quando ela esboçavam sorrisos debochados e tinham uma expressão de superioridade. Uma coisa intrigante era o fato dos dois carregarem espadas na cintura e armas trouxas espalhadas pelo corpo.
-Quem são eles? Como conseguiram entrar aqui? – perguntou Harry, mais atrás, para Arthur.
- Eu não sei Harry, é isso o que nós queremos descobrir. – O homem deu uma risada, o que fez o senhor Weasley voltar a sua atenção para o casal mais à frente. O homem agora levantava os braços e colocava as mãos atrás da cabeça, em sinal de rendição e começava a caminhar em direção a eles.
- Que é isso galera? Pra que tanto estresse? – seu sorriso se alargava conforme ele se aproximava e também fazia com que todos ficassem alertas – Viemos em missão de paz... – ele soltou uma pequena gargalhada, sendo acompanhado pela moça, que permanecia parada.
- Vou mostrar uma pra esse mauricinho... – resmungou Carlinhos – Estupefaça!
- Não! Carlinhos! – Arthur tentou impedir o filho, mas era tarde.
- ...não precisa de toda essa...WOW! – o homem conseguiu ser rápido o bastante para abaixar-se, desviando do feitiço, que bateu na parede atrás dele. Todos pararam e esperaram, apreensivos, uma reação do casal e, quando o jovem voltou a encarar o grupo seu rosto não esboçava o mesmo sorriso. – Ok, agora eu fiquei irritado.
E num piscar de olhos, ele sacou duas pistolas de dentro das vestes e atirou contra Carlinhos.
- Cuidado! – Ron abaixou-se e puxou o irmão com ele, impedindo que ele fosse atingido. Logo em seguida ele tirou a varinha de dentro das vestes e apontou-a para o homem, tentando lançar nele uma azaração. Novamente ele desviou e em seguida voltou a atirar.
- TODOS VOCÊS, PROTEJAM-SE! – berrou Moody
A garota puxou de seu cinto uma MP-18 e também começou a atirar na direção onde estavam Hary, Hermione e o Sr. Weasley.
- SE ABAIXEM – O Sr. Weasley puxou os dois jovem para o chão.. – Vocês três vão para algum lugar seguro, nós resolvemos isto aqui. – disse Arthur para Harry, Ron e Hermione e logo em seguida sacando a varinha e lançando um feitiço no casal que continuava a atirar nos componentes da Ordem, que agora atacavam de volta.
- Mas pai... – tentou argumentar Ron.
- Não discuta comigo Ronald, OBEDEÇA! – disse ele, dando a discussão por encerrada e levantando-se, juntando-se ao tumulto que formava-se mais a frente.
- Você ouviu seu pai Ron, vamos! – chamou Hermione, puxando Ron pela camisa. – Você também Harry! – Harry dava sinais, assim como Ron, de que queria ficar e ajudar. Ela segurou os dois pelas vestes e os puxou, com ela. Os três andaram, abaixados, até a porta da biblioteca que Ron havia deixado aberta. – Entrem rápido! – os dois entraram rapidamente, seguidos de Hermione, que logo em seguida fechou a porta rapidamente.

No hall a luta continuava, os Weasley, Moody, Tonks e Lupin continuavam a atacar o casal, que inexplicavelmente conseguia desviar de quase todos os feitiços disparados contra eles e ainda atirar de volta.
A moça lançou dois tiros na direção de Tonks e Gui, enquanto esses se abaixaram. Ela preparava-se para atirar pela terceira vez, mas as balas haviam acabado.
- Merda... – resmungou ela. Gui a olhou de maneira vitoriosa e sacou a varinha.
- RICTUSEMPRA! - bradou ele. A moça correu e se escondeu atrás de uma estátua próxima a porta.
- CHRIS! – gritou ela. O homem, virou-se para garota, sem tirar a atenção dos grupo que investia contra ele. Ele olhou para Gui e fez sinal negativo com o dedo, logo em seguida mirou e deu um tiro certeiro no ombro do rapaz, que foi ao chão.
- Gui! – berrou o Fleur saindo da cozinha onde estava, juntamente com Molly, e correndo na direção do noivo. – Expelliarmus!
Pego enquanto tirava de dentro das vestes a munição que jogaria para a garota, o jovem foi lançado para trás, parando perto de onde estavam os gêmeos.
- Immobillus - disse George assim que ele ameaçou se levantar. – Peguei você espertinho...
A moça olhou para o companheiro caído e soltou um suspiro cansado.
- É, esses ingleses não sabem brincar...– murmurou ela, levantando-se. Ela largou a arma que tinha nas mãos e jogou no chão o cinto no qual estavam presas as outras, se rendendo. – Okay guys, agora vamos falar sério.





N/A: Jeeeeeeeesus! O________O’
vejam só quem ressuscitou dos mortos :x AHSUAHSUAHS
CARAI! 1 ano que eu não postava cara! ;____;
Mas emfim ... voltei! :D esse cap. foi especial pro aniversário da minha melhor amiga, Ananda, que sempre gostou da minha fic (e espero que, mesmo depois de tantos séculos, ainda goste ‘-‘). Queria ter te dado um presente melhor amiga, mas saiba que é de coração (L)
Voltei gente! E acho que vai ser pra ficar! /õ/
Um beeijão! ;@@
Marisa Estela

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