Capítulo 6



No capítulo anterior...

[...]. Levantou-se e virou-se para Harry com uma carranca furiosa a qual o amigo nunca havia visto. Harry não teve tempo de dizer mais nada pois o punho fechado de Ron acertava-lhe o lado esquerdo do rosto com força e precisão[...]
[...]Depois de todos, veio Harry, cabisbaixo, mas com os olhos fixos no caixão. Em seu rosto estampava-se a dor do sentimento da perda, a desolação. ele atirou a flor ao caixão de marfim e, com uma lágrima solitária escorrendo pela face.
- Adeus, meu anjo ruivo.[...]
[...]- Quem são eles? Como conseguiram entrar aqui? – perguntou Harry
- Vou mostrar uma pra esse mauricinho... – resmungou Carlinhos – Estupefaça!
- ...não precisa de toda essa...WOW! – o homem conseguiu ser rápido o bastante para abaixar-se, desviando do feitiço, que bateu na parede atrás dele. e, quando o jovem voltou a encarar o grupo seu rosto não esboçava o mesmo sorriso. – Ok, agora eu fiquei irritado.
E num piscar de olhos, ele sacou duas pistolas de dentro das vestes e atirou contra Carlinhos.[...]
[...]- Immobillus - disse George assim que ele ameaçou se levantar. – Peguei você espertinho...
A moça olhou para o companheiro caído e soltou um suspiro cansado.
- É, esses ingleses não sabem brincar...– murmurou ela, levantando-se. Ela largou a arma que tinha nas mãos e jogou no chão o cinto no qual estavam presas as outras, se rendendo. – Okay guys, agora vamos falar sério.






Capítulo 6: O Lobo Mau e a Gata de Botas

Agora eles estavam na sala de reuniões da Ordem. A pequena batalha na entrada do Grimmauld Place já havia sido controlada e o casal agora estava sob custódia da Ordem. Os dois haviam sido desarmados e estavam com as mãos e pés atados e mantinham-se constantemente na mira de um par de varinhas de algum dos presentes, mas pareciam não se importar com isso. Gui recebia os cuidados de Molly e de Fleur, a bala havia entrado e saído e o sangramento já havia sido estancado e tanto Fleur quanto George pareciam se segurar para não lançar uma maldição imperdoável no rapaz. Minerva parecia estranhamente alterada, e crispou os lábios antes de se dirigir ao casal, sentado em um dos sofás da sala. Agora podiam observar melhor a figura dos dois. O rapaz aparentava não ter mais o que 25 anos, alto, tinha os cabelos castanho-claros, até pouco acima do ombro e ondulados. Os olhos eram cor de mel, o nariz largo e a boca fina. O formato de seu rosto, juntamente com as formas musculosas de seu corpo davam a ele uma aparência máscula. Já a garota parecia ser um pouco mais nova, tinha os cabelos longuíssimos, até um pouco acima do quadril, pretos e também ondulados. Sua estatura era média e sua pele era extremamente pálida. Tinha o pescoço estranhamente longo, na visão de Harry lembrava um pouco tia Petúnia. Seus olhos eram de um azul-piscina quase surreal muito bem contornados por uma maquiagem preta, o nariz era redondo e empinado e a boca grande e grossa. A expressão metida e egocêntrica no rosto de ambos era algo que incomodava a todos.
- Não são poucas as perguntas que eu pretendo fazer aos senhores e também não admitirei sair daqui sem as respostas que eu quero, portanto cooperem, porque embora sejamos de uma organização contrária a essa guerra não iremos deixar passar batido o fato de vocês dois entrarem dessa maneira no nosso QG e ainda machucarem um dos nossos – Fleur maneou a cabeça em afirmação e franziu o cenho, apertando a mão do noivo. – Quem são vocês e como conseguiram entrar aqui?
Os dois se olharam, como se decidissem quem iria responder, mas a garota fez um sinal com cabeça, como se incentivasse o rapaz a falar. Ele deu um meio sorriso e se virou para Minerva.
- Vocês poderiam pelo menos soltar-nos para que possamos conversar como gente civilizada?
Carlinhos estava a ponto de estuporar o rapaz. Minerva apenas arqueou a sobrancelha num gesto de quem não estava muito inclinada a aceitar o pedido do rapaz. Este suspirou.
- Então ta. Permitam que nos apresentemos – ele estufou o peito num gesto egocêntrico e disse com um sotaque carregado que Harry ainda não sabia identificar de onde era – Sou Christopher, Christopher Günter, e esta é minha irmã, Ananda Günter. - ele apontou para a garota de cabelos negros, que fez uma pequena reverencia com a cabeça. – Nós somos caçadores de recompensas.
- Ahá! Eu sabia que não podia ser boa coisa. – exclamou Carlinhos – Caçadores de recompensas? Agora está mais do que claro, se antes já não estava, de que esses dois não prestam! Vamos parar de perder tempo e levá-los logo para o Ministério, McGonagall!
- Um momento, antes quero saber detalhadamente o que se passa aqui, porque entrar aqui, no Largo Grimmauld, sendo que o lugar é protegido pelo feitiço Fidelius, sem fazer parte da Ordem, do Ministério ou de alguma das famílias não é um fato que eu não pretendo deixar passar assim. – Carlinhos abriu a boca, dando a entender que iria retrucar, mas Christopher se pronunciou primeiro.
- Eu sei o que vocês estão pensando. – disse ele, calmamente. McGonagall se virou com um expressão levemente intrigada para ele. - Vocês acham que nós trabalhamos para Voldemort, que somos ... como é o nome mesmo? Ah, sim! Comensais da Morte. Não é isso? – Alguns estremeceram e Moody, logo atrás de Minerva, já estava pronto para atacar a qualquer momento. – Sinto desapontá-los, mas nós não temos nada a ver com o “Lorde das Trevas”, pelo contrário. Estamos aqui por pedido do próprio chefinho de vocês, ou ex-chefinho.
- Do que você está falando garoto? – disse Moody já perdendo a paciência.
- Dumbledore. – a garota pela primeira vez se pronunciou, ela tinha um sotaque tão carregado quanto o irmão.
- Mas como? Dumbledore está morto. Quando ele conhecer vocês? – Lupin estava confuso e mais ainda curioso.
- Há alguns meses atrás, Dumbledore esteve na nossa casa, em Neuschwanstein. Ele se mostrou conhecido de nosso pai e disse que ouviu falar da gente, que éramos talentosos nos convidou para entrar para a Ordem da Fênix...
- Rá! Você quer mesmo que acreditemos que Dumbledore convidaria vocês, dois caçadores de recompensas, para fazer parte da Ordem?! – disse George, em deboche.
- Então não acredite Ihr dummes¹ - disse a Ananda, revirando os olhos – Nós também não entendemos o porque dele ter ido falar com a gente, mas deve ter tido alguma coisa a ver com o nosso pai. Ao que parece os dois eram amigos há algum tempo e ele deve ter falado da gente, não sei, e não me importo para falar a verdade. – disse ela, dando de ombros.
- Mas o fato é que nós não aceitamos o convite na época. Nós sempre gostamos de decidir o rumo de nossas vidas. Nossos trabalhos, aonde íamos, o que fazíamos ou deixávamos de fazer era uma decisão exclusivamente nossa ; nosso pai nunca gostou de se intrometer. Ele nos ensinou a sermos independentes. E agora iríamos nos aliar a um grupo onde teríamos que dar satisfações e dividir nossas vidas até com os elfos domésticos? – Christopher riu, irônico – Não era o tipo de vida que nós classificaríamos como “atraente”. E outra: não ligávamos para essa guerra. Não estamos do lado de Voldemort, mas também não nos era interessante lutar nela. A Alemanha ainda não sofria alarmes por ataques de comensais e muito menos a nossa família. Um motivo a menos para aceitarmos o convite.
- Se você acha o nosso modo de vida e a causa pela qual lutamos tão “desinteressante”, senhor Günter, por que está aqui? – questionou Moody, ácido. Incrivelmente, o rapaz ficou sério.
- Dois meses depois da visita de Dumbledore, meu pai foi seqüestrado. Quando jovem ele foi um caçador de recompensas, assim como nós, e havia feito vários inimigos, e um deles armou uma armadilha. Ele ficou preso por quase três meses sem que recebêssemos um só pedido de resgate ou algo do tipo. Na manhã do dia em que completavam três meses do seqüestro, apareceu na porta de nossa casa um pacote. Quando abrimos, dentro estava a cabeça de meu pai, junto com um bilhete: “Uma cortesia do Lorde”.– Molly levou a mão à boca, em espanto. – Depois disso temos mais do que motivos para lutar a nessa guerra e querer a cabeça de Voldemort numa bandeja, assim como ele fez com nosso pai. – os olhos de Christopher eram amargos estavam quase transbordando seu desejo vingança. A sala ficou em silêncio por alguns momentos, os presentes assimilavam a história do rapaz ao mesmo tempo em que tentavam identificar se esta era verdadeira ou falsa, também pensavam no próximo passo a ser dado.
- Veja bem Sr. Günter: eu vou acreditar na sua história; Te dou meus sinceros pêsames pela morte trágica de seu pai e posso até dizer que entendo o que você sente. – disse Lupin – Mas o senhor tem que compreender que não é tão simples para nós aceitarmos você entre nós. Para que uma pessoa possa fazer parte da Ordem da Fênix nós precisamos ter nela confiança absoluta e conhecê-la bem, mesmo que Dumbledore tenha convidado vocês, como nos disseram. E digamos que a sua chegada não nos deu uma boa primeira impressão. Vocês nos atacaram e ainda feriram um dos nossos. – concluiu ele sistemático.
- Só que eu sinto informar, mas caso não se lembrem foram vocês que nos atacaram primeiro. – disse Ananda, encarando Carlinhos insolentemente.
- Focês atirrarram no meu noifo! – cuspiu Fleur, com uma expressão tão irada que parecia não se encaixar na beleza angelical de seu rosto.
- Ah, me poupe! – resmungou Christopher, exasperado – A bala entrou e saiu e já parou de sangrar. Já vi coisas bem piores. Em duas semanas não tem mais nada ai. Pare de se choramingar! – disse ele entediado, revirando os olhos.
- Ora seu...! Eu vou te mostrar o que é um machucado! – disse Fred, bufando e partindo para cima, sendo segurado por Lupin.
- Já chega! – bradou McGonagall – Fred, controle-se. E vocês dois – ela se virou para os irmãos Günter – Eu lamento pela perda de seu pai, mas se vocês não tiverem uma prova concreta que confirme esse tal convite que Dumbledore fez a vocês, eu não posso aceitá-los aqui. – ela concluiu, irredutível. Ananda soltou um sorriso torto.
- Ele disse que você diria isso. – falou ela.
- Me desculpe? – indagou McGonagall, confusa.
- Dumbledore – começou Ananda – Ele disse que se um dia mudássemos de idéia, mas não o encontrássemos aqui, quando explicássemos para você o que aconteceu sua reação seria essa.
- Então ele disse para te entregarmos isto – Christopher se remexeu no sofá e apontou co ma cabeça para o bolso de duas vestes – Pegue. Já que vocês não querem me ajudar, do jeito em que estou não vai dar. – disse ele se ferindo as suas mãos, presas atrás de seu corpo.
Lupin se adiantou e tirou de dentro do bolso que o rapaz havia indicado um envelope.
- É a letra de Alvo. – disse Lupin, surpreso e estendendo o envelope para McGonagall que ao pegá-lo, viu seu nome escrito nele com a caligrafia caprichada de Dumbledore. Ela olhou para o casal de irmãos, intrigada.
- Leia. Mas ele disse que eram apenas para os seus olhos – disse Christopher, dando ênfase à palavra “seus” quando viu Moody se aproximar para tentar ler também assim que McGonagall começou a abrir o envelope. Moody soltou um pequeno grunhido e se afastou.
Minerva, após executar um feitiço para chegar se são existia nada suspeito no envelope, o abriu calmamente, com seu rosto tomado pela sua já conhecida expressão severa. Ela tirou uma pequena carta de dentro, ajeitou delicadamente os pequenos óculos e começou a lê-la atentamente. Os presentes estavam atentos a qualquer expressão de seu rosto, mas ela permanecia impassível até certo ponto, em que seus olhos arregalaram-se quase que imperceptivelmente. Porém Alastor percebeu e deu um passo à frente, mas Minerva levantou a mão, sem tirar os olhos do papel, num sinal para que ele permanecesse onde estava. Alguns minutos depois ela dobrou a carta e a recolocou dentro do envelope, guardando-o este dentro de suas vestes. Ela levantou o rosto para os irmãos com a expressão que Harry conhecia por ser a mesma de quando ela estava para dar algum recado importante na escola.
- Muito bem, senhor e senhorita Günter, vocês poderão ficar. – Fleur, Carlinhos e Fred, assim como mais alguns presentes abriram a boca e alguns se levantaram na intenção de protestar, mas McGonagall foi mais rápida, fazendo o mesmo sinal que fez para Moody momentos atrás – Porém – começou ela – isso não significa que vocês não fazem parte da Ordem. Os manterei aqui caso sua ajuda for conveniente em algum momento e se vocês conquistarem nossa confiança, talvez eu os admita na nossa organização. E mais uma coisa: estar sob o nosso teto significa seguirem as nossas regras. Vocês ficarão sobre vigilância constante e a qualquer movimento errado ou suspeito vocês estarão fora daqui e eu me certificarei de que o Ministério da Magia de um jeito em vocês dois e isso não será nada bom. – ameaçou ela, com os olhos perigosamente estreitos. – Temos um acordo, senhores?
- Mas Minerva... – começou Moody, o que parecia que seria uma reclamação.
- Conversamos amanhã, Alastor. – disse ela, colocando um ponto final no assunto. – Senhor Günter? - Christopher sorriu vitorioso.
- Como desejar, senhora. – disse ele, fazendo um gesto com a cabeça, imitando uma reverência.
- Pois bem, já está tarde e amanhã pela manhã conversarei com os senhores para deixarmos claros os detalhes. Especialmente com a você, senhorita Ananda, e acho que senhorita sabe do que se trata. – Ananda balançou a cabeça em afirmação. - Então vamos todos nos recolher. Senhorita Granger, poderia levar os irmãos Günter a um quarto que vago, por favor? Creio que Monstro tenha deixado algum deles limpo.
- Sim senhora. – embora o rosto de Hermione demonstrasse que ela discordava completamente com ao fato de manter o casal no Largo Grimmauld, ela nunca se oporia a McGonagall.
- Minerva! Você vai permitir que esses dois fiquem aqui? – Molly, inconformada, ainda tentou argumentar.
- Isso não está mais em discussão, Molly. Arthur.
- Venha querida. – o senhor Weasley passou o braço pelos ombros da mulher e levando-a para a porta.
- Arthur! Você não pode concordar com isso! – bradou Molly, incrédula.
- Minerva sabe o que está fazendo Molly, vamos confiar nela. Hoje foi um dia cheio, precisamos descansar. – disse o Arthur, antes de sair com a mulher, ainda inconformada, para seus aposentos.
A sala se manteve em silêncio e os olhares de todos vagavam entre Minerva e os irmãos sentados no sofá, com expressões que eram da incrédula à irritada.
- Gui, como você está? – perguntou McGonagall ao jovem, acomodado em outro sofá e recebendo os cuidados atentos de Fleur.
- Eu estou bem Minerva. Vou ter que concordar com o que o Günter disse: não foi um ferimento grave. Fleur já cuidou de mim. – disse ele calmo, mas lançando um olhar gélido e ameaçador para Christopher, que fingiu não ver.
- Então está bem. Mas mesmo assim o levaremos amanhã bem cedo ao St. Mungus. Seu casamento é daqui à alguns dias e você tem que estar inteiro. – disse ela, com o leve sorriso, que foi correspondido por Gui, embora seus olhos não aparentassem estarem felizes, e abaixou a cabeça depois disso. – Creio que devemos todos nos recolher agora, como Arthur disse, foi um dia cheio para todos nós. – disse ela num suspiro.
- Venha querrido. – Fleur fez um movimento para ajudar o marido a se levantar, mas ele foi caminhando sozinho para porta, com ela em seus calcanhares, como se estivesse pronta para ampará-lo. Ela lançou um último olhar ameaçador para Christopher antes de sair pela porta e subir as escadas. À seguir saíram os gêmeos e Carlinhos, que repetiram o gesto de Fleur de encarar os Günter antes de saírem. Moody, Tonks e Lupin foram os próximos, e este ultimo lançou um olhar significativo para Minerva.
- Amanhã, Remo. – disse ela, calmamente. Ele, como um sinal de que havia compreendido, balançou a cabeça e saiu também.
- Bom, será que da pra soltar a gente agora? Ou teremos que dormir assim? – disse Ananda, num tom de voz meio irritado, meio sarcástico. Minerva os olhou severamente e, com um aceno da varinha, libertou os dois das cordas que prendiam seus pulsos e pernas.
- Ah! Agradecido! – suspirou Christopher, massageando os pulsos. Só restaram na sala Ron, Harry, Hermione e McGonagall – Onde vamos dormir?
- Hermione, você os leva até o quarto, certo? – pediu mais uma vez McGonagall
- Claro. – disse Hermione, novamente a contrariada.
- Ótimo. – disse McGonagall – Vocês não têm nenhum tipo de bagagem? – disse ela, confusa. Ananda tirou cinco pequenas caixinhas do bolso as veste e as mostrou para Minerva.
- Feitiço de diminuição. Sempre muito útil. – disse ela, sorrindo triunfante.
- Boa noite meninos. – disse ela para Harry e Ron, que repetiram o ato. Hermione suspirou pesadamente. – Venham comigo vocês dois. – ela fez um aceno com a mão para os Günter, num sinal pra que a seguissem.
Hermione passou pela porta e subiu as escadas, com ambos em seus calcanhares. Ela subiu alguns lances de escada e depois virou para o corredor, mantendo sempre o silêncio. Deu mais alguns passos até que chegar a uma porta quase no final do corredor. Ela a abriu um pouco, colocou a cabeça para dentro para verificar se estava tudo em ordem e limpo e depois abriu espaço para que eles passassem.
- É aqui. – resmungou ela.
- Qual é, nenhum papinho nem palavra de boas vindas? – disse Christopher, em tom de brincadeira. Hermione resmungou mais alguma coisa, mas foi baixo demais para que alguém entendesse. Christopher riu, assim como Ananda, e entrou no quarto, seguido também por ela.
Ananda ia fechando a porta, quando Hermione a impediu com o pé.
- Pois não? – disse ela, sarcástica. O rosto de Hermione esboçava uma expressão nada agradável e seus olhos estavam perigosamente estreitos.
- Mesmo que a professora McGonagall tenha permitido que vocês fiquem, eu não me sinto nada à vontade com isso, e saibam que eu vou estar em olho em cada passo que você e seu irmão derem e estarei pronta para dedurar qualquer pisada fora da linha para McGonagall. Não gosto da atitude de vocês.
- Você não sabe como essa notícia me agrada... Granger, não é? - perguntou ela, mas nem esperou a resposta de Hermione e já continuou. – Porque eu também não fui com essa sua cara de quem sabe tudo e agora não preciso me preocupar em fingir que gostei de você. – disse ela, com um sorriso afetado. – Boa noite! – e bateu a porta na cara de Hermione, que ficou estática por alguns segundos, antes de bufar alto, em irritação e sair batendo o pé, rumo a seu próprio quarto.




Harry e Ron subiram em silêncio para o próprio quarto, as mesma maneira que faziam todos os dias desde o ocorrido logo após o ataque à Toca, mas diferente dos outros dias, o silêncio não era hostil e sim constrangedor. Harry já havia tomado banho e tirado as vestes negras que usara no enterro e agora só trocava as que vestia por seus pijamas velhos e gastos. Ron, por outro lado, ainda vestia as mesmas roupas e, depois de passar alguns segundos sentado em sua cama com o olhar perdido, ele se levantou, pegou seus pijamas e se virou para a porta, murmurando algo como um “Vou tomar banho”, mas para si mesmo do que para Harry, e saiu do quarto.
Assim que o amigo saiu pela porta, Harry suspirou pesadamente e caiu cansado em sua cama. Essa situação já se tornava quase insuportável. No começo ele não negava que sentiu muita raiva de Ron pelo soco e por coisas que ele lhe disse, mas não demorou muito tempo para que Harry percebesse que, no final das contas, o amigo não estava de todo errado. Na verdade, o que havia de errado nas palavras dele fora causado pela raiva que o consumia no momento, porque no resto, embora doesse para ele admitir, Ron estava certo. Por muito tempo Harry mergulhou-se em sua própria dor. A dor da morte de seus pais, que seria eternamente constante, e peso que ele carregava por ser aquele que teria que enfrentar o Lorde das Trevas, a perda do padrinho quando Harry sentia, pela primeira vez em quinze anos ter verdadeiramente uma família, a morte de Dumbledore e, agora, a de Gina. Sim, sua dor era grande, mas uma coisa que ele nunca encarou completamente era a dor das pessoas ao seu redor. Por exemplo: quando Sirius morreu, Lupin com certeza devia ter se sentido terrivelmente solitário e triste. Ele teve que assistir todos os seus amigos irem, um a um. O último dos Marotos. E Harry não lhe disse uma palavra de consolo, pelo contrário, isso nunca lhe passou pela cabeça.
E agora ele havia feito o mesmo com Ron, com os Weasley. Harry amava Gina, o que ele sentira por Cho até seu quinto ano não era nada comparado com o que aquela garota dos cabelos ruivos fazia com ele. Mas isso não justificava nada. Ele, se importando muito com a própria dor, virou as costas para a família que o acolheu desde seus doze anos. Aquela família a qual ele praticamente fazia parte, tremendo o carinho que ele recebia de todos os seus integrantes. As palavras carinhosas de Molly, a compreensão de Arthur... e Ron... o amigo que o acompanhara desde o primeiro ano em todas as suas aventuras, o amigo que quase morrera por ele naquele tabuleiro de xadrez, e que já o provara seguidas vezes o quanto sua amizade era verdadeira. Harry se sentia humilhado, envergonhado. E era essa vergonha que o impedia de falar novamente com Ron, não o ódio ou a raiva. Ele simplesmente não sabia como encarar ou dirigir uma palavra ao amigo depois de ter assimilado todos esses fatos. Ele sentia-se pior do que um trasgo.
Cerca de dez minutos depois de ter saído, Ron voltou para o quarto já trocado. Ele entrou mais calado do que saiu e deitou-se na cama, de costas para Harry. Ele tirou a varinha de dentro dos pijamas e, com um aceno desta, apagou as luzes. Harry enfrentava o dilema interno de como falar com o amigo. Ele tentou ensaiar mentalmente uma dezena de maneiras diferentes, mas nenhuma delas pareceu boa o bastante. Passaram-se mais quinze minutos de silêncio.
- Ron? – os lábios de Harry deixaram escapar, antes mesmo dele pensar. Alguns segundos se passaram e nenhuma resposta. Harry havia começado, e agora iria até o fim. – Ron?
- O que foi? – resmungou Ron baixo, sem se virar.
- Eu... – Harry sentia como se sua mente tivesse sido completamente apagada, todas as maneiras que ele havia encontrado para falar com Ron pareciam que haviam desaparecido completamente. Ele agradecia mentalmente por estar escuro e Ron estar de costas, porque ele não poderia ver a boca de Harry abrindo e fechando-se sem emitir som algum. - ...me desculpe. - Foram as únicas palavras que ele conseguiu emitir.
- Desculpas pelo o que? Por ter sido um idiota? – disse Ron, agora se virando para Harry e acendendo as luzes. – ele agora podia ver o olhar do amigo sobre ele e isso tornava ainda mais difícil para ele encontrar as palavras.
- É...quero dizer...ah! Desculpe-me pelo modo com que eu agi, eu nunca tinha parado pra pensar sobre isso e agora que parei, vi que você estava certo em tudo o que falou... – dessa vez ele encarou Ron – Eu entendi que eu me preocupei demais comigo mesmo e de menos com todos vocês, que sempre me ajudaram. E sim, eu fui um idiota. Me sinto um trasgo.
Passaram alguns segundos de silêncio até que Ron soltasse um suspiro e respondesse.
- É, você foi...mas eu também fui. Eu exagerei, eu não precisava ter feito tudo aquilo. Embora eu não tenha me arrependido de ter dito aquilo, acho que poderia ter encontrado uma maneira melhor. Se você é um trasgo, então eu sou um explosivim. – ele riu baixinho, seguido por Harry.
- Estou desculpado então? – perguntou Harry
- É, eu acho que sim. Pra mim já chega dessa situação. E eu acho que a Gina não ia querer que o irmão e o namorado continuassem brigados... – ele olhou para baixo e respirou fundo antes de continuar. – E também agora com esses caras novos acho que a nossa comunicação tem que estar melhor do que nunca, vai saber...
- É verdade. – concordou Harry. – O que você achou deles? Acha que McGonagall fez certo em deixá-los ficar?
- Eu não sei. Embora eu esteja com vontade de estuporar aquele cara por ter atirado no meu irmão acho que vamos ter que dar um tempo pra ver se eles são mesmo de confiança. Pela cara que o Moody fez, eu tenho certeza de que ele não vai tirar os olhos daqueles dois enquanto eles estiverem aqui, então qualquer coisa que eles fizerem de errado, vamos saber.
- Vigilância constante - disseram os dois juntos, rindo um pouco depois.
- Vamos dormir agora, tenho a sensação de que amanhã o dia promete. – disse Ron, se ajeitando no meio das cobertas. – Boa noite Harry.
- Boa noite Ron. – com um aceno da varinha, Ron apagou as luzes novamente. Harry se ajeitou, assim como Ron, e esperou que o sono chegasse.



Assim que entrou no quarto, Christopher jogou-se em cima de umas das camas, a mais próxima, colocou os braços sob a cabeça e ficou observando a irmã, que ainda estava parada na porta tendo algum tipo de primeira discussão com a Granger. Ele riu quando Ananda bateu a porta na cara da menina e virou-se para ele.
- Arrumando inimigos logo no primeiro dia Vi? – zombou ele. Ananda revirou os olhos.
- A Grangerzinha acha que se nos ameaçar, teremos medo dela. – ela gargalhou – Pobre e inocente criança. – disse ela em tom de chacota. Ela tirou de dentro das vestes as cinco caixinhas que havia mostrado para McGonagall e, com um aceno da varinha, deixou-as do tamanho normal e as arrumou no chão, no fundo do quarto. – Como acha que estamos, Chris?
- Bom, acho que melhor do que isso não poderia ser. Conseguimos que nos deixassem ficar, não conseguimos? É claro que nenhum deles confia em nós, mas temos tempo para mudar isso... – ele sorriu. – Mas ajudaria se você tentasse ser um pouco mais agradável com eles, e isso inclui a Granger. – Ananda arqueou as sobrancelhas.
- Eu não fui com a cara dela desde o momento que eu coloquei os olhos nela Chris, você sabe como eu sou. E além do que, é sempre bom ter algo para se divertir – ela sorriu malvadamente, Christopher riu também, mas só pro um momento, depois voltou a ficar sério.
– E você? Já sabe o que vai falar para a tal McGonagall amanhã? Ela vai querer que você fale tudo, você sabe, e temos que ser o mais convincente possível. – perguntou ele.
- Eu sei, eu sei – disse Ananda, enquanto procurava por algo dentro de um dos malões – Eu vou pensar em algo pra dizer pra ela, não se preocupe. – Ananda tirou de dentro do malão o que parecia ser um pijama de ceda azul. Christopher suspirou cansado e fechou os olhos, enquanto a garota trocava de roupa.
- Eu só espero que tudo isso valha a pena afinal. Eu quero vingar o nosso pai, mas às vezes eu me pego pensando se é justo submeter você a tudo isso, afinal, é você quem vai ...
- Ora, por favor, Christopher. Você fala como se eu fosse uma garota ingênua e indefesa, quando nós dois sabemos que não é nada disso. Eu sou tão boa quando você. – disse ela em tom ofendido, irritada. Christopher sorriu sem humor.
- Eu sei, e tenho que admitir que você me supera em certos pontos. Mas isso não impede que eu me preocupe com você. Eu quase perdi você uma vez Vi, por falta de cuidado e eu não vou deixar que isso aconteça de novo. – disse ele, ainda de olhos fechados, mas com uma expressão de dor. Ele sentiu algo sobre seu rosto e, quando abriu seus olhos, viu os de Ananda, em seu azul claríssimo, sobre os seus.
- Não vai acontecer Chris, confia em mim. Ich bin stark ². Vão precisar de mais do que um bando de varinhas apontadas na minha direção para me derrubar. – ela deu uma piscadela para ele, que deu um meio sorriso. Ela já vestia o pijama azul que tinha em mãos momentos atrás, e cinturão com as armas, assim como a espada que ela carregava jaziam sobre um dos malões. Os compridos cabelos negros estavam presos numa trança. - Boa noite, loirinho. – ela deu um beijo na ponta do nariz dele, que retribuiu dando outro na testa dela.
- Boa noite, Violet. – ela sorriu e foi em direção à outra cama. Ela deitou-se na cama e se remexeu um pouco
– É nessas horas que eu sinto falta de casa quando temos que viajar. Eu não troco a minha cama por nada. – resmungou ela, fazendo Christopher rir mais uma vez. Ela jogou os cabelos negros para trás e virou-se, fechando os olhos.



O dia seguinte amanheceu com uma aura no mínimo diferente. O luto por Gina agora se juntava com a curiosidade e apreensão pela presença dos novos hóspedes. Eles começavam a retomar suas ações rotineiras pouco a pouco, Molly servia o café em silêncio e com a mesma expressão triste enquanto os demais se reuniam à mesa. Lupin e o Sr. Weasley conversavam baixo sobre algum assunto, Carlinhos resolveu ficar por mais alguns dias e remexia o conteúdo intacto de seu prato com a ponta do garfo, Gui não havia descido para tomar café e Fleur acabara de subir carregando uma bandeja de ovos com bacon e um copo de suco de abóbora. Tonks e Hermione estavam em outro canto, próximas aos gêmeos, que também permaneciam silenciosos.
Quando Harry e Ron surgiram pela porta da cozinha, juntos pela primeira vez em dias, a surpresa foi geral. Ambos sorriram para os presentes, como que para confirmar a reconciliação, que retribuíram os sorrisos, felizes pelos garotos. Hermione levantou de sua cadeira e, com os olhos marejados abraçou os dois.
- Que bom que estamos todos juntos de novo. Essa vai ser uma época muito difícil para todos nós, mas se estivermos juntos, sei que vamos conseguir superar. – murmurou ela, com um braço envolvendo cada um dos garotos, e em seguida dando um beijo na bochecha de ambos e sorrindo, sorriso este que foi retribuído.
Eles se sentaram novamente e passaram a comer seu café de forma um pouco mais animada. Alguns minutos depois, Ananda e Christopher apareceram no batente da porta.
- Bom dia a todos. – disse Christopher, sorridente. A maioria dos presentes se silenciou e alguns até lançaram olhares hostis para o casal, como Molly e Carlinhos.
- Que recepção calorosa. – murmurou Ananda. Christopher deu uma cotovelada nela, mas também soltou um risinho. Ele caminhou e sentou-se junto com Ananda em duas cadeiras vazias no fim da mesa. Molly, fuzilando-os com o olhar, os serviu de ovos e suco. Christopher agradeceu, mas ela deu de ombros e saiu.
O café continuou normalmente, apenas Arthur e Lupin passaram a falar ainda mais baixo, tornando-se impossível que os demais ouvissem. Os outros pareceram ignorar a presença dos irmãos Günter, que também não se incomodaram com isso.
Minerva chegou logo, acompanhada por Kingsley e Moody. Ela entrou na cozinha e cumprimentou rapidamente todos, se virando para Ananda assim que terminou.
- A senhorita me acompanhe, por favor.
O rosto de McGonagall era sério. Ananda deu uma olhada para Christopher, que apenas deu de ombros e acenou com a cabeça. Ela em seguida se levantou e acompanhou McGonagall pela porta.
Harry não sabia dizer exatamente quanto tempo as duas passaram trancadas sozinhas no cômodo onde eram feitas as de reuniões da Ordem. A porta só se abriu quando já se passavam das onze horas da manhã, mas foi apenas para que McGonagall pedisse para que chamassem Christopher em seu quarto. Harry, que estava sentado em um dos sofás da sala, aproveitou o breve tempo que a porta ficou entreaberta para tentar dar uma espiada para dentro da sala de reuniões ali mesmo do sofá onde estava. Ele esticou o pescoço e só pode ter a visão rápida das pernas de Ananda, sentada em uma poltrona, e em cima da mesa em sua frente algo que Harry pensou que poderia ser a penseria de Dumbledore, antes que Christopher chegasse e a porta fosse fechada novamente.
Os minutos se arrastavam e quanto mais eles passavam mais Moody, que andava de um lado para o outro pela sala, parecia disposto a por aquela porta abaixo, tamanha sua impaciência. E ele não era o único naquela situação. Ali também estavam Lupin e Kingsley, que mantinham uma conversa baixa em um dos cantos da sala e davam olhadelas em direção à porta a cada cinco minutos. Hermione, sentada no sofá ao lado de Harry, lia um livro, ou fingia lê-lo, porque seus olhares pairavam mais constantemente na porta do que nas páginas. O Sr. Weasley também aparecia de vez em quando, com uma desculpa qualquer.
Pouco mais de uma hora depois, a porta finalmente se abriu. Moody endureceu onde estava, Lupin e Kingsley cessaram a conversa e, assim como Hermione e Harry, viraram suas cabeças ansiosas para Mcgonagall, que saia nesse momento, com Ananda e Christopher atrás. O rosto dela estava mergulhado numa expressão compenetrada, como se tivesse milhares de coisas passando por seu cérebro num mesmo segundo, mas ao mesmo tempo também transmitia certa calma. Lentamente ela caminhou até onde estavam os três aurores e, quase num sussurro disse “Eles ficam”. Em seguida caminhou para a saída do Grimmauld Place, sem olhar para trás. Moody olhou irado para o casal, ainda parado na porta da sala de reuniões, encostados no batente desta. Ananda deu um tchauzinho para ele com uma das mãos e um sorriso petulante. Moody deu um rugido de raiva e se seguiu mancando pelo mesmo caminho feito por McGonagall, seguido por Kingsley. Hermione estava estática, de pé, também olhando para eles, boquiaberta e incrédula.
- Feche a boca Grangerzinha, logo vai começar a babar. – disse Ananda, azeda. Hermione lançou-a um olhar mortal, fechou o livro em suas mãos com força e saiu bufando e batendo o pé. Christopher deu uma cotovelada na irmã. – Que foi? – resmungou ela para ele. Ele apenas suspirou e apertou com polegar e o indicador a ponte do nariz, fechando os olhos.
Harry, agora sozinho, ficou encarando-os. Não hostilmente, como os outros, mas com curiosidade. Ananda respondeu ao seu olhar, com seus olhos azuis piscina. Ela piscou para ele e lançou-lhe um sorriso torto. Ele ficou encarado-a por mais alguns segundos e depois passou seu olhar para Christopher. Diferente de Ananda ele não o olhava com deboche ou diversão, apenas retribuía com a mesma indagação, como se perguntasse o que Harry estava procurando ali e ao mesmo tempo tentando mantê-lo longe. Ele deve ter feito algum sinal para Ananda, porque em seguida ele se encaminhou para as escadas, com ela em seus calcanhares, que lançou mais um sorriso debochado para Harry antes de sair. De uma coisa Harry tinha certeza: tempos interessantes estavam por vir.



Passaram-se mais alguns dias e o ambiente do Grimmauld Place já estava bem mais leve em relação à morte de Gina. Todos já começando, pode-se dizer a aceitar e conviver com o fato. Os Weasley agora se distraiam e se ocupavam com os preparativos para o casamento de Gui, que já estava praticamente recuperado dos ferimentos. Fleur estava ansiosa para ajeitar todos os detalhes e tentava transmitir sua animação para os Weasley, com relativo sucesso. Para dar mais apoio, não haviam ocorrido grandes alardes com comensais nos últimos dias, apenas alguns ataques pequenos e os aurores se encarregaram completamente deles, não permitiam que nenhum dos Weasley pertencentes à Ordem se envolvesse, com a desculpa de que agora eles só precisavam se preocupar com os preparativos para o casamento, que seria dali a uma semana.
Não podia se dizer o mesmo da relação com o casal de irmãos. Christopher se mostrava um pouco mais acomodado, mas Ananda era um problema constante. Ela tinha uma personalidade terrível e a cada minuto arrumava algum desentendimento. Ora implicava com Fleur sobre ela ser “frescurenta demais”, ora arrumava discussão com Carlinhos depois de algum comentário sarcástico ou maldoso. Agora a discussão era com Hermione.
- Chega, pra mim já chega! – bradou Hermione, saindo da biblioteca, batendo os pés.
- O que foi ratinha? Mas nós nem começamos a brincar! – Ananda saiu da biblioteca logo atrás de Hermione, com seu costumeiro sorriso irritante. Nisso apareceram Lupin, Harry e Christopher.
- O que está acontecendo aqui? – era Lupin, já sabendo a resposta de sua pergunta.
- Eu juro garota, juro que se você não sumir da minha frente eu não sei o que eu serei capaz de fazer! – Hermione mantinha os olhos fechados, como se estivesse se controlando e seu rosto estava tomado por uma tonalidade púrpura.
- Ai, que medo! Todo esse estresse só porque eu estraguei o seu papelzinho? – Ananda levantou uma das mãos e levou o que parecia ser um pedaço de pergaminho queimado na altura dos olhos, amassando-o em seguida. Algumas cinzas caíram no chão. – Desculpe Granger, juro que foi sem querer. Eu não sabia que era tão importante assim. – ela fez beicinho e uma falsa cara de arrependimento – E até porque, para uma ratinha de livros como você, imagino que não seja difícil refazer o seu pequeno trabalho, seja lá o que for. Ler exercita o cérebro, mas acho que você deve saber disso. – Hermione grunhiu
- Pelo menos eu tenho cérebro, ao contrário de você. – rosnou Hermione, resolvendo revidar. O sorriso de Ananda desapareceu.
- Que lisonjeiro da sua parte, minha ratinha. Devo começar a enumerar as coisas que eu tenho e você não? Vamos começar, que tal, por personalidade? – o sorriso afetado voltou.
- Você não tem nada melhor para fazer?
- E abandonar o prazer da tua companhia tão agradável? Eu acho que não, Granger. – ela piscou para Hermione, que rosnou mais uma vez e jogou as mãos para o alto, irritada.
- Ok, ok, Ananda, pare já com isso. E Hermione, se acalme. – disse Lupin tentando relaxar os ânimos. – O que foi que aconteceu afinal? – Hermione se virou para ele, descabelada.
- O que aconteceu é que eu estava trabalhando em uma coisa já fazia dias, ai apareceu essa coisa – ela apontou para Ananda, sem tirar os olhos de Lupin – e simplesmente queimou, queimou tudo! Além de qualquer reparo!
- Já falei que foi sem querer, ratinha. Eu... – Ananda ia começar outra resposta sarcástica, mas recebeu um olhar de aviso, dessa vez do próprio irmão, e ficou quieta.
- Eu entendo a sua frustração, Hermione. – disse Lupin – Mas tenho certeza de que, já que foi sem querer, Ananda não vai se opor em te ajudar a refazer seu trabalho, não é, srta. Günter? – Ananda o olhou com os olhos arregalados e já ia abrir a boca para reclamar, mas Hermione a interrompeu.
- Não Lupin, como posso dizer, era uma coisa, er...confidencial. – ela deu uma olhada significativa para Harry – Acho melhor eu refazer sozinha.
- Bom, a decisão é sua Hermione. – disse Lupin. Ela assentiu com a cabeça e deu mais uma olhada feia para Ananda.
- Acho que tem uma coisa que você deve fazer, não é Nanda? – disse Christopher para a irmã. Ela o olhou interrogativamente. – Creio que você deve um pedido de desculpas a srta. Granger. – Ananda arregalou os olhos novamente e em seguida gargalhou alto.
- Você não pode estar falando sério... – Christopher arqueou as sobrancelhas e cruzou os braços. Ananda o olhou, incrédula. – Chris, você não pode fazer isso comigo!
- Na verdade, querida irmã, eu posso. Você sabe que se você estivesse certa eu apoiaria você, mas agora eu tenho que admitir que a Granger está certa. – Hermione a olhou com uma expressão vitoriosa, as narinas de Ananda inflaram.
- Nem por cima do meu cadáver! – Ananda rugiu e saiu em disparada para o andar superior. Chistopher suspirou cansado.
- Com licença – pediu ele, seguindo a irmã. Lupin virou-se para Hermione.
- Está tudo bem mesmo Hermione? Tem certeza de que não quer ajuda para refazer seu trabalho?
- Absoluta, Lupin. E qualquer coisa Harry pode me ajudar, não é Harry? – ela olhou para Harry, que entendeu o recado.
- Claro. – respondeu ele. Ela olhou num agradecimento silencioso.
- Bom, então acho que estamos entendidos por aqui. – Lupin fez um aceno com a cabeça para Hermione e então se retirou.
Mal deu tempo para que Lupin saísse de vista quando Harry sentiu sua cicatriz queimar intensamente e sua vista escureceu. No segundo seguinte ele estava em uma praticamente já conhecida sala mal iluminada.

Ele se sentia estranhamente inquieto, mas não era uma inquietação preocupante, ele parecia estar apenas ansioso para algo. As mãos acinzentadas e compridas acariciavam a cabeça de Nagini, que estava apoiada em seu colo e seus olhos miravam o estalar das chamas na lareira, que eram as únicas coisas que impediam a sala de mergulhasse na escuridão.
Segundos depois ele ouviu a porta atrás dele sendo aberta e seus olhos se arregalaram em excitação, mas ele não se deu ao trabalho de se levantar e nem ao menos de se virar.
- E então? – sua voz gélida soou. Ele ouviu a pessoa atrás de si pigarrear para em seguida responder.
- Está lá milorde. Vi com meus próprios olhos. – disse uma voz grave. Harry sentia que Voldemort estava cada vez mais animado e um calafrio começou a subir por sua espinha.
- Você tem certeza, Dolohov? – sua voz era uma ameaça clara e perigosa. Mesmo de onde estava ele pode ouviu o comensal engolir seco.
- Sim, milorde. Tem todas as características ditas pelo meu mestre, sem tirar nem por. De bronze, pequena, os dese...
- Já compreendi, Dolohov. – cortou ele - O Lord das Trevas é grato pela sua cooperação e se você estiver realmente correto será recompensado. Porém se houver algum mal entendido...Você sabe que o Lord não tolera erros. – ele não precisava dizer o que aconteceria para que o Dolohov compreendesse a mensagem. Novamente ele engoliu em seco.
- Eu tenho certeza, milorde. – confirmou Dolohov. Voldemort sorriu. – Posso perguntar ao Lorde qual é a importância daquilo?
- Nada que te interesse, verme. – cuspiu Voldemort. - Iremos buscá-la em breve.

Então sua visão escureceu novamente e ele acordou caído no chão do Grimmauld Place, ofegando e com sua cicatriz ainda latejando. Hermione estava sobre ele, com os olhos arregalados.
- Harry! Harry, você está bem? O que você viu? – ela falava rápido, nervosa.
- Fale baixo, Mione! Não quero que ninguém saiba! – sussurrou ele, tentando se levantar e sendo prontamente ajudado por Hermione.
- Está bem, está bem. – disse ela mais baixo – Mas você vai me contar o que viu. Na verdade você nem podia ter visto nada, afinal Dumbledore não queria que você tivesse ela conexão com Voldemort e...
- Eu já conheço esse discurso, Hermione, então me poupe – disse ele seco. Sua cicatriz ainda doía e ele não queria ter que agüentar mais um dos sermões da amiga agora. Hermione suspirou
- Vem, vamos lá pro seu quarto. Ron deve estar lá também, aí você pode contar tudo em detalhes. – ela salientou essa parte olhando para o amigo, estreitando os olhos.
Eles subiram as escadas em silêncio, com Harry ainda um pouco tonto. Chegando ao andar superior eles foram direto para o quarto de Harry onde encontraram Ron lendo algum tipo de livro sobre quadribol.
- Francamente, Ronald! Com tantas coisas para nos preocuparmos você perde tempo lendo isso?! – Ron se assustou com a chegada repentina dos amigos e deu um pulo da cama, encontrando Hermione o olhando feio.
- Nem vem, Mione! O que você sugere? Que fiquemos em alerta vermelho o tempo todo? Acho que podemos relaxar às vezes!
- Não vou discutir com você agora, Ronald. Temos coisas mais importantes para falar. – disse Hermione, dando as costas para Ron, irritada, e encarando Harry. Ron o olhou também.
- O que aconteceu? Harry?
- Harry teve mais um daqueles flashes da mente de Voldemort. – disse Hermione, sem dar tempo para Harry responder. Ron o encarou com os olhos esbugalhados. Harry suspirou e passou as mãos pelo cabelo. Lá iam eles de novo.
- O que? O que você viu Harry?! O que aconteceu? – Harry caminhou até a cama e sentou-se.
- Não der pra ver muita coisa, Ron. Estava tudo muito escuro, como de costume...
- Mas você deve ter conseguido ouvir alguma coisa, certo? – interrompeu Ron.
- Se você me deixar falar, Ron, eu posso contar. – disse Harry, cético. Hermione também o olhou feio. As orelhas de Ron ficaram vermelhas e ele abaixou a cabeça, olhando para os próprios pés.
- Continue, Harry. – Incentivou ela.
- Devo admitir que dessa vez foi estranho. Eu nunca havia presenciado Voldemort sentindo nada além de raiva, desprezo ou algo do tipo, mas desta vez ele estava...ansioso. – disse Harry, confuso. Hermione o olhava intrigada. – Então chegou um comensal, Dolohov eu acho. Eu não o vi, mas Voldemort o chamou pelo nome um momento. Ele disse que havia encontrado algo que Voldemort havia pedido e que esta coisa estava no lugar onde eles achavam que ela estava. Parecia ser importante, porque Voldemort exigiu que ele tivesse certeza de que era realmente o objeto que eles queriam.
- Ahá! É uma horcrux, tenho certeza! Alguma daquelas que nós ainda não sabermos quais são. – disse Ron, empolgado. Hermione estava apreensiva e parecia que seu cérebro estava trabalhando a todo o vapor.
- O que era a tal coisa? – perguntou ela.
- Eu não consegui entender do que se tratava. Nem Voldemort e nem Dolohov disseram o que era. Só sei que é algo pequeno e feito de bronze. – respondeu Harry. Hermione mordeu o lábio inferior.
- Existem milhares de coisas com essas descrições, Harry!
- Oh, me desculpe se eu não pude fazer um interrogatório completo a Voldemort! Da próxima vez que eu o encontrar, eu pergunto. – Harry falou, já se irritando. Hermione ficou vermelha.
- Desculpe.
- Deixa pra lá. – disse Harry – Se era uma horcrux ou não, eu não sei. E Dolohov também não sabia, e quando ele perguntou para Voldemort o que era ele só faltou estuporá-lo.
- Mas é claro! Voldemort não seria tolo de contar algo tão importante a um dos comensais, ainda mais a Dolohov. É suicídio! – disse Ron.
- Eu não sei, mas sinceramente eu não acho que seja uma horcrux. Voldemort disse que eles iriam buscar a tal coisa em breve. Eu não acho que ele ia se arriscar a tirar uma das horcruxes do esconderijo num momento desses. – disse Harry encarando Hermione, esperando por apoio.
- Harry está certo. Ele deve manter as horcruxes mais em segredo do que nunca nesse momento em que a guerra está prestes a explodir. – concluiu ela. Ron suspirou.
- E o que é então?

- Eu não sei, não faço idéia. – respondeu Harry. – mas eu estou com a estranha sensação de que é algo grande. – seus olhos estavam fora de foco, como se estivesse em reflexão profunda. Ron e Hermione se entreolharam. - E que vamos descobrir em breve.

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Traduções:
Ihr dummes¹ = seu estúpido
Ich bin stark ² = eu sou forte



N/A: Ainda posso me desculpar pela demora? Primeiros dez capítulos de fic é uma desgraça! Eu não consigo inspiração...mas já vai melhorar, espero...!
Eu não via a hora de apresentar os Günter! Eu nunca tinha me arriscado a fazer nenhum personagem original antes então espero acertar nesses. E espero também a opinião de vocês sobre eles: os amem... ou odeiem. UASHUAHSA
Enfim, espero que tenham gostado do capítulo!
Vou aproveitar também para editar os capítulos passados... quando você começa a escrever uma fic com 13 anos sem ter noção nenhuma do que escrever, o resultado são ajustes e mais ajustes... ¬¬ Mas quem já leu os primeiros capítulos não precisa relê-los, porque não ouve nenhuma mudança na historia, só melhorei frases, falas, dei mais sentido em algumas coisas, e etc ;)

Pra quem ainda não viu, eu adicionei o TRAILER EM VÍDEO da fic. Ele me rendeu um bom trabalho por isso espero que gostem! Eu gostei. (:
Vou colocar uma ficha com os personagens originais em breve também.

Por último mas com certeza não menos importante eu queria agradecer a todos os comentários, fico muito feliz a cada vez que eu leio que uma pessoa está gostando da fic, muito feliz mesmo! Obrigada!

Agradecimentos:
Claudiomir José Canan
*Lari Forrester Black*
Trinity: Espero que você tenha gostado do capítulo e que ele tenha atendido as suas expectativas! Adorei seus comentários e fico muuito feliz que tenha alguém curtindo tanto assim a fic! E por sinal, te adicioneu no MSN ;)
Luhh Malfoy: KOOOONGA! Demorei mas postei! Espero que tenha gostado! Saudaaades!
Nandoka_Granger: Preciso falar algo pra você, cabrita? Obrigada por TUDO e estou rezando pra você gostar do capítulo. Te amo.

Um beeijo à todos! ;*

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