CAPÍTULO 1




Capítulo 1



Um vento em direção contrária à familiar brisa matinal arrastava folhas e poeira pela estrada de terra. Uma figura cabisbaixa anda sem parecer se importar muito com o vento. Suas vestes batidas e o cabelo desgrenhado já o desgastaram por demais. O que é um simples vento para ele? Nem a alma o vento pode mais levar. Talvez só o restinho.
Devo acrescentar que essa expressão cansada, era claramente dedicada a mim. Oras, por que o Destino lhe foi tão cruel?
Trazia uma saca de roupas embaixo do braço. Ou era um viajante, ou um foragido, mas sempre tem um senhor precisando de jovens como ele, e este senhor não se importa muito com o passado. Passarinhos cantam nas copas das árvores e ele acha aquele barulho irritantemente estridente.
Ele pára por um momento antes de entrar hesitante na rua principal da cidade. Uma pequena movimentação começa a se formar agora, pois ainda pouco o sol nem havia despontado no horizonte. Viajantes são raros em Livstarshire, mas os moradores da cidade são alheios a essas coisas. Ele olha por um momento, de relance, uma cabeleira vermelha. Cabelos vermelhos o dão asco.

~Inimizade e Antonímia~
Weasley X Malfoy
Ruivos X Louros
Pobres X Ricos
Nobres X Decadentes


A cidade é pequena, mas ele não sabe por onde começar. Entra num galpão e constata que ali funciona um armazém. Sacas de grãos empilhadas a um canto, abóboras amontoadas em outro. Assim que pisou os pés lá dentro uma mulher o olhou com desprezo.
“Se fosse nos velhos tempos... Essa coisinha bizarra estaria implorando para que eu lançasse um breve olhar para isso.”

~Um dado pessimista~
Os velhos tempos jamais voltam.


Ele procura algum lugar que seja imundo como suas vestes. Uma casinha empoeirada e torta parece que não o rejeitaria. Ele abre a porta e com um toque enferrujado do sino é anunciado. Um velho surge detrás do balcão, assustando-o. Ele anda mais assustado do que tudo ultimamente. Também deveras...

-Pois não? – pergunta o senhor “limpando” a mão no avental imundo.

O rapaz permaneceu calado por um momento. O que falar afinal?

-Está há procura de emprego?
-Quem sabe? – diz com um sussurro.
-Bom, meu último ajudante teve que servir o exército, de modo que estou precisando de alguém jovem para me ajudar com os livros.
-Quanto?
-30 libras por semana.
-Certo, por onde eu começo?
-Você não quer guardar suas coisas? Tomar um banho? Eu tenho um quarto para lhe oferecer, não é dos melhores, nossa casa é humilde.
-Já estive em piores. – disse com uma amargura que fez o velho encolher-se.

Depois de jogar a jaqueta de couro de dragão desgastado sobre uma cadeira velha, ele olhou para o estado deplorável do “quarto”. Corria os olhos do teto mofado para a tina de madeira no meio do quarto. Podia ouvir o lodo na beirada da bacia se multiplicar. A cama com um colchão fino o fez implorar por um descanso.
Ele se perguntava quando foi exatamente que deixou isso tudo acontecer. Como as coisas fugiram do seu controle? Ele sempre tinha o controle. Sempre. E agora olhava pra um trambolho e o deseja ardentemente.
Jamais ouvira falar em Livstarshire. Uma placa de madeira podre o informara um pouco antes de chegar, que essa coisa de uma rua só tinha esse nome. Olhou em volta procurando alguma coisa familiar. Não havia torneira para água. Chamou pelo homem e ele veio lhe aporrinhar com perguntas de novo.

-Onde está a torneira?
-Ah, nós enchemos com água da mangueira. – o velho pigarreou antes de continuar. - Bem, deixa que eu faço isso então. – disse por fim, vendo que o rapaz não parecia ter ânimo algum para ir atrás da mangueira. - Ah, esqueci de me apresentar, meu nome é Graham Parsons.

~O que não pode passar despercebido~
1.Não fui de tanto ruim. Colocar o caridoso Graham Parsons no caminho de Draco lhe foi de grande serventia.
2.Por falar na caridade de Graham Parsons, lembro-me bem de um encontro específico entre nós, dentre os 13 já ocorridos.


-Drac... Logan McCready. – por que ainda não se acostumara com a mudança de nomes? A partir de hoje ele é Logan McCready, Draco Malfoy morreu, junto com aquele semi-vivo do Lorde. – Logan. – disse passando a mão no cabelo loiro assim que o velho batera a porta, depois de encher a banheira. – Logan McCready – afundou o corpo magro na água. – Eu sou Logan McCready. – disse por fim, mergulhando na água fria, num batizado macabro e solitário.


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