Prólogo
Prólogo – E como ator principal, O Destino
Eu sou o maior descarado que você já ousou encontrar. Eu sou digno de desconfianças, é verdade. Mas eu existo sim, e pregar peças nos mais desprevenidos ou menos bem-aventurados é uma grande diversão, se querem saber.
Você vai se encontrar comigo, isso é uma certeza.
Mas não se aflija, eu não sou de todo detestável. Talvez você até não acredite em mim, mas eu não preciso de provas grandiosas para comprovar minha existência.
Você só acreditaria se topasse com um bilhete de loteria premiado na rua? Saiba você, que meu trabalho é árduo e que se eu, Destino, tiver de realizar todas as lindas e tão sonhadas fantasias de suas cabecinhas ocas, eu não poderia agraciar todos com minha bem vinda presença.
Talvez para alguns, como o jovem Malfoy, estar ao meu lado não seja tão agradável assim.
Ou quem saiba, eu me esqueça de visitá-lo por anos. Ah, também posso estar tão presente quanto os piolhos que lhe sugam o sangue ralo da cabeça.
E é justamente por estar tão junto ao Draco tantas vezes, que resolvi contar-lhes a história desse jovem desafortunado. Não espere uma história feliz, com unicórnios cavalgando pela floresta encantada enquanto o sol irradia sua luz pura em todos à sua volta. Não, aqui acontecerão tantas desventuras seriadas, que você, que se achava o maior injustiçado por mim, saberá que te fui tão generoso e bom, que deveria finalmente me exaltar. Porém, não preciso de tanto. Não, não se ajoelhe ainda. Quero que veja o quão surpreendente essa história é.
E quanto às honrarias, esqueçamo-las por enquanto.
Quantas vezes eu me encontrei com Draco Malfoy? Ah, eu nunca saberia dizer ao certo. Na primeira, ele ainda era uma criança mimada e rica. (Sim, o desafortunado jovem Malfoy já foi rico. E mimado) E por que não dizer amado? Pouquíssimo amado, mas amado.
Nos fundos da loja, um garoto de rosto pálido e pontudo estava em pé em cima de um banquinho enquanto uma bruxa encurtava suas compridas vestes pretas. Madame Malkin colocou Harry num banquinho ao lado do outro, enfiou-lhe uma veste comprida pela cabeça e começou a marcar a bainha na altura certa*
Eu observei minha vítima. Ou minhas duas vítimas. Por que quando o Destino mexe com você, colocando outro alguém na sua frente, ele também mexe com esse outro alguém, não é?
Os dois garotos.
Eu poderia fazer Harry entrar em outra loja, enquanto Draco terminava com suas vestes. E então eles não trombariam. Talvez Harry nem o conhecesse o suficiente para odiá-lo.
Aos fatos:
Conversa vai, conversa vem. Ou melhor, conversa vai, resmungos patéticos e respostas mesquinhas vêm. Ainda intercedi ao deixar esse cheiro doce de mistério no ar. Eu adoro deixar as coisas mal compreendidas. Inacabadas.
Potter
Um reencontro posterior, porém, foi inevitável. E devo dizer-lhes que quanto ao encontro na primeira viagem de trem para Hogwarts, Draco e Harry, se não se encontrassem lá, se encontrariam na escola, mais cedo ou mais tarde. Mas esse reencontro não contou com a minha ajuda, não mesmo. Já lhe disse que tenho mais o que fazer. E o que eu tinha para fazer nesse mesmo momento, era providenciar para que Hermione Granger voltasse para o vagão de Harry e Rony. À primeira vista, uma inimizade havia se formado entre o Weasley e a Granger. Mas vocês sabem que essa inimizade infantil sempre acaba se tornando um lindo amor juvenil. E com eles eu não pude deixar de ser diferente. Talvez eu às vezes não tenha um repertório tão variado.
Mas vocês vão ver como o Destino pode brincar com coisas realmente sérias. A vida do jovem Malfoy, por exemplo. Não era algo para ser mudado tão drasticamente. Mas eu sou rancoroso. E devo lhe informar antes que resolva me tapear: Com o Destino não se brinca.
O Destino faz-te pagar mais cedo ou mais tarde.
* Parágrafo, retirado de Harry Potter e a Pedra Filosofal. É recomendável pela autora que se leia essa passagem do livro para que se possa compreender melhor essa coisa de sobrenome oculto.
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