Mais uma noite Mal Dormida

Mais uma noite Mal Dormida



CAPÍTULO VIII. MAIS UMA NOITE MAL DORMIDA

Ela passou alguns minutos trancada no quarto. Percebeu então que deixar Severo e Remo se matarem não mudaria em nada o que estava sentindo. Aliás, só pioraria a situação dela. Não deixaria os dois se alfinetarem. Saiu do quarto. Desceu as escadas.

Viu que os dois estavam na porta, conversando. Lupin parecia um lobo prestes a atacar a sua presa. E Severo... Bom, esse tinha a mesma expressão sarcástica e maldosa de sempre. Eles estavam tão absortos na conversa que sequer perceberam que Rachel estava lá, parada, ouvindo tudo que eles falavam.

Snape saiu. Lupin se virou. Assustou-se ao ver que Rachel estava lá, parada, de braços cruzados e olhar inquisidor, com se esperando uma explicação. Ela perguntou:

- Posso saber o que diabos estava acontecendo aqui?

- Estávamos só conversando. – Ele se aproximou dela, com um sorriso maroto. Ela teve que se segurar para não sorrir também. – Você viu.

- Eu vi que vocês dois estavam me disputando! E não gostei. – Ainda muito séria.

- Ah, Rachel! – Ele, ainda sorrindo, a abraçou e a beijou no rosto. Ela não conseguiu conter o sorriso. – É q vocês já passaram por tanta coisa juntos... Eu fico inseguro.

- Mas eu não que... Quer dizer, eu não vou fazer nada com ele... Você sabe!

- Será?

- Bom, você mesmo disse que eu preciso de alguém que me ame, e não que me queira, não é verdade?

Ele sorriu. Ela o beijou. Pensou em Severo. Desejou, secretamente, que fsse ele que estivesse a beijando... E se recriminou. Afinal, o que tinha de errado com ela? Por que ela queria Severo? Quer dizer, ele era sarcástico, maldoso e muitas vezes injusto. Além de ser extremamente egocêntrico. E Remo... Não havia palavras para descrever aquele homem...

- Mas que lindo! – A voz de Tonks fez com que o casal parasse imediatamente de se beijar. – E aí, Pequena, você vai trabalhar ou ficar aqui, se divertindo?

O trabalho! Tanta coisa tinha acontecido desde o dia em que Rachel chegou ao Largo Grimmauld, que ela até se esqueceu que hoje era segunda-feira e que ela tinha que ir ao ministério! Pelo menos já estava vestida, ou iria se atrasar muito.

- É... eu vou sim... Com você?

- Eu estou indo para lá agora! – Tonks respondeu com um largo sorriso. – Vamos?

- Vamos. – Ela deu um rápido beijo em Lupin. – Tchau, Remo.

XxXxXxX

O ministério estava uma loucura! Tinham repórteres por todos os lados! E Rachel não fazia idéia do que havia acontecido! Ouviu apenas algumas frases soltas... Sobre os comensais,
na sua maioria... O pior é que ela nem teve chance de perguntar a alguém, no caminho, o que tinha acontecido: Ela, de repente, começou a ser abordada por vários repórteres, e teve que correr para conseguir chegar na sua sala.

Entrou na sala ofegante, ainda seguida por dezenas de repórteres. Bateu a porta e encostou-se nela. Respirou fundo, com os olhos fechados.

- Problemas com os repórteres, Pequena?

A voz de um colega de trabalho a despertou. Ela viu que Stephen Clancy e Paul Stein, os dois aurors que dividiam a sala com ela já tinham chegado.

- Fui bombardeada com perguntas sobre o Sr. Fudge e o tal ataque de ontem. Será que um de vocês dois poderia me dizer o que diabos está acontecendo?

- Bom, Rachel. – Paul, o mais bem-humorado dos três, embora estivesse parecendo triste e abatido, se aproximou dela. – Basicamente, o mundo mágico está em desespero, atividade comensal, muitos trouxas mortos, comensais e aurores
feridos... – Ele olhou para Stephen, com a testa franzida. – Pra mim parece uma segunda-feira normal, não acha, Stephen?

Ela tentou detectar um pouco de humor na frase do amigo, mas não encontrou. Ele não estava, como normalmente, brincando. Stephen decidiu falar mais claramente.

- O ministério detectou hoje atividades comensais no meio da madrugada. Os aurores de plantão conseguiram chegar lá no meio da... hã... brincadeira.

- Então... – Rachel conseguiu sentir, talvez, um pouco de alegria. – Prendemos comensais, não?

- Na verdade, não. – A fala de Stephen engoliu toda felicidade de Rachel. – Nem perto disso... E quase perdemos o David Reeves.

- Dave?! O que aconteceu?! Como ele está?!

- Vivo. – Ela percebeu como a voz de Paul estava triste. Ele e Reeves eram como irmãos. – Mas muito mal. Está na UTI ainda.

- Os curandeiros disseram que ele vai ficar bom. – Stephen tentou consolar os dois amigos. E a ele mesmo, quem sabe. Bom, ele conseguiu fazer Rachel se sentir um pouco melhor.

- Graças a Merlin. Mas, o que aconteceu?

- Isso, como o Paul já disse, foi o normal. Os comensais fizeram uma festinha, mataram vários trouxas, o ministério mandou aurors, eles duelaram, mas todos os comensais conseguiram fugir.

- Ansimov me disse que, antes de sair, um comensal disse que eles ainda não tinham acabado. – Paul disse com um brilho estranho no olhar. – Que eles iam voltar... É por isso que está essa agitação toda, por aqui. Estamos na iminência de um novo ataque. E dessa vez eu estarei aqui quando acontecer. E irei me vingar.

Um típico sonserino, ela pensou. Lembrou-se de Severo. Lembrou que ele tinha dito uma vez que, se o Lorde das Trevas voltasse ao poder, ele trabalharia de espião para Dumbledore. Imaginou se ele estava fazendo isso... Era só o que explicaria os ferimentos da noite passada.

Paul se sentou, triste, na mesa. Ela se aproximou. Teve uma idéia. Pousou a mão sobre o ombro dele, reconfortando-o.

- Que tal, se nós três fossemos até o St. Mungus depois do expediente?

XxXxXx

Ela chegou muito tarde de no Largo Grimmauld. E só quando chegou e viu a cara de preocupação do noivo foi que percebeu que não tinha avisado que demoraria. Remo correu até ela e segurou seus braços, carinhosamente.

- Rachel?! Graças a Merlin! Onde você estava, mulher?!

- Eu fui visitar um amigo meu, que estava no hospital.

- O Dave?! – Tonks, subitamente, levantou-se da cadeira, onde ela estava quase adormecida. – Como ele está?

- Ele já acordou. Mas ainda esta em observação.

- E ele já está consciente, né? Quer dizer, conversando e tudo?

- Já, sim! – Rachel sorriu. – Estava lá com ele, inclusive.

- Rachel? – Lupin se voltou para ela, não mais preocupado. Zangado. – Por que você não avisou que ia demorar?

- Ah, amor, não me lembrei! Você sabe que sou distraída! Vamos dormir?

- Tá! Vamos.

XxXxXxX

Mesmo estando muito cansada, Rachel não conseguiu ter uma noite de sono tranqüila. Ficava pensando o tempo todo em Dave e no sentimento de vingança de quase todos os aurors... E não conseguia parar de pensar que, no meio desse fogo cruzado, estaria Snape. Qualquer barulho, a acordava. Mas, um ruído em particular chamou a atenção dela: Vinha da sala. Ela olhou a hora. Quatro e dezessete da manha. Só podia ser ele. Lembrou-se de como os aurors estavam revoltados. Tinha que ajudar.

Levantou-se bem lentamente, com cuidado para não acordar Lupin. Vestiu o robe. Pegou a varinha. Assustou-se quando viu Lupin se mexer na cama. Ele não despertou. Ela abriu bem devagar a porta. Saiu. Fechou a porta, sem fazer qualquer barulho. Correu até a sala. Chegou. Viu, estendido no chão, um Snape bem mais ferido do que o da madrugada anterior.

Com os olhos marejados, ela correu até ele. Ajoelhou-se ao seu lado. Acariciou o seu rosto. Ele finalmente a olhou. A dor estava estampada em seus olhos. Ela sentiu o coração bater ainda mais forte, como se a dor dele estivesse sendo passada para ela.

- Rachel, eu...

- Shhhh. – Ela pousou a mão carinhosamente na boca dele. Ele beijou os dedos dela. Ela estremeceu – Eu vou te ajudar. Consegue se levantar?

- Se tiver ajuda.

A voz dele estava pausada, sofrida. Ela sentiu uma pontada no peito. Usou mágica para suspender ele e o levou até o quarto. O deitou na cama e foi pegar as poções, que imaginava ela, estavam no mesmo lugar das da noite passada. Entregou-as a ele. Ele bebeu. Parecia melhor, mas ainda não o suficiente. Pelo menos agora conseguia manter a sua voz firme.

- Abra aquele armário. – Ele apontou para um antigo armário de madeira. – Me de uma poção prateada.

Ela correu até o armário. Tinham, lá dentro, entre muitas outras, dois frascos com duas poções prateadas. Ela mostrou as duas para ele.

- Qual das?

- A para dor.

Rachel cheirou as duas poções. Diferenciou-as imediatamente. Guardou a que estava em sua mão direita e levou a outra para ele. Poucos minutos depois de acabar de beber, ele suspirou aliviado. Sentou-se na cama. Ela se sentou ao lado dele. Acariciou o rosto dele, pela segunda vez naquela noite.

- Agora me deixa curar esses cortes, OK?

Ela não gastou mais de cinco minutos para fechar todos os cortes que tinham no rosto de Severo. Ela, já pronta para voltar para o quarto, pousou levemente a mão na barriga de Snape, aonde deveria ficar o estômago. Ele se contraiu. Ela percebeu. Sentiu a mão umedecer. Era sangue.

- Sev, eu quis dizer TODOS os cortes.

- Não precisa, Rach. Volte para o seu quarto.

Ela o ignorou. Começou a tirar a roupa dele, até que o corte ficasse completamente exposto. Era imenso e profundo. O sangue estava jorrando. Foi até o armário. Procurou uma poção anti-séptica. Não demorou a achá-la. Derramou-a sobre o ferimento. Snape gemeu. Ela fechou o corte em seguida. Perguntou, preocupada.

- Era só esse?

- Só.

- Sev? – Ela olhou tristemente para ele. – Por que você faz isso?

-
Por que eu faço o que?

- Se arriscar. Espionar.

- Como você sab... – Ele franziu a testa. Depois pareceu entender. Aproximou-se dela. – Você se lembra.

- Claro que me lembro. Eu me lembro de tudo que você já me disse. Agora, por favor, responda.

- Foi a forma que eu encontrei de me redimir.

- Mas... – Os olhos dela ficavam cada vez mais tristes. Começaram a se encher de lágrimas. – Você... Quer dizer... Você pode morrer.

- Isso faria alguma diferença? – Ele começava a deixar transparecer tristeza. – Eu tenho alguém para me manter vivo?

- Claro que tem! – Ele ergue a sobrancelha, intrigado. – Quer dizer, todos têm! Ninguém pode ser tão solitário!

- E para quem eu viveria, se a pessoa que mais amei está para se casar com outro, e não há nada que eu possa fazer para mudar isso?

XxXxXxX

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