Água ou Leite
CAPÍTULO IV. ÁGUA OU LEITE?
Ela observava, estática, Snape subindo as escadas, sem conseguir tirar da cabeça o beijo que havia acabado de acontecer. Notava como ele parecia calmo, enquanto ela estava visivelmente perturbada. A concentração dela foi interrompida quando Lupin apareceu nas escadas, na frente de Severo.
- Rachel? Você ainda está aí? Vamos dormir!
Se
ele tivesse chegado há um minuto atrás... Ela nem queria imaginar o que aconteceria... E o pior é que ela estava atordoada! Não sabia o que fazer nem o que falar. Estava se sentindo culpada pelo que acabara de acontecer. Snape parou a sua caminhada em direção ao quarto e ficou observando o casal.
- Rachel?! Acorda!
- Vamos, Rach! Responda ao seu noivo!
- Er... – Os olhos dela caminhavam de Snape para Lupin, incansavelmente. – O... O que você disse, Remo?
- Eu estou te esperando há um tempão! Vamos subir!
- É... Eu... É! Vamos!
Ela olhou para Snape. Agora ele estava com os braços cruzados, olhando diretamente para ela, divertido. Quando os seus olhares se encontraram, ele soltou um beijinho para ela. Rachel corou violentamente. Voltou o olhar para Lupin imediatamente.
- Rachel, você já pegou o seu leite?
- “Leite”, Rach? – Severo passou a olhar Lupin – Sabe que se a sua noiva não fosse tão sensata eu iria acabar dando “leite” para ela! Eu até tentei, mas ela pareceu se contentar apenas com a “água”! – Severo falou num tom carregado de ironia.
Lupin olhou para Snape, que ria, sarcástico. Tentou entender alguma coisa. Olhou para Rachel em seguida, que estava muito vermelha.
- Na verdade, Sev, eu nem queria a “água”.
- Ah, mas você pareceu ter gostado muito da “água”.
- Sev, por Merlin, vá dormir! – Rachel falou, impaciente.
- Tudo bem! Mas só porque você está me pedindo. – Ele voltou-se para Remo – Boa noite, Lupin! Se precisar de uma poção para dores de cabeça no meio da noite, pode passar lá no quarto e pegar... Ou melhor! Mande a sua noiva pegá-la no meu quarto. – Se virou para Rachel – Um beijo, Rach!
E voltou a fazer o caminho em direção ao quarto. Rachel estava com ódio dela mesma... E dele! Mas como ela tinha deixado aquele beijo acontecer? E que beijo... Balançou a cabeça, em negação. Precisava tirar aquele beijo da memória! Nem percebeu quando Remo se aproximou dela.
- Você não respondeu. Já bebeu o leite?
- Graças a Merlin, não.
- O que?
- Hã?... Nada! Er... Eu acho que perdi a vontade! – Ela olhou para o caminho que levava ao quarto de Snape. Lupin percebeu. – É! Eu definitivamente perdi a vontade!
- Posso saber o que aconteceu aqui?
- Hã?... Como? – Ela olhou os olhos do noivo. Viu um Lupin impaciente e nervoso. – Er... Nada! Pelo menos, nada importante.
- Vamos para o quarto.
Assim que entrou no quarto, Rachel tirou o robe e se enfiou na cama, rezando para que Lupin não fizesse mais nenhuma pergunta. Ela estava cansada... Não queria responder a nada... Não tinha certeza se conseguiria mentir... Ou omitir.
Ele também se deitou. A envolveu em seus braços. Beijou o pescoço dela e sussurrou.
- E agora? Você vai me contar o que aconteceu?
Ela suspirou. Voltou-se para ele.
- Eu já disse que nada de importante aconteceu!
- E o que de não importante aconteceu?
- O Sev chegou aqui todo machucado. Eu cuidei dele. Só isso.
- E por que será que esse “só isso” não me convenceu?
- Não faço idéia. Talvez porque você esteja passando por uma onda de ciúme patológico ultimamente. – ela tentou controlar o tom de voz.
- E eu tenho razão? – Lupin estava desconfiado. Ela não respondeu. – Que conversa foi aquela agora?
- Que conversa? – Ela perguntou impacientemente.
- A da água e do leite.
- O que você acha que foi?
- Eu espero que ele tenha te dado um copo d’água. E só.
- Bingo!
- Mas e o tom de voz dele? – Lupin ainda insistia Rachel levantou a sobrancelha. – Era sarcástico.
- Se você ainda não percebeu, ele SEMPRE é sarcástico!
- Mas “água” e “leite” pareciam ter outro sentido...
- E qual sentido seria?
- Eu não sei... Espero que tenha sido apenas o sentido literal, como eu disse.
- Então, acredite nisso.
Ela quis pôr o assunto por encerrado. Virou-se e cobriu-se novamente. Lupin carinhosamente a virou e encostou os seus lábios nos dela. Por um momento, ela pensou que fosse Severo... Ela desejou que fosse Severo... Mas o beijo não tinha o mesmo gosto... Logo voltou ao mundo real. Desviou o rosto. Remo suspirou.
- O que você está fazendo? – perguntou Rachel.
- Retomando o que nós paramos quando você saiu para beber leite, ou tomar água, ou seja lá o que você tenha feito. – Ele não tinha soado rude. Na verdade, a frase soou até divertida. Ele voltou a beijá-la. Ela, mais uma vez, virou o rosto. – Mas o há de errado com você?!
- Eu não quero!
- Por que não? Rachel, o que diabos você está acontecendo?
- Quantas vezes eu vou ter que te dizer que não está acontecendo nada!... Importante.
- Milhares! Milhões! Por que eu SIMPLESMENTE não acredito!
- Você também tem seus segredos!
- Não é nada grave!
- Eu já disse que o meu segredo não é grave!
- Então um relação torpe com um professor de poções não é um segredo grave?!
- E quem te disse que eu tive uma “relação torpe” com o Snape?!
- E o que mais eu posso imaginar?
- NÃO IMAGINE!
- Não imaginaria se a personagem principal dessa história não fosse a MINHA noiva!
Nesse momento, Rachel se levantou da cama bruscamente. Lupin a acompanhou. Ela começou a andar de um lado para o outro, xingando baixo. Voltou-se para o noivo, com os olhos marejados, como se suplicassem por uma trégua.
- Remo, eu estou muito cansada! Por favor, me deixe dormir! Nós conversaremos amanhã. Eu prometo!
- Não! Eu quero saber da história toda hoje!
- AHHHHH! MAS QUE HISTÓRIA?!
- E voltamos ao ponto de partida! VOCÊ e SNAPE!
Ela respirou fundo. Decidiu ceder. Sentou-se numa poltrona confortável. Fez sinal para que ele se sentasse na outra poltrona, ao lado da dela.
- O que você quer saber, exatamente?
- Se vocês já estiveram juntos.
- Já. Por um ano. Chegamos até a morar juntos. Satisfeito?
- Não. – disse Lupin. Ela suspirou. Massageou a nuca, mostrando cansaço. – Você o amava?
- Remo, tem certeza que quer saber de tudo?
- Tenho.
- OK! A resposta é sim. Eu amei muito o Snape.
- E quando acabou?
- Na verdade, nunca chegamos a terminar. Eu tive que ir para a Suíça e pronto.
- Eu queria que você me contasse tudo... Tudo que você passou com ele.
- Tem certeza?
- Já disse que sim.
- Então tá. Vou contar tudo! – Ela cedeu, cansada demais para argumentar –Tudo começou...
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