Estranho? Só para você
Cap 9: Estranho? Só para você!
Dill não conseguiu fazer nada ao ver os dois pombinhos trocando carícias quase proibidas para as suas idades, já Greg, se recuperou logo do susto e colocou a mão no queixo.
- Hem hem – ele fez a tossidinha que Harry e Jack morriam de medo. A seguir aconteceram um monte de coisas que com certeza não iriam acontecer sozinhas: Jack Potter tirou a mão de dentro da blusa de Cat Chang, a garota coreana parou de apalpar a bunda dele, e os dois se desgrudaram com uma expressão de total susto.
- Greg! Cara, que bacana te ver por aqui... e com a Dill! Oi, minha ruiva! – olhar de quem encontra os dois em um corredor, e não todo descabelado, suado e literalmente, “chupado” no pescoço.
- Err... Jack, você e essa aí...
- A Cat?! Aaah, a Cat já tava de saída, não é Cat?!
- Na verdade... – ela ia começando a falar com aquela sua voz de superioridade, tentando colocar de volta a alça do sutiã.
- É, já sim! Vai! – ele a empurra de uma vez para a porta e a fecha. Os três ficam sozinhos na enorme sala sem janelas de onde entrava vários raios de luz e muito vento. As corujas também pareciam querer saber o que estava acontecendo.
- Olha, Dill, não é o que você está pensando, ta?
- É mesmo. E no
- Bem, que eu e a Cat estávamos nos pegando, tendo um caso as escondidas ou... – ele ia ajeitando as roupas amassadas e quase tiradas enquanto falava, mas não terminou.
- Ei, eu não quero saber o que você estava fazendo com aquela ali. Você faz o que bem entender com quem quiser. Mas é bem estranho te ver se agarrando com ela, depois de ter dado um baita fora nela, na frente de toda a escola.
- Você, hum, não se importa mesmo?
- Não muito. Já terminou, Greg?!
- Já, acho que sim. – ele estava colocando a carta na pata de uma coruja negra enquanto os dois discutiam.
- Ótimo, então vamos logo tomar café e sair daqui.
Sem dar nem mais uma olhada para nada, ela sai pisando forte. Realmente não havia se importado de ver os dois ali, juntos, no meio de uma cena mais que imprópria, mas os princípios dela falavam mais alto: Jack havia mentido para ela e para todos sobre seu relacionamento com aquela gueixa safada. (NB: q desrespeito contra as gueixas...)
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- Eles o quê? – grito histérico de Mel nos ouvidos de Dill e Pen. As três garotas estavam sentadas em um dos muitos cubículos particulares da biblioteca da escola, e ao invés de estarem estudando após o café, estavam discutindo o flagra que a ruiva falsa vira.
- Ai! Nossa, será que dá de você ser um pouco menos histérica?! Meus ouvidos não são descartáveis, não!
- Dill, por favor, você tem certeza do que viu? Você não pode sair por aí falando essas coisas, sabe? – Pen se preocupando com a veracidade dos fatos relatados pela amiga.
- Claro que eu tenho certeza, né, Pen? Eu tenho cara de quem fica falando uma coisa dessas por aí? Eu não sou fofoqueira, pô. Eu só fiquei meio bolada porque ele deu o maior fora nela naquele dia na mesa, quando foi hoje tava lá se esfregando com ela, e depois tratou ela mal, de novo. Bem, eu simplesmente não sei o porquê de ela ainda ficar com ele.
- Tem garotas que gostam disso, Dill. Não é bem gostar, é não se importar, desde que sempre consigam agarrar caras como o Jack. A Cat, a Tiffany e a Karol, bem, as três são desse jeito, grudentas e sem amor próprio.
- É, né. E depois o Jack ainda quis me inventar uma desculpa qualquer para justificar aquilo. E ficou todo curioso se eu havia me importado.
- Mas você logo o cortou, não é?
- Claro.
- E o Greg não tentou ajudá-lo?
- Não, ficou quieto, e até demais. Por quê?
- Nada. É que, geralmente, eles dois se ajudam em tudo, sabe? Mas, bem, deixa quieto. Se o Jack quer esconder de todos que ta ficando com aquela vadiazinha, é porque não deve ser nada demais mesmo. É, esquece. Agora, vocês conseguiram fazer os deveres de Herbologia?
Apesar da cara estranha que Mel fez ao falar do caso, as três continuaram, normalmente, a estudar, afinal a pilha de deveres não estava nada bonita.
**************
Quatro adolescentes estavam conversando no pé da escada que dava para a entrada e saída da escola. Três já se conheciam desde o início da semana, o outro foi apresentado a Den no meio da conversa: era o mesmo grifinório que estava com Mel a alguns dias e perguntara se Jack e Greg haviam pego detenção. Ele se apresentara como Charlie Masefield, e segundo os outros dois, era o locutor dos jogos da escola.
- Greg, como você deixou ela me ver daquele jeito! – Jack com raiva.
- Eu? Eu não tenho nada com isso, Jack. Eu não tenho culpa se você foi inventar de se agarrar com a Chang hoje justo no Corujal. Não era lá nas estufas que vocês iriam ficar?
- Era, mas não deu muito certo porque a Professora Abbot estava lá sei lá para o quê, mexendo em algumas plantas sozinhas. Então o jeito foi seguir para lá, já que no resto do castelo poderia aparecer o Pirraça. Droga, por que justo hoje?
- Jack, não adianta chorar em cima da poção derramada. Agora o que você vai ter de fazer é agir com naturalidade, e até, se puder, conversar com ela sobre o que aconteceu, aliás, com todas, já que sei que vocês todos sabem que ela não vai ficar calada, e contar tudo às amigas. – Masefield dando sua aguçada opinião.
Enquanto ele falava, o piercing que Den deduzia que todas as garotas da escola amavam descia para cima e para baixo, os olhos dele, cor de mel, fixavam o olhar nos olhos verdes de Jack, mas ele pode notar que de vez em quando também focavam as garotas que passavam atrás dele, pelo portão aberto. “Esse cara também entendia muito de mulher!”
- É, realmente. Mas, Jack, corrija-me se eu estiver enganado, o motivo para tanto fuzuê é só por causa da Dill ter visto? Ou tem outro além desse? – Den olhando para os lados, como quem não está nem aí.
- Bem, bem, Den. O problema é justamente este: ela viu.
- Ela? Então, quer dizer que você...
- É! Isso mesmo! Eu quero. Você se importa?
- De você querer ficar com a Dill? Fala sério, que é isso, eu não tenho nada a ver com isso, vai lá!
- Ah, que bom. Valeu, bro. Então, posso contar com você?
- Até que pode. E vai ser bem divertido te ver tentar. – ele dá um sorriso de lado e sai deixando os garotos rindo juntos da cara de Jack.
**************
Os seis se reuniram novamente para tentar almoçar, e nem parecia que havia tido alguma confusão pela manhã, Severo e Jacob os observavam de longe na mesa dos professores. Os outros almoçavam possivelmente em casa, com as famílias, já que agora nos fins de semana tinham permissão de sair da escola, Harry era um desses casos.
- E então, Jacob, Pen tem se comportado bem?
- Claro, claro. Ela realmente tem aquela voz interior. Logo de cara percebi que era uma verdadeira vidente. Mas por que está me perguntando dela? Pensei que quisesse saber de Dill!
- Oras, seu professorzinho sem papas na língua. Tudo o que quero saber sobre minha filha eu sei através de Harry. E ele tem me dito que ela e o senhor Denis estão indo muito bem.
- Sei, sei. E a mãe dela, já escreveu?
- Não. – suspiro. – Mas isso não me surpreende. Ela deve estar adiando essa primeira carta porque não quer mostrar a si mesma que a filha não está lá.
- Nossa, bela suposição! Desde quando é psicanalista?
- Desde que conheci minha mulher. – ele responde não se importando da piadinha do amigo. Ele podia ver o rosto de Cris pelo da filha.
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Eles resolveram que iriam passar a tarde conversando, mas não foi bem assim: Pen, como sempre, a cdf, quis ir tentar fazer alguns deveres restantes e arrastou Den pela coleirinha. Mel e Greg tinham alguns relatórios de monitor para fazerem juntos e foram para a sala dos professores, sobrando assim de desocupados e fanfarrões só Dill e Jack.
- Vamos lá para fora. – o garoto sugeriu. A garota não tinha nenhuma objeção de ir passear pela lama, então foram andando, com os cachecóis a balançar por causa do vento.
Eles seguiam sem direção certa, andando só por andar e conversando coisas mínimas. Para Jack a legilimente estava ainda incomodada com o episódio da manhã, então resolveu tentar o que Charlie havia falado.
- Sabe, Dill, eu não quero que você pense que eu sou um idiota.
Ela pareceu sair de um transe em que só olhava para as torres do castelo e começou a focar, interessada, o garoto.
- Eu não te acho um idiota. Não por aquilo.
- Que bom! Então, por que você...
- Te acho um idiota por tratar aquela garota daquele jeito.
- Dill... – ele ficou meio sem ação depois dessa. – Eu sei, mas você sabe. Eu gosto dela, mas não daquele jeito. Eu só fico com a Cat porque ela é...
- Fácil?
-É, por assim dizer. Escute... – ele se aproximou dela. Eles já estavam perto do estádio de Quadribol e dava de se ouvir os gritos dos novos jogadores do time da Corvinal tentando ter o seu primeiro treino do semestre. Ele não podia deixar que ela o intimidasse, não naquela hora. Era preciso uma jogada de mestre. – Não é só porque eu trato a Cat daquele jeito, que eu trato todas assim. Ela é, bem, só diversão. Mas com certeza, quando eu achar a garota certa, a garota, eu vou mudar.
- Bem, então vamos torcer para que você a ache logo, não? – ela com um sorriso que o deixou mais hipnotizado pelos seus lábios.
- É, com certeza. E se eu disser que já a encontrei? – ele respira um pouco mais rápido, eufórico com a deixa da garota. Ele começou a inclinar a cabeça, a querer abraçá-la. Quando ele só podia ver a boca vermelha dela, ele olhou para frente, e no impulso, a derrubou para o lado.
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- Olha a póla!
- Você ta pensando o que, seu filho-de-uma-polonesa! O estádio é para lá!- Jack começa a gritar com alguém após se levantar. Dill, ainda meio atordoada, levanta e vê alguns garotos e garotas montados em vassouras sobrevoando os dois a risadas. O mais perto deles foi o insultado por Jack, e agora estava de frente para ele.
- O que focê acha que disse? – ele pergunta com um forte sotaque. Era moreno, um nariz muito acentuado, pior até do que o de Snape, mas era muito forte e da mesma altura de Jack, e o azul dos olhos dele contrastava infinitamente bem com o preto dos cabelos lisos e da sobrancelha.
- O que você ouviu, Poldeck. Será que agora o seu cabelo ta te impedindo até de ouvir? O. Estádio. É. Para. Lá!
- Eu ouvi dirreito sim, Potter. E aliás, também vi, e muito pem, o que focê estava prestes a fazer, ãn? Que ponitinho, já tentando agarrar a filha do diretor! Cadê o Snape uma horrra dessas, ãn? – enquanto ele falava, o resto dos Corvinais se matavam de rir. A maioria, Dill reparou, eram garotos, e dois deles se pareciam com o que falava, mas havia duas meninas também, que não estavam achando muito graça, só abanavam a cabeça.
- Olha aqui, o que estávamos fazendo ou não, não é da sua conta, agora por que vocês não vão continuar com a vida de vocês e nos deixam, seus cdf’s! – ela cospe de uma vez. Poldeck, se virou para ela, mais sério e falou.
- Olá, senhorita. Não pense que estou aqui para lhe incomodar, estou aqui apenas para lhe avisar, que este cara não pressta! – e apontou Jack que lhe fuzilava com os olhos.
- Cale a boca! – ele ordenou.
- E mantenha-se longe dele, porque pode ser só mais uma na lista dele e...
- Agora chega! Eu te pego, seu... – ele estava andando em direção ao polonês com a varinha na mão. Poldeck já havia pegado a sua também, mas alguma força invisível não deixou Jack continuar. Alguém vinha atrás deles, a passos largos. E eis que Rod Foster aparece com cara de mal.
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- Jack! Ian! Vocês estão querendo ser punidos?
- Rod, chega para lá, isso não é da sua conta.
- Aham, claro. Como também não foi da minha conta ano passado quando vocês dois quase acabaram com a ala de feitiços, tentando se matar? – ele pergunta irônico.
- Rrrod, por fafor, manda esse idiotaa...
- Eu vou matarele para a detenção! E para um curso de inglês intensivo! – o garoto tentava se livrar do feitiço em vão. Ian ficou mais vermelho que já estava.
- Ian, volta para o estádio com o time, depois vamos ter uma conversa e se isso for verdade, não quero nem pensar no que vou fazer com você. Vão!
O time levantou lama com o vôo e Ian ainda deu uma piscadela para a ruiva. Rod, com um aceno da varinha, fez Jack se soltar.
- Qual é. É a segunda vez esse ano, e só estamos na segunda semana de aulas!
- Você sabe muito bem que tudo é culpa dele. – Jack, tentando se recompor.
- Sei, sei. Passa na minha sala mais tarde para falarmos sobre isso, ta? E você... – ele se vira para Dill que só assistia a tudo, achando muito engraçado. - ... Dill, não é? Amiga da minha prima?
- Sim, sou! Prazer. Ela fala muito bem de você!
- Digo o mesmo de você! – eles se cumprimentam com um aperto de mãos. – Agora, se puder me fazer um favor, leva o Jack direitinho para dentro e não deixa mais ele rosnar para ninguém, falou?
- Falou! – ela adorou olhar nos olhos do garoto e só ver coisa boa.
Eles seguiram para dentro. Afinal, já era um pouco tarde, e os amigos já deveriam estar desocupados.
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A noite chegara e eles resolveram só ir conversar um pouco ao pé da escada principal. Pen, com uma xícara de chá, ouvia no colo de Den a discussão de Jack e a participação de Rod. O loiro não gostou muito dessa parte, e não pôde deixar de reparar na garota ao ouvir sobre o primo, mas ele não queria brigar de novo.
Mas quem parecia mais interessada era Mel, até porque Jack estava deitado com a cabeça apoiada nas pernas da garota. Ela, por sua vez, acariciava o cabelo dele.
- Não, por que você começou a discutir com ele?
- Não foi culpa minha! Se eu não fosse bom o bastante no reflexo, uma hora dessa eu e Dill estaríamos sem orelhas, na ala hospitalar, ta?
- Não fale uma coisa dessas! – Pen, se assustando só de pensar. – Bem que eu senti algo estranho hoje a tarde, não foi Den?
- Foi. Mas eu achava quer era só frescura sua mesmo. – todos começaram a rir.
- Cara, mas da próxima, vocês podem se ferrar com o Rod. O melhor é não dar trela para ele. – Greg, coçando o queixo.
- Ele só fez aquilo porque acha que eu sou o culpado por vocês terminarem, não é Mel? Então, vê se dá um toque para ele, sim?
- Eu não quero falar com ele. Ele está um porre desde que eu dei um pé na bunda dele. Não vou falar com ele, não. Deixa que depois ele esquece.
- Você falou a mesma coisa no meio do ano passado. Mas até agora, ele não se tocou! Se você não quer me ver expulso da escola, então faz alguma coisa, caramba! – e ele se estressou.
- Jack, você não consegue segurar o trampo de um ex da sua prima? Fala sério! Então é por isso que ele te chamou de galinha, foi? – ela, com cara de riso. Agora que entendia o que o polonês tinha contra o amigo.
- Foi! Ele acha que eu e a Mel temos alguma coisa! Vê se pode! Nós somos primos. Ter alguma coisa é quase uma blasfêmia, nós somos quase irmãos, criados juntos desde o nascimento e tal. Só na cabeça insana dele nós temos alguma coisa. Não é, Mel?
- É, é.
Dill não sentiu muita firmeza na resposta e no olhar que a garota fazia ao alisar os cabelos do primo. Ela, imediatamente olhou para os outros brasileiros que lhe passaram a impressão de ter reparado a mesma coisa, e Greg deu uma tossidinha nervosa.
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Eles foram dormir já que não tinham nada para fazer mesmo e Pirraça tinha começado a querer infernizá-los se eles continuassem no lugar em que estavam. Infelizmente, para Pen, quando ela chegou ao quarto, Cat e Tiffany ainda estavam acordadas, passando uma na outra uma espécie de creme marrom que cheirava mal à beça.
- Ai, olha a minha orelha, Tiff!
- Desculpa, amiga!
- Ah, olha só quem chega uma hora dessas! A namoradinha do loiro! – elas começam a debochar da cara de Pen. Ela, por sua vez, finge que nem ouviu as duas e vai direto para a cama, se preparar para dormir.
- Ah, mas ela acha que pode nos ignorar, Cat!
- Deixa ela, Tiff. Deixa ela... – Pen segue para o banheiro ouvindo essa deixa da garota. Ela se sentiu mal, momentaneamente e por pouco não escorrega no chão de pedra. Quando conseguiu focalizar a sua imagem no espelho, não sabia o porquê, mas achava que o próximo dia seria ao mesmo tempo alegre e conflituoso.
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Dill acordou com o sol batendo no seu rosto, mas mesmo assim ela ouvia a chuva lá fora e sentia, incomumente, um cheiro de molhado. Quando abriu os olhos e se sentou para se espreguiçar, deu de cara com uma coruja marrom, olhando-a autoritariamente. Era Mr. Bronw, todo molhado, com uma carta no bico.
- Ei, o que você ta fazendo aqui? A Pen estuda na Sonsa! Ai, você ta todo molhado! – ela foi chegando perto da coruja, mas ao invés dela sair de perto da garota, ele começou a pular em direção a ela com a carta. Ela percebeu então que o nome do remetente estava “Dill Andrade”, em uma letra que ela tão bem conhecia. Com a mão já tremendo de felicidade, ela pegou a carta, rasgou e começou a ler. A coruja deu um pio como que dizendo ‘meu dever está cumprido’ e se retirou. Ela mal podia não sorrir.
Desculpe se não lhe escrevi logo. Depois que você se foi, bem, eu procurei me manter o mais afastada de casa o possível para não poder lembrar que você não estava aqui. Eu trabalhei uns quatro dias seguidos, depois dormir um inteiro, e por fim acordei e percebi que já era fim de semana e você não estava aqui, comigo. Então chorei e agora estou te escrevendo. Imagine, eu, sentada no chão da sala, com um enorme pote de sorvete de um lado e no outro a caneta, com papel e envelope. Não sabia nem como começar....
Você está bem? Está comendo direito? Está com frio? Já fez amigos? Já ficou com algum garoto? Eu não sei... mas é bom perguntar, não é? Às vezes você é muito rápida! Não que eu não goste disso, mas, seu pai, sabe como é, né? Ele já ouviu muito a respeito de seus namorados. Desde o seu primeiro, que eu nem me lembro mais o nome, e duvido que você se lembre também, ele sabe de tudo. Tudo mesmo. Mas duvido muito que ele pegue no seu pé, ele sabe que você está longe de ouvi-lo, e se ele tentar, pode desrespeitá-lo, diga que eu falei, ok?
Belo começo! Eu já te mandando desrespeitá-lo! Mas eu não posso evitar, é meu instinto de mãe, te conheço bem. Você faria isso mesmo sem eu mandar, não estou certa?
O pai de Den está muito ocupado também, mas eu vejo que ele e a mulher estão mortos de saudades dele como eu. Especialmente a Goreth. Imagine você que até me ligar ela está ligando para perguntar como eu estou e se já te escrevi. Ela é uma graça mesmo.
Os pais de Penny também são ótimos. E são loucos por ela. Ah, eu imagino que se você tivesse crescido com o Sev, nós seríamos parecidos com eles, exceto pela descrição e pelo ar de ingleses. Eles que me perdoem, mas ser brasileiro é mil vezes melhor!
Por favor, não apronte nada, ok? Eu acabei de receber uma carta de Sev, contando o que você fez, e sobre a detenção. Eu sei que a vontade é muita, mas não abuse. Vá com calma, e não fale para o seu pai que eu lhe falei isso!
Por enquanto é só, prometo te escrever sempre que puder, e se lembre que eu te amo muito, e que as cartas demoram mesmo para chegar, afinal estamos separadas por um oceano inteiro! Não pense que eu lhe abandonei, você é a coisa mais perfeita que eu já fiz, nunca a abandonaria por nada.
Beijos da sua mãe.
Ela enxugou uma lágrima do canto dos olhos e correu para se vestir e poder mostrar a carta aos amigos.
****************
Jack e Mel estavam a caminho da saída do Salão comunal, discutindo.
- Por que você não quer falar com ele? Que saco!
- Ele não me ouviria. E por que você não termina com aquela ridícula? Depois eu que fico com idiotas!
- E você fica com idiotas, mas eu não fico arranjando confusão com eles, fico? Eles que vêm atrás de mim!
A porta do retrato se abrira e eles podiam ver que alguém os esperava na frente da saída, mas antes que pudessem falar com ela, alguém chegou por trás que nem um furacão.
- Jack! Mel! Pen! – PAM! A ruiva acabou caindo por cima dos três amigos na frete da entrada ou saída da Grifinória.
- O que diabos é isso, Dill? – Jack com a cara quase que totalmente amassada contra o chão.
- Minha mãe! Ela me escreveu! Não é o máximo?
- É ótimo, Dill, querida. Mas não precisava nos derrubar como um jato americano de última geração! – Mel, por cima de Jack.
- Que nada, apertado que é gostoso! Haha! – ela começou a rir e rolou mais ainda por cima dos três.
- Dill, é exatamente por isso que vim aqui ser esmagada por você, acho! – Pen com um gemido.
- O que houve? – ela faz um esforço para tentar olhar o rosto da amiga que estava debaixo do corpo de Mel.
- Eu... bem, tive um pressentimento ontem à noite, antes de dormir. E tive outro sonho daqueles. – ela falava enquanto os amigos prestavam atenção.
- Sonho daqueles? Do que vocês estão falando?
Então alguém sai de dentro do quadro e acaba tropeçando em cima da pilha de adolescentes. Pelo som do grito, era outra garota.
- Aaah! – chuva de cabelos cor de mel, em cima de Dill.
- Mary? – Mel perguntou ainda com dúvida.
- Mel! Você ta aí? O que raios é isso?
Mary era uma das colegas de quarto de Dill e Mel. Prima de Charlie, a garota era praticamente uma cópia feminina dele, só não possuía um piercing na boca como ele. Além de relativamente bonita, era engraçada e melhor amiga de Mel, por isso Dill até que já a conhecia bem.
- Oi, Mary! Tudo bem? – a ruiva falsa mostrou o rosto com o cabelo todo espalhado, sorrindo muito.
- Só podia ter você no meio, Dill!- a loira sorri. - Mel, preciso falar com você. Aliás, com você e com o Jack. Charlie também. Podemos... sair daqui?
Essa foi a deixa para eles se desenroscarem e seguir cada um para um lado. Dill e Pen foram seguindo para o Corujal, onde a ruiva disse que escreveria uma carta para Cris, depois elas se reuniriam com o resto dos amigos, para “trocarem as figurinhas”, por assim dizer.
*********
- E então, o que você viu? – elas se sentaram no pé de uma das janelas do Corujal, apreciando os raios de sol fracos que entravam. Dill havia acabado de mandar Mr. Bronw de volta ao Brasil com uma carta de tamanho considerável.
- Primeiro, tive umas sensações estranhas, antes de ir me banhar, ontem à noite. Senti que você receberia boas notícias, sabe? Então, quando você apareceu com a carta na mão, nos derrubando e tentando cometer homicídio culposo grupal... – elas riram por um instante. - ... bem, percebi que a outra parte do meu pressentimento também seria verdade. As coisas hoje vão ser conflituosas.
- Conflituosas? Como assim?
- Eu não sei. Só sei que senti isso: conflito, dúvidas, questionamentos.
- Bem, e o seu sonho. Você não entrou em transe e começou a falar de novo, começou?
- Não, não. Só sonhei mesmo, Jacob me deu uns conselhos para tentar controlar esses sonhos conturbados, e felizmente eu os fiz ontem, antes de dormir.
- Então?
- Bem. Sonhei umas coisas estranhas: no início estava tudo bem e tal, sonhava besteiras... então, como no outro, eu fui levada para uma masmorra, suja e escura, e um homem, de capuz, com uma voz estranha, me dizia que estava de olho em mim, que eu deveria dar tudo que ele quisesse, principalmente minhas visões, as visões que eu teria, as mais importantes, as proféticas
Um momento de silêncio enquanto Dill tentava digerir aquela informação.
- Ân? Proféticas? Mas do que esse cara ta falando? - ela não entendeu nada, apesar do esforço.
- Eu não sei! Eu também não sei, Dill! Mas, é aí que está o ponto onde nós podemos tirar alguma coisa: a palavra profética vem de... profecia.
O suspense ficou no ar, mas Dill continuou a não entender. Pen tentou ajudá-la, mas não sem antes dar um suspiro.
- Acho, Dill, que estamos aqui por um motivo a mais, um motivo muito mais importante que somente nossa educação mágica...
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Elas desceram as escadas e acabaram encontrando com Den, que estava com um cacho de bananas na mão.
- O que houve, perguntei para Jack onde vocês estavam, mas ele disse que vocês já vinham e vocês demoraram pra caramba! – ele, de uma só vez.
- Hum... até parece que você se preocupou, né, Den? Tava era comendo banana!
- Vamos, o pessoal ta reunido lá numa sala desocupada. Parece que ta rolando umas paradinhas estranhas. Querem ? – ele pergunta, oferecendo o cacho.
- Estranhas como? Nada pode ser mais estranho do que as coisas que a Pen acabou de me falar! – ela recusa a oferta e Pen só olha de mal jeito.
- O que você falou para ela? – ele pergunta como alguém pergunta do tempo. A quase namorada tenta resumir o que elas conversaram enquanto iam para uma sala desocupada, que logo viram ser a sala de Harry. Eles entraram e de repente a sala ficou quieta. Mas logo que os presentes perceberam que era eles, voltaram a conversar.
- Mas por que será que o Snape deu aquele piti? – Greg pesativo.
- Não ta na cara? Tem alguma coisa rolando, cara. E eles não querem desembuchar nada para ninguém. – Charlie, com Mary a seu lado.
- Aparentemente acho que eles ainda não sabem direito com o que estão lidando, mas ainda é muito secreto. – Mel, tentando elevar o nível de palavreado da conversa.
- Mas é claro que eles já sabem com o que estão lidando, se não o Snape não estaria tão preocupado! E outra, uma coisa que ele não é, é desinformado. Para mim ele já sabe mais do que a gente pensa. Por isso ele ta tão preocupado
Houve um murmúrio de concordância de todos que estavam presentes, até que...
- Caham! Do que diabos vocês tão falando? – foi Dill. Ela e Pen não entenderam nada, e Den comia uma banana sem se importar com nada, só olhava mesmo.
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Depois de caírem na risada, Mary tomou a frente do grupo e começou a relatar.
- Hoje de manhã, eu e Charlie acordamos mais cedo que o normal para tentar botar em prática umas peças para os poloneses que vivem enchendo o Jack. Fomos até um corredor, perto do Salão Comunal da Corvinal, que aparentemente estava deserto. O problema do plano é que o Snape sempre está por lá, junto com o Jacob, já que a sala de ambos fica por perto. Mas nós dois estávamos preparados, tínhamos pegado a capa da invisibilidade do Jack. Não demorou muito e ouvimos passos. Nós apressadamente escondemos as coisas com feitiços e nos cobrimos com a capa, e quem vimos discutindo no meio do corredor? Os senhores Snape, Potter, Mont’ Alverne e Malfoy.
- Malfoy? O Draco estava aqui? – Pen.
- Aham, mas não é muito estranho vê-lo aqui, pelo menos não nos últimos anos. Vocês disseram que já sabiam que Draco é protegido do Severo, é ate um pouco normal vê-lo por aqui e tal, mas de um ano para cá... bem, ele tem aparecido para conversar com esses caras quase que todo dia. – Mel, explicando a estranheza do fato.
- Bem, prosseguindo... eles estavam discutindo, mas aos cochichos... não deu de ouvir tudo, mas era basicamente o seguinte: o Harry perguntava ao Jacob como aquilo era possível, e se os números estavam certos. O cara a seguir falava que ele não era principiante e que tinha quase certeza que tudo correspondia a tudo, e que deveriam seguir depressa. O Malfoy fazia cara de preocupado demais, e o Harry também estava quase para chorar. Só o Snape que continuava impassível. Aí ele se cansou do silêncio e explodiu: disse que eles pareciam fracos, e que não queria saber se estava certo ou não, queria saber se eles iriam logo para dentro do escritório discutir o que realmente importava: o local, e que ele não queria mais eles pensando besteiras. Então eles sumiram no corredor. – ela terminou como se tivesse narrado uma história mais que fantástica. Os brasileiros se olharam exasperados, não entendendo nada.
- E o que vocês estão discutindo? Ta na cara que ele pode ta falando qualquer idiotice administrativa da escola! Meu pai vivia falando desse jeito no celular com os caras lá do hospital... – Den.
- Den, é estranho, pô. Ele não iria falar cochichando de coisas da escola. – Mel.
- E ter uma reunião de trabalho tão cedo, num dia de domingo? Não, isso ta muito escondido!
- É, e não é a primeira vez que a gente ouve eles cochichando por aí. Antes de vocês chegarem, pensávamos que era sobre vocês que eles falavam, mas agora percebemos que não é, porque se não essa “reuniões” teriam acabado. – Greg.
- E nenhum dos caras querem falar nada. Bem, é de se estranhar, sacas? – Jack, como se explicasse tudo.
- Huum... não, não saco. – Dill, teimando.
- Não sacamos. Bem, se vocês já acabaram, eu vou indo. Preciso ler um monte de textos idiotas para as aulas de Oclumência com o dito-cujo do Harry, e pegar mais banana. Vem, Penny. – ele se vira e sai determinado. Penny ainda demora um pouco para se decidir, mas no final vai com ele. Dill foi a única que restou na sala com os três ingleses e os dois americanos.
- Sabe o que é estranho? O Den se preocupar em ler texto! Quer dizer, eu nem sabia que ele sabia ler! – ela tenta quebrar o gelo com a piada, mas não deu muito resultado, só Jack sorriu amarelo. Ela então muda de assunto. – Mas, bem, fala sério. O que eles estariam escondendo? Nada a ver...
- E o que Penny queria lhe falar?
- Um sonho estranho... – e ela começa a falar sobre o que as duas conversaram até a entrada de Den.
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O resto do dia se passou normal, com todos tentando entender as conversas de todos. Mel se mostrou muito interessada no sonho ou pesadelo de Pen, tanto que passou o resto do dia cochichando com a amiga em um canto. O fim de semana passou logo, mas esses rumores de algo errado ainda batucavam na cabeça de todos, menos, aparentemente na de Den, que como sempre se atrasou com Dill para o café, e apareceu com os ouvidos entupidos pelos fones do iPod de última geração.
- Vamos logo. A primeira aula é com o Jacob. – dizendo isso, eles se despedem dos amigos e vão para a sala ao lado da mesa dos professores. Ao abrir a porta de uma vez, sem nem mesmo bater, eles vêem uma cena meio estranha: Harry, Draco e Jacob discutindo em frente à mesa dos professores.
- Não, isso está errado. Dumbledore tentou fazer isso comigo, e acredite, não deu certo! Eu sei como é!
- É para o bem deles, para proteção. O que quer que aquele velho tenha feito com você não é nada comparado ao Severo, ele sabe o que faz. – Draco, se mantendo fiel ao mestre.
Harry se zanga com o modo que o outro tratou do antigo mestre, e dá um soco na mesa, que faz Jacob se sobressaltar. BAM.
- Não fale assim dele. Está certo que errou, e ele próprio reconheceu o erro. Se o Severo se acha superior, não me importa, mas isto está errado!
Draco também bate na mesa. Novo sobressalto de Jacob que só olhava para os dois, preocupado. BAM!
- Ele sabe o que faz. Os tempos são outros, Harry, e a situação também. Estamos falando de alguém do nosso tempo, um traidor.
- Assim como no passado você e ele eram, não, Draco? – eles se fuzilavam com os olhos, pareciam estar prestes a pegar as varinhas quando Jacob percebeu que era melhor parar e olhou para frente. O problema é que os três brasileiros estavam lá, ao invés da porta fechada.
- Garotos! – o francês chama os dois de volta à realidade. Eles olham e vêem.
- Iai, Jacob! Que legal essa reunião aqui, na hora da nossa aula! De que estavam brincando? Desafio para saber quem bate na mesa, olha mais feio e grita mais ao mesmo tempo? Hum.. acho que o Harry ganhou! – Den com graça.
- Que é isso, Den, nós só estávamos discutindo possíveis medidas do... diretor. Bem, acho que temos de ir... – ele começa a ir em direção à porta.
- Minha querida afilhada. – Draco vai abraçar Dill. Ele evitava olhar nos olhos dela, mas mesmo assim ela sentia que ele estava sendo sincero. – Infelizmente não vou poder ficar para conversar, mas só quero saber uma coisa: gostou do presente?
- Com certeza! Adorei! – e ela tira a corrente de dentro do decote das vestes. – Ficou perfeita. Mas por que vai logo? Não quer nos esperar? Acho que vamos ter um horário livre depois do almoço!
- Sinto muito, minha linda, mas preciso mesmo ir. Assuntos no Ministério, você sabe. Mas prometo aparecer logo, ok? Até, e se comportem. – ele pisca o olho para os três. Já não parecia o homem assustador e prepotente daquele dia do Boticário.
- Garotos, será que podem esperar um pouco? Quero só falar com... – e sai andando atrás dos colegas, deixando os três sozinhos na sala.
Os brasileiros sentam-se à mesa de costume.
- É só eu ou tinha um clima pesado rolando por aqui? – Dill.
- Pesado era pouco! Os dois estavam quase para se comerem vivos! Se não tivéssemos entrado, nem quero pensar no que eles teriam feito! – Pen.
- Bem, seja o que for, isso é estranho. Acho que o pessoal estava certo: esses caras estão mesmo aprontando algo. – Den, bastante pensativo.
- É, pelo menos você agora acredita neles... mas, com certeza a gente descobre!
Jacob entra na sala na mesma hora e começa a dar a aula do dia: quiromancia. Mas logo ele chega perto de Pen e fala.
- O que quer que você queira me falar, fale depois da aula, sim?
A garota fica meio espantada e faz sinal positivo: Jacob era mesmo um bom vidente.
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espero q gostem dos capítulos!!!
e perdoem o meus eskecimento...
e q a espera tenha valido a pena!!!
bjos, até o capítulo 10
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