Essencial



Essencial

Se ele se casasse... Não, Draco jamais consideraria essa idéia possível, nem mesmo para afrontar Landerfelt. Pensar em se casar com a filha de Weasley apenas para lucrar alguma coisa fazia-o pensar no que lhe acontecera na Inglaterra. Olhou para a miniatura coloca junto à picareta, na vitrine da loja de Landerfelt, imaginando que os dois objetos nada tinham a ver um com o outro.

Os olhos azuis de Gina Weasley, porém, continuavam fixando-, na pintura. E todo o tempo ele imaginara que aquela deveria ser a esposa de Arthur... Vira o comerciante retirá-la do bolso muitas vezes naqueles últimos meses e admira-la quase com veneração. Ele dizia apenas:

- Essa é a minha Gina.

Esta era uma das raras vezes que Arthur o olhava sem desconfiança. Confiava de certa forma em Draco, mas ainda assim ele podia perceber as investidas que Arthur dava nele, as perguntas desconfiadas e estranhas. Talvez não tão estranhas, mas para trouxas, completamente absurdas. E ele fazia o seu máximo para que fosse assim sua feição.

- Malfoy, ham? – indagou Arthur, tinham acabado de se conhecer e apertavam as mãos.

- Sim. – disse Draco, apertando a mão dele um pouco mais forte.

- Tenho a impressão de que já ouvi esse nome antes... – falou incerto e desconfiado.

- É um nome popular. – deu de ombros.

- Não aqui imagino, mas na Inglaterra porém... vem de lá? – os olhos dele perguntavam algo mais e Draco disfarçava que não entendia.

- Não. – e deu as costas para o senhor. Quando estava na soleira da porta o ouviu murmurar mais uma vez seu sobrenome, e então saiu.


Mas não podia reclamar, dentro de alguns meses Arthur já havia percebido que ele não era comum, não era trouxa, mas evitou comentar, ou falar sobre isso. Por vezes Draco até imaginava que ele soubesse mais do que isso, mas agradeceria eternamente que ele não tivesse avisado a ninguém sobre nada daquilo.

Draco observava a imagem de Gina, imaginando que o artista que a pintara devia ser muito bom. Conseguira captar aquela expressão... Algo de especial que havia nela e que Draco não conseguira ainda entender. Não havia nela aquela beleza artificial que aprendera a conhecer nas mulheres que tinham passado por sua vida. Mas havia algo mais forte, uma coragem interior que a fizera enfrentar Landerfelt e que deixara Draco muito interessado.

Mas o fato era que Weasley fora um homem decente; um dos poucos naquela pequena cidade que conquistara o respeito de Draco, e o mínimo que podia fazer agora, antes de partir, era ter certeza de que Landerfelt não enganaria a filha do bom comerciante, tirando-lhe o que lhe pertencia por direito. Landerfelt já fizera o suficiente por uma semana, imaginou, apertando entre os dedos, no bolso, o comprovante bancário que crescera nos últimos meses. Aquele dinheiro serviria para comprar sua passagem no vapor que deixaria São Francisco rumo a Stika dentro de três dias. Iniciaria o comércio de peles assim que colocasse os pés lá.

No entanto graças a Landerfelt, aquele dinheiro não mais lhe pertencia, bem como seu cavalo. Tudo o que tinha, no momento, eram as roupas que vestia. Cerrou os olhos e ergueu o rosto para chuva que caía. Quando os abriu novamente, lá estava Landerfelt, atrás do balcão, olhando-o e sorrindo. E seus olhares se cruzaram atrás do vidro da janela da frente da loja.

Como ele teria conseguido aquela miniatura? Draco indagava-se. Weasley sempre a matinha consigo... Passara quase um ano tendo sérias crises de febre alta, que iam e vinham e Draco sempre o visitara nesse meio tempo. Fora surpreendente como a saúde do comerciante melhora no último mês. Tanto que o dr. Mendenhall dissera que estava completamente curado. Mas, na manhã de terça-feira, Arthur Weasley fora encontrado morto em sua cama. De repente. E a miniatura que mostrava a pintura de sua filha estava ali, na vitrine da loja de Landerfelt.

- É bem a imagem dela, não? – Draco voltou-se ao som da voz familiar. Havia semanas não via Matt Robinson, seu único amigo. Embora fosse um ou dois anos mais novo, ele crescera na fronteira e Draco ensinara-lhe tudo o que sabia sobre sobrevivência. Ensinara-o várias coisas trouxas, como montar a cavalo, e outras coisas, e embora Matt desconfiasse de algo errado nele, não sabia o que era. – Eu a vi há dois dias, no Forte Sutter. Não sabia que era parente de Weasley. – Nesse momento Gina apareceu na porta da loja para recolher a mala que deixara ali fora. Por milagre, ninguém a havia roubado ainda. Mais uma vez, o olhar penetrante de Draco a seguiu, notando sua figura graciosa e frágil e seus cabelos de um tom avermelhado encantador. Ela também o olhou, mas brevemente, bastando isso, porém, para acelerar-lhe o coração.

- Parece que a viu também... – Matt comentou, rindo, malicioso. Draco imaginava que fora um louco em tentar ajuda-la. A última coisa de que precisava era envolver-se com mais um problema de imigrantes. Era por isso que estava em tal situação.

- O que o traz a cidade Matt? – indagou ao amigo, querendo esquecer o assunto. – Como está sua concessão?

- Ah, está indo... Aliás, é por isso mesmo que vim, para tentar convence-lo a seguir comigo para lá. O que me diz? – Draco encarou-o, vendo nos olhos do amigo o que suas palavras não tinham dito.

- Então, já ouviu falar... – comentou.

- Ouviu falar o quê?

- Sabe muito bem o quê. Toda a cidade está comentando sobre como sou idiota.

- Bem, eu diria que é todo o território que está falando, já que tocou no assunto. Mas não acho que você seja idiota. Eu teria feito o mesmo pelo velho chinês, se tivesse dinheiro. Ah, falando no diabo... – Mei-li saía da loja de Weasley nesse instante, seguindo em direção ao acampamento chinês, nas redondezas da cidade. Ela lançou um breve olhar e um sorriso a Matt. Ele, por sua vez, tirou o chapéu e ficou olhando-a, boquiaberto, até ela sumir na esquina.

- Gosta dela não é? – Draco comentou.

- Sim...

- Sabe muito bem que está procurando encrenca, não?

- Sei, sim. – retornou ele. Draco sorriu.

- Eu sabia que havia um motivo para eu gostar tanto de você. – observou. Mas ao olhar para dentro da loja e ver Landerfelt mais uma vez, observando-os seu sorriso desapareceu. Aconselhou, então:

- Falo sério, Matt. Se pretende cortejar essa garota, é melhor ter muito cuidado.

- Pois eu esperava que você fosse me proteger, amigão! – brincou, recolocando o chapéu.

- Eu não! Vou partir para...

- Você perdeu tudo, não? O dinheiro, o cavalo, tudo. – Matt o interrompeu.

- É perdi. – disse Draco, desviando o olhar.

- Então, não tem mais nada a perder, certo? Vá trabalhar na concessão comigo e, no próximo inverno, estaremos ricos! – disse Matt, levantando os braços de modo expressivo.

- Sinto muito, Matt, mas não estou interessado. – Draco sorriu de leve. Não. Aquele era o jogo que seu pai gostava de jogar, mas não ele. Conseguira uma vida nova ali, deixando o passado pra trás.

- Sabe, não consigo entender seus motivos! – falou Matt, desanimado.

- Todo homem deve fazer sua própria vida, Matt. De seu modo. – Ele tinha bons motivos, sim, mas Matt não os conhecia. Lançou mias um olhar à miniatura na vitrine.

- Então está decidido a seguir para o Alasca?

- Estou sim.

- E como vai...?

- Não sei ainda – Draco o interrompeu. – Tudo o que sei é que, de qualquer maneira, estarei naquele navio.



Estava escurecendo rápido e fazia frio, fazendo com que Gina se lembrasse das baixas temperaturas da Inglaterra. Estava ali, na chuva, diante da sepultura do pai. Sentia-se molhada e fria, mas sabia que tinha motivos para estar ali. Fora tola por pedir aquele dinheiro à Belatrix. Ajoelhou-se, colocando a mão direita sobre a terra encharcada.

- O que estava pensando, papai? – indagou, sem voz. Ele não pensara em nada e esse era o problema, reconhecia. Seu pai fora um sonhador, nada mais. Acreditava no pote de outro que se encontra no fim do arco-íris. Gina levantou-se com dificuldade. Estava exausta e desesperada, mas apenas cerrou os dentes, obrigando-se a não chorar. Olhou para as colinas que se erguiam a pouca distância e depois voltou-se um pouco, para ver os acampamentos dos mineiros. A única rua da cidade de Tinderbox estava enlameada e começando a ficar muito escura com a aproximação da noite. Um dos acampamentos chamou-lhe a atenção. E nele, uma barraca, ao lado da qual um homem estava de pé, na chuva. Não era um mineiro. Mei-li estava certa sobre Draco ser um comerciante de peles que seguia para o norte. Mas ele também era a melhor alternativa para seu plano. Precisava apenas reunir coragem para falar com ele.

O som distante de um violino, provavelmente tocado por algum mineiro com tendências musicais, alertou-a para uma saudade dolorida de casa. O mundo em que se encontrava agora era-lhe estranho sentia-se uma intrusa. Isso ficara bem claro quando falara com Landerfelt. Não gostara do modo como ele olhara para Draco. Quem poderia imaginar o que aquele comerciante seria capaz de fazer para proteger o monopólio que estava disposto a criar para si mesmo? E aquele não era o único perigo. Muitos homens desciam as montanhas todos os dias, vindos das concessões onde buscavam outro, e Gina sabia que eles tinham vindo, nesse dia, apenas para vê-la. Afinal, ela era uma das pouquíssimas mulheres brancas na região. Na verdade, desde que deixara o Forte sutter, dois dias antes, só vira algumas nativas e poucas chinesas. Aquele não era seu lugar, imaginou. Devia estar em casa, com seus irmãos. Eles precisavam delas, confiavam em seus atos, dependiam de seus cuidados desde que a mãe morrera.

Gina conseguira vender o suficiente na loja que para comprar a passagem de volta a São Francisco. Poderia vender a mula e o cavalo e teria dinheiro para hospedar-se lá e comer por um dia. Mas... e depois? Poderia trabalhar numa lavanderia ou em outro local decente até conseguir dinheiro para pagar a Belatrix e comprar a passagem de volta a Inglaterra. Mas isso demoraria meses e não sabia como poderia viver durante esse tempo, numa cidade trouxa. Sabia muito bem, que para quem não tinha dinheiro, restava apenas hospedar-se em locais pouco recomendáveis e não queria faze-lo. Sabia, portanto, que no momento estaria melhor em Tinderbox, onde a memória de seu pai lhe oferecia um ou dois aliados. Tinha um plano e o colocaria em prática.

O somo de um galho se quebrando logo atrás de si a fez voltar-se, assustada.

- Mas o que está fazendo aqui? Na chuva! Está encharcada! – Draco estava dois passos dela. Olhava para seus cabelos colados a cabeça e para seus pés cheios de lama. – Vá para dentro. É perigoso aqui fora! – ele insistiu. Mas Gina ignorou-o, passando o xale molhado pelos ombros, teimosa. Entretanto,começou a caminhar para a barraca dele,onde havia uma pequena fogueira. – Devia estar na casa de Vickery. – ele observou, seguindo-a. – Ele lhe ofereceu uma cama para esta noite, não?

- Ofereceu sim. – Vickery, o advogado, fora de fato um cavalheiro. Percebera que não seria seguro para ela ficar na cabana de seu pai e, embora sua esposa estivesse viajando, não achou impróprio que Gina ficasse sob o mesmo teto que ele por uma noite apenas. Afinal, era advogado do pai dela, um homem em quem Arthur Weasley havia confiado.

- Volte para a Inglaterra, srta. Weasley. – Draco aconselhou., oferecendo a ela seu casaco de pele fina. – Tinderbox não é lugar para uma mulher sozinha. Uma mulher como você. – uma mulher como ela... o que estaria pensando a seu respeito? Concordava com o conselho de Draco, mas por motivos bem diferentes dos dele. Fosse como fosse, ele estava prestes a ter uma grande surpresa.

- Pretendo voltar sim, quando puder. – ela afirmou, aceitando a proteção da pele.

- Ótimo.

- Mas há algo que eu gostaria que fizesse por mim antes.

- Eu? – ele a encarava, os olhos brilhantes refletindo a fogueira. – Bem, seu pai era um amigo e farei qualquer coisa para ajuda-la, mas estou deixando a cidade amanhã e não pretendo voltar. – Como se tivessem vontade própria, os olhos de Draco percorreram-lhe o corpo, mas ele os desviou depressa. Na verdade, era a terceira vez nesse dia que Gina o surpreendia olhando-a desse modo.

- É exatamente por isso que tem de ser o senhor, sr. Malfoy. O senhor e ninguém mais. – Gina puxou a pele mais junto do corpo, consciente de que suas roupas molhadas marcavam cada curva.

- O que, exatamente, vai me pedir, senhorita? – sua voz soou baixa. Gina juntou, então, toda sua coragem e disse:

- Quero que se case comigo.







Olá! Capitulo pequeno eu sei, mas o próximo vai ser maior garanto! (Eu sei porque eu to escrevendo ele e já passou das três páginas que esse deu)
Esse capitulo foi só pra dar mais uma explicação mesmo. Espero que tenham gostado, e muito obrigada pelas coomentários! ;)

Sarah Neves: Comparada as suas? O.O meuu, para! As suas são perfeitas! Mas obrigadao por comentar aqui! ;)
Pati.Leeloo: hahahahha eu também me divirto escrevendo as falas dela! Brigadaa tá?!
Pamela Rizzi: Hahahha brigada! Mas nem é tantaa assim vaai! O pior é que essa lei existiu mesmo, há muito tempo atrás! Muito idiota ele mesmo! ¬¬ odeio também!
Larissa Pratis: ah, então tomara que agora dê uma clareadaa! Não paro não! =] Obrigada pelo coments ;)
rafizita puerta: Eu tbm adoro! hahahhaha Vou continuar sim! =D E continue lendo! ;)


Bom gente, é isso. Espero que tenham gostado desse capitulo, apesar de não ter muita coisa, só mais explicações mesmo! Brigada pelos comentários e continuem lendo! ;)
Beijooss ;


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