A decisão de Ryan



O vento soprava mais frio do que nunca na estação de trem de Hogsmeade. Um grupo de amigos de Sharon haviam se reunido para se despedir dela e a abraçavam alegremente. Doumajyd, Nissenson e MacGilleain também estavam lá, e foram os últimos a se aproximarem:
- Desculpa pelo que aconteceu na festa, Sharon. – pediu Doumajyd, não demonstrando estar exatamente arrependido – Aconteceram muitas coisas antes de você chegar que acabaram naquilo.
- Eu entendo, Chris. Sei que Ryan também é culpado disso. Mas não quero que os dois continuem brigados, vocês não são assim.
Ele ia replicar alguma coisa a respeito, mas Nissenson interviu bem na hora:
- Viemos lhe desejar boa sorte!
- Continue arrasando corações na França, Sharon! – ajudou MacGilleain.
- O mesmo para vocês, rapazes! Digam isso para o Ryan também, ok?
Uma voz anunciando que o trem sairia dentro de pouco tempo fez com que Sharon olhasse em volta preocupada. Os três perceberam quem ela estava procurando, mas não disseram nada, apenas se entreolharam.
- Bom, é melhor eu – começou, mas então avistou alguém.
- SHARON!!!
Mary Ann vinha correndo pela estação e parou diante dela ofegante, se apoiando nos joelhos para conseguir respirar.
- Você veio! – Sharon a abraçou contente – Eu achei que não a veria de novo!
- Sinto muito por estar atrasada, tive que pular os muros do – ela percebeu que o D4 estava ali e parou antes que dissesse uma besteira que eles pudessem usar contra ela depois – E o Hainault?
- Ele não veio. – comentou ela como se não ligasse para isso – Ele realmente é um criança.... Ah, é mesmo! – com um aceno de varinha ela fez uma caixa surgir na frente de Mary, que a apegou antes que ela caísse no chão.
A garota a olhou intrigada e abriu a caixa. Dentro estavam os sapatos que ela havia usado na festa. Surpresa diante daquilo, ela tentou recusar, mas Sharon foi mais rápida:
- A partir de agora, você deve deixá-los a levar a lugares maravilhosos!
Diante da expressão de Bruxa Madrinha de Sharon, Mary aceitou, ainda que um tanto relutante, e disse:
- Eu vou me esforçar para isso!
- Não espero menos de você! Quero poder vê-la novamente algum dia para lhe cobrar! – ela levantou as mãos e deu um adeus geral para todos pelo tempo limitado – Adeus, pessoal! Obrigado por terem vindo! – e embarcou.
Todos foram saindo aos poucos, apenas Mary e os três dragões permanecem na plataforma, para esperarem até o trem partir. Mary tentava encontrá-la entre algumas das janelas que não tinham as cortinas puxadas, quando ouviu Nissenson exclamar:
- Ryan?!
- O que estava fazendo?! – perguntou rispidamente Doumajyd.
- Não o vimos sair do castelo. Que hora você chegou?– comentou MacGilleain.
- Uma hora atrás. – respondeu ele calmamente.
Todos permaneceram o encarando perplexos e então ele acrescentou:
- Eu estava olhando vocês de longe.
- Você é idiota?! – perguntou Mary não agüentando, apertando a caixa que segurava com raiva – Vá atrás dela! Se você realmente gosta dela, deve ir atrás dela onde quer que ela vá! Vai ficar satisfeito só assistindo pela sombra o que ela faz?! Considera-se um homem assim?! Você deveria-
- Eu vou. – ele cortou o sermão dela.
- ...Como? – ela parou, pestanejando sem entender.
- Eu vou para a França também.
Um silêncio imperou entre eles, e MacGilleain foi o primeiro que conseguiu falar:
- Ryan...
- É sério? – perguntou Nissenson não sabendo que reação ter.
- Mary... – ele ficou diante dela – Sabe, eu gosto muito desse seu lado. Essa força toda que você tem e que me falta... Eu finalmente percebi que não posso continuar assim. Obrigado por tudo! – sorrindo, ele lhe deu um beijo na testa – Nunca mude, ok? – e então ele lhe deu as costas e seguiu para o trem.
- ESPERA, RYAN! – ordenou Doumajyd praticamente rosnando, e continuou sem jeito depois que Hainault parou virando-se para ele, impaciente – ...Você realmente vai?
- Sim. – respondeu ele sem pestanejar.
- Por quê?! – exigiu saber o líder do D4 furioso – Por que você nem ao menos nos consultou?!
- Me desculpe... – disse Hainault demonstrando que queria ter feito aquilo, mas não conseguiu, olhando não só para Doumajyd, mas para MacGilleain e Nissenson também.
- Nós não estivemos sempre juntos até agora?! – continuou Doumajyd seguindo até ele com raiva – Por que de repente quer nos deixar?! – ele o pegou pelo casaco, Nissenson e MacGilleain se entreolham e saíram sem que os outros percebessem, enquanto Mary assistia a tudo sem saber o que fazer – Por que você sempre faz as coisas de repente?!
- Chris, sobre a última vez... – Hainault começou, mas ele não o deixou terminar.
- Não importa mais a última vez! – Doumajyd o encarava de uma forma intensa, como se quisesse arrancar alguma parte dele – Você realmente vai, Ryan?!... Fala a verdade! Se você for... eu não terei mais o Ryan por perto! Tudo bem assim?!
- Fique bem, Chris. – respondeu Hainault simplesmente diante da razão egoísta, soltando seu casaco das mãos de Doumajyd e seguindo para o trem.
Doumajyd olhou nervoso para o chão por alguns instantes e então levantou o rosto determinado. Mary podia jurar que se ele não fosse o coração de pedra líder do D4, estaria prestes a chorar quando gritou:
- RYAN! – mais uma vez Hainault parou, mas dessa vez não virando para encarar-lo de frente – Em Paris, se você encontrar algum chato por lá, me avise imediatamente! Nós três aparataremos para lá no mesmo instante para ajudar, entendeu?! Você é um D4! Nunca se esqueça disso!
Hainault virou, dessa vez sorrindo e Mary instantaneamente reconheceu o sorriso que vira na fotografia de Sharon. Então ele disse:
- E como eu poderia esquecer?
O trem apitou avisando que estava saindo. No mesmo instante, MacGilleain e Nissenson voltaram correndo para a plataforma e entregaram algo para Doumajyd que imediatamente o lançou para Hainault. Ele a pegou no ar e Mary conseguiu ver que se tratava de uma maçã. Hainault olhou para a fruta e a jogou mais uma vez no ar, pegando-a em seguida. E parecendo estar imensamente contente, ele se virou pela última vez e embarcou no trem.
O trem começou a se movimentar e da porta de embarque, Hainault ainda acenou, se despedindo deles.
- DÊ O SEU MELHOR, RYAN!!! – berrou Doumajyd começando a correr atrás do trem – SE CUIDA!!! RYAAAN!!! – ele correu até o final da plataforma e continuou rindo e gritando coisas para o amigo, até o trem sumir na curva.
Mary observou aquela cena sem sair do lugar, admirada demais com o que via. Aquele era mesmo o Doumajyd que conhecia? O mesmo Doumajyd que maltratava sem dó os alunos de Hogwarts estava agora, junto com os outros dois D4, acenando alegremente para Hainault que provavelmente nem mais os via ao longe?
Os três se abraçaram, falando alegremente sobre a surpresa que Sharon deveria estar tendo naquele momento, como se fossem um bando de garotos do primário felizes por ganharem um jogo em que deram o seu melhor.
E essa foi a primeira vez que Mary viu o D4 com outros olhos. Eles não eram mais os temíveis Dragões, mas os inseparáveis amigos de infância que seriam capazes de fazer qualquer coisa uns pelos outros.

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