A mãe do Dragão



- Aaaah... como eu pude ser tão idiota?! – ainda choramingava Mary quando os dois sentaram em uma mesa de uma lanchonete, não muito longe do prédio – E mais uma vez eu fui ajudada por você, Ryan... Obrigada.
- Você deveria ser mais cuidadosa, então eu não precisaria ajudá-la tanto.
- Mas como você me encontrou lá?
- Encontrei seu irmão que me disse que você tentaria encontrar algum emprego aqui. Então eu vi você entrando naquele prédio e logo depois as lâmpadas dos postes em frente se quebraram. Imaginei que havia algo errado e entrei.
Mary não conseguia acreditar na própria sorte. Uma sorte imensa diante de tanta coisa ruim que havia acontecido em tão pouco tempo.
- Muito obrigada, de verdade! Eu não sei como eu poderia ter me livrado deles sem uma varinha... eu... – ela não conseguiu mais falar.
Sentia uma vontade imensa de chorar, mas não queria fazer isso. Se chorasse agora, iria perder toda a força que ela havia conseguido reunir para encorajar a sua família. Não podia se deixar derrotar tão facilmente. Então respirou fundo e se concentrou em continuar determinada.
- Por que não falou com o Chris sobre o que aconteceu? – perguntou Hainault, usando um tom um tanto repressor.
- Eu...
- Você pensa que somente vai incomodá-lo com os seus problemas?
- ...mais ou menos...
- Você sabe que é só pedir que ele pode fazer qualquer coisa para você, não é?
- Mas... eu não me sinto bem assim, pedindo ajuda! Não posso envolver os outros nos meus problemas! Vocês são extremamente ricos, então não devem saber como é ter que batalhar para manter as suas coisas como suas!... E eu nem consegui falar direito com ele... Mal consegui me desculpa pelo que aconteceu...
Hainault apoiou o rosto nas mãos e disse da sua maneira calma de sempre:
- Achamos que a mãe do Chris está por trás disso.
Mary o encarou surpresa:
- A mãe dele? Por quê?
- Antes de você declarar guerra contra nós, você não achava que o Chris era um tirano que somente maltratava as pessoas e se divertia com isso?
- Nem você pode negar que ele não era!
- Então, de onde acha que ele tirou essa maneira de agir?
Mary pensou. A irmã de Doumajyd lembrava muito o irmão, com uma personalidade forte e com um ar de poderosa. Mas, pelo pouco que Mary conheceu dela, podia afirmar que ela era uma boa pessoa. Porém, a mãe de Doumajyd, apesar de nunca ter falado com ela, lhe dava medo.
- A senhora Doumajyd tem um coração de ferro, e cuidou para que o Chris fosse da mesma forma. Por isso muitas vezes ele age como se tivesse pleno direito de maltratar as pessoas.
- Eu... eu nunca tinha pensado nisso.
- Quando nós éramos pequenos, a senhora Doumajyd era alguém que existia, mas nunca a víamos. O Chris não se importava muito com isso, por que ele sempre teve a sua irmã. Mas quando ela estava para se formar em Hogwarts, conheceu uma pessoa um pouco parecida com você, Mary.
- Parecida?
- Um sangue-ruim.
- Aahhh...
- Pelo que ficamos sabendo, eles se gostavam muito. Mas a senhora Doumajyd não aprovava aquela relação. Ela queria que a Christy fosse uma grande bruxa e para isso ela deveria encontrar alguém a sua altura. No final, ela conseguiu separar os dois e fez ela se casar com um bruxo que ocupa um grande cargo no Ministério. Com isso, resolveu dois problemas: o do sangue-ruim e a influência que a Christy tinha sobre o irmão. Uma vez que ela estava afastada e o Chris sozinho, a senhora Doumajyd concentrou todos os seus esforços no filho mais novo, para que ele fosse igual a ela e continuasse mantendo a reputação da família Doumajyd.
Um grande redemoinho com essas novas informações girava pela mente de Mary e a fazia esquecer temporariamente dos seus problemas.
Ela nunca havia pensado no porque das atitudes de Doumajyd. Às vezes tinha tanta vontade de socá-lo junto com o seu egoísmo convencido, e de repente ele dizia algo que a fazia esquecer completamente de tudo o que ele já tinha feito. Até agora, ela só havia enxergado as coisas do ponto de vista dela. Ela era quem estava sendo vítima do líder dos Dragões, ela que era ordenada por ele, ela era que se via sempre sem saída a não ser obedecer. Nunca lhe vinha à cabeça tentar entender porque ele agia daquela maneira, e porque era tão difícil para ele, por exemplo, admitir que batera no Kevin por que o garoto falara mal dela.
- Algum suspeito maior que ela, Mary? – perguntou Hainault.
- Eu... não posso acusar a senhora Doumajyd assim, somente com vocês achando que ela está por trás de tudo. Eu sei que só pode ter sido alguém que mandou o diretor me expulsar, alguém com mais poder financeiro do que a família da Vicky... Mesmo depois de você ter me contado tudo isso, eu não posso acusá-la. Eu sou apenas uma sangue-ruim, se esqueceu?... O máximo que eu posso fazer... é jogar farinha na cara dela, sair correndo e me esconder em um buraco pelo resto da vida!
Ele riu do jeito sério como ela falou, mesmo não entendendo de onde vinha aquela idéia da farinha.
- Eu contei tudo isso para que você soubesse quem ela é. Se a senhora Doumajyd não quer que o seu herdeiro cometa o mesmo erro que a sua filha quase cometeu, ela vai fazer de tudo para que isso não aconteça. E nós não sabemos dizer até onde ela pode chegar.
Isso agora fizera Mary escorregar pela cadeira, mais desanimada do que nunca. Não bastava tudo aquilo estar acontecendo, como também agora havia a possibilidade de alguém estar agindo para que elas acontecessem, e também para que ficassem piores.
- Mary?
Ela limitou a olhar para ele.
- Não carregue tudo nas suas costas. Pode contar comigo.
Ela deu um meio sorriso, tentando se mostrar mais animada:
- Obrigada.
- E, principalmente, você pode contar com o Chris.
Ela concordou, suspirando, mas não totalmente certa disso.


***


- Então eles disseram que a grande Kheterin Doumajyd está por trás de tudo o que está acontecendo com a pobre da Mary? – perguntou a professora Karoline para Vicky enquanto as duas trabalhavam em colocar em potes o grande caldeirão de doce recém preparado.
- É... O que acha professora? Será que ela pode estar fazendo uma coisa terrível assim?
- Huuum... Tanto as mães adoráveis como mães terríveis costumam fazer de tudo para que os filhos continuem no caminho que elas acham que é o certo.
Vicky concordou com ela, fechando mais um pote e com um gesto de varinha encantando uma fita para que fizesse um laço em volta dele.
- Eu passei por uma situação muito parecida no passado... – começou a professora já se esquecendo dos potes.
- Eu nem imaginava isso, professora. – comentou Vicky se segurando para não rir, mas sem esquecer do seu trabalho.
- Certa vez eu me apaixonei por um bruxo que tinha uma mãe assim. Nós resolvemos nos casar e decidimos que o melhor seria pedirmos permissão para ela. Mas ela negou, disse que eu era muito simples para alguém como o seu filho e que eu não poderia carregar o nome da família deles.
- E o seu namorado?
- Aquele covarde! Tinha medo da mãe! Por isso eu a enfrentei sozinha e a desafiei!
- E vocês casaram?
A expressão da professora ficou vaga e ela saiu andando pela estufa, falando baixo como se estivesse confessando:
- Antes que eu me desse conta, fui jogada para fora sem piedade... Vicky! – ela virou-se de repente para a garota com uma expressão um tanto apaixonada – Diga para a Mary não desistir! Não importa qual seja o inimigo dela!
- Ok! – concordou ela mais pelo susto do que realmente pelo que a professora dizia.
- Boa menina. – a professora voltou sorrindo para os potes – E a propósito, Vicky, como andam as coisas com o seu Dragão?
Vicky limitou-se a sorrir e a continuar com o que estava fazendo.

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