Tempos Difíceis
- Não a vi na sala comunal. – informou Hainault para Doumajyd assim que o D4 se reuniu para a aula de poções, a última do dia.
- Onde ela pode ter se enfiado? – Doumajyd olhou para o seu caldeirão preocupado.
- Na verdade, tem uma maneira bem simples de encontrá-la. – disse Nissenson, sem tirar a sua concentração da poção que estava preparando – Não sei como vocês dois, os mais interessados nela, não pensam nisso.
- Qual?! – exigiu saber o líder dos Dragões.
- Achem aquela amiga dela. – respondeu ele simplesmente.
- Que amiga? – perguntou Doumajyd parecendo fazer um grande esforço em se lembrar.
- Aquela do namorado que você socou no zoológico. – ajudou MacGilleain.
- Ah, aquela amiga... Simon, ela é da sua casa! Encontre ela!
- É só ir para as estufas. – disse o Dragão da Corvinal revirando os olhos.
- Então vai! – ordenou Doumajyd, puxando Nissenson pela gola das vestes para fora da sala.
- Por que eu?! – protestou ele.
- Eu tenho que ir para Hogsmeade hoje, esqueceu? A velha marcou aquela droga de jantar!
- Mas eu ainda não terminei a minha poção!
- Você sabe fazer ela de olhos fechados! Vai logo!... Vocês dois também!
Hainault e MacGilleain se entreolharam e os seguiram sem reclamar.
***
- Ela foi expulsa de Hogwarts.
- O quê?! – perguntaram os três do D4 juntos.
- Eu também não entendi o que tinha acontecido. A professora Karoline que veio com essa notícia hoje de manhã. Então falei com os meus pais pela lareira, mas eles também não me explicaram direito. Eles disseram que receberam uma advertência do Ministério da Magia e que eles seriam presos se prestassem qualquer outra ajuda para os Weed, uma família de trouxas. Eles também disseram que o pai da Weed foi demitido da empresa que trabalhava e que precisam sair do apartamento em que viviam.
- E você não está triste com isso? – perguntou MacGilleain estranhando a forma com que Vicky meio que sorria contanto aquilo.
- É que... – ela focou o olhar no vaso que enchia de terra adubada para tentar esconder que se sentia envergonhada em falar aquilo – Mesmo sendo meu monitor, é tão difícil encontrar com o Simon durante o período de aulas.
Hainault e MacGilleain lançaram um olhar inquisidor para o amigo que tentou mudar o assunto dizendo:
- Não é muito estranho tudo isso de uma vez só?
- Realmente. – concordou MacGilleain.
- Não acham... – começou Hainault preocupado – Que pode estar acontecendo de novo?
Os outros o encararam confusos.
- O mesmo que aconteceu com a irmã dele. – continuou Hainault.
- Você que dizer que... a mãe do Chris deve estar por trás de tudo isso? – perguntou Nissenson.
Hainault não respondeu, mas estava claro que os outros dois também achavam que essa era a possibilidade mais provável.
***
- Não poderia ser um pouco mais agradável, Christopher? É raro jantarmos juntos.
Doumajyd lançou um olhar frio para a mãe:
- A culpa disso é minha?
A senhora Doumajyd limitou-se a encará-lo de uma maneira reprovadora e continuou o seu jantar.
- Não fui eu quem abandonou o filho aqui e foi morar na América e depois volta querendo que as coisas sejam exatamente da sua maneira! Aliás, já não era para você ter voltado para lá?
Dessa vez sua mãe lhe lançou um olhar furioso e disse de em um tom de acusação:
- Problemas surgiram. Assim que eu resolvê-los por completo, volto para Nova York.
Nessa grande cidade era onde estava localizado o maior centro comercial bruxo da atualidade e onde, é claro, a família Doumajyd mantinha a maioria dos seus negócios.
- Então tomara que consiga resolvê-los o quanto antes!
Ela deu um meio sorriso. Pegou sua taça de vinho e disse antes de beber:
- Eu também espero isso, Christopher.
***
Mary segurava firmemente nas mãos as cartas de cobranças que seu pai havia recebido. Era bem como a sua mãe disse, eles tinha cerca de 35 mil de dívidas e nenhum meio de pagá-las. Ela não entendia como elas haviam chegado a tantas.
Sim, seu pai sempre gostara de corridas de cavalo, mas não era tão tolo ao ponto de gastar todo o sustento da família na sua diversão. Definitivamente ele não faria algo estúpido assim sendo a pessoa que ela conhecia. Mas era fato que ele havia feito, e era isso que ela não conseguia entender.
- O que vamos fazer, Mary? – perguntou Charles suspirando, sentado ao lado dela na mesa.
- Bom... Temos duas semanas até terminar o prazo que nos deram para sair da casa. Por hora, Charles, vamos ter que tentar ganhar dinheiro! Precisamos conseguir reunir uma boa quantia para começarmos a quitar essas dívidas...
- A mamãe disse que vai sair para arranjar um emprego... Talvez eu consiga algo como entregar jornal!
- Isso! – ela tentou animá-lo – Vamos mostrar que os Weed não vão ser derrotados por isso! Tempos difíceis nos ensinam a juntar forças para seguir em frente!
Mary sorria, mas isso já não era tão fácil, exigia um esforço tremendo.
***
- Ela deu um jeito de estragar a esfera! – reclamou Doumajyd para os amigos assim que pisou na ala do D4, depois de voltar da obrigação de jantar com a sua mãe. – Tentei falar com ela o tempo todo, mas-
- Chris, – começou MacGilleain tentando escolher as palavras – achamos que tem um problema sério aqui.
Doumajyd mudou sua expressão de zangado rapidamente para a de preocupado ao perceber que era algo relacionado com Mary, e apressou-se em se reunir aos amigos na mesa:
- O quê? Onde está o Hainault?
- Ele foi para Londres. – informou Nissenson.
- Para Londres?! Fazer o quê?!
- Parece que... a Mary foi expulsa de Hogwarts.
- COMO ASSIM EXPULSA?! – perguntou ele levantando em um pulo, fazendo com que a cadeira em que havia sentado caísse.
Os outros dois levantaram também e o seguraram antes que a idéia de ir falar com o diretor viesse à mente dele.
- Espera, Chris! – disse Nissenson – Antes de qualquer coisa, sente-se e escute o que ficamos sabendo, ok?
Relutante, Doumajyd concordou. Usou a varinha para puxar a cadeira no seu lugar de antes e ouviu tudo o que eles tinham para falar.
- Como aquela idiota conseguiu se ferrar assim?! – exclamou ele por fim.
- Chris, definitivamente foi algo planejado. – disse Nissenson.
- E achamos que sabemos quem fez isso. – acrescentou MacGilleain.
- Quem?! Me diz que eu acabo com ele!
- Isso é o mesmo que aconteceu com a Christy, lembra? – perguntou o Dragão da Lufa-lufa – Quando ela ainda estava em Hogwarts. Nós éramos pequenos e na época não demos muita importância porque não nos atrapalhava em nada. Mas agora está acontecendo o mesmo, não?
Doumajyd pensou por alguns instantes, como se revirasse a mente, um tanto perturbada no momento, a procura de informações daquela época:
- A velha! Foi ela! – ele levantou furioso novamente, e dessa vez os outros dois não conseguiram o segurar – Vou acabar com ela!
Nissenson e MacGilleain se entreolharam. Não poderiam deixar que o amigo tomasse atitudes precipitas, e por isso correram atrás dele.
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