Trinta Mil Galeões



- O quê? – perguntou Christinne tentando entender os resmungos do irmão – No fim, vocês acabaram brigando?!
- Não briguei com ela! – defendeu-se Doumajyd para a pequena figura de sua irmã na esfera.
- Então o encontro duplo falhou... – murmurou ela concentrada, pensando em algo.
- E como você sabia que eu saí com a Weed, Christy?! – perguntou ele de repente se dando conta de que ninguém mais além dos Dragões sabiam daquilo.
- Chris, – começou ela com muita paciência – não percebe que se você não ganhar o coração dela, você cometerá o mesmo erro que eu?
Ele não respondeu, mas ela compreendeu o silêncio dele:
- Você sabe quem é o seu maior inimigo. E sabe o que ela é capaz de fazer...


***


Mal Mary havia voltado para o seu quarto, depois de passar horas tentando consolar, sem grande sucesso, uma Vicky desolada na estufa, quando uma coruja entrou pela janela aberta. A mensageira apenas deixou uma carta cair em cima da sua cama e voltou pelo mesmo caminho que veio. Sem saber quem poderia ser, Mary correu para pegá-la, se jogou na cama e tirou os sapatos de qualquer jeito para não sujar a colcha, começando a ler:


Mary,
Estou mandando essa urgentemente por que acho que você deve saber o mais rápido possível!



Ela reconheceu como sendo da sua mãe aquela letra escrita de uma forma apressada e nervosa:
- Ah, meu Merlin! Mais problemas!


Hoje, a senhora Doumajyd veio aqui em casa! Acredita?! Nós não sabíamos o que fazer quando abrimos a porta e vimos que era ela. Seu irmão saiu desesperado recolhendo as coisas dele jogada pela casa e eu estava com aquela touca florida que uso para fazer doces, sabe? Seu pai ainda estava de pijamas lendo o jornal e correu para se trocar e ficar mais apresentável. Enfim, a senhora DOUMAJYD estava lá, sentada na nossa sala, com dois bruxos mal encarados atrás dela segurando duas maletas e um outro bruxo com um ar mais educado ao seu lado (acho que esse era um secretário dela ou coisa assim). Então ela pediu desculpas por vir nos visitar assim repentinamente, mas que ela tinha um assunto muito sério para tratar conosco. Logo imaginamos que era sobre o seu casamento com Doumajyd.


Mary teve que ler três vezes a palavra ‘casamento’ para conseguir acreditar que sua mãe tinha mesmo escrito aquilo.


Então ela disse para o secretário de um modo muito autoritário: ‘Mostre para eles, Richardson!’ E o secretário fez um gesto para que as maletas com os outros viessem e pousassem em nossa frente. Dá para acreditar? Magia! Mas o melhor veio depois. Com um gesto dela mesma, a senhora Doumajyd fez as maletas se abrirem diante de nossos olhos. A bruxa mais poderosa do mundo usou magia dentro da nossa casa!... E as maletas estavam repletas daquelas moedas brilhantes e douradas de bruxos! Trinta mil delas, como ela mesmo disse! Diante daquilo, seu pai quase enfartou, seu irmão se engasgou e eu olhei para ela imaginando que ela iria dizer ‘Cuide da cerimônia com isso, já que eu sou uma mulher ocupada demais para esses detalhes’... Mas ela não disse isso! O que ouvimos sair da boca dela foi: ‘Em troca desses galeões, eu quero que a filha de vocês pare de importunar o meu filho’. Isso foi inacreditável! E ainda o secretário dela disse: ‘Desculpe pela sinceridade, mas a sua família parece ter problemas financeiros. Então será benéfico para ambas as partes’... Eu simplesmente não conseguia responder. Então a senhora Doumajyd continuou: ‘Como vocês devem saber, Christopher é o herdeiro do maior nome da sociedade mágica e tem um grande futuro a sua frente comandando os negócios da família. Ele não pode deixar-se envolver com essas... coisas pequenas’. Aaah, Mary, deveria ter visto o sorriso cruel que ela deu ao dizer isso. Tudo bem que você é pequena, comparado com outras meninas da sua idade, mas eu entendi muito bem o sentido que ela colocou nesse ‘coisas pequenas’ ao se referir a você! Sem poder me conter mais, eu peguei o pote de farinha do bolo que eu estava preparando e despejei-o inteiro na cabeça dela! Por um momento tudo ficou branco e então os olhos dela apareceram, tão estreitos e assustadores que eu tremi inteira, mas continue firme e disse: ‘Pegue o seu dinheiro e saia da minha casa! Como você se sente quando o seu filho é insultado?! Não é só porque é rica que pode vir aqui e falar da minha Mary dessa forma!’. Então ela saiu indignada, sem dizer mais nenhuma palavra, com aqueles morcegos dela a seguindo fielmente.


- Muito bem, mãe! Mostre para esses arrogantes dos Doumajyd que nós não somos coisas pequenas! – Mary imaginava toda a cena e torcia sozinha, quase pulando na cama.


Depois que ela saiu, eu quase desmaie e seu pai e seu irmão não sabiam o que fazer.
Mas o motivo mais importante dessa carta, Mary, eu ainda não falei. Se você leu bem ali em cima, eu simplesmente joguei farinha na cara da maior bruxa do mundo! PORTANTO TENHA CERTEZA DE SE CASAR COM CHRISTOPHER DOUMAJYD!



- O QUÊ?! – Mary ficou de pé na cama segurando a carta bem firme para poder ler.


VOCÊ DEVE FICAR COM ELE E COM TODA A FORTUNA DELE! NÃO SE ESQUEÇA DISSO! VOCÊ VAI ASSUMIR TODO O CONTROLE DA FAMÍLIA DOUMAJYD!... Trinta galeões... ISSO É MUITO POUCO! NEM PENSE EM SE DEIXAR LEVAR POR ESSA QUANTIA INSIGNIFICANTE!


Mamãe te ama e alimente-se direito!



Mary caiu sentada na cama olhando fixamente para o teto do seu dormitório.
Era completamente inacreditável... Ela precisava conversar seriamente com Doumajyd.


***


Na ala dos D4 no Salão Principal de Hogwarts, os Dragões estavam, como de costume, matando o tempo em que deveriam estar nas aulas. Nissenson lendo um grande livro sobre Poções Modernas, MacGilleain se divertindo em tentar empilhar com magia uma torre torta de cubos coloridos, Hainault lendo uma revista e Doumajyd sentado em sua poltrona olhando de uma maneira um tanto preocupada em direção a janela.
O líder dos Dragões não conseguia tirar do pensamento as palavras da sua irmã: “Se você não ganhar o coração dela, cometerá o mesmo erro que eu!”... Então, em um impulso ele decidiu tomar uma atitude.
No mesmo instante, Hainault jogou longe a revista que estava lendo, que bateu na parede e caiu aberta no chão. E parecendo extremamente irritado, o Dragão da Grifinória se levantou com a intenção de sair da ala.
Porém, quando estava quase na escada, ele parou e retirou algo do bolso. Olhou por um instante para o objeto, como se tentasse lembrar dele e então virou-se para a direção do líder.
Doumajyd, com a sua esfera na mão, estava tentando contatar Mary, mas quando a fumaça ganhou forma por trás do vidro de cristal, a figura que surgiu foi a de Hainault.
- Por que isso está com você, Ryan? – perguntou Doumajyd sem entender, olhando da esfera para o amigo perto das escadas.
- Peguei quando eu estava com a Mary.
- Qua-quando eu falei do encontro com ela... você estava com ela?
- Parece que ela prefere estar mais comigo do que com você, Chris. – disse Ryan de uma forma um tanto grossa, deixando a esfera em cima da mesa e saindo da ala.
Doumajyd permanece paralisado, ainda segurando a esfera, olhando furioso para o lugar onde o amigo estava poucos instantes atrás.
- Ei, Chris, olha isso! – MacGilleain o chamou, segurando nas mãos a revista que Hainault tinha jogado.
Mas o dragão não ouvia mais nada do que acontecia a sua volta.

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