A Fúria do Dragão



Mary e Vicky acharam um banco vago perto da jaula dos Occamis e desabaram nele, as duas exaustas:
- Está sendo difícil, não é mesmo? – perguntou Vicky.
- Eu acho que vou ter um ataque cardíaco! – desabafou Mary – Não sou capaz de dizer quando ele vai explodir, o que parece que vai acontecer a todo o momento quando... – ela iria falar ‘quando esse babaca do Kevin fala’, mas conseguiu parar a tempo – Qua-quando estamos conversando.
Porém, Vicky pareceu ter entendido o que Mary realmente queria ter dito:
- Ele normalmente não é assim! E eu posso assegurar que ele não tem um coração ruim! Ele só...
- Com aquela atitude? – perguntou Mary lhe lançando um olhar de repreensão.
- Olha, quero dizer, é que eu não quero criar uma barreira entre nós, entende? Ele tem confiança em pedir coisas para mim.
– Está na cara que ele só quer o seu dinheiro, Vicky! Não percebe? – diante do silêncio como resposta da amiga, Mary acrescentou – O Doumajyd pode ser um idiota, violento, estourado e burro, mas pelo menos ele faz coisas desse tipo comigo. E se fizesse, pode apostar que ele já estaria morto!
Vicky permaneceu calada, apenas olhando a movimentação das pessoas.
Mary suspirou e disse:
- Desculpa, não posso ficar falando assim quando eu mesma estou saindo hoje com alguém como o Doumajyd... Vem, vamos procurar por eles.


***


- Hei, cara! Espera aí!
Doumajyd ouviu a voz irritante do garoto que estava com eles o chamando assim que saiu do banheiro. Revirando os olhos, nem com a mais remota vontade de falar, ele simplesmente parou e esperou que o outro o alcançasse.
- Eu acabei de encontrar uma garota que eu conheço! – anunciou Kevin todo sorridente quando chegou até ele – Vamos deixar essas meninas e nos encontrar com ela?
- O quê? – Doumajyd não acreditava no que acabara de ouvir.
- Eu disse para ela que estava com um cara ótimo e agora ela está morrendo de vontade de te conhecer!... Ah, certo, você é um pouco devagar para entender, não?
Doumajyd o encarou com um olhar mortal, mas Kevin não percebeu e continuou falando:
- Eu estou com essa Vicky agora, mas falando sério... Ela é sem graça!
- Não estou interessado nos seus problemas! – rosnou Doumajyd recomeçando a andar.
- Hei, não precisa bancar o legal, cara! Vamos nessa! Aliás, fala sério, aquela sua garota também não é sem graça?
Doumajyd paralisou no mesmo instante em que ouviu aquilo e murmurou entre os dentes:
- Sem graça?
- Por isso, – Kevin se aproximou cheio de pose e colocou a mão no ombro dele, ainda falando – eu vou te apresentar garotas melhores e – Kevin não pôde terminar. Quando menos esperava, levou um soco certeiro no nariz que o fez cair de costas no chão – ISSO DÓI, IDIOTA!
Doumajyd não perdeu tempo e o puxou pelas vestes, para poder socá-lo novamente, berrando a cada soco:
- COMO-A-MARY-É-SEM-GRAÇA?! ME DIGA?!
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!
Doumajyd parou instantaneamente ao ouvir a voz distante de Mary e largou um Kevin quase inconsciente no chão, então percebeu que várias pessoas já haviam se reunido a sua volta para saber o que estava acontecendo. Vicky corre para o namorado para ajudá-lo.
- Eu não agüento mais! – disse Doumajyd em defesa ao encontrar o olhar furioso de Mary – Eu vou indo! – e ainda disse para Vicky antes de sair – É melhor você arranjar um namorado melhor, amiga da Weed!
- Acha que vai sair assim?! – perguntou Mary indignada quando ele passou por ela.
- Se essa é a idéia que você tem de um encontro comum, então eu nunca farei de novo! – rosnou ele, nem ao menos olhando para ela, e foi embora pisando furioso.
- O que você fez para o Doumajyd? – perguntou Vicky quase chorando para Kevin enquanto tentava fazer o nariz dele parar de sangrar.
- O que eu poderia ter feito? – respondeu o garoto ainda zonzo - Quem aquele imbecil pensa que é?! Eu só coloquei minha mão no ombro dele!
- Só... só colocou a mão no ombro dele? – perguntou Mary não acreditando que Doumajyd tinha feito aquilo só por causa disso, mas não tendo como negar que seria possível.
- Claro! Ele é louco!... – ele levantou meio cambaleando e ajeitou as vestes – E eu arranjei tempo especialmente para vocês hoje! Porque eu deveria apanhar dele?! – e saiu também parecendo furioso.
- Me desculpe, eu realmente sinto muito! – foi tudo o que Mary conseguiu dizer para ele em meio ao ódio que estava sentido pela reação que Doumajyd tinha tido, mesmo depois de prometer a ela que não faria.
- Onde você vai, Kevin? – perguntou Vicky indo atrás dele.
- Para casa! – gritou o garoto, indicando com um gesto de mão que não queria que ela o seguisse – Estou com muita raiva, droga! Saio para me divertir e acontece isso! Olha o estado do meu nariz! Vê se me dá um tempo! – e foi embora sem dizer mais nada.
Vicky continuou parada no mesmo lugar, olhando desolada para o namorado se afastar.
- Eu... eu sinto muito, Vicky, foi-
- Não é sua culpa, Mary. – disse a garota com uma voz tremida – Tenho certeza que o Kevin fez algo muito errado.
- Eu achava que ele ia se controlar, ele tinha agüentado esse tempo todo!... Vicky?
- Eu... – ela fungou – Eu acho que nós nunca daríamos certo mesmo... – então ela não agüentou mais e caiu no choro, abraçando Mary – Eu quero voltar para o castelo!
E Mary não pôde deixar de culpar Doumajyd pelas lágrimas da amiga.

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