Doumajyd Idiota



- O que você quer? – perguntou Doumajyd assim que entrou de cara fechada na sala.
Mary o chamara para conversar em uma sala que estava vazia no momento. Depois de pensar muito durante a noite, ela já tinha mentalmente preparado tudo o que precisava conversar com o dragão.
- Eu preciso esclarecer algumas coisas. – declarou Mary, não se deixando intimidar pelo tom irritado dele. – Primeiro explique direito o que aconteceu com o namorado da Vicky ontem.
- Isso não interessa! – ele retirou a esfera dela do bolso e colocou em cima de uma carteira – Por que sua esfera não está com você?
Mary ficou sem entender por um instante:
- Não está no meu bolso? – ela procurou pelas vestes.
- E por que não está no seu bolso, Weed?
Apesar de ser muito estranho o fato de que aquela esfera, que sempre estava com ela e tinha um encantamento para não se perder, ter sumido e reaparecido assim, Mary não iria deixar que Doumajyd mudasse a direção do assunto:
- Isso não é importante agora! E eu perguntei primeiro!
- Não é importante... – resmungou Doumajyd a imitando.
- Por que você bateu no namorado da Vicky? Teve algum motivo?
- Não quero falar disso! – disse ele se virando de lado para ela e colocando as mãos no bolso, em uma típica pose de teimoso.
- Você não teve um motivo e mesmo assim bateu nele?
- Bati nele porque estava com raiva! Satisfeita?!
Agora tudo tinha sido confirmado por ele mesmo, então Mary não tinha mais motivo para se segurar:
- Realmente, você é um ser desprezível! Não liga em estragar a felicidade dos outros?! Vicky ainda deve estar chorando por sua causa!
- O que? Eles terminaram? Que bom!
Aquilo foi de mais para Mary. Sem pensar duas vezes, ela avançou e deu um tapa com toda a sua força e raiva no rosto dele. Doumajyd ainda ficou pestanejando por um tempo, não acreditando no que acabara de acontecer, e então berrou:
- POR QUE FEZ ISSO?!
- EU ESTAVA COM RAIVA!
Diante da resposta, Doumajyd permaneceu calado, apenas segurando a bochecha vermelha.
- Mesmo se você estiver irritado deve ter um limite para as suas ações, senhor Doumajyd! Por sua causa, a minha melhor amiga está triste! POR QUE ACHA QUE EU PRECISO DE ALGUM MOTIVO PARA BATER?!
- Ela deveria me agradecer! – o dragão tentou se defender de alguma forma.
- IDIOTA! Nunca vai mudar! Eu achava que você tinha mudado, principalmente depois de ter abolido as Tarjas Vermelhas e parado de maltratar os outros... MAS VOCÊ CONTINUA SENDO HORRÍVEL! – ela respirou fundo, para tentar controlar a raiva que estava sentindo – Saia da minha frente! – e sem dizer mais nada, ela passou por ele para sair da sala.
- Weed! Espera!
- Ah, – ela parou, lembrando de repente de algo – Ontem a sua mãe foi lá em casa!
- O quê?
- Ela queria me oferecer um monte de dinheiro para que eu o deixasse em paz. Por favor, diga para sua querida mãe que ela não precisa mais se preocupar. Eu não tenho mais nada a ver com você! – e saiu, fechando a porta com um estrondo.


***


Mary, em sua fúria, nem se lembrava conscientemente de como chegara à Torre do Desabafo, mas mal reconheceu a janela da sua torre, para onde seus pés a levaram, ela berrou com todas as suas forças:
- DOUMAJYD IDIOOOOOOOTA!!!
Então respirou e fechou os olhos, tentando se acalmar. E com a calma veio o raciocínio da situação:
- ...E eu devo ser uma idiota pior ainda só por ter pensado em acreditar nele...
- Vocês brigaram? – perguntou Ryan Hainault ao seu lado.
Mary já tinha se esquecido de como eram os sustos que ela levava antes por falar coisas sem pensar quando o dragão estava ali ouvindo tudo.
- Na-não foi exatamente uma briga... quer dizer, eu nunca tive nada a ver com ele mesmo para se dizer que nós brigamos... assim, desse jeito... Quero dizer, eu não tenho mais nada a ver com ele!
- Ah, é...
- Ele é o pior! Maltrata os outros sem pensar! Só pensa nele mesmo! Nunca vai mudar! Eu não deveria ter me deixado levar por... – Mary não pôde terminar.
Ele a abraçara de repente, a deixando sem saber o que fazer.
- Por que... – ele começou a sussurrar perto da orelha dela – Até agora, por que eu não me apaixonei por você, Mary?
- O quê? – ela estava chocada demais pela atitude súbita dele para ter qualquer reação – Ryan, o que você...
- Só me deixe ficar assim por mais um minuto, por favor...
Foi então que Mary deixou de pensar na própria surpresa e percebeu pela voz dele que havia algo extremamente errado.
- ...Aconteceu algo? – ela perguntou.
- Me desculpe, Mary.
Ela podia sentir toda a tristeza dele e, sem saber o que fazer, o abraçou também, da mesma maneira que passara o final do dia anterior abraçando e tentando consolar Vicky.
Os dois permaneceram assim, em silêncio. E então Mary esqueceu o que tinha acontecido nos últimos dias, nos últimos meses, desde antes da viajem do seu Cavaleiro de Olhos Frios, quando ela ainda ficava sem ar toda a vez que o via ali naquela torre. Quando Doumajyd ainda era apenas o ditador cruel de Hogwarts e não fazia a mínima idéia de que ela existia ali.
Mas assim que pensou no líder dos Dragões, Mary viu que o próprio estava escorado na porta da torre, olhando com uma calma anormal para a cena. Ela sentiu como se um buraco negro se abrisse em seu estômago e sem pensar duas vezes se soltou do abraço de Hainault, que só então percebeu que o amigo estava ali.
- Então era isso mesmo... – resmungou Doumajyd, de uma maneira que fez Mary gelar, e saiu sem falar mais nada.

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