Novos Namorados
Despistar Harry, Rony e Mione não foi difícil. Para ser exato, não foi nem necessário já que Gina não os viu mais desde o café da manhã. Sendo assim, não houve nenhum problema para chegar ao local combinado, na hora marcada. Mas como no dia anterior, Draco ainda não estava lá...
- Só espero que ele esteja falando serio...- pensou em voz alta enquanto se sentava numa raiz alta da arvore.
Gina deu uma olhada no lugar onde estava. Era totalmente isolado, a árvore ficava na extremidade máxima dos terrenos de Hogwarts. E era enorme e antiga, muito mais do que quando vista da janela do dormitório feminino da grifinória.
Ela temeu que o lugar fosse escuro ou perigoso, mas, ao dar a volta no baobá teve a grata surpresa de que o Sol passava em pequenas porções através da sua copa, mas não atingia o chão diretamente. Era um ambiente agradável, sem dúvida. A garota se perguntava quantos lugares lindos como aquele haveria em Hogwarts.
Um barulho de passos sobre folhas secas despertou Gina do seu devaneio. Era Draco que chegava, bem arrumado e sem as vestes do colégio.
- Ah! – parecia surpreso em vê-la – Você chegou cedo, Weasley!
- Na verdade eu cheguei na hora certa. Você é que se atrasou...
Ele afastou as folhas de uma parte alta da raiz da arvore e se sentou, com cuidado.
- O Potter e aquela namorada dele estavam no meu caminho. – sorriu maldoso – E eu não pude evitar parar para fazer uma piada. É claro que ele...
Teria contado a engraçadíssima piada que tinha feito, mas foi interrompido por uma Gina muito surpresa.
- Que namorada?!
- A Patil, da grifinória. – respondeu displicente – Qual é mesmo o nome dela?
- Parvati?! – ela meneou a cabeça – Mas eles não estão namorando!
Draco a olhou com desconfiança. Será que ela não sabia mesmo ou estava só fazendo tipo?!
- Claro que estão! Essa já é a segunda vez que eu os vejo juntos.
- Como assim juntos?
- Ora! – disse perdendo a paciência - Juntos...juntinhos, colados, abraçados, se amassando...
Malfoy só podia estar brincando, era impossível que Harry estivesse namorando e ela não tivesse ficado sabendo.
- Quando você ficou sabendo disso?
“Ótimo” pensou Draco “Virei uma comadre fofoqueira!” Mas o olhar urgente de Gina o fez continuar contando o que sabia.
- Já estavam comentando há um tempo. E a uns dois dias, eu os vi se beijando...
Gina sentiu as pernas fraquejarem e foi como se todo sangue do seu corpo tivesse esfriado. Essa sensação foi visível porque Draco se assustou, temendo que a garota passasse mal e ele tivesse que leva-la para a enfermaria. Sair por aí carregando uma Weasley não seria nada bom para sua imagem.
- Bom, é melhor eu ir embora porque pelo jeito não vai rolar aula de Poções... – disse preparando-se para levantar.
- Isso é publico? Quero dizer, esse namoro é publico? Ou você ficou sabendo por acidente sei lá...
Ela torcia as mãos parecendo muito nervosa e, se Draco não estava enganado, os olhos dela estavam marejados de lágrimas. “Era o que faltava! Essa garota começar a chorar aqui!”.
- Creio que seja público...Er...Bem público eu acho... – disse tentando ser suave (o que era muito mais difícil do que ele previa) – Quando eu os ví, Potter e seu irmão tinham acabado de sair de um jogo de quadribol e foram abraçar as namoradas. O Potter e a Patil e seu irmão e a aquela sangue ruim.
Gina sabia que Rony e Mione estavam namorando desde as férias, é claro, mas não tinha nem idéia desse envolvimento de Harry e Parvati. E seu irmão sabia, Mione sabia, provavelmente todo mundo sabia e ninguém lhe disse nada... Seu choque era tão grande que ela nem se importou de ouvir a amiga Mione ser chamada de sangue ruim.
- Eu não sabia – disse num fio de voz – Eles tinham me dito que estavam ocupados com um problema...
Achou melhor parar de falar antes que as lágrimas que ela estava lutando para conter saíssem todas de uma vez.
Draco ficou incomodado de ver a garota tão perdida. Apesar de ser uma Weasley, ele achou que aquela não era uma boa hora para fazer um comentário jocoso, embora muitos, muitos mesmo tivessem vindo à sua mente.
- Você não vai chorar não é, Weasley? – perguntou ao ver Gina baixar a cabeça sobre a perna.
Tarde demais, ela já estava soluçando baixinho, sussurrando coisas que ele não estava conseguindo entender. Teve ímpetos de ir embora, mas não podia deixar a garota ali sozinha. “E porque não?!” disse uma voz em sua consciência. Ele ignorou a voz continuou ali, embora ele não soubesse exatamente para que.
- Ora Weasley! – disse impaciente, mexendo os braços por cima dela, como se algo o impedisse de encostar – Não é pra tanto! Você não precisa chorar só porque o Potter arrumou uma namorada!
- Não é só isso! – disse erguendo a cabeça e limpando as lágrimas com as costas das mãos – Ninguém tinha me contado nada! Trataram-me como idiota!
- Mas culpa disso é sua! – Draco falou rispidamente
- Se você ficou aqui pra me ofender devia ter ido embora! – falou em tom decidido, mas ainda com a voz marejada.
Draco deu de ombros, levantou, cruzou os braços e disse com ar fatalista.
- Quando a gente se comporta como idiota é assim que a gente é tratado!
Gina olhou para o sonserino totalmente indignada. Quem ele achava que era para lhe dizer essas coisas? Estava triste, sofrendo e aquele garoto tinha coragem de ficar ali lhe dizendo aquelas coisas rudes. Naquele minuto teve certeza que tudo que diziam de Draco Malfoy era verdade.
- E o que você sugere? – disse rancorosa – Que eu aja como você?
- Não é necessário, e você não conseguiria. Mas parar de chorar na frente das pessoas erradas seria um GRANDE começo...
Malfoy usou um tom ameaçador para terminar essa frase, e Gina se assustou. E se ele saísse contando isso? Seria uma vergonha terrível!
- Você, não vai dizer pra ninguém que eu estive chorando vai?
- Claro que vou! – disse sarcástico – Vou dizer pra todo mundo que quando nos estávamos sozinhos, num lugar isolado, você começou a chorar! Cai na real, Weasley!
Gina não gostou nem um pouco do tom que Malfoy usou, mas se controlou, afinal ele não iria poder dizer nada e isso era o suficiente. Mais calma, ela pousou a cabeça sobre a mão e disse tristemente.
- Eu não entendo porque eles fizeram isso...
- Eu entendo perfeitamente! – disse Draco olhando-a de soslaio – Porque eles acham que você é idiota! Acharam que você ia ter esse ataque histérico quando soubesse. E eles não estavam errados...
Gina deu um suspiro resignado. Não ia discutir, ela concordava com Malfoy, embora fosse deprimente admitir. Ele se aproveitou do silencio da garota para continuar falando.
- Claro que se você perguntar eles vão dizer algo como “Oh! Não queríamos que você se machucasse!”.
- Se foi por isso não adiantou nada...Estou machucada, e me sinto ridícula! Não vou conseguir olhar pra cara deles sem... – ela soluçou alto. – ...sem fazer um papelão desses.
- Então você pretende deixar eles saberem que você ficou “machucada”? – disse Draco confidencial, como se contasse um segredo – Ninguém tem que saber...
Gina olhou para Draco por um instante. Ele estava dando uma boa idéia? O Draco, malvado, frio, chato e ardiloso estava dando um conselho? A garota sorriu timidamente. Era uma ótima idéia, astuta como um sonserino.
- Bem...- Draco apanhou o livro de poções do chão – Você querer ter aulas com o mestre aqui ou prefere continuar discutindo a cor das meias de Potter?
- Decisão difícil! – Gina simulou confusão e logo em seguida sorriu divertida – Vamos logo com isso, eu tenho muita coisa pra aprender e nós já perdemos tempo demais.
Para felicidade dela, Draco não falou mais de Harry durante toda à tarde. E, aliás, ele era bom mesmo em Poções, um ótimo professor. Quando terminaram a aula, cerca de 3 horas mais tarde, a dosagem de Alécio em poções revigorantes já não era mais mistério.
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