Namorados Antigos



Draco passara a tarde mais estranha de sua vida, mas estava satisfeito: tinha descoberto que (aparentemente) Potter não estava por trás daquela historia maluca e que era o melhor aluno e, melhor, ia poder ser superior a uma Weasley todos os dias.

“Ver a Weasley chorando valeu pela tarde perdida!”

Mentira. Odiava ver gente chorando, especialmente mulheres. Quando Gina abaixou a cabeça nas pernas e começou a soluçar foi um deja-vú terrível para Draco, ele já tinha presenciado uma cena como aquela, e não gostava de se lembrar dela. Não, definitivamente, ver Gina chorar não foi um ponto positivo daquela tarde.

E de qualquer modo, não foi uma tarde totalmente perdida. Foi muito mais produtiva do que teria sido se tivesse passado com Crabble e Goyle e suas interessantíssimas conversas monossilábicas. Com certeza, foi muito melhor do que passar a tarde ouvindo detalhes reveladores da vida sexual de Montague, o novo capitão do time da sonserina, que insistia em fazer desse assunto o tópico principal de suas conversas (depois do quadribol, á claro).

“Oblanceloado” e a porta secreta da masmorra se abriu. Era cedo ainda, e Draco pensava no que faria até a hora do jantar.

- Draco Malfoy! – Pansy indo direto ao ponto, como sempre – Onde você esteve a tarde toda?

O louro sentou-se numa grande poltrona escura e observou a garota à sua frente por alguns instantes. Ela já não estava mais com as vestes da escola. Vestia uma saia plissada preta, muito mais curta do que costumava se ver por Hogwarts; uma blusa pink (“Pinky Parkinson” era como algumas amigas a chamavam, tamanha era sua preferência por essa cor) e um sobretudo preto, de tecido leve e gola de pelúcia. A roupa toda deveria ter custado mais que a casa dos Weasley – “O que a casa dos Weasley tem a ver com isso?” questionou-se um pouco surpreso pela associação que tinha feito.

- Estive ocupado. – respondeu com frieza.

Pansy Parkinson era muito popular na sonserina. Tinha um grupo grande de amigas, do qual só estavam excluídas as três que quase “atacaram” Gina (“Aquela Emilia fica olhando quando eu troco de roupa!” – Pansy dizia horrorizada). Mas era ainda mais conhecida pelos rapazes da casa da serpente, especialmente pelos colegas de quadribol de Draco – ela era o que Montague chamaria de “perfeita!”, Derick chamaria de “vadia” (e no caso, isso era um elogio) e Draco...Bem Draco chamava-a de namorada.

Pelas outras casas, a consorte de Draco também era famosa, mas não era o que se pode chamar de popularidade positiva. Os Lufa-Lufa a achavam um tanto quanto agressiva, os Corvinal torciam o nariz para uma garota tão “vulgar”. Na Grifinória, Mione compartilhava dessas duas opiniões e acrescentava a sua: “nojenta!”; Rony diria “gorda” e Harry a achava demasiado bochechuda (alem de todos os outros adjetivos já citados, é claro).

- Espero que essa sua ocupação não use saias. – fosse o que fosse, Pansy não era nada ingênua. Sabia que qualquer garota da Sonserina daria um braço para namorar Draco Malfoy, e ela não iria se descuidar dele nem um por um segundo.

Ela sentou-se no braço da poltrona de Draco e começou a enrolar uma mecha de cabelo no dedo. Olhava para o garoto inquiridora, impaciente por sua resposta.

- Não usa. – mentiu naturalmente – Estava prestando um favor a um amigo, e vou ter que fazer isso todos os dias, durante um tempo.

- Ajudando um amigo todo dia? – ela estendeu o indicador na direção do garoto – Se você pensa que eu vou acreditar nisso está muito enganado! Se eu te pegar com alguma vadia eu juro que...

Tagarela. Pansy também tinha o habito de fala um pouco mais do que devia. E de todos os seus inumeráveis defeitos, esse era o que deixava Draco mais fora do sério.

- Cala a boca, Pansy! – e dizendo isso a puxou pelo braço que estava estendido e tapou-lhe a boca com um beijo. Um beijo tão ríspido e frio quanto às palavras que o antecederam.

Como sempre, as mãos de Draco desceram rapidamente pela cintura da garota que se afastou delicadamente e disse com falso pudor.

- Aqui não!

Draco pegou a namorada pela mão e , desviando de algumas pessoas, subiu com ela a escada que levava a um pequeno mezanino. Era um lugar escuro, com um tapete, um sofá e uma luminária que, convenientemente nunca funcionava. Para esse cantinho iam os casais sonserinos que queriam um pouco de privacidade.

Era sempre ali que acabavam as ”conversas” de Draco e Pansy.

***

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