Aulas Particulares
Passou a manhã inteira sentindo-se idiota. “Que idéia foi aquela?”. Brigou consigo mesma durante a aula de Herbologia. “Correio coruja! Hunf!”. Claro que ele arrumaria um modo de tirar vantagem daquilo; ou nem se daria ao trabalho de responder; ou faria uma piada maldosa.
“Ou tudo isso junto...” pensou enquanto se dirigia a sala comunal da grifinória para guardar seu material e trocar de roupa. Ao seu lado ia Colin, que tagarelava sobre algum feito fantástico de Harry. Em outra situação Gina teria achado o assunto fascinante, mas no momento tinha preocupações demais para dar ouvidos a conversa fiada de Colin. Pensava no que fazer para se livrar dele, quando uma belíssima coruja cinzenta apareceu e começou a esvoaçar bem em frente a Gina. Era uma coruja grande, como a de Harry, mas parecia mais velha e mais mal-humorada. Ao chegar mais perto Gina pode perceber que a coruja era ligeiramente perfumada.
“Hunf! Uma coruja perfumada?!” pensou enquanto tirava a carta que ela trazia.
- Olhe Gina! Essa coruja tem uma coleira! - disse Colin lamentando não estar com sua câmera.
Havia, em torno do pescoço da ave, uma corrente prateada com uma pequena plaquinha horizontal na frente, onde se podia ler em letras floreadas: Polyhymnia. “Nome bizarro para uma coruja! Mas até que não é feio...Se eu conseguisse pronunciar, é claro!”. Gina leu a carta que ela trazia, cuidando para que Colin não pudesse lê-la também.
“Weasley,
Espere-me na escada do saguão principal depois que todos tenham saído. Esteja sozinha.
Draco Malfoy”
– Que tipo de idiota colocaria uma coleira numa coruja?! - Colin comentou, ainda esticando o pescoço para tentar ler a carta.
- Draco Malfoy... - Gina leu a assinatura em voz alta, distraída, sem nem ouvir o comentário do garoto.
- hahahah...É verdade, ele é bem o tipo de pessoal idiota que faria isso. Ainda mais dando um nome desses pra coitada!
Que sorte Colin ser bastante ingênuo! Na verdade, não era um caso de ingenuidade, quem haveria de imaginar que Gina receberia uma carta de Malfoy? Nem ela própria!
Como combinado Gina esperou todos se encaminharem para suas aulas e foi para a escada principal. Malfoy não estava lá quando ela chegou e ela sentiu um frio na barriga, subitamente teve medo que isso fizesse parte de algum plano terrível de Malfoy para constrange-la na frente de toda Sonserina.
- Gina, Gina, o que você esta fazendo aqui? – disse torcendo as mãos, em sinal evidente do seu nervosismo.
- Esta esperando um Noitebus, talvez?. – Draco Malfoy por traz dela, com uma cara de quem estava gostando tanto de estar ali quanto ela.
- Oh! Você... – sentiu-se mais tola por ter sido surpreendida falando sozinha.
- Não! – fingiu espanto – É Harry Potter, te olhando com seus olhinhos de sapinhos cozidos...
Gina corou violentamente. A referência ao famigerado cartão de dia dos namorados que ela tinha mandando a Harry quando estava no primeiro ano tinha causado a maior crise de rubor que Gina já havia tido. Draco deu uma gargalhada seca.
- E então, Weasley...
- E então o que?! – disse com o queixo enterrado no peito.
- Para que você me trouxe aqui? – disse pausadamente, como quem fala com uma criancinha. – Suponho que haja um motivo, além de acabar com o meu dia, claro!
- Eu... – respirou fundo e olhou para o louro de pose impertinente – Eu queria te agradecer por ontem, você me livr...
- Corta essa, OK, Weasley... – suspirou impaciente – Você não acha que eu estava lá pra te defender, não é? Espero que você não seja assim tão ridícula...
“E é pra esse idiota que eu tenho que pedir ajuda? QUE ÓTIMO!”
- ...Claro que tudo que eu estava fazendo era impedir a imbecil da Bulstrode de perder uns 150 pontos da Sonserina por mandar você para a ala hospitalar.
- Bem, de qualquer modo você me ajudou e eu agradeço...
- Tá, Weasley, me poupe da falsidade e diz logo o que você quer! – disse com uma rispidez que fez Gina ruborizar de novo, só que de raiva.
E agora? Que burrice! Não devia ter citado “o outro assunto” no bilhete, assim teria tempo de desistir. Agora não dava mais, Draco estava esperando e com certeza não ia cair se ela dissesse “Ah, era só isso...”. Se tinha que ser dito, era melhor dizer logo.
- Eu-preciso-que-você-me-ensine-poções – disse de uma vez só, como se fosse uma só palavra.
- O que?! – perguntou Draco fazendo cara de ponto de interrogação.
- Eu preciso que você me ensine Poções. – disse silaba por silaba, porque receava que não tivesse coragem de repetir novamente.
Draco descruzou os braços, e apoiou-os na cintura.
- Que tipo de piada é essa, Weasley? – disse erguendo a sobrancelha desconfiado.
- Ora! – disse ofendida – Não é piada nenhuma!
- E você pretende que eu acredite que você quer a minha ajuda para aprender poções? – parecia impaciente – É melhor você dizer logo qual é a piada que Potter esta aprontando e...
- Mas eu JÀ DISSE que não é piada! – levou as mãos à cintura, do mesmo modo que o garoto – E se você não acredita pode perguntar pro professor Snape!
- O professor Snape? – disse ele parecendo muito mais interessado
- Claro! Ou você acha que eu teria vindo te procurar por minha livre e espontânea vontade? Foi ele que recomendou que eu viesse, disse que você era o melhor aluno em Poções...
- Melhor aluno é? – sua expressão mudou da água para o vinho. O ego do louro agora estava inflado como um balão, até a pele tinha ficado mais brilhante e ligeiramente rosada – É acho que eu sou mesmo...
Gina se esforçou pra não rir de tamanha presunção, mas, por outro lado, achou que era melhor não falar que ele era o segundo melhor – podia estragar tudo.
- Pois é...Foi o que ele disse! – estava quase impossível controlar o riso, Gina achou melhor apressar as coisas. – E então? Vai me ajudar?
- Bem, se a Weasley precisa do melhor aluno e se o Professor Snape em pessoa me recomendou... Porque não?
O jeito de superioridade de Draco, quando ele apontou si mesmo, irritou Gina até os brios da paciência, mas ela se limitou dar uma risada amarela e dizer:
- Bem, e quando começamos?
- Amanhã mesmo! – agora ele parecia ter mais urgência de começar a estudar do que Gina – O problema é onde...
Gina não entendeu porque o lugar era o problema. Não seria na biblioteca? Onde mais se ia estudar fora do horário de aula além da biblioteca? Com o silêncio de Gina, o sonserino voltou a falar.
- Você não estava pensando na biblioteca, não é? – a voz soou tediosa, como se falar fosse um grande esforço.
- E porque não?! – perguntou ingenuamente.
Draco revirou os olhos nas órbitas.
- Pense, menina, pense! Você acha que eu quero ser visto por aí com você? – e cruzando novamente os braços concluiu – E acho que você também não tem nenhum interesse em ser vista comigo.
Gina corou novamente. Era óbvio e ela nem tinha pensando nisso. Na verdade, conversar com Malfoy como se ele fosse uma pessoa normal, quase fez Gina esquecer que ele não era uma pessoa normal.
- Você conhece um baobá que fica logo atrás do campo de Quadribol?
Gina vasculhou a memória, e não foi difícil encontrar: um baobá, era uma árvore enorme, que ficava atrás do campo de Quadribol, muito atrás. Na verdade era uma grande caminhada até chegar nele.
- Sim, posso vê-lo da janela do quarto.
Draco pareceu constrangido, mas foi apenas por uma fração de segundo.
- Pode é? Ahmm...Bem, esteja lá amanhã após as aulas, com seu livro de Poções.
- Tudo bem...
- Seja pontual e cuide pra que ninguém te veja...
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