FUGA MAL SUCEDIDA
FUGA MAL SUCEDIDA
Hermione, Harry e Lupin deixaram o hospital uma hora depois. Os três vinham em um silêncio profundo. Rony não parou de falar em casamento o que deixou Hermione aflita ate os fios de cabelo.
Rony e Hermione tinham sido apresentados numa festa, mas obvio que ele não lembrava que estudou com ela em Hogwarts. Ela era o tipo de pessoa que ele não falaria nem pelo amor de Deus na época da escola. Harry era do mesmo jeito, eles estudaram juntos, mas pelo que parecia ele não lembrava dela e agradecia a Deus, Merlin e a Morgana por isso.
_Sonhando acordada? – uma voz rouca a despertou do devaneio.
_Ah – ela disse, reparando que o carro parara na frente de um alto conjunto de apartamentos – Desculpe, eu estava pensando.
_É o que vejo – Harry respondeu com um sorriso, descendo do carro e a ajudando a fazer o mesmo.
_É aqui que você mora? – Hermione o seguiu pela entrada luxuosa.
Os olhos dela percorreram o ambiente. Estava encantada. Nem sequer imaginava que lugares bonitos como aquele pudesse existir. Subiram pelo elevador ate o ultimo andar. Era um apartamento de cobertura. Ela prendeu a respiração diante do bom gosto da decoração elegante e simples.
_Aceita uma drinque? – Harry fechou a porta atrás deles e foi direto pro bar. Sorriu vendo que Remo tinha reabastecido com wisk de fogo.
_Não, obrigada. Você mora aqui sozinho?
_Ora, ora, por que isto lhe interessa? – os olhos verdes se estreitaram.
_Apenas curiosidade – ela balançou os ombros, andando pelas longas janelas.
Lá embaixo, na rua, a sinfonia do trânsito devia estar terrível. Porém, dentro do apartamento nada se ouvia por causa do grosso blindex. Os carros apareciam milhares de formigas. Hermione imaginava quando Harry a levaria para o hotel. Já ia perguntar quando a porta se abriu e Lupin entrou na sala carregando a mala dela.
_Onde devo colocar isto?
_No quarto – Harry respondeu com suavidade, com um tom irônico.
_Não vou ficar aqui com você! – ela gritou com os olhos faiscando. Lupin se dirigiu com a mala dela para o quarto.
_Não?
_Não!
_Seus olhos ficam tão bonitos quando está zangada – Harry deu uma risada gostosa, a encarando divertido – Sabe, você é uma mulher muito atraente, srta. Granger – o olhar dele era insolente e examinava o corpo dela – Posso entender porque meu irmão a desejava tanto.
_Não tente mudar de assunto – ela procurava controlar a raiva – Não ficaria aqui sozinha com você. Quero ir para um hotel imediatamente!
_Eu quero você aqui, pois é onde posso controlá-la. Não confio em você. Como posso ter certeza de que não tentaria voltar para Londres? Não srta. Granger, você não vai à parte alguma.
_Você não pode me forçar a ficar aqui!
_Não posso? – o rosto dele endureceu e Harry a olhou fixamente por um breve momento – A aconselho a não me subestimar. Eu sempre consigo o que quero.
_Imagino como.
_Exatamente – pegou o copo de uísque e o virou de uma vez – Não se preocupe, não pretendo compartilhar da sua cama.
_Preferiria dormir com uma cascavel – ela corou violentamente por ele ter adivinhado o pensamento.
_Oh, eu sou muito mais perigoso do que uma cascavel.
Hermione controlou-se para não responder. O observou com os olhos castanhos zangados e o rosto contorcido. O bom senso lhe dizia que a melhor coisa a fazer era esperar a oportunidade certa e fugir para um hotel. Era inadmissível que ele a mantivesse presa ali.
_Estou indo ver minha mãe. Não demoro, devo voltar lá pelas oito.
_Sim? – ela sentiu uma ponta de esperança a deixasse ali sozinha, poderia tentar fugir.
_Não vá à parte alguma, esta bem? Vou levá-la parta jantar fora quando voltar. – aquilo não importava agora, porque estaria longe quando ele voltasse.
_Estarei aqui – ela mentiu sorrindo. Se tivesse sorte, estaria a muitos quilômetros de distancia dali quando ele voltasse para o apartamento.
_Muito bem – acenou para que Lupin se aproximasse – Lupin tomará conta de você – disse amável. Tinha uma expressão divertida ao ver a irritação dela.
_Pode deixar comigo – Lupin lançou um olhar acusador pra Hermione – Eu sou uma boa companhia.
_Ele é o meu braço direito – Harry sorriu – Você estará em boas mãos. – correu o dedo pelo rosto dela – Ciao – disse sem mais rodeios.
Hermione o observou sair do apartamento, deixando-a sozinha com Remo Lupin. Ele enfiou as mãos nos bolsos e inclinou a cabeça para o lado.
_Quer ver televisão? – Lupin perguntou com um sorriso
_Não Obrigada, Lupin – decidiu ser agradável com ele. Olhou para o quarto e deu-lhe um sorriso – Acho que vou descansar.
_Naturalmente. A mudança de fuso horário cansa muito.
Ela atravessou a sala e abriu a porta do quarto onde estava sua mala. Viu-o ligar a televisão. Ela fechou a porta com um sorriso matreiro. Aquela seria a ultima visão que teria do Sr. Lupin. Deu uma olhada na mala, era muito pesada pra uma fuga. Pegou somente a bolsa, usaria o cartão de crédito para pagar o hotel. Sentiu um aperto no coração ao pensar na sua pobre conta bancária. Mas não tinha outro jeito.
Saiu do quarto devagar e pisava com cuidado nas pontas dos pés, se sentindo uma espiã. Teve vontade de dar uma gargalhada, mas a situação não era nada engraçada. O corredor conduzia a um hall, que levava aos elevadores. Ela mordeu o lábio quando o elevador chegou, esperando que Lupin não ouvisse o barulho. Graças a Deus, pensou, observando os números vermelhos que indicavam a descida. Tinha sido mais fácil que imaginara. Sentia-se um pouco culpada, pois sabia que Lupin seria responsável por tê-la deixado escapar. Mas sabia também que não tinha escolha.
A porta se abriu e Hermione ficou boquiaberta ao ver Lupin encostado na parede do hall de entrada do prédio. Ele foi ate ela com o rosto tranqüilo:
_Poderia ter-me poupado trabalho – disse irritada, ao ser conduzida de volta ao elevador.
_Não é culpa minha – ele falou com um pequeno sorriso no rosto – Harry sabia que você tentaria fugir. Queria apenas se certificar. – Hermione suspirou
_Então você me deu a corda e esperou que me enforcasse.
Estava muito aborrecida. Tudo tinha sido um jogo deliberado para ver o que ela faria. Havia caído na armadilha de Harry e agora não tinha o menor desejo de vê-lo quando ele voltasse.
_Não, não é bem assim – Lupin tentou justificar a situação com um ar preocupado – Ele queria ver se podia confiar em você, só isso.
_Era obvio que eu tentaria fugir – ele comentou enquanto entrava na sala e colocava a bolsa no sofá – Afinal de contas, eu nem o conheço.
_Não, não conhece mesmo – Lupin a olhou com estranheza.
_Porque você diz isto? – sentira um frio na espinha depois daquele comentário dele.
_Se você o conhecesse, não tentaria desafia-lo.
Mais tarde, Hermione tomou um banho, lavou os cabelos e os deixou soltos. Era seu estilo preferido, gostava deles caindo sobre os ombros. Harry tinha dito que iriam sair para jantar e ela procurou não ficar nem um pouco sexy. Escolheu um terninho bem talhado, mas bastante masculino. Sorriu para si mesma. [Vamos ver se ele consegue fazer algum comentário sobre mim agora!], pensou. O terno azul-marinho, a camisa listrada de azul e branco e a gravata vermelha não lhe danam um ar feminino, porém a saia ate o meio das coxas ainda provocavam. Olhou-se no espelho e notou que estava muito chique, mas não sexy. Harry não poderia dizer que ela estava tentando seduzi-lo.
Ele chegou na hora marcada. O relógio da sala marcava oito horas.
_Como foi? – perguntou para Lupin.
Lupin deu uma olhada rápida e sem jeito para Hermione e depois se virou para Harry acenando com a cabeça.
_Então – ele falou dirigindo-se a ela como um lobo – Você tentou fugir, não é mesmo?
_Você sabia muito bem que eu tentaria – ela respondeu procurando não perder o controle – Não havia motivo para fazer um jogo sujo.
Harry a estudou por um momento, o corpo tenso e musculoso sobressaindo no terno preto impecável. A camisa branca estava aberta no pescoço.
_Para onde planejava ir? Para um hotel? Para Londres? Será que eu adivinho?
_Tente! – ela respondeu com muita dignidade.
_Então – serviu-se de uma dose de uísque – Você ia voltar para Londres?
_Não sou assim tão fria como você imagina. Queria ficar num hotel ate que Rony melhorasse.
_É mesmo? – a segurou pelo pulso, fazendo-a ficar de pé – A sua compaixão por Rony me diverti. Foi uma luta traze-la ate aqui. Por que deveria acreditar que você agora quer ficar?
Pelo canto dos olhos ela viu Lupin levantar-se em silêncio e sair da sala, fechando a porta. Gostaria de poder fazer o mesmo.
_Gostaria que parasse de me recriminar. Rony sempre soube que não casaria com ele. Nunca lhe dei esperanças. Desde o começou ele sabia quais eram meus sentimentos.
_E por isso, sem dúvida, que você se recusava a vir vê-lo. – ficou de pé em frente a ela, fazendo-a sentir se vulnerável. Era um homem arrogante, de rosto agressivo – Você no mínimo achava que Rony estava dramatizando.
_É possível – ela disse pensativa. Rony era um rapaz encantador, mas perfeitamente capaz de encenar um melodrama. A tentativa de suicídio havia sido um extremo – Mas não foi isso que eu não queria vir.
_Oh, não? – Harry levantou a sobrancelha.
_Não gostei da sua atitude – o olhou irritada. Ele tinha sido tão arrogante com ela desde o princípio que nem dera tempo para pensar em Rony.
_Que atitude? – Harry perguntou se fingindo de inocente
_Arrogante – respondeu, libertando-se dele. Os olhos de Hermione faiscaram de raiva – Parece que já se esqueceu do quanto foi rude. Ou será que nem percebeu?
_Acho que fui ate muito paciente com você, srta. Granger. Meu irmão quase morreu por sua causa. A culpa foi sua. Esperava que eu fosse agradável?
_Agradável? Duvido que consiga ser agradável com alguém – murmurou, enquanto a puxava pelo cabelo – Se você não fosse tão bonita, não a teria trazido de volta.
Ela tentou soltar-se, mas as mãos dele estavam muito firmes. Olhou-o com ódio. Começava a se tornar conscientes da sensualidade que emanava de cada palmo do corpo de Harry.
_Sabe de uma coisa? Acho que eu também poderia desejá-la tanto a ponto de matar. Mas não seria minha vida que eu tiraria.
_Você não me assusta.
_Não mesmo? Pois deveria se assustar – a observou por um momento em silêncio, depois passou a mão pelo tecido do terninho ate chegar à cintura dela – Muito frio – comentou com ironia.
_Tire as mãos de mim, Sr. Potter, ou eu grito!
_Então grite – as mãos de Harry moveram-se para o pescoço dela, detendo-se na gola abotoada e na gravata – Se pensa que esta roupa vai me desencorajar, esta muito enganada..
_Não seja convencido. Uso isto porque gosto. A sua opinião não significa nada para mim.
_Muito bem. Então não se importará quando eu fizer os meus comentários.
_Absolutamente – ela disse com raiva
_Dá vontade de rasgar esta roupa – ele falou com a voz rouca. Houve um momento de silêncio enquanto os olhos dele pousaram sobre os lábios dela. Hermione estava rígida de raiva, o corpo todo contraído.
_Deixe-me ir!
_Jamais.
Os olhos de Hermione se arregalaram quando os lábios de Harry tocaram os dela. Lábios que queimavam como fogo. Ela lutou com fúria, batendo no peito com os punhos. Harry passou os braços ao redor dela, segurando-a com força enquanto a beijava com brutalidade. Hermione estava lívida, sentia uma raiva. Tentou afasta-lo
_Fique quieta – ele murmurou, segurando-lhe o rosto com as mãos, os longos dedos apertando a carne enquanto procurava beija-la outra vez. Hermione levantou a perna esquerda e enfiou o salto de metal com violência no pé dele. Harry deu um grito de dor e a deixou livre.
_Fique longe de mim, Sr. Potter – ela avisou, pegando o objeto mais próximo – Ou eu juro que lhe atiro isto!
Harry olhou para ela como se tivesse petrificado. Tinha no rosto uma expressão de ódio. Depois começou a rir.
_Esta bem, você conseguiu o que queria – ele falou enfiando as mãos nos bolsos e olhando para os pés. Os olhos verdes dirigiram-se de novo ao objeto que ela segurava com uma expressão bem humorada – Embora não precise usar meios tão violentos.
Hermione relaxou um pouco. Olhando para o objeto que tinha na mão, notou que era um peso de papel. Fora por isso que ele decidira não se aproximar mais, ela pensou, colocando o objeto no lugar.
_Reservei uma mesa no Lutèce para as nove horas, esta pronta?
_Sim estou.
_Muito bem – Harry sorriu e Hermione não pôde deixar de notar o charme dele – Me de cinco minutos. Vou trocar de roupa.
Ela observou ele sair da sala. Era um homem curioso. Num minuto a estava agarrando pelo pescoço, no outro, estava sorrindo de forma encantadora. Tinha que admitir que ele, de fato, tinha seus grandes momentos. As reações de Harry em relação a ela mudavam a cada vez que se encontravam. Hermione só não conseguia entender por quê.
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