Por Que Tinha Que Ser Assim?
Harry percebeu que havia se passado onze anos. Reconhecera os professores, que estavam no escritório de Dumbledore. Snape parecia pouco furioso.
- Arrogante, é o que ele é! Igual ao pai, James Potter. Encantado pela fama!
- Harry não é assim, Severo. Você vê Harry, mas vê na verdade James, como você via nos tempos de Hogwarts.
- Você tinha razão, sobre os olhos...São iguais aos de Lily...
- Sim, eu os vi.
- Então...Por que queria falar comigo?
Dumbledore abaixou os óculos meia-lua, e olhou com pouca preocupação para Snape.
- Quirrell. Ele anda estranho, vigie-o para mim, temo que algo possa dar errado.
- O que teme tanto, Dumbledore?
- Você saberá, logo.
A cena, como as outras, girou, formando outra, na mesma sala, Snape e Dumbledore estavam lá, pouco mais velhos.
- E qual é o poder do anel?
- Não tente ser cauteloso, Severo. Você sabe que fui tolo o suficiente para acreditar que o feitiço sairia do anel quando eu o destruísse.
- Você sabe que não tem muito tempo, não é?
- Sim. Eu me informei sobre o anel. Porem...
- Não a tempo Dumbledore, não a tempo.
Dumbledore ouvia as palavras de Snape e lentamente levantava a mão mostrando o anel.
- Quanto tempo?
- O feitiço pode ter ficado menos forte. É difícil dizer, mas pelos meus cálculos...Poucos anos, eu diria.
- Então, não há muito tempo. Essa noite, eu darei minhas ultimas explicações, antes de finalmente me entregar para o plano de Voldemort.
- Do que esta falando?
- Do plano do garoto, Draco Malfoy, contra mim.
- É apenas um castigo, do Lorde das Trevas para afetar a Lucio e Narcisa.
- Sim, mas um garoto amedrontado pode ser pouco “perigoso”.
- O que devo fazer?
- Draco tem ordens de Voldemort para me matar, não podemos deixa-lo fazer isso. Você tem que convence-lo a contar o plano.
- Impedi-lo...
- Não.
- Não?
- Não, Severo. Se eu morrerei em um ano ou menos, vamos seguir o plano...
- Que plano Dumbledore?! Por que quer que eu siga suas ordens se não me conta o que acontecera? Que Potter faz aqui todas as noites?
- Harry tem que ser preparado, para que, logo, ele possa saber exatamente o que fazer. Você deu sua palavra e eu dei a minha. Estou protegendo a família de Lily, Severo. E em troca, só peço que você faça as ultimas coisas, antes...
- Antes do que Dumbledore?
- Antes da guerra. Antes de eu não poder fazer mais nada por Harry. Antes de Voldemort tomar o Ministério e Hogwarts. É isso que ele quer, não?
- Sim, ele planeja fazer isso, mas antes...
- Terá de me matar. Estou ciente disso mais do que deveria. Quando?
- Não sabemos, ninguém sabe, nem mesmo Bellatrix.
- Eu só preciso, que você, Severo, proteja todos quando eu não estiver mais aqui.
- Explique o que devo fazer.
- Quando Voldemort atacar, quero que impeça que Draco tente me matar...
- Achei que...
- Não interrompa. Impeça-o, depois, você ira me matar.
Harry sentia seu coração acelerar e a cada segundo ir mais rápido, os olhos de Snape não escondiam a expressão de surpresa enquanto Dumbledore continuava a olha-lo, parecia atencioso.
- O-o quer q-que eu faça?
- Mate-me. Draco não é um comensal, a pior coisa que aconteceria agora, seria ter a culpa de matar alguém e Narcisa não agüentaria. Depois, Voldemort ficara mais confiante com você. Pedira a ele, que, após tomar o Ministério, você volte para Hogwarts.
- Para que? Depois disso, Potter estará atrás de mim junto com todos...
- Eu tenho certeza, que sim, mas Harry não fará nada. Quando ele chegar a Hogwarts, você estará com Voldemort.
- Como pode ter tanta certeza?
- Minha varinha. Você estará atrás da minha varinha, esta será sua missão.
- Ela não seria...
- Sim, ela é. A primeira Relíquia da Morte.
Dumbledore colocou a própria varinha na mesa, a cena girou, Harry viu a varinha na mesa e Snape a olhando atentamente.
Parecia que a cena não havia mudado muito, ele estava no mesmo lugar, a sala de Dumbledore, mas o diretor não estava lá, em pe, mas sim, em um quadro. Snape estava em frente a ele, seu rosto parecia molhado.
- Muito bem, Severo. Dê-me noticias de Harry.
- Ele atacou o Ministério, junto com aqueles dois...
- Não fale de Ronald Weasley e Hermione Granger, eles tem corações bons e, quando penso, vejo que a Srta Granger tem muito de Lily.
- Não compare Lily com...
- Você ainda a ama, depois de anos.
- Sempre a amei.
- O que aconteceu no ministério?
- Eles conseguiram o Medalhão. A garota Weasley esta com eles também. Encontraram Lucio e Draco...
- E onde Draco esta?
- Do lado deles, Lucio matou Narcisa.
- Era provável que Voldemort mandasse mata-la, ele descobriu tudo, não?
- Sim.
Dumbledore parou, parecia pensativo, Snape sentara em uma cadeira à frente do quadro.
- Severo, agora, eu darei minhas últimas instruções. Não interrompa, por favor. Quando Harry chegar a Hogwarts, você não estará mais aqui, como disse, Voldemort, provavelmente, já pediu explicações sobre as Relíquias e quando você estiver com ele nessa noite, ele descobrira que a varinha, titulada Relíquia, pertencia a mim.
- “Quero que você use a Cobra, Nagini, como é chamada. Peça a cobra para achar a varinha e dirá que a varinha esta em meu tumulo, aqui em Hogwarts. Atraia a cobra para uma armadilha, roube a varinha de Draco. E por ultimo, lute com Harry”.
- O que?
- Quando Voldemort tentou atacar Harry, na noite em que matou Lily e James. Ao ataca-lo, pelo feitiço de proteção de Lily, Voldemort não conseguiu mata-lo, invés disso, só prejudicou a si mesmo. Ele, sem querer, dividiu sua alma em mais uma parte. Ele não sabe para onde foi essa parte, por isso, acha que esta segura, mas só engana a si mesmo. No final, Voldemort terá que morrer, mas junto com ele, a ultima horcrux.
- O que quer dizer?
- Que quando a alma de Voldemort foi dividida, ela se prendeu na ultima alma que ainda sobrevivera na casa.
- Então, Potter?
- Sim.
- Ele terá que...Morrer?
- Terá, isso é essencial para que Voldemort morra também. Um terá que matar o outro, se Voldemort matar Harry, ele estará matando a si mesmo.
- E como sabe que ao mata-lo ele ira morrer também? E as outras horcruxes?
- O Medalhão foi destruído e não daqui muito tempo, as outras também serão. Nagini terá que ser levada para ser destruída.
- Por que tenho que lutar com o garoto? Ele me mataria na primeira oportunidade.
- Não, não mataria.
- Nos sacrificamos todo esse tempo para ele ter de morrer?
- Sinto que sim.
Harry saiu da penseira com a ultima cena, olhou em volta do escritório e parou com a imagem do diretor.
- Agora, você entende Harry?
- Então...Terá que acontecer mesmo?
- Sim. É essencial...Sinto muito...Só queria que você soubesse de tudo antes de tudo acontecer.
- Mas já esta acontecendo, não é? Por que não me contou quando...?
- Eu não poderia, você se entregaria a Voldemort na primeira oportunidade, e depois, você teria sacrificado-se em vão...Boa sorte.
Ele olho de novo para o quadro do diretor que sorria levemente indicando para ele ir. E assim o fez, quando descia as escadas, conseguia ouvir alguns gritos e feitiços laçados, jogou a capa de volta em cima de si mesmo e continuou a caminhar.
Sua cicatriz que já doía há um tempo, mas voltou a queimar em sua testa repentinamente como se ele não pudesse resistir. No chão, ele caia lentamente.
Tudo parecia se misturar, as lembranças de Snape, a luta com os comensais, e visões de Voldemort pareciam relâmpagos que, quando tocavam em algo, causava uma explosão e um lampejo de luz clara e brilhante.
Voldemort estava em um lugar escuro, como da ultima vez, não dava para ver muito bem ele, as via Snape em sua frente:
- Milorde! Sei onde esta a varinha de Dumbledore.
- Ótimo Severo, agora, a única coisa que falta é ela estar aqui, na minha frente.
- Sim, Milorde, mas...
- Mas.
- Para que isso seja feito, preciso de um imenso favor.
- Favor, Severo? Sabe muito bem que não faço isso.
- Não seria bem um favor, preciso de Nagini.
- Nagini?
- Para pegar a varinha, quando estiver no tumulo de Dumbledore, preciso de uma proteção. Ou ela mesma poderia pegar a varinha enquanto a protejo.
Um relâmpago surgiu junto com um lampejo que fez a cena mudar, os comensais atacavam todos e Harry podia ver vários corpos no chão, maldiçoes eram jogadas e vários lampejos iam a todas as direções, um deles, fez a cena mudar novamente.
- Você tem trinta minutos, Severo.
- Certo Milorde.
A cobra rastejou até Voldemort, virou em direção a Snape e lá, o ultimo relâmpago tornou a surgir, fazendo Harry voltar a si. Seus olhos verdes mal conseguiam abrir-se muito menos enxergar bem, seus óculos, caídos no chão demoraram a ser encontrados. Ele se se encostou à parede e lá tentava levantar-se.
Harry não tinha pressa, mas, por segundos, lembrou-se que estava em uma guerra, que estava em seus últimos momentos, logo, ainda naquela noite ele morreria. Algumas palavras de Snape, de Dumbledore ecoavam pela sua mente, enfim, a verdade, aquela que procurou por anos e foi quase tirada injustamente, lembrou-se da mãe, que por muitas vezes, tentou seguir em frente com Snape, do pai que outras vezes, era injusto, mas ainda sim, protegia Snape de Lupim quando estava transformado em Lobisomem.
Por um momento, parou de caminhar pelo castelo, lembrando das palavras de Dumbledore, por que ele não pode saber a verdade antes? Lembrava do que o professor falava. Talvez, ele estivesse mesmo certo, o que faria se houvesse descoberto antes? Entregaria-se a morte ou destruiria as Horcruxes?
Ele sabia que de alguma forma, a verdade dada naquele momento o ajudaria a pensar, talvez, pensou de novo, Dumbledore estaria certo em dar suas ultimas explicações naquele momento. Agora, teria que se preparar, sabia que Snape estava vindo ao seu encontro e logo após isso, Voldemort descobriria a verdade.
O que faria com a cobra? Sabia muito bem que Rony e Hermione o ajudariam, mas Harry sabia que os amigos já sofreram e tiveram problemas o suficiente para a guerra ou tudo mais que acontecesse.
O salão principal já não era mais o mesmo, desde que Harry entrara ali aquela noite ele vira e percebera que algo estranho ou fora de comum aconteceria ali.A capa de invisibilidade já não era mais necessária, não era mais um mistério descobrir onde ele estava, lançando feitiços por onde andava.
- Potter! Ali esta ele! – gritou um comensal de capa e mascara negra.
Ele estava em pleno salão principal, agora sem capa de invisibilidade, ele andava firmemente pelo salão. Avistando mais algumas pessoas no chão, ele chegou a Rony e Hermione lutando contra alguns comensais.
- Harry! Onde estava? – perguntou Rony ainda lutando contra os comensais.
- Eu explico, é melhor sairmos daqui antes...
Rony e Hermione desviaram dos comensais, junto com alguns feitiços de proteção, não foi fácil fugir, principalmente deixar todos na guerra, mas antes de sair, precisava achar alguém. Para os amigos, foi claro o que ele ia fazer, jogou a capa de invisibilidade que deixara nas mãos e indicou que os amigos o esperassem. Avistou a ruiva que procurara perto do Sr e da Sra Weasley.
- Gina!
- Harr...Ah me ajude aqui, por favor...
Harry estuporou o comensal que já havia tentado uma maldição da morte em Gina duas vezes, e por ultimo, ela o fizera cair inconsciente no chão.
- Vamos!
Ele puxou Gina para baixou da capa e continuou seu trajeto até Rony e Hermione, que já estavam no saguão.
- Harry, o que houve? Por que você sumiu assim? – perguntou Gina.
- Eu estava na sala de Dumbledore...
- Você... – disse Rony antes de ser interrompido por Harry.
- Ele me contou tudo.
- O que terá que acontecer, Harry? – perguntou Hermione.
- Eu...
Harry não sabia como dizer aquilo. Como? Como dizer que aquela poderia ser a ultima conversa deles? Não conseguia, não poderia. Gina parecia ver que ele não estava muito bem, mas ele não poderia deixar ninguém descobrir...
- Antes de tudo, nós teremos que destruir a cobra...
- Nagini? Como? Se Voldemort descobriu sobre o medalhão e os outros, ele saberá que estamos atrás da cobra...
- Sim, mas teremos ajuda.
- De quem?
- Vocês vão ver, já deve estar para chegar.
- Bem, e falando em Horcrux, o Diadema... - Rony pegou a coroa do bolso e colocou-a na mão de Harry, estava em pedaços. – decidimos que Hermione poderia destruí-la...Foi bem melhor do que eu...
- Que modesto. – falou Hermione olhando para o chão.
- O que aconteceu, enquanto estive fora?
- Greyback tentou morder um estudante de onze anos, parecia que ele estava perdido, mas Lupim chegou a tempo, o corpo dele esta no salão. Tonks atirou um Comensal, aquele tal Avery, por que ele tentou lançar uma maldição da morte em Rony.
Harry viu um relâmpago nos céus, algumas paredes do castelo já estavam completamente quebradas e possibilitavam a visão dele. Sua cicatriz voltou a arder por alguns segundos. A cobra rastejava pela floresta, mal dava para vê-la, mas a reconheceu rapidamente, ao seu lado, Snape andava com a varinha nas mãos, não chegava a ver seu rosto, mas a cicatriz já parecia avisar. Eles estavam na floresta, perto dali.
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