Face a Face com a Morte



Capítulo 30 - Face a Face com a Morte -



Harry passou metade da noite pensando no que havia feito, depois daquele beijo ele voltara a namorar Cho Chang, a garota instável da Corvinal que há algum tempo ele fora muito apaixonado, mas agora... agora ele já não sabia o que queria.

Ele acordou um pouco cedo no dia seguinte, mas se decidiu por tentar terminar um item da enorme lista de deveres atrasados.

Já acordado? - perguntou Hermione que acabara de descer do dormitório das garotas.

Eu é que pergunto? - disse ele meia hora depois fechar o exercício de Transfiguração e guarda-lo na mochila.

Carta para meus pais. - disse ela erguendo o pergaminho enrolado – Então, preparado pra saber quem é o novo ministro? - perguntou ela.

Não sei. - respondeu ele enquanto fechava a mochila – Só espero que Dumbledore volte logo.

Bom eu vou indo então, até o café. - disse ela fazendo menção de se retirar.

Quer que eu te acompanhe? - perguntou o garoto.

Não, tenta dormir mais um pouco falta quarenta minutos para o café.

É, vou tentar. - disse ele se retirando deixando a garota sozinha na sala.

Harry ao entrar no Salão Principal com Gina e Hermione notou que Draco não estava a mesa, eles decidiram por tomar café um pouco mais tarde e alguns alunos já saiam do local para chegarem nas salas mais cedo.

Onde está a Luna? - perguntou Hermione à Gina.

Está ficando amiga da Luna agora, Hermione? - perguntou Harry.

A garota sorriu meio constragida.

Estou começando a perceber o quanto ela pode ser legal quando quer.

Ela está ali. - respondeu Gina apontando para a última garota sentada em uma fila de garotos no banco de sua casa.

Vou lá, tenho que ver se ela trouxe o Pasquim e se saiu algo útil.

Vamos nos sentar ali. - disse Gina apontando para um lado do banco onde era bem fácil se distanciar de Dino que estava brigado com a garota desde que ela chegara tarde há alguns dias.

Harry reparou que os cochichos e as conversas matinais estavam pontuadas de muita excitação.

Talvez seja pela eleição, não é? - disse Gina enquanto se servia de pães de mel.

Não acho, não. Vejam a cara deles. - disse Harry tentando ler inutilmente o único jornal que estava sobe posse de um aluno novato da Grifinória que dobrou o jornal e se retirou da mesa.

Gina olhou para as pessoas e viu que uma boa parte parecia feliz, mas alguns alunos mais atentos ao jornal – como Ernesto Macmillan - liam alguma parte dele com uma face misteriosa beirando o desacreditar das notícias.

É, desse jeito é difícil ler. - disse ele voltando-se para o seu café quando o garotinho foi embora.

Harry! Eu acho que aconteceu algo. - disse Gina que observava uma garota da Lufa-Lufa ler as notícias com os olhos arregalados e depois vendo uma coruja de igreja descer até Hermione que estava conversando absorta com Luna entregar sua edição do Profeta Diário.

Hermione passou os olhos pela notícia e voltou a mesa deles com um sorriso no rosto.

Não falei. - disse ela – entregando o jornal aos três, pois Neville acabara de se juntar ao grupo.

Na capa em letras brilhantes e voluptuosas lia-se:

Eleita a Excelentíssima Nova Ministra Sra. Amélia Bones.

Na capa se via uma bela foto da mulher sorrindo e gesticulando enquanto dava uma coletiva a imprensa bruxa.

Hermione acho que aconteceu algo – disse Gina enquanto Harry lia a matéria que falava com percentuagem de votos a mulher fora eleita – algumas pessoas estão lendo o jornal com uma cara estranha.

Mas nesse momento quase o salão inteiro parecia estar comentando uma matéria que não era a da capa do jornal, pois se via medo e terror na cara de cada um.

Bom nessa matéria não é. - disse Neville que acabara de ler junto com Harry a matéria sobre a eleição.

Deixe-me ver – disse Hermione pegando o jornal da mão de Harry e o folheando rapidamente, mas não fora preciso, pois a matéria de destaque seguinte tomava conta de quase duas folhas do jornal.

Hermione levou a mão a boca, assustada.

Fale o que é. - disse Harry enquanto via a garota ler com avidez a página.

Alguns minutos se passaram enquanto Hermione lia a notícia impedindo que os garotos vissem a página com seus emaranhados de cabelos a frente das folhas.

Eu não acredito! - disse a garota.

Vamos Mione, diga! - disse Harry.

Hermione ergueu a página principal da notícia onde podia-se ver com clareza uma foto de um porto onde se encontrava no chão escuro - exceto pelas luzes das sirines dos carros de polícia que Harry reconheceu instantaneamente - a foto de uma mulher de longos cabelos louros e um vestido branco, sujo e rasgado que se via da borda do saco preto que se coloca os mortos nas cidades trouxas e não havia dúvida.

É a mãe do Draco! - gritou Gina abafando o grito com as mãos.

Na página junto a foto se lia uma matéria exclusiva com os dizeres “Corpo de Comensal é encontrado boiando em um rio dos trouxas”

Harry buscou como um raio os olhos de Draco, mas era óbvio o garoto não havia ido tomar café ou provavelmente vira a notícia primeiro que todos e fugira do lugar antes que os olhos curiosos se voltassem para ele.

Onde será que ele está? - perguntou Gina a mesma pergunta que se passava na cabeça de Hermione e Neville.

Lê isso. - disse Hermione a Harry, mas foi Gina quem pegou o jornal, pois o garoto ainda procurava avidamente por Draco.

Mas ela não é uma comensal! - disse Gina energicamente e Hermione lhe lançou um olhar, pois ela não dissera a Harry que Gina, Luna e Neville sabiam de tudo, mas Harry não estava escutando, seu coração acelerado queria saber, precisava saber onde Draco estava.

Foi a Rita Sketter aquela VACA VELHA quem escreveu a matéria, ela não consegue parar de escrever maldades, ah eu ainda não tive tempo, mas ainda vou encontra-la, pois com certeza ela pensa que eu me esqueci quem ela é e o que pode causar a ela se todos souberem, mas não esqueci. - disse Hermione com raiva.

Harry se levantou em um estralo, ele sabia onde Malfoy estava.

Aonde você vai, Harry? - perguntou Neville e os outros olharam para ele.

Esqueci um livro lá em cima, vou buscar a gente se encontra na sala. - e saiu sem dizer mais nada passando por Cho sem sequer ver a menina que parara para conversar com ele.

Draco estava sentado no chão empoeirado sozinho no escuro, o coração acelerado, a imagem de sua mãe no jornal ainda fresca em sua mente, como seu pai pudera ser tão cruel a ponto de joga-la em um rio qualquer, como ele pudera maltratar dessa forma mesmo depois de morta a mulher que ele conviveu por anos, a mãe de seu filho. Draco sentia agora um ódio descomunal por seu pai, um ódio além de qualquer coisa que ele já sentira. Ele um jovem de dessesseis anos agora era um dos garotos ou senão o garoto mais rico de toda a sociedade bruxa, herdera milhões de galeões além de uma vasta conta bancária em Londres com milhões de euros e mesmo sendo rico desse jeito ele trocaria cada pedacinho do ouro que tinha por uma família normal, uma família feliz que ele nunca tivera.

Todos os sentimentos que ele vinha sentindo todos esses meses estavam sendo agora limpados de dentro dele como uma cascata que limpa a areia das pedras, ele já não aguentava e começara a chorar, uma coisa que poucas vezes ele fizera em toda a sua vida, pois seu pai sempre o ensinara a ser forte, a estar impassível a qualquer dor ou sentimento que enfraquesse o homem, como dizia Lucius, certa vez um ano antes de ir para Hogwarts ele estava em um Aras em Londres montando em um lindo cavalo de corrida que seu pai lhe dera, mas o cavalo era um cavalo arisco e o derrubou na primeira curva da pista de corrida quando trombou com um cavalo de um garotinho trouxa que montava ali, Draco viu o pai do menininho o ajuda-lo a ser levantar e cuidar do machucado leve que acontecera no joelho do garoto, Draco que se machucara muito mais por causa da velocidade que o cavalo corria estava estirado no chão a boca ensaguentada, o rosto muito machucado e parecia ter fraturado uma perna, seu pai Lucius se dirigiu ao garoto com o ar imponente e a dor era tanta Draco começara a chorar, ele que pensara que ia ser ajudado da mesma forma que o outro pai ajudou o filho estendeu a mão ao pai, Lucius, que ao invés de ajuda-lo acenou para que outras pessoas carregassem o filho até um hospital mais próximo, Draco no instante fora tanto o choque que ele apagou e quando acordou já estava em casa deitado em sua cama rodeado pelos tantos empregados que a mansão tinha, mas seu pai não o visitara nos dias que se seguiram, muito menos sua mãe por um motivo que ele desconhecia, mas sabia que seu pai estava envolvido naquilo e no dia em que tirou os curativos seu pai finalmente aparecera e as palavras que ele ouvira ainda estavam gravadas em sua mente vivas e cicatrizantes “Nunca me envergonhei tanto como me envergonhei de um filho como naquele dia, Draco, garotos como você não choram, os Malfoy não choram, e o Malfoy que chorar com certeza será digno de pena... como você” - e se retirou sem dizer mais nada, dali em diante Draco nunca mais chorara, por anos e anos... até que hoje a dor lhe dilacerara de tão forma que ele não pode aguentar, por isso se sentia como se estivesse limpando a alma, se limpando da dor que seu pai lhe causara tanto tempo e ele por não entender apenas se calara e vivera como seu pai sempre lhe ensinou.

A porta da sala se abriu, Draco se levantou com a varinha apontada para quem entrasse e se não fosse quem ele esperava provavelmente o intruso seria lançado metros no ar antes de colidir com a parede do outro lado.



Theme Song's Shipper - Lifehouse – Everything



Find me here,

And speak to me

I want to feel you

I need to hear you

You are the light

That's leading me to the place

Where I find peace.. again




Draco.



You are the strength

That keeps me walking

You are the hope

That keeps me trusting

You are the life

To my soul

You are my purpose

You're everything




Era Harry.



And how can I stand here with you

And not be moved by you

Would you tell me how could it be any better than this






Os garotos se olharam por um momento, Draco sentia um forte raiva quando pensou em Harry com Cho, mas agora isso estava esquecido, os dois correram um em direção ao outro e se abraçaram com força.



You calm the storms

And you give me rest

You hold me in your hands

You won't let me fall

You still my heart

And you take my breath away

Would you take me in

Take me deeper, now




Potter, você viu? - dizia ele com a voz sem sentimentos, apenas escorriam lágrimas de seus olhos.

Sim. - respondeu Harry sentindo o cheiro do corpo de Draco e um aperto forte no coração, como ele pudera viver tanto tempo sem aquilo, como ele pudera passar sua vida sem aquele cheiro, era muito bom estar com Draco.



And how can I stand here with you

And not be moved by you

Would you tell me how could it be any better than this



And how can I stand here with you

And not be moved by you

Would you tell me how could it be any better than this




Vamos. - disse Harry puxando Draco pela mão e sentando-se no chão na parede oposta com o garoto do seu lado.

Eles ficaram quietos por um longo tempo.

Ele foi capaz de fazer isso com a própria mulher. - disse Draco com a voz fraca.

Harry o olhou.

Talvez tenha sido Voldemort.

Draco balançou a cabeça, mais lágrimas caindo em suas vestes.

Tenho certeza de que foi ele.

Harry também tinha.

Vai ficar tudo bem. - disse Harry em um impulso tocando o rosto de Draco para enxugar suas lágrimas e Draco passou seu rosto na palma da mão de Harry.



'Cause you're all that I want

You're all that I need

You're everything, everything

You're all that I want

You're all that I need

You're everything, everything

You're all that I want

You're all that I need

You're everything, everything

You're all that I want

You're all that I need

Everything, everything




Vem cá. - disse Harry puxando Draco e deitando o garoto no seu colo.



Draco deitou e se deixou ficar por lá enquanto Harry acariciava seus cabelos. Eles não falaram nada, só podia se ouvir os sussurros leves de Draco se tornarem mais fortes e ele finalmente começar a gemer de tanta dor.



And how can I stand here with you

And not be moved by you

Would you tell me how could it be any better than this




Eu estou aqui tá legal, não fica assim. - disse Harry o levantando.

Draco o olhou e Harry viu que dentro daquele olhar havia a certeza de que Draco já sabia que ele e Cho haviam voltado.



And how can I stand here with you

And not be moved by you

Would you tell me how could it be any better any better than this




Eu nunca vou te abandonar. - disse Harry quase que sentindo a dor de Draco e o abraçando novamente bem mais forte e ao solta-lo tocou os lábios levemente na testa do garoto loiro o beijando.



And how can I stand here with you

And not be moved by you

Ohhhhhhhhhhh

Would you tell me how could it be any better than this




Eu vou fazer você dormir. - disse Harry sorrindo e Draco retribuiu o sorriso se deitando novamente no colo do garoto e adormecendo rapidamente, Harry que sentia a culpa de ter iludido o garoto adormeceu também pensando no que fizera ao voltar com Cho.

Would you tell me how could it be any better than this...

Os dias se passaram demasiadamente rápidos depois daquilo tudo notou Harry quando

faltava apenas alguns dias para a volta do Prof. Dumbledore que seria exatamente em

dois de outubro, mas ele não ele leu nenhum aviso de preparação para o recebimento do professor no dia da volta, ele desceu para tomar café como todo mundo com Rony e Hermione, o garoto ruivo havia decidido por estreitar mais a relação dos dois e voltarem a andar juntos mesmo que não se falassem, mas é claro com a presença de Hermione.

Esperem um minuto. - disse ela se dirigindo a Gina que descia as escadas acompanhada de Luna.

Oi. - disse Hermione as duas que retribuiram o cumprimento – Olha meus pais me retornaram a carta, disseram que é só eu mandar o cabelo via correio que eles mandaram ao meu tio.

Mas será que isso não é arriscado? - perguntou Luna que teve a voz levemente abafada por um bando de garotos que passavam pela escada podendo dar vazão a conversa sem serem percebidas.

Também acho. - disse Gina – podemos estar sendo vigiados, Draco deu a entender no mês passado que provavelmente sabia o que nós estamos armando.

Então só nos resta esperar até o natal, quando verei meus pais. - disse Hermione quando elas entraram no salão principal, Rony e Harry sentados em extremidades opostas, Harry com Cho ao seu lado que desde que eles assumiram o namoro não desgrudava dele um só segundo fazendo com que Draco nem sequer aparecesse nas horas certas das refeições o que causava a Harry um mal estar quase que insuportável.

Tanto tempo assim. - disse Gina.

É, mas é mais seguro. - concluiu Luna quando se sentou ao lado de Neville para tomar café com ele.

Harry não parava de lançar olhares a mesa o professor ignorando a conversa de Cho sobre quadribol e deixando que Rony sustentasse a conversa com a garota enquanto ele continuava atento a mesa dos professores esperando que Dumbledore aparecesse do nada com seu largo sorriso dizendo a todos que voltou, mas isso não aconteceu, eles tomaram o café, e quando iam se levantar para sair a Prof. Mcgonagall que substituia o professor, mas não sentava na cadeira dele por respeito se levantou para falar:

Como podem ver, hoje seria o dia em que o Prof. Dumbledore voltaria a ocupar seu posto como diretor na escola – havia um quê de apatia na voz da professora que era muito familiar a Harry – mas infelizmente...

Nesse momento o silêncio era tanto que um simples mosquito poderia causar um barulhaço se passasse por ali naquele momento por causa do eco vazio do salão, Harry e todos estavam atentos e ansiosos.

Mas infelizmente ele demorará um pouco a voltar por causa de uma viagem que ele está fazendo, mas não se preocupem, durante esse tempo – e nesse momento a voz da mulher pareceu se animar – iremos preparar um grande baile de fim de Verão que acontecerá para comemorarmos a volta do nosso querido diretor.

Os aplausos eclodiram pelas mesas das casas.

O baile acontecerá no dia das bruxas que será o dia em que o Prof. Dumbledore provavelmente estará de volta, vocês perceberão quando voltarem para suas casas hoje que vai estar afixado no mural de avisos os procedimentos comuns para o baile que será a rigor e que terá casais de dança para a valsa, agora boa aula a todos e não se esqueçam que o baile coincidirá com o primeiro jogo do campeonato de quadribol deste ano, portanto jogadores treinem.

Harry bufou, será que ele teria que dançar novamente, mas a idéia de treinar mais com o time de quadribol que estava a ponto de bala devido a entrada de Teo era muito reconfortante e limpou os pensamentos da cabeça do garoto.

Snape não conversou nada a respeito do que você viu? - perguntou Hermione ao garoto enquanto faziam o dever de casa durante uma noite chuvosa.

Não. - respondeu Harry – ele continua fingindo que nada aconteceu.

Com quem você vai ao Baile? - perguntou Harry a garota, Rony que lia um livro permaneceu quieto.

Não sei se irei ir com alguém, provavelmente se eu for sorteada para os casais que irão dançar talvez eu arrume um par – fora apregado um aviso no salão comunal no dia do anúncio do baile dizendo que os casais de dança iriam ser sorteados por cada diretor das casas - senão prefiro ir sozinha. - disse ela categoricamente.

Ah. - respondeu ele se voltando para o livro de poções.

Você vai com a Cho, não vai? - perguntou ela o olhando desconfiada.

Vou. - respondeu ele sem alegria.

Sabe... - ia dizendo ela e Rony começou a prestar atenção na conversa fechando o livro, álias ele lia muito ultimamente – Vocês nem parecem que estão namorando, quer dizer você não parece muito feliz – vendo a cara de Rony ela perguntou a ele – não é?

O garoto ruivo afirmou com a cabeça. Harry se sentiu levemente irritado, pois as coisas não eram bem assim, mas respondeu com delicadeza.

Hermione ela implicou de querer entrar de mãos dadas no Salão Principal todo dia além de assistir a todos os meus treinos, isso é um namoro ou não é?

Ele ainda se sentia realmente irritado só de saber que estava praticamente sendo vigiado pela garota, ao invés de namorar e quem infelizmente sofria com isso era a própria Cho que tinha um namorado distante e talvez até um pouco frio, mas ele não fazia por mal.

A garota continuou a olha-lo desconfiada, mas apenas balançou a cabeça em afirmação e voltou a escrever.

Finalmente a véspera da volta de Dumbledore chegou e a tensão cresceu cada vez mais dentro da escola, ataques aos jogadores de quadribol da Grifinória era fácil de acontecerem, mas dessa vez havia a vantagem de Draco não se envolver com isso e Snape não defender os Sonserinos quando isso acontecia e que por não saberem disso ousaram enfeitiçar Kate Bell em plena aula quando o professor escrevia no quadro negro.

Crabbe, por favor se retire dessa sala nesse instante e faça o favor de voltar após a aula para combinarmos sua detenção além dos cinquentas pontos que a sua casa perdeu por sua causa.

Harry pode jurar que viu uma lágrima de raiva e espanto rolar do rosto gordo cinzento do garoto quando ele saiu apoplético da sala com os alunos da Grifinória batendo palmas ao professor de pé enquanto Hermione auxiliava Kate a contra gosto com um contra-feitiço útil.

As pessoas pareciam cada vez mais risonhas e fofoqueiras a respeito do baile, houveram até boatos que fizeram as orelhas de Rony corar de raiva quando ouviu que Victor Krum viria a Hogwarts especialmente para acompanhar Hermione na noite do Baile e tudo isso se juntava a tensão do garoto ruivo que temia que a canção “Weasley é o Nosso Rei” criada por Draco Malfoy fosse entoada no campo na manhã seguinte.

Não se preocupe você vai se sair bem. - disse Harry ao garoto que agradeceu com um sorriso tímido, a relação dele com Harry havia se tornado decididamente amena e as vezes eles até se falavam nas aulas, mas durava poucos minutos.

Bom nós nos encontramos no treino. - disse Teo ao se despedir de Harry que ia a aula de Oclumência com o Prof. Snape no outro andar.

Ok, tchau. - respondeu ele se sentindo aliviado de que Cho não tivesse o seguido naquele dia, pois ia a Hogsmeade comprar acessórios para o Baile, a garota parecia realmente ansiosa e tinha a idéia de que nesse dia seu relacionamento com Harry fosse dar uma guinada da rotina chata que se tornara namorar com ele.

O garoto bateu duas vezes na porta ao chegar na sala do professor.

Entre. - ouviu a voz de Snape.

O garoto abriu a porta e encontrou Snape de pé olhando pela janela, como na noite em que pedira perdão a Harry por certas coisas.

Você entrou na minha mente. - disse o professor calmo, Harry boquiabriu-se estupefato.

Sente-se. - disse o professor a Harry que continuou de pé ainda estupefato pelo o que ele dissera.

Preciso lhe explicar certas coisas da qual você viu e conversar sobre seu pai.

Harry boquiabriu-se novamente a palavra “pai” na boca de Snape lhe lembrava rapidamente a cena que ele assistira na Penseira há algum tempo.

Vamos, sente-se. - disse Snape mais rigoroso e Harry resolveu não desobedece-lo.

Profes..

Não precisa dizer nada, deixe que eu fale por enquanto.

Harry calou-se instantaneamente.

Creio que este ano letivo tem sido muito confuso para você, estou certo?

O garoto assentiu com a cabeça.

Tenho certeza de que neste momento a escola inteira quer saber por que houve uma mudança tão repentina comigo, não é? - perguntou ele mantendo seu tom sério, as palavras pareciam difíceis de serem proferidas.

Mais uma vez Harry assentiu.

Eu só queria dizer que não foi minha intenção invadir sua mente professor. - se adiantou Harry – Eu conversei com Hagrid – o rosto de Snape se contraiu em surpresa – mas não falei nada que ouvi da sua conversa com a mãe de Draco, mas acho que ele sabe. - acrescentou Harry no final.

Não é difícil, não é mesmo? - perguntou o professor mais calmamente do nunca – Ele esteve ao meu lado em todos os momentos, bom homem é o Hagrid.

Harry contraiu um sorriso involuntário, era bom ver Snape assim desse jeito, era como se o ódio que ele ajuntara pelo professor todos esses anos estivessem transparecendo e desaparecendo e ele sabia que após ver seu pai fazer o que fez a Snape no quinto ano ajudara muito nisso.

Mas, professor porque a mudança? - perguntou Harry de assalto.

Ela me pediu. - respondeu o professor da escuridão da sala.

Eu o chamei aqui para lhe falar sobre isso, como você deve saber ela escreveu uma carta a mim e a Draco. - disse ele pegando algo em seu bolso e mostrando a Harry – está aqui, o que me fez mudar e te chamar até aqui hoje.

Harry continuou calado.

Antes que o Prof. Dumbledore volte temos que esclarecer o que tem acontecido comigo ultimamente.

Harry intrigado perguntou:

Mas professor... creio que isso não seja da minha conta – disse Harry – como você sempre fez questão de dizer há assuntos que não me envolve.

Snape se alarmou pelo modo como Harry se dirigiu, mas não o críticou.

Desde que você entrou na minha mente você está envolvido nisso, aliás desde que você chegou a essa escola está envolvido com tudo em relação a mim.

Nesse momento Harry encarou a palavra “tudo” como sinônimo de “Tiago Potter”.

Não, professor... não estou. - respondeu Harry cordialmente, mas sabia o porque de Snape ser rabugento com ele todos esses anos, Harry era a lembrança viva de Tiago Potter o homem que o atormentou quase toda sua juventude.

Seu pai... é sobre ele que quero falar... - disse Snape – e sobre todos os outros que andavam com ele.

E “outros” Harry entendeu como Sirius.

Seu pai e Sirius Black foram em grande parte o que me tornaram a ser o que eu era, mas tudo o que me tornei não é por causa deles é claro, e esse é um assunto do qual não quero conversar.

Harry não entendeu muito bem, mas continuou a escutar.

Narcisa escreveu nessa carta – disse ele apontando o papel que estava na mesa – que queria que eu mudasse, que não é justo eu disperdiçar o resto da minha vida simplesmente porque eu não fui feliz em certos momentos da minha vida.

Harry só escutava.

A príncipio eu não quis escuta-la, a morte dela ainda é uma coisa difícil para mim, e acho que sempre vai ser, mas o que me deu forças para mudar, mesmo que seja irônico foi você.

Eu? - perguntou Harry mais estupefato, na verdade não era fácil para ele ouvir Snape falar tudo aquilo principalmente porque envolvia o que seu pai havia feito ao professor o que ainda deixava de certa forma Harry se sentir culpado.

Sim, você Harry – ao ouvir o pronunciar de seu primeiro nome da boca de Snape um calafrio perpassou pela espinha de Harry, era estranho, mas parecia que nesse ano as pessoas próximas a Harry que lhe fizeram algum mal pareciam fortemente decididas a se retratarem.

Você a quem eu fiz questão de maltratar todos esses anos foi o espelho para quem olhei e vi que as coisas têm de alguma forma seu sentido para acontecerem.

Como assim?

Snape se levantou da carteira e olhou no fundo dos olhos de Harry.

Foi em você que eu enxerguei que todas as coisas que aconteceram comigo foram porque tiveram que acontecer, eu vi todas as coisas que lhe aconteciam, o Lord das Trevas sempre a espreita tentando te derrubar e não importa o que lhe acontecia, você sempre se levantava e mostrava a ele que não iria desistir...

Harry ouvindo aquilo tudo não pode deixar de se sentir emocionado, aquelas palavras de Snape era reconfortantes para o momento que ele vivia e ele nunca esperava que fosse ouvir tudo aquilo desse homem que pareceu sempre odia-lo desde a primeira vez que o vira.

Aconteceram muitas coisas comigo e eu tenho certeza de o que me transformou em uma criança infeliz, um adolescente infeliz, um adulto infeliz foi a falta de compreensão e eu enxerguei em você tudo o que me faltava e isso como disse foi umas das coisas que me fizeram mudar, não poder viver com Narcisa me trouxe muita amargura, muita tristeza e juntando tudo com o que seu pai e seu padrinho me fizeram é realmente o que me fez ser assim, mas simplesmente porque eu deixei-me levar por coisas que não valiam a pena e é por isso que quis ter essa conversa com você. Quero lhe pedir perdão.

Perdão?

Isso, perdão... por todos esses anos de injustiça, tudo de mal que lhe fiz, pois descarreguei toda a minha fúria que tinha de Tiago em você. - disse Snape sério e sua voz revelava realmente o sentimento de culpa – Eu não gosto do seu pai, eu estaria mentindo se disser que já gostei e o mesmo se aplica a Sirius. Pra mim eles sempres foram o que de mais ruim haviam em Hogwarts, tudo o que representava o de mais contrário nas coisas em que eu acreditava, os meus valores. E creio que você vem passando isso com Draco Malfoy, não é?

Harry assentiu sentindo o peito apertar de dor involuntária.

Mas mesmo assim, nunca... nunca que desejei mal a eles e hoje mais uma vez preciso lhe pedir desculpas, pois mesmo Narcisa me dizendo para fazer essa mudança em mim em benefício a mim próprio eu acredito que faço isso porque de alguma forma você me ajudou a enxergar a frente. Obrigado.

Harry se levantou e inexplicavelmente sorriu:

Eu lhe entendo, e não vou pedir que perdoe meu pai e Sirius pelo que lhe fizeram, mas pense que eles não entendiam o que você estava passando, se é que estava passando por algo errado naquela época, como que para você eles enxergavam no senhor todas as coisas que para eles eram errado... - Snape franziu a testa – como por exemplo a Arte das Trevas e esse não sei se o senhor sabia, mas era o principal motivo por que meu pai não gostava do senhor.

Entendo, mas antes de pensar em perdoa-los quero dar um passo de cada vez – disse ele estendendo a mão ao garoto – e creio que este é um primeiro passo.

Sim é. - respondeu Harry se sentindo aliviado por ter dito tudo o que queria e pensava em relação a desavença entre Snape e seu pai.

Ele apertou a mão do professor.

É um começo. - disse Snape esboçando algo que lembrava um sorriso antes de se dirigir a uma estante de livro e dizer:

Vamos a aula, temos muito o que nos concentrar afinal o Prof. Dumbledore chega amanhã.

É mesmo. - respondeu Harry como se um peso saísse de suas costas e tudo o que ele vira na penseira tivesse desaparecido, pois assim era para o professor Snape.

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