Voltando com Cho
Capítulo 29
Voltando com Cho
Hermione bateu duas vezes na porta da cabana de Hagrid, Harry ao seu lado, as imagens vistas na mente de Snape ainda circulando sobe seus pensamentos.
— Hagrid abra! Somos nós. - disse Hermione.
Ninguém apareceu, nem os latidos de Canino foram escutados.
— Hermione, vamos, acho que ele deve estar dando alguma aula por aí, vamos.
A garota desistindo desceu as escadinhas que levavam a porta do professor e começou a acompanhar Harry para o castelo quando ouviu algo.
— Você ouviu isso? - perguntou ela ao garoto.
O garoto balançou a cabeça e disse:
— Não.
— Fica quieto - disse ela apurandos os ouvidos - escuta.
Harry tentou escutar e realmente havia algo, bem ao fundo se ouvia os latidos de Canino, o cachorro de Hagrid.
— Olha lá. - apontou ela descendo o morro que levava a cabana de Hagrid que neste momento saía da floresta acompanhado de Canino e...
— Draco! - disse Harry.
Hermione franziu o cenho, mas Canino voou para cima dela e começou a lamber suas orelhas desviando temporariamente sua atenção.
A príncipio as pernas de Harry bambearam, logo depois seu coração acelerou - afinal que diabos o garoto estava fazendo lá.
— Olá! - acenou Hagrid indo se juntar aos dois que estavam a espera do bruxo em sua porta, Draco ainda a seu lado.
— Nos vemos na aula então. - disse o professor formalmente se despedindo de Draco.
O garoto loiro respondeu:
— Até então professor. - e sem nem olhar para Harry subiu o morro em direção ao castelo.
Hermione olhou para Hagrid desconfiada enquanto o bruxo abria a porta.
— O que vocês faziam na floresta, Hagrid?
O bruxo abriu a porta e deu passagem a Harry e a garota.
— Nós sabemos de Narcisa... - Harry cortou a garota sem saber o por quê.
— O quê!? - urrou o professor fechando a porta e as janelas depois que Canino entrou no aposento.
A garota aparentemente não percebeu por que Harry fizera aquilo, mas deu vazão ao assunto:
— É isso mesmo Hagrid - dizia a garota enquanto o bruxo fechava as cortinas e se sentava na mesa para contemplar com curiosidade os dois - Harry invadiu a mente de Snape na aula de Oclumência e viu tudo, agora pode nos dizer que missão é essa e o que afinal você estava fazendo lá.
Harry podia até ter se irritado com a garota por ela ter tomado parte no assunto, mas a visão de Draco saindo da floresta com o professor ainda era fresca.
— Vocês... - balançou a cabeça o meio gigante - ... realmente, nunca vi bruxos tão incheridos a ponto de descobrirem tantas coisas sem permissão como vocês - Hermione pareceu não se abater com a crítica e continuou impassiva - são muito intrometidos, Harry o quê que você tinha de ter entrado na mente de Snape, isso é um assunto muito sigiloso, ele sabe que você fez isso?
Harry que parecia estar em um transe voltou a tona.
— O quê? - perguntou o garoto limpando da mente a imagem de Draco.
— Ele sabe - repetiu Hagrid - que você invadiu a mente dele?
— Sabe - disse Harry se interessando no assunto com mais avidez - , mas finge que não, parece que descobri coisas que não devia.
O bruxo arregalou os olhos entendo o que Harry dizia, Hermione permaneceu quieta.
— Bem, como posso explicar - disse Hagrid tentando escolher as palavras certas - Esse assunto é realmente sigiloso por isso peço a vocês que mantenham ele com vocês. - pediu Hagrid.
— Está bem. - respondeu Hermione um pouco apreensiva, pois afinal Luna, Neville e Gina iriam saber de tudo se o assunto estivesse ligado a Ordem da Fênix ou a Harry, o que ajudaria bastante na guarda do garoto.
— O Prof. Snape tem realizado uma espécie de missão nesses últimos anos, não é? - perguntou Harry.
— Sim. - respondeu Hagrid se sobressaltando levemente com a quantidade de informações que os garotos tinham - Essa missão implica em descobrir coisas sobre Você-Sabe-Quem...
— Mas o que Narcisa Malfoy tem haver com isso? - perguntou Harry.
Hermione fez cara de repreensão para que ele escutasse a história de Hagrid.
— Quando Snape era um Comensal da Morte - disse o professor e neste momento ele se levantou para olhar pela janela para ver se alguém se aproximava - ele tinha uma amizade com Narcisa e Lucius Malfoy e conforme essa amizade ganhou tempo - e nesse momento seu rosto ficou levemente vermelho e Harry soube que ele sabia do caso de Snape e Narcisa - ele descobriu que Narcisa era apenas submissa ao marido, mas não compartilhava dos sentimentos dele e não queria se juntar a Você-Sabe-Quem e ele a convenceu a se juntar a Ordem quando estavam mais velhos e Snape se redimira com o Prof. Dumbledore...
— Mas... Hagrid... Eu vi uma foto dos antigos membros da Ordem - disse Harry se lembrando - e ela não estava lá.
— Não estava por que... provavelmente não podia... manter contato físico com a Ordem já que estava vigiando Voldemort fingindo se aliar a ele. - concluiu Hermione depois de pensar muito.
— Isso, muito bem, Hermione, é isso mesmo. - disse o professor como se estivesse elogiando Hermione em sala de aula por seus acertos corriqueiros - Mas continuando é isso, Narcisa se aliou a Dumbledore e a missão de Snape era se infriltrar na casa dos Malfoy aonde ele tinha passe livre, pois mesmo tendo se aliado a Dumbledore, para os comensais e para Você-Sabe-Quem o Prof. Snape era um ponto de interrogação.
Hermione considerava as idéias como se estivesse escrevendo em um papel tudo que Hagrid dizia.
— Mas isso quer dizer que... o que eu vi...
— Isso - respondeu Hagrid a Harry - ela foi descoberta depois de anos... - Hermione ia abrir a boca, mas Hagrid instantaneamente respondeu a ela - devido a algo que nós ainda não sabemos.
— ... E é aí aonde eu entro, Snape decidiu com o conselho do professor Dumbledore me chamar para salva-la, e eu fui, é uma mulher fantástica essa Narcisa - balançou a cabeça tristemente o homem - mesmo presa ela ainda podia ser doce e boa, ninguém entende porque em sua época escolar ela foi parar justo na Sonserina, tão boa e foi parar lá, parece que foi o destino... - dizia Hagrid pensativo.
— Mas Hagrid, uma vez a vimos no dia da final da Copa Mundial de Quadribol e ela não parecia ser essa mulher boa e doce como você diz, tinha uma cara de esnobe, como se misturar a nós fosse um insulto. - disse Harry se lembrando da mãe de Draco no dia fatídico.
— Ela tinha que manter as aparências Harry, ela não podia mostrar a bruxidade quem ela realmente era e levantar suspeitas aos seguidores de Voldemort que ainda esperavam por sua volta, você tinha que ver... eu e Snape montamos acampamento perto da mansão dos Malfoy, ela estava presa em um calabouço, alimentada a pão e água, era lamentável, até que como vocês sabem os comensais chegaram... - a voz de Hagrid foi morrendo ao se lembrar.
— Hagrid... - perguntou Hermione temendo a resposta - ela foi... morta?
Harry que ainda não havia contado a garota que já sabia da morte da mãe de Draco fez um olhar significativo a Hagrid.
O professor balançou a cabeça afirmando; a garota arregalou os olhos; Harry apenas fitou o cadarço do seu tênis e permaneceu calado.
— Tentamos de tudo, parecia que feitiço nenhum a soltaria daquelas rochas que a prendiam - dizia Hagrid descontente - o Snape não queria desistir, ele tentou de tudo, mas não conseguimos salva-la a tempo e olhe que fomos vários dias visita-la, levar comida, água e tentar outros feitiços, mas parecia que o que a prendia foi infeitiçado pelo próprio Você-Sabe-Quem.
— Hagrid - Harry se lembrou de repente - ontem quando entrei na mente de Snape ele teve um surto quando recobrou a consciência e começou a pensar que eu era Lucius e me atacou...
— O quê!? - gritou Hagrid fazendo os pássaros que estavam em seu jardim voarem - Ah eu vou falar com Snape ele precisa tomar cuidado, pode te machucar.
— Não se preocupe eu consegui me livrar dele - disse o garoto tentando acalmar Hagrid - mas o importante é que ele começou a dizer coisas.
— Coisas... Que coisas? - perguntou Hagrid voltando ao normal.
Hermione que já sabia de tudo apenas escutou.
— Ele pensou que eu era Lucius, o pai de Draco e disse algo como " Você podia ter poupado a vida dela".
- disse ele tentando se lembrar, pois era díficil se lembrar de coisas quando se estava sendo quase furado por uma varinha naquele momento.
— Eu não sei te dizer bem - disse Hagrid - mas acho que Lucius foi quem a matou...
Hermione levou a mão a boca.
Harry considerou a tamanha raiva de Draco quando se referiu ao pai naquele dia no lago.
— ...Tem algo a ver com um bilhete que Narcisa entregou a Snape, mas era pessoal - disse o bruxo coçando a cabeça desconcertado - o máximo que Snape pode me dizer era que Lucius fora coagido por Você-Sabe-Quem a escolher entre a vida dele e a da mulher e eu não preciso dizer quem foi que o maldito escolheu.
Harry se lembrou de uma vez no ano passado o tataravô de Sirius, Fineus Nigellus lhe dizer "Nós da Sonserina somos corajosos, sim, mas não somos burros. Por exemplo, se nos derem a opção, sempre escolheremos salvar a pele."
— Homem ruim esse Lucius, vai morrer logo. - disse Harry pensando no sofrimento de Draco.
Hermione devia ter se assustado com as palavras de Harry, mas ela estava pensando em outra coisa.
— Hagrid... - disse a menina - Malfoy por acaso estava falando com você a respeito disso?..
Harry se sobressaltou levemente.
Hagrid que servia os dois com chá gelado que acabara de fazer suspirou.
— Não, não, ele veio aqui a respeito de outro assunto, é esquisito, mas acho que a morte da mãe do garoto causou alguma mudança nele.
— Como assim? - perguntou Hermione.
Harry se limitou a tomar o chá.
— Ele veio me pedir desculpas.
Harry engasgou e cuspiu todo o chá que estava em sua boca.
— Você está bem? - perguntou Hagrid a Harry que respondeu afirmativamente e pediu que ele continuasse.
— Me pediu desculpas o garoto - ele balançou a cabeça desacreditando - do jeito dele é claro, pediu desculpas pelo episódio do Bicuço e me contou que mentiu, que o bicho não o machucou seriamente...
— Eu sabia! Estava claro que ele estava mentindo. - disse Hermione batendo com a mão na mesa.
— Eu ralhei com ele é claro, Bicuço poderia ter morrido, ainda bem que não. Graças a vocês - sorriu o bruxo agradecido - Bom ele também pediu desculpas por ter me tratado sempre mal, pediu desculpas por ter se aliado a Umbridge e ter dificultado as coisas pra mim na avaliação que ela fez de mim no ano passado - Vaca velha! Teve o que mereceu - disse o homem se lembrando da mulher. - Ele parecia arrependido - a cor do rosto de Harry lembrava vivamente a cor de uma rosa no frio de tão corado nesse momento - Não acredito que um dia ele vá virar um comensal, mas não vejo coisas boas nesse garoto... não vejo.
Hermione considerou as idéias novamente antes de se levantar e dizer:
— Temos que ir Hagrid está na hora do almoço.
— Ah tudo bem, eu vou ir ver o Grope, levar comida e conversar um pouco...
— Como ele está? - perguntou Harry.
— Está bem, não para de perguntar por você, Hermione? Vocês podiam ir visita-lo?
A garota um pouco desconcertada apenas sorriu, mas Harry disse:
— É parece uma boa, daqui há alguns dias nos chame, vou gostar de vê-lo.
Hagrid sorriu animado, Hermione encarou Harry alarmada antes de sem saída concordar com ele.
O bruxo se levantou e foi levar as canecas vazias para a cozinha.
— Que história é essa de ir visitar Grope, se esqueceu da última vez que o vimos o que aconteceu? - perguntou a garota sussurrando para Harry.
— Ah sei lá só pra despistar. - disse Harry se lembrando da fúria do gigante contra os Centauros em junho passado.
O bruxo os levou até a porta e se despediu dos garotos dizendo ao os verem sair " Não se esqueçam, sigilo, não quero que esse assunto circule por aí, ouviram."
— Tudo bem. - respondeu Hermione a ele, mas não pode deixar de comentar ao entrarem no saguão - É muito estranho essa história de o Prof. Snape ter recebido um bilhete pessoal da mãe de Draco, não é?
Harry inventou rapidamente uma dor de cabeça e disse que ia se deitar para desviar-se do assunto e refletir sobre tudo o que ouvira e vira nas últimas horas.
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Harry contemplava o dossel da cama mergulhado em pensamentos. Pela primeira vez depois que ele estivera no lago com Draco ele podia considerar a idéia de se envolver sentimentalmente com o garoto, ter um relacionamento de verdade, era estranho, mas Draco ao que parecia estava cumprindo sua promessa de se regenerar e eles iriam namorar, porque Harry queria isso, ele estava apaixonado, não havia mais dúvidas, ele não parava de pensar em Draco, era de noite, de dia, na aula, ele estava enlouquecendo.
Harry se sentiu cansado, era normal se sentir assim ultimamente desde que chegara em Hogwarts e as coisas tomavam o rumo que estavam tomando, ele emborcou seu corpo na coucha de veludo e apagou.
"Harry estava caminhando por uma floresta, estava escuro, ele caminhava sem parar, finalmente depois do que pareciam horas ele chegou no lugar onde queria, era uma casa, muito bonita por sinal, as luzes estavam acesas, havia uma festa - pensou ele antes de abrir a porta, de repente o sonho mudou ele estava em Hogwarts, caminhava entre os alunos de mãos dadas com Draco, o coração acelerado, os alunos riam, Harry olhou a um canto e viu Hermione e Rony eles estavam abraçados - Hermione de frente para Harry, Rony atrás da garota com as mãos passadas pela cintura dela - ao ver Harry, Hermione balançou a cabeça descontente, mas parecia mais decepcionada, Rony sorriu, mas era um sorriso de deboche, as portas do salão principal se abriram, o peito de Harry deu um pulo e praticamente parou, lhe faltava ar, sua mãe, seu pai e Sirius Black, seu padrinho, estavam parados olhando para o casal, o garoto parou de andar, ele começou a recuar quando Draco disse:
— Nós vamos ficar juntos pra sempre, vem comigo.
A mãe de Harry chorava no ombro do pai do garoto, Tiago. Sirius se juntara a Rony e Hermione e dizia descontente - "Foi esse o afilhado que eu protegi? Foi esse o garoto por quem eu dei a minha vida?" Rony balançou a cabeça."
Harry acordou todo suado gritando:
— Sirius! Sirius! Me perdoa, me perdoa.
O cortinado da cama se abriu, era Rony.
— Hei calma cara, foi só um pesadelo, calma.
Rony ia bater nas costas de Harry como consolo quando este se levantou e saiu do quarto descontrolado.
— Me deixe em paz! - gritou ele antes de se levantar e bater a porta do quarto quando saiu.
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Hermione comia fingindo estar concentrada no fundo do prato quando falou à Gina:
— Precisamos fazer uma reunião urgente descobri coisas importantes esta manhã.
— Já não via a hora de você dizer isso, temos que mostrar o que consegui a Neville e Luna e também temos que pensar o que vamos fazer com isso.
Hermione se serviu de batatas quando Parvati e Lilá engataram uma conversa que camuflou as vozes das garotas no salão que estava apinhado de gente.
— Já pensei nisso também, meu tio poderá resolver esse problema para nós, bem a biblioteca está vazia agora, vá você primeiro, nos encontramos lá, eu aviso a Luna e o Neville. - disse a garota se servindo de pudim de carne.
— O.k. - disse Gina se levantando, pois já havia terminado de almoçar.
Hermione esperou Gina sumir pela porta e se dirigiu a Neville que saiu alguns minutos após seu recado. Hermione voltou a olhar pelo salão para procurar por Luna, mas não encontrou a garota, esperou alguns minutos se levantou junto a um grupo de garotos que terminaram o almoço e iam aos jardins e saiu.
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Harry andava pelos corredores atordoado, ele não sabia para onde ir, com quem falar, ele nunca na vida tivera um pesadelo tão ruim que lhe impingisse um sentimento tão horroso, o sentimento da morte, do fim. O peito do garoto subia e descia e ele arfava como se sentisse que a qualquer momento as pessoas do seu sonho fossem pular de dentro de alguma sala e gritar que ele era uma aberração, o garoto sem perceber estava descendo as escadas em direção ao saguão principal, alguns alunos subiam as escadas e passavam por ele cochichando entre si devido ao estado de quase alucinação do garoto, mas ele não percebeu. Ao chegar no último degrau ele se deu conta de onde estava, se encostou na parede mais próxima e deslizou de lado sobre ela sentando no último degrau da escada, os olhos cheios de água, mas o saguão se encheu de tal forma que ele virou apenas mais um objeto decorativo do lugar.
Os minutos se passaram sem que ele percebesse, logo o Salão principal estava vazio e o saguão também.
Harry não podia acreditar no que ele estava prestes a fazer, ele não podia, o que seus pais achariam se o vissem namorando um rapaz e não uma garota, será que eles estavam decepcionados com o garoto, será que eles se arrependeriam de ter dado suas vidas a ele se do lugar onde estivessem soubesse que o garoto estava apaixonado por um garoto, tudo estava muito confuso, muito confuso.
Harry estava distraído quando uma abarrotada de livros tropeçou nele fazendo vários livros cairem sobre sua cabeça.
A garota loira pegou os livros e não se desculpou, quando Harry ia falar para ela que lhe faltava educação uma Luna surpresa lhe olhou atenta.
— Oi, desculpe.
O garoto balançou a cabeça como se dissesse - "não foi nada".
Ela se sentou alguns degraus acima dele depois de pegar o último livro caído.
— Novamente aqui, Harry. - disse ela com seu ar aéreo habitual, ela estava vestida com um lindo vestido rosa e com um lenço vermelho com bolinhas amarelas amarrado como uma faixa no cabelo brilhante.
O garoto deu de ombros.
— Sabe Luna... Ah deixa pra lá você não iria entender.
— Faz uma tentativa. - disse a garota perdendo seu ar aéreo em segundos.
Harry constatou que Luna sabia ser realmente esperta quando queria.
— Luna você já se apaixonou por alguém que não seja o Neville?
— Não. - respondeu ela sem rodeios.
— Então não iria entender o que acontece, não mesmo.
— Já disse - falou com ela com impaciência sonhadora - fale... ou vai dizer que da outra vez eu não te ajudei.
— É de fato você me ajudou. - disse ele pensativo, os olhos fixos em um ponto inexistente.
— O que você acha que aconteceria se eu me apaixonasse por alguém errado? - perguntou Harry.
— Depende.
— Depende do quê?
— Do que você acha errado e do que as pessoas acham errado.
Harry se sentiu um tanto confuso.
— Tudo bem, vou ser mais específico, e se eu me apaixonasse por alguém que nenhum dos meus amigos iriam aprovar.
— Aí sim você estaria com problemas, mas quanto a ser uma pessoa errada, a pessoa seria uma pessoa errada para eles e não pra você, pois se você se apaixonou por alguém então provavelmente essa pessoa não é uma pessoa errada ao seu ver, porque por mais que não possamos controlar nossos corações, nós não nos apaixonaríamos por uma pessoa que odíamos se não tivermos um motivo realmente bom para isso.
— É, é verdade. - respondeu Harry.
— Mas e se essa pessoa fosse do outro lado de lá.
— Quê lado? - perguntou a garota com tal rapidez que parecia que ela tossiu e não que havia falado.
— O lado de Voldemort, quer dizer eu não sei se essa pessoa está do lado dele, por que só a conheci realmente há alguns dias, mas sei lá.
— Aí você está realmente encrencado, alguém do lado de alguém que quer te matar, essa não é uma boa, mas não se preocupe provavelmente você está apenas fazendo uma suposição, pois a única mulher do lado de Voldemort neste momento é Bellatrix Lestrange e creio que você não está apaixonado por ela.
Harry se sobressaltou e respondeu de assalto.
— Não, ela não.
A garota desceu os degraus e se virou para ele.
— Eu quero dizer... alguém totalmente fora do comum, alguém que todos reprovariam, tipo... se fosse um homem?
Harry desejou não ter dito aquilo, a garota que havia se virado para ir embora parou instantaneamente, mas se virou sorrindo.
— Harry seja um homem, um pássaro ou um avião eu confio no seu julgamento e acredito que você também confia, então vai em frente e siga seu coração, você vai se surpreender com o que ele pedir. - disse a garota saindo.
— Obrigado Luna. - agradeceu o garoto.
— Nada' Harry. - respondeu ela ao sair para os jardins e voltar correndo se lembrando de algo que esqueceu em algum lugar.
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Hermione havia acabado de contar toda a história sobre Snape a Luna, Neville e Gina quando a última comentou:
— Por que será que ela foi pega justo agora se conseguiu se disfarçar todos esses anos?
— Não sei. - disse Hermione balançando a cabeça - Mas sei que antes de morrer ela entregou um bilhete pessoal a Snape.
— É, mas não há nada que pos... samos... - o garoto começou a tossir e depois de alguns segundos de quase entalamento onde o rosto dele parecia mais um pimentão vermelho ele cospiu uma bolha enorme de pelo laranja e brilhante.
— Isso é horrível! - disse ele - Essa é a pior parte do experimento.
— Toma isso - disse Luna - entregando uma poção de tom azulado ao garoto que tomou de um gole só - Mas como ia dizendo, não há nada que possamos fazer, pois afinal o bilhete é pessoal e não podemos lê-lo.
— É, é verdade. - disse Gina se levantando e indo pegar algo a mesa.
— Vamos Gina, mostre o que você achou. - disse Luna se virando para a garota do outro lado da biblioteca.
— Está aqui. - disse ela mostrando um leve punhado de cabelos brancos dentro de um saquinho transparente.
— De quem é esse cabelo? - perguntou Neville.
— Bom - disse a garota erguendo o saquinho mais - esse é o cabelo da pessoa que colocou o veneno na caixa com livros onde Harry aspirou o pó, ou melhor o veneno.
— Você tem certeza de que é o cabelo do culpado? - perguntou Neville.
— É claro - respondeu a garota entusiasmada, mas ao mesmo tempo séria - de quem mais poderia ser, os cabelos de Draco são loiros, os de Harry pretos e esses daqui são genuinos brancos.
— Mas podem ser de qualquer pessoa. - insistiu o garoto.
— Não acredito nisso. - disse Hermione e Luna balançou a cabeça em aprovação - as caixas estavam lacradas e apenas Harry e Draco tiveram acesso a elas além é claro daquela pessoa misteriosa que encontramos naquele dia lá em cima.
— É, mas os cabelos de Draco são tão loiros que alguns chegam a ser brancos, você já reparou? - perguntou Neville.
— Eu também pensei nisso, mas... - disse Gina acenando para que todos se aproximassem da mesa de experimentos - pensando nisso fiz uma poção do rejuvenescimento e jogando sobre os cabelos... - disse ela tirando um fio dos cabelos do saquinho e jogando uma gota da poção sobre ele - ... veja o que acontece.
Por alguns segundos a poção apenas borbulhou mudando de cor sobre o cabelo e em segundos o fio estava de uma cor preta bem forte.
— É isso agora só basta descobrir quem com mais de quarenta anos e que seja desconhecido teve freqüentado a escola recentemente.
— Lucius Malfoy! - disse Neville de assalto.
— O pai de Draco é loiro Neville - disse Hermione antes de ir para o lado de Gina - como te disse no salão comunal tenho uma solução, pois de suposições e adivinhações nós não vamos chegar a lugar nenhum.
Eles se calaram para esperar Hermione dizer.
— Tenho um tio em Manchester que trabalha com a polícia local e tenho certeza de que ele pode descobrir de quemafinal é esse cabelo, ele é especialista nisso.
— Mas isso demora quanto tempo? - perguntou Luna.
— Não tenho idéia, preciso mandar uma carta aos meus pais, pois não tenho muito contato com esse meu tio desde que fui esquiar nas montanhas com a família dele e com meus pais no natal passado, mas de qualquer forma meus pais falarão com ele e dentro de uns três dias tenho a resposta exata de quanto tempo vai durar essa investigação.
— Enquanto isso o que temos a fazer é agilizar a minha segunda parte do experimento. - disse Hermione.
— É, só nos resta esperar. - disse Gina analisando o cabelo que voltava gradualmente a cor branca.
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Harry continuava sentado pensativo quando mais uma pessoa esbarrou nele.
— Ai, o que é isso? - perguntou uma garota que ele reconheceu a voz.
— Cho, desculpe. - disse o garoto quando a garota se esparramou na escada junto a sua vassoura de corrida, uma Cleansweep 7.
— Ah quê isso, Harry, não foi nada. - disse ela se levantando com a ajuda do garoto.
— O que estava fazendo parado ai, alguém podia te machucar?
— Ah - disse o garoto corando e se virando para olhar a escada - estava só pensando na vida.
— Pensando na vida - disse ela corando também - sei, sinto muito pela briga com seu amigo - falou ela apontando para o nariz do garoto que ainda tinha um leve arroxeado pela briga com Rony no dia anterior - eu soube do seu namoro com Hermione.
— Não! Eu não estou namorando com a Hermione. - disse o garoto se justificando sem saber o por que.
A garota arregalou os olhos e balançou a cabeça.
Eles ficaram quietos por alguns segundos formando um silêncio constrangedor.
— Estava indo voar? - perguntou o garoto apontando para a vassoura da garota e tentando puxar assunto para quebrar o silêncio.
— É estava. - respondeu ela e voltou a ficar quieta por alguns instantes antes de dizer - está um dia lindo lá fora, quer ir voar comigo? - perguntou a garota temendo que a resposta fosse um "não" sonoro como ele dissera a ela na biblioteca.
— Quero. - respondeu ele - quero sim, vou pegar minha vassoura, você me espera?
— Claro! - respondeu ela abrindo um grande sorriso.
O garoto sem saber o por que se sentiu um tanto afoito ao se dirigir correndo para torre da Grifinória e voltar depois de poucos minutos com a Firebolt na mão e um sorriso que iluminava qualquer lugar, pelo menos para Cho sim.
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Eles passaram a tarde inteira treinando Quadribol e voando sobe a copa das árvores da orla da Floresta Proibida; o vento e o pôr do sol fazendo o rosto de Cho brilhar lindamente. A garota na opinião de Harry não perdera nem um fio de toda a sua beleza e parecia menos rabugenta do que a Cho do ano letivo passado.
Eles terminaram de voar por volta das seis, o garoto e a garota suados e cansados, mas não menos felizes.
— É.. - disse ela ao pousar no campo de quadribol - você parece realmente bem feliz, mesmo com todas essas situações acontecendo na sua vida, você parece bem.
Harry conclui que "situações" significa Lord Voldemort.
— Talvez não, talvez eu não esteja tão bem assim e sim em um momento bom. - disse ele.
A garota que não percebera a indireta do garoto baixou a cabeça enquanto eles caminhavam de volta para o castelo.
— Ou melhor, talvez não seja o momento e sim a companhia.
A garota levantou os olhos sentindo o coração acelerar.
— O que quer dizer? - perguntou a garota marotamente parando de andar.
— Quero dizer que está sendo muito bom estar aqui com você assim e que quero saber se ainda tenho um lugar na sua vida. - disse ele também parando.
A garota sorriu.
— Você sempre teve, Harry... sempre. - disse ela se aproximando dele.
Harry agradeceu aos céus por pela primeira vez ela estar com os olhos brilhando de felicidade e não de lágrimas antes de se aproximar e beija-la.
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Do alto da torre dos namorados havia alguém que olhava o casal lá embaixo quando outra pessoa se aproximou e se prostou ao seu lado.
— Vê. Vê como ele é apenas um sonho, Draco - disse Blás Zabini ao pé do ouvido de Draco Malfoy que sentia um aperto no coração que parecia muito maior do que qualquer um já sentira na face da terra - ... um sonho impossível, um sonho torpe impossível de se pegar, uma ilusão.
Draco permaneceu quieto sentindo a dor lhe dilacerar o corpo e a alma também.
— É melhor obedecer o Lord, é melhor para nós, imagine depois de que tudo isso acabar, depois que Potter morrer o que poderá acontecer, nós seremos ricos, nós seremos os melhores aos olhos do Lord das Trevas e tudo isso que você está passando vai ser esquecido por que Potter vai ser esquecido.
Mas Draco não conseguia enxergar um futuro sólido, um futuro feliz, não depois que quase alcançara seu maior sonho, que quase alcançara o seu maior amor, o grande amor de toda a sua vida, aquele que ele nunca conseguira esquecer.
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