Neville Longbottom
Capítulo 11
Neville Longbottom
Morto... Morto... Ele está morto... Minha culpa...
Essas palavras não paravam de ecoar na mente de Harry enquanto ele era carregado na maca semi-inconsciente para Hogwarts, a escolta que viera salvar ele e Neville andavam dos lados, muito quietos. Ele podia escutar apenas as vozes de Arthur, Moddy e Dumbledore enquanto saia da floresta.
- Não há chances de encontrar o corpo do garoto Dumbledore? - perguntou Moddy para o bruxo baixando a voz.
- As buscas pararam até o amanhecer e eu já lhe disse Alastor que há chances de Neville estar vivo. - respondeu Dumbledore em tom de quem repreendia alguém com delicadeza.
- Mas Dumbledore o barranco onde encontramos os últimos passos do garoto parecia ser muito fundo, não havia saída para os lados, ou melhor, havia uma saída, mas para ultrapassar aqueles arbustos espinhosos ao lado das árvores o garoto teria que explodi-los e não havia sinal de explosão em lugar nenhum, o garoto morreu Dumbledore. - disse Arthur Weasley.
Dumbledore permaneceu calado por alguns instantes.
- Não tenha tanta certeza disso Arthur, há coisas nessa Floresta das quais você nunca imaginou caro amigo.
E após essa rápida conversa eles permaneceram calados até chegarem em Hogwarts, Harry ouviu vozes no saguão de entrada ao chegarem, parecia haver uma grande quantidade de pessoas que pelo jeito como conversavam com Dumbledore também deviam pertencer a ordem da fênix.
- Ó Harry - disse a Sra. Weasley - como ele está querido? - perguntou ela ao marido se aproximando da maca, o garoto fechou os olhos e fingiu estar dormindo, ele não queria conversar com ninguém naquele momento, ele estava se sentindo mais uma vez culpado pela morte de um amigo querido que por causa dele morrera e ver pessoas consola-lo pelo que por causa dele tinha acontecido era a pior coisa que poderia acontecer.
Após passarem pelo saguão de entrada, Harry foi levado para a enfermaria o mais rápido possível, ao adentrarem as portas duplas Madame Pomfrey já estava à espera do garoto, ela se dirigiu a Lupin e Moddy um pouco atordoada, Rony e Hermione também estavam juntos.
- Onde está o garoto Neville, Remo? - perguntou a mulher temendo a resposta.
Lupin balançou a cabeça negativamente, a mulher tampou a boca com a mão assustada, mas depois voltou sua atenção a Harry, pois ela tinha que cuidar do garoto que estava muito mau, ela pediu a Lupin que colocasse Harry em uma cama por perto e foi pegar alguns utensílios para tratar das feridas do garoto que eram muitas, ela passou vários tipos de infusões nos arranhões do rosto, nas pernas que mostravam feridas maiores e nas costas também, decididamente para Harry a pior parte de longe fora o caminho na floresta proibida, é claro que os espinhos avantajados machucaram muito a pele do garoto enquanto ele andava, mas a tortura dos comensais quase o deixara louco a ponto de querer que eles o matassem logo como na noite do ministério acontecera quando Voldemort possuíu seu corpo quase rasgando a cabeça do garoto de dentro para fora, pois a dor fora insuportável da mesma forma nas duas ocasiões. Depois de ser tratado por Madame Promfey, Harry ouviu de longe ela pedir a todos que se retirassem para ele descansar, sua cabeça doía muito e as palavras ditas pela mulher ecoavam como palavras proferidas a distância de quilômetros dele. Rony e Hermione decidiram passar a noite com o garoto e mesmo com a enfermeira insistindo que eles fossem embora eles não queriam, a mulher conseguiu despacha-los um pouco mais tarde alegando que daria uma poção do sono sem sonhos ao garoto, ele adormeceria e só acordaria no dia seguinte.
- Boa noite Harry. - disse Hermione abraçando o garoto que se sentiu muito reconfortado, mais do que nunca agradeceu a amiga em pensamento por estar ao seu lado.
- Boa noite. - disse Rony e os dois foram embora.
Madame Promfey se dirigiu a Harry com um copo grande de uma poção avermelhada e borbulhante, o garoto tomou um gole e sentiu seu corpo se aquecer da cabeça aos pés, ele se sentiu sonolento, foi fechando os olhos devagarzinho e adormeceu sem perceber.
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Hermione adentrou o salão comunal com Rony, Gina Weasley e Luna Lovegood, os olhos da garota loira estavam muito inchados, ela permaneceria o resto da noite na Grifinória com as garotas a pedido de Hermione aos professores.
- Bom pessoal eu vou dormir. - disse Rony que estava com a voz rouca e preste a chorar também.
Hermione assentiu com a cabeça.
O garoto subiu as escadas para seu dormitório.
- Eu... eu. - Luna tentava dizer alguma coisa, mas as palavras morriam no ar, todo o ar aéreo da menina havia se perdido e lágrimas grossas escorriam pelo seu rosto sem que ela sequer se esforçasse pra isso.
- Luna não foi sua culpa - disse Hermione abraçando a garota - você estava incomunicável e totalmente invisível, nem o mapa do Harry poderia te localizar por causa da poção que te deram.
- Mas Hermione a culpa é minha sim, se eu tivesse me protegido isso não teria acontecido. - a garota fechou as mãos em concha sobre o rosto inconsolada.
Gina que estava sentada defronte a lareira esparramada em poltrona se levantou e começou a caminhar pela sala.
- Alguém em Hogwarts colheu informações preciosas sobre a Luna esta noite, depois as entregou para Bellatrix...
- Você também não acha que foi o Draco, não é Gina? - perguntou Hermione apreensiva.
- Sim Hermione eu também não acho que foi ele, ele sequer se aproximou da Luna esta noite o suficiente para colocar uma poção do invisível na comida dela ou no que ela tenha ingerido, nós o vigiamos desde que ele colocou o pé em Hogwarts.
- É verdade. - disse Hermione colocando a mão sobre o queixo tentando inútilmente afastar pensamentos tristes e se concentrar em outra coisa.
- Luna nós precisamos saber quais foram as pessoas fora do comum que conversaram com você esta noite. - disse Gina se ajoelhando perante a poltrona onde Luna estava sentada chorando.
- Será que você não percebe Gina? - perguntou a garota descontrolada para a ruiva - Neville morreu, logo a avó dele estará aqui em Hogwarts e saberá da notícia, você sabe o que isso significa, ela já perdeu a filha e o genro para a loucura e agora o neto dela se foi Gina... é muito sofrimento para pessoas que precisam dele aqui, eu preciso dele aqui. - gritou Luna pelo salão comunal e voltou a chorar em suas mãos.
Hermione balançou a cabeça em sinal para que Gina parasse de pressionar a garota algumas lágrimas rolavam no rosto da menina de cabelos cacheados que olhava a amiga triste.
- Está bem Luna, me desculpe.
- Vamos dormir você está cansada, a noite foi longa. - disse Hermione limpando suas lágrimas em um lenço de papel e entregando outro a Luna.
- Antes de subirmos Luna e Hermione eu quero que vocês duas dêem uma olhada nisso daqui. - disse Gina, seus os olhos azuis claros também estavam bastante inchados.
Gina estendeu a garota um pergaminho quadrado e pequeno, perto de vários pontinhos se encontrava um outro pequeno ponto que pulsava fracamente e sobre esse ponto estava escrito quase esbranquiçadamente: NEVILLE LONGBOTTOM.
- Eu não entendo como vocês duas ainda não tinham pensado nisto daqui... Ele está vivo garotas e está vindo para Hogwarts agora - disse Gina e Luna sentiu seu coração acelerar fortemente, ela pegou o pergaminho da mão de Gina e correu para o quadro da mulher gorda - não vá Luna - acrescentou a garota e Luna parou - isso já não está em nossas mãos, desconfiariam da gente se nós descêssemos agora, como nós saberíamos disso se ele está sendo carregado pela floresta agora.
- É verdade Luna. - disse Hermione.
- Eu vi isso a pouco tempo, achei melhor não mostrar a vocês, pois talvez ele estivesse morrendo aos poucos na floresta - Hermione repreendeu a menina com o olhar - mas depois do que eu vi agora eu tenho certeza de que ele está vivo e irá se salvar, olhe só quem estão trazendo ele.
Luna olhou de volta para o pergaminho e seu queixo veio ao chão.
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Harry estava inconsciente em seu sono profundo, mas havia algo o chamando a tona, algo forte, como um puxão que o alçava pelas costas e o fazia flutuar, ele abriu os olhos e a luz do dia penetrou fundo neles, havia vários borrões por perto, as camas, as cortinas verdes da enfermaria, tudo era difícil de se enxergar sem os óculos, Harry ia apanhar os óculos no lado da cabeceira quando reparou que havia alguém ao seu lado, ele reteve sua ação e parou:
- Quem está aí? - perguntou o garoto, pois seria fácil distinguir quem estava ao seu lado mesmo sem os óculos se ele não tivesse sido espancado por vários feitiços há algumas horas atrás, mas nas condições que se encontrava ele chegou a pensar que mesmo se estivesse com seus óculos ele não enxergaria a pessoa, ele estava tonto, talvez fosse o efeito da poção que não vingara.
Não houve resposta, a pessoa ao lado de sua cama se mexeu incomodamente, mas não se retirou.
- Quem é você? - insistiu Harry.
A pessoa continuou a olha-lo e ele Harry ficou imobilizado diante daquele olhar que ele próprio não conseguia enxergar, ele tinha que tomar uma atitude ele lançou sua mão em direção a pessoa e foi de encontro direto na mão da pessoa desconhecida, no mesmo momento ele reconheceu aquele toque como a mão que tocou a sua no patamar do Expresso de Hogwarts, o toque era macio, leve e quente, mas forte, ele estremeceu ao perceber que a mão da pessoa não era uma mão feminina e a soltou.
O dono da mão percebendo que Harry talvez houvesse descoberto quem era ele se virou e ia a direção as portas duplas abertas quando...
- Fica. - disse Harry fechando os olhos e suspirando cansado de tentar enxergar o dono da mão.
Harry abriu os olhos e sua visão foi se tornando mais clara, ele enxergou uma veste escura e viu que o cabelo da pessoa estava coberto por uma capa, a pessoa se virou e Harry sentiu seu coração acelerar rapidamente, um par de olhos azuis brilhante foi o que Harry conseguiu enxergar mesmo que o rosto estivesse parcialmente coberto, ele tateou pela mesinha de cabeceira da enfermaria a procura de seus óculos e ao acha-lo o colocou rapidamente, a pessoa que estava com ele já havia partido. Ele havia conseguido distinguir quem era a pessoa que há poucos instantes havia estado ao lado dele, mas ele próprio não quis admitir isso, era impossível que fosse quem ele pensava.
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Dois olhos castanhos se contemplaram perante as árvores de uma floresta, o dono deles estava sem explicação sendo carregado por algo entre elas, havia barulho de folhas e gravetos sendo pisoteados por vários cascos de coisas que o carregado julgou serem muito grandes, ele escutou uma voz quebrar o barulho dos cascos:
- O garoto parece que acordou. - disse uma voz grossa.
- Não importa, já estamos chegando. - respondeu outra voz grave.
O carregado tentou enxergar o que estava acontecendo e seus olhos arderam a luz do luar que acabara de penetrar suas pálpebras pela abertura que havia em uma árvore próxima, sua cabeça latejou e ele sentiu uma ardência forte em suas costas, elas estavam úmidas por algo que ele sentiu ao tocar como folhas misturadas a algo viscoso, ele tentou reerguer a cabeça mais uma vez para saber quem o estava carregando e para onde, mas seu corpo cansado não conseguia se mover direito e no seu último esforço ele desmaiou.
Os barulhos dos cascos se tornaram menos forte ao pisar a grama do solo da saída da floresta proibida alguns minutos depois, a lua já havia partido e vários raios fracos de luz irrompiam detrás das copas das mais altas árvores. O carregado arfava levemente sobre animal que o estava carregando, pois ao sentir seu rosto tocar os pêlos macios do ser, o garoto reconheceu o que era como um bicho.
- Ele parece muito mal, acho que ele não irá agüentar.
- Já estamos bem perto do castelo. - disse a voz grave sem se importar com o comentário que fora feito.
De longe foi se clareando a luz do dia as torres de um imenso castelo, vários dos acompanhantes que acompanhavam o ser que carregava o garoto exclamaram expressões de espanto, tanto tempo dentro da floresta escura havia os deixado um pouco desacostumados a luz, mas a visão do castelo havia quebrado isso, os cascos se aceleraram e o chão estremeceu ao impacto das patas dos seres, eles chegaram em frente a grande porta de carvalho do castelo de Hogwarts após cavalgarem por um longo caminho, o líder deles se adiantou, ele carregava o garoto, ele olhou para a porta do castelo, que só havia olhado uma vez na vida, quando era mais jovem, mas ele sabia que voltaria ali algum dia e que um dia chegaria a hora de finalizar antigas pendências e essa era a hora.
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Dumbledore estava sentado em sua escrivaninha lendo alguns pergaminhos quando ele escutou batidas na porta.
- Entre. - respondeu o velho bruxo.
Pela porta entraram Minerva Mcgonagall e uma senhora vestida com uma roupa colossal usando um grande chapéu com um urubu entalhado encima.
- Sente-se Judith. - disse o homem e a mulher com a feição preocupada se sentou colocando sua grande bolsa sobe o colo.
- É algum assunto da Ordem Dumbledore que tens a conversar comigo? - perguntou a mulher - Vi vários membros lá embaixo e eles não estão com uma cara muito boa, aconteceu algo grave?
- Não e sim, Judith. - respondeu Dumbledore sério.
A professora ficou com o coração apertado assistindo a tudo impotente de seus atos e teve absoluta certeza de que a mulher tomara conhecimento da notícia quando esta baixou a cabeça e se pôs a chorar.
- Mas Dumbledore há chances dele estar vivo, não há? - perguntou a Sra. Longbottom desesperada - Não encontraram o corpo do meu neto ainda.
- Venho com dor no coração lhe dizer que sinto muito, mas são remotas as possibilidades de encontrarmos Neville vivo, eu tenho esperanças, mas creio que apenas elas não serão o suficiente para trazer o menino são e salvo da floresta.
A mulher chorou mais ainda.
- Frank e Alice vão piorar sem o filho, os medi-bruxos pela primeira vez em cinco anos disseram haver melhora no comportamento dos dois... Eu já os perdi para os comensais, será que agora perderei meu neto também Dumbledore? Não é justo!!!
O rosto da mulher ficou pálido, ela colocou a mão sobre o peito para tentar respirar mais devagar.
- Se acalme Judith - disse Dumbledore - Minerva por favor leve Judith até a enfermaria e peça para que Madame Promfey dê a ela uma poção calmante.
A Sra. Longbottom se levantou.
- Estou bem Dumbledore, acho melhor ir para casa e descansar, esta noite foi longa, não estava conseguindo dormir, estava com um pressentimento ruim e pelo visto não me enganei. - disse a mulher sentindo o peito apertar de dor.
- Insisto Judith, por favor acompanhe Minerva.
A professora Minerva abriu a porta e esperou Judith Longbottom se dirigir até ela, mas em um lapso de segundo as escadas começaram a se mexer e por ela apareceu uma Nymphadora Tonks ofegante.
- Professor... - ela se apoiou na parede para tentar respirar, pois parecia que havia corrido muito - Professor... Centauros... Na porta do castelo... Eles estão trazendo o garoto Neville... Ele está vivo!
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Harry estava deitado sobre a cama da enfermaria olhando o teto escuro que começava a ficar claro devido a luz fraca que entrava pelas janelas, os efeitos da poção do sono parecia ter se evaporado depois que ele fora acordado pelo garoto estranho, agora na mente de Harry não tão estranho, pois pelo toque de sua mão e a estatura mediana do desconhecido, Harry agora sabia que era um garoto e não um adulto e já começara a desconfiar que alguém fosse esse desconhecido, mas não se atrevia em aceitar suas próprias suposições, pois ele mesmo sabendo que era um garoto que o estava observando, ele gostara muito da companhia e não queria estragar aquele momento pensando em pessoas que não o agradavam.
- Cuidado... Temos que carrega-lo com cuidado as costas dele está muito ferida.
Harry escutou vozes e reconheceu uma delas como a de Lupin que entrou na sala acompanhado de Moddy e Quim Shacklebolt que carregavam...
- NEVILLE!!! - gritou o garoto tentando se levantar, mas suas pernas machucadas bambearam e ele caiu com um baque no chão.
Lupin se adiantou até ele e o levantou colocando-o de volta na cama.
- Você também está mau Harry deveria dormir, o que está fazendo acordado?
- Ele está vivo? - perguntou o garoto não conseguindo se conter.
- Pensou o quê Harry? Que eu morreria sem antes ver se você estava bem... - respondeu a voz de Neville rindo, mas seu rosto suado ainda mostrava os efeitos daquela noite.
- Ele está vivo Lupin!!! - disse Harry sentindo os olhos marejarem de felicidade.
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