As Imperdoáveis



Capítulo 13 - As Imperdoáveis

A notícia do show se espalhou por todos os cantos da comunidade bruxa. Quem se atreveria a promover um show de rock em plena guerra? Ainda mais com um grupo tão suspeito: As Imperdoáveis. Era uma banda nova, formada por três meninas, todas de caráter duvidoso e passado obscuro, que tocavam um rock pesado e com letras que deixavam os pais de bruxos adolescentes de cabelos brancos.

Ninguém tinha certeza da idade das bruxas roqueiras, tudo o que se sabia era que se conheceram em um cruzeiro mágico pelo Triângulo das Bermudas. Invadiram o palco e aterrorizaram os idosos que lá se encontravam com uma música que compuseram dentro de um dos banheiros do navio – que elas fizeram questão de entupir com uma mistura estranha de cabelos, goma de mascar e unhas.

Depois do show desastroso, a mais espevitada das três – que mais tarde veio a se tornar a líder do grupo – abriu um imenso buraco no casco do navio que, por ter sido feito com magia negra, não pôde ser reparado a tempo, culminando em um terrível naufrágio. Mas todos os passageiros foram trazidos à terra firme por chave de portal e felizmente não houve dano maior.

Avada Lee é a líder e guitarrista. Quando ela toca, parece realmente lançar uma maldição em quem ouve. Alcança tons agudos com a mesma facilidade que Rony tem de ficar vermelho. Traja preto e vermelho em todos os shows, com algumas mechas brancas nos cabelos curtos. É magra e baixa, de lábios grossos e voz melodiosa, que lembra precisamente o canto de uma fênix. Para aumentar a semelhança, sua guitarra tem a forma da ave, que quando acarinhada na cauda rubra, lacrimeja e assobia levemente.

Lee – como é chamada – tem cara de anjo e espírito de porco, ou seja: uma mistura extremamente perigosa. Apronta em todos os eventos, lançando feitiços no público para tornar o show mais divertido.

Certa vez transformou a cabeça de um dos ajudantes de palco em um foguete de filisbuteiro, acendendo-o para finalizar a música que cantava. Todos aplaudiram com fervor quando os fogos começaram a explodir. O pobre ajudante passou meses em tratamento na área de Acidentes Causados por Feitiços do Hospital Saint Mungus, até se recuperar totalmente.

A vocalista tem inúmeros processos criminosos nas costas, mas nunca compareceu em nenhuma audiência. Jamais conseguiram prendê-la. É arisca e esperta, por isso sempre se safa.

Mya Cruciatus é a baixista. Seu baixo negro parece ter sido pisoteado por trasgos montanheses diversas vezes; o que não está muito longe da verdade. Ela é alta e larga, com grandes ombros que a fazem parecer maior do que já é. Tem olhos amarelos-esverdeados, rodeados por escuras olheiras, que lhe dão um ar ainda mais doentio.

A cada fim de show, Mya quebra o instrumento na cabeça do fã mais próximo do palco, deixando o conserto do baixo e da vítima à cargo dos organizadores do evento.

O curioso é que os fãs não se intimidam e para muitos é um ritual que deveria ser realizado apenas pelos merecedores de tal honra, sendo que Mya tem um apreço muito grande pelo baixo a ponto de continuar tocando-o mesmo que seu estado não seja dos melhores. Afinal, nada resiste a tantos consertos, até mesmo no mundo bruxo.

Lara Imperius pode ser considerada uma moça de boa família, inteligente e de ótima aparência. Usa apenas roupas brancas e leves, que nada combinam com o estilo pesado e mórbido da banda. Tem mãos finas e delicadas que poderiam tê-la transformado em uma talentosa pianista. Mas ela preferiu a bateria. É praticamente um polvo no palco. Porém seus movimentos rápidos e precisos não se limitam apenas ao instrumento.

Dizem as más línguas que a baterista tem uma queda por furtos e é de conhecimento geral que Lara possui uma quantidade enorme de varinhas roubadas dentro de seu closet, além de baquetas.

Sua mais recente aquisição foi um par de baquetas tailandesas, surrupiadas de um baterista bruxo muito famoso, que vem com um massageador de têmporas embutido nas pontas. Ao final do show, Lara leva as baquetas até as laterais de sua cabeça e concentra-se em sua breve massagem.

Com toda essa confusão no mundo mágico, era de se esperar que as autoridades se preparassem para boicotar o show, mas tudo fora planejado com o máximo de cuidado pelos organizadores do evento. O lugar havia sido enfeitiçado para ser localizado apenas por quem tivesse realmente a intenção de se divertir.


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- Vocês não estão pensando em ir nesse show, estão? – perguntou Hermione, visivelmente chocada. Os gêmeos olharam para ela com o famoso sorriso maroto dançando nos lábios. – Quer dizer, com toda essa confusão da guerra, vilarejos sendo atacados, eu não acho que seja prudente...
- Ah, dá um tempo Mione! – retrucou Rony passando as mãos pelo cabelo, exasperado. Draco já estava cansado de ouví-lo dizer isso à morena, parecia que o ruivo só conhecia essa frase para usar em sua defesa. – Nós já estamos de saco cheio, só se fala nessa guerra, ninguém agüenta mais ficar trancado em casa sem nada excitante para se fazer. Passamos dias e dias investigando os motivos que levaram Scrimgeour a libertar Lalau e até agora nada, estou cansado! – e lançando à ela um olhar de quem sabe tudo sobre o assunto e não pode ser contestado, completou em um tom mais calmo. – Nós somos adolescentes! Precisamos disso.

- Vai ser o show mais badalado do ano! – informou um Fred entusiasmado.

- E vai estar lotado de bruxinhas perversas esperando para serem agraciadas com a nossa presença! – disse Jorge, também muito animado. Draco rolou os olhos, enquanto despejava um pouco de suco de abóbora no seu copo e pegava mais um bolinho, procurando manter a devida distância dos outros. Os gêmeos enumeraram infinitos motivos para irem ao show e Hermione fazia uma careta de desaprovação pior à cada tentativa deles.

Harry não parecia muito convencido de que essa era uma boa idéia, mas acabou cedendo aos apelos de Rony, que argumentava dizendo que eles deveriam aproveitar os últimos dias na Toca antes de irem para a casa dos tios de Harry – e Draco notou que ele usava um tom quase sinistro quando tocava no assunto, como se estivesse lendo em voz alta uma importante profecia.

- Ora vamos, Mione! – o moreno deu um sorriso divertido. Eles estavam realmente precisando se distrair. – Nós seremos cuidadosos, além do mais vai estar cheio de gente por lá, seria impossível que eles encontrassem um de nós no meio da multidão!

- Harry, nós não podemos! Simplesmente não podemos! - Hermione olhava para todos, tentando transmitir um pouco de sua exasperação com o olhar e o tom de voz agudo. - Não sabemos que tipo de gente irá nesse show, será que vocês não podem parar para pensar um só instante? Vamos tentar ser racionais! Poderíamos cair em um antro de comensais, ou até de seus filhos... isso não seria nada agradável, eu não consigo imaginar como nós poderíamos nos divertir ao lado dessas pessoas, sinceramente!

- Não vamos nos divertir ao lado dos comensais, Hermione! - Gina se fez ouvir, rindo levemente e ficando séria logo em seguida. - Escute... vocês irão partir em breve e ninguém sabe o que pode acontecer... e eu acho que seria legal se pudéssemos nos divertir juntos antes de... bem, você sabe.

Draco viu Harry e Gina trocando olhares e sentiu-se nausear. Desde o casamento de Gui e Fleur ele se sentia estranho todas as vezes que os via juntos. E apesar de Draco se esforçar ao máximo em tolerar a convivência diária com os Weasleys, tomando o cuidado de se manter afastado sempre que possível, algo que o deixava visivelmente irritado era o fato de que havia um certo ar de romance dentro da Toca. Às vezes entre Harry e Gina e em outras ele flagrava Rony e Hermione também trocando olhares e sorrisos.

Era como se ele fosse o único anormal que não tinha alguém para trocar olhares. Procurava pensar em Pansy todas as vezes que se sentia assim, mas isso não ajudava de toda a forma – especialmente quando via Gina fitando Harry. Sua namorada – ainda poderia chamá-la assim? – deveria pensar que estava morto e ele se sentia tremendamente injustiçado por não ter tido a chance de se despedir dela.

Não que ele se importasse realmente. Desde que começaram a namorar nunca havia cogitado a possibilidade de levar esse relacionamento adiante, Pansy poderia ser muito agradável às vezes, mas eles não ficariam juntos por muito tempo. Não tinham muita coisa em comum, nem mesmo os sentimentos com relação ao outro. E na verdade tudo o que ele queria no momento era se sentir um pouco... normal. Ter alguém para quem escrever, se despedir ou até mesmo para evitar de pensar no quanto era sozinho e que o fato de ver a ruiva suspirando pelo Potter-Perfeito o abalava.

Hermione pareceu refletir por um instante e depois anunciou – com certa relutância – a sua decisão.

- Está bem, mas eu irei junto para supervisioná-los. – todos soltaram vivas, à exceção de Draco, que continuava fingindo ignorá-los por completo. – E você... – ela colocou o dedo em riste bem em frente ao nariz sardento de Rony. – Ai de você se sair um pouquinho da linha, Ronald Weasley! – o ruivo pareceu não gostar da intimidação mas permaneceu calado, decerto para que Hermione não mudasse de idéia sobre o show. – Esperem... e quanto a Malfoy?

Todos se entreolharam surpresos, como se tivessem esquecido desse pequeno detalhe. Se Draco ficasse em casa, certamente melaria o programa. Um silêncio incômodo caiu sobre a sala, mas foi logo quebrado pela voz hesitante de Gina.

- Hum... nós poderíamos levá-lo conosco?

- Você só pode estar de gozação, Gina... – Rony não escondeu a incredulidade com sua expressão chocada. Todos começaram a falar ao mesmo tempo, Rony estava com as orelhas muito vermelhas assim como as bochechas de Gina, que discutia com ele nervosamente.

Era possível distinguir algumas frases como “Eu não saio junto com essa doninha albina nem por ordem de Merlim!” ou “Não! Já disse que não iremos transfigurá-lo em uma vassoura, Ron!” ou ainda “Prefiro ficar em casa jogando Snap Explosivo com as pulgas do Bichento!” ou até mesmo “Não podemos deixá-lo trancado no armário, Ron, é desumano!”.

Draco não se sentiu nem um pouco incomodado quando percebeu que estava atrapalhando os planos daquele bando de ruivos imbecis. Seria um prazer vê-los se privando de algo por sua causa. Sentou-se no braço rasgado do sofá enquanto esperava entediado a discussão terminar.

Depois de algum tempo, já cansado dos discursos de Gina e dos protestos de Rony, Jorge bateu com a varinha na cabeça de Draco – com uma força desnecessária, diga-se de passagem – e seus cabelos ficaram ruivos num piscar de olhos.

- Pronto! Problema resolvido! – disse com uma satisfação incontida, exibindo um sorriso que poderia competir com o de Lockhart.

Todos na sala começaram a rir, até mesmo Hermione, que tentava manter a todo o custo o papel de estraga-prazeres. Draco, irritado, massageou o local onde Jorge o acertou e sentiu seus fios mais espessos. Teve a impressão de estar segurando palha.

Andou a passos largos até o espelho mais próximo e constatou, horrorizado, que estava parecendo mais um integrante da família Weasley. O que aquele verme ruivo havia feito com seu brilhante, sedoso e platinado cabelo Malfoy? Esquecendo por um momento que estava em uma casa torta, abarrotada de ruivos, apontou o dedo ameaçadoramente para Jorge.

- O que você pensa que está fazendo, seu... – a fúria era tão grande que Draco não conseguia formular uma ofensa à altura. – Eu exijo que você traga o meu cabelo de volta! Imediatamente! – Jorge não deu bola e virou-se tranqüilamente para Rony, que se contorcia de rir com as mãos sobre a barriga.

- Assim ninguém irá reconhecê-lo. Nós podemos levá-lo amarrado e dizer que ele é um primo distante, com problemas mentais que não convive bem em sociedade... – disse Jorge animado, dando tapinhas nas costas de um Rony com o rosto desfigurado pelas risadas. Em seguida Fred completou a idéia do irmão.

- Claro... podemos adicionar o fato de que ele pensa que é um cachorro e fica terrivelmente agressivo quando alguém tenta se aproximar. – Draco encarou-os perplexo, enquanto mais gargalhadas ecoavam pela sala.

- Eu não vou sair assim! Vocês enlouqueceram de vez se estão pensando que eu vou me rebaixar a esse ponto! – seu rosto estava quase vermelho, mais um pouco e ele fatalmente se tornaria um Weasley. A sua reação apenas fez com que os outros rissem ainda mais.

- Se você prefere ficar trancado dentro do armário de vassouras, pode escolher. – Gina o olhava de maneira estranha, parecia estar indecisa entre morrer de rir da sua desgraça e tentar manter a voz controlada, à fim de negociar com Draco. – Tem aquele com um bicho-papão e um outro cheio de fadas mordentes. Bom, pra não dizer que somos muito ruins, podemos deixá-lo na companhia do vampiro do sótão. Ele é muito solitário, vai adorar recebê-lo outra vez em seus aposentos...

Draco ponderou sobre o que seria menos humilhante. Passar a noite dentro de um armário de vassouras certamente não era nada confortável, ainda mais abarrotado de nojentas fadas mordentes. A idéia do sótão não lhe parecia tão assustadora quanto estar na companhia dos Weasleys, mas desfrutar da companhia do vampiro poderia ser tremendamente entediante.

Se arriscar a sair com o bando de pobretões talvez não fosse de todo ruim, pelo menos deixaria aquele chiqueiro por alguns instantes. Além do mais, ele era fã de carteirinha da banda e estava louco para ir ao show. Se não estivesse metido em tantos apuros, certamente já teria comprado sua entrada.

Parando para pensar em tudo o que havia acontecido na sua vida nos últimos tempos, Draco decidiu que precisava urgentemente de um pouco de diversão ou acabaria enlouquecendo. Estava cansado de escutar as ‘rabugentisses’ da sra Weasley na cozinha e jogar quadribol tinha se tornado muito perigoso desde que acertara sem querer um balaço na cabeça de Rony – que agora preferia persegui-lo pelos ares ao invés de bloquear o gol.

Odiava admitir, mas o maldito ruivo que lambia o chão do perfeito e idolatrado Harry Potter tinha razão: eles eram adolescentes e precisavam disso. Não que ele se preocupasse com as necessidades dos outros, mas no momento Draco dependia disso.

E engolindo mais uma vez o orgulho – que já estava se tornando algo muito cotidiano na sua opinião – perguntou o horário que eles sairiam da Toca.

- Esteja pronto às dez e meia. – Jorge respondeu sem dar muita atenção, já planejando mil estratégias para irem até o show sem serem pegos pelos pais.

- Certo... eu estarei. – disse irritado, em seguida subindo as escadas, olhando disfarçadamente para a bela ruiva que, sorrindo, se sentava ao lado de seu maior rival. Tratou logo de disfarçar a irritação, colocando no rosto uma expressão de descaso. – A propósito... – falou um pouco alto, parando de repente e todos olharam em sua direção. – Eu não acho que seja sensato sair sem a minha varinha, pode ser que eu precise usá-la em algum momento...

- Eu falei! Eu disse que era uma idéia estúpida! – Rony cortou-o imediatamente, as orelhas incrivelmente vermelhas. – Agora vocês acreditam em mim? Ele irá nos enfeitiçar, um à um, pelas costas!

Mais uma vez o rebuliço se instalou na sala dos Weasleys, tornando-se impossível discernir alguma frase completa. Draco sentiu o sangue ferver como nunca em suas veias e todo o orgulho que vinha sendo sufocado e transformado em raiva se libertou naquele instante.

- Calem a boca! – bateu com o punho no corrimão da escada. Todos pararam de falar no mesmo instante, observando atônitos a figura ruiva e transtornada de Draco. – Será possível que você ainda acha que eu estou aqui pra amaldiçoar alguém, Weasley? – perguntou, se dirigindo a Rony. – Droga! Já não basta estarmos todos sob o mesmo teto e eu não ter condição alguma de me defender das suas brincadeiras estúpidas? – perguntou, agarrando raivoso uma mecha de seu cabelo ruivo. Tomou fôlego e continuou, um pouco menos nervoso. – Eu só não quero morrer se algum maldito comensal aparecer na minha frente! Aonde mais eu encontraria ajuda se matasse algum de vocês? Numa barraquinha de cachorro-quente no Beco Diagonal?

- Não pense que você pode me enganar, Malfoy! – gritou Rony, apontando um bolinho em sua direção ameaçadoramente. – Eu sei o que pretende!

- Achei que a sabe-tudo aqui era a Granger... – disse com um ar de visível cansaço. Até quando teria que agüentar esse tipo de coisa? Draco deveria ter sido a cueca mais apertada de Merlim em outra encarnação, para ser tão odiado por ele. – Se for para sair daqui e depender de algum de vocês para me manter vivo lá fora, eu prefiro a companhia do vampiro...

- Tudo bem, Malfoy, daremos um jeito de recuperar sua varinha. – disse Harry, fazendo com que todos olhassem em sua direção, Rony parecia ter tido um ataque histérico, pois não parava de gritar coisas sem sentido. – Fique quieto, Rony, eu sei o que estou fazendo. – e completou sem tirar os olhos do mais recente ruivo. – Se você tentar algo, sabe que vai se dar muito mal... espero que tenha um mínimo de bom senso, Malfoy.

- Eu tenho, Potter. Do contrário não estaria aqui. – Draco falou, já começando a subir as escadas novamente.


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N/A: Bem, espero que tenham gostado da idéia do show... e da banda também. Sou louca por rock e sempre tive vontade de montar uma banda. Realizei meu desejo, ainda que seja apenas na fic! lol

Sei que os Weasleys estão judiando um pouquinho do Draco, mas entendam... é para o próprio bem do loirinho. Ops... ruivinho.

Action? Bom, quem quer ‘action’ fique atento aos próximos capítulos, pois teremos alguma evolução, finalmente! lol

Well, agora que postei todos os capítulos prontos da fic, espero poder postar os próximos sem demora, vou me esforçar ao máximo, prometo! E galerinha... reviews, please... quero saber o que estão achando da fic, se eu devo continuar com ela ou apagar do meu pc, rs...

Com carinho,

Mila Fawkes.

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