Impera.
Sem nenhuma idéia de onde Draco Malfoy estaria e o que ele estava tramando, não restou mais nada ao trio de bruxos a não ser estudar a poção desconhecida. Mais tarde naquele mesmo dia, Gina apareceu e tentou também ajudar Hermione a descobrir o desconhecido efeito da falsa poção do amor. Mas ninguém havia lido o livro como Hermione e nenhum deles entendia muito o processo de análise que ela estava seguindo.
A semana de arrastou lentamente sem que eles não fizessem progresso nenhum com relação ao uso da poção reveladora. Harry e Rony já não iam mais à casa de Hermione ajudá-la, pois sabiam que sua presença não mudaria em nada. Eles decidiram que usariam melhor seu tempo se começassem a procurar por Malfoy e tentar arrancar a verdade do próprio. Gina aparecia sempre que podia, mas seu apoio sempre foi mais moral do que qualquer outra coisa para Mione.
Hermione folheava livro por livro relacionado a ervas ou poções em sua biblioteca pessoal e, quando todos as fontes que ela tinha se esgotaram, ela começou a procurar por livros na Floreios e Borrões. Mas aparentemente nenhum deles explicava de modo explícito o efeito da erva catalogada. Frustrada, Hermione ficou perambulando sem rumo no Beco Diagonal, sem saber a quem recorrer.
Cansada e ainda desanimada pela falta de progressos, Hermione passou pela entrada do Beco Diagonal e entrou pelos fundos do Caldeirão Furado, com o intuito de caminhar até seu apartamento, não muito longe dali, e esclarecer seus pensamentos. Quando quase passava através da porta do bar para as ruas de Londres, percebeu com um susto um bruxo conhecido sentado em uma mesa, meio escondido pelas sombras: Severo Snape.
Com o coração a mil, Mione percebeu que ele provavelmente era o único bruxo no mundo que poderia responder a todas as suas perguntas. Mas ela sabia que nunca foi a aluna preferida do antigo professor de poções e que ele não seria totalmente solícito com as suas necessidades. Mas a situação era urgente e merecia uma tentativa.
- Com licença, Prof. Snape? – chamou ela baixo, se aproximando lentamente da mesa onde ele estava.
- Ora, veja só. Senhorita Granger. – a voz do homem pálido a sua frente soou fria e arrastada. A coragem de Hermione oscilou por uns instantes.
- Posso me sentar professor? – Ela tentava ser simpática. Talvez isso disfarçasse o medo na sua voz.
- Não me venha com rodeios Granger. – respondeu ríspido. – Diga o que quer e suma logo daqui. – Hermione achou que mesmo que dissesse a Snape o que queria ele não iria ajudá-la, mas já estava parada ali, então não poderia ser pior.
- O senhor poderia me dizer o que esta erva faz? – e mostrou o papel em que havia anotado todos os ingredientes da poção.
- A grande sabe-tudo não sabe o que esta erva faz? – perguntou em deboche. Hermione respirou fundo. Ela não podia se deixar levar por provocações.
- Não senhor. Não há livros que explique o efeito desta erva, a não ser citando algum tipo de poção calmante. E... – Snape levantou a mão, em sinal que ela calasse. Com os olhos cravados na lista que Hermione fizera, ele parecia ler linha por lista, com o rosto contraído.
- Onde a senhorita arrumou essa poção? – perguntou ainda mais ríspido.
- É... eu... – ela não sabia o que dizer. Não saberia inventar uma mentira de uma hora para outra, afinal, ela era péssima nisso.
- Essa erva é muito rara e tem uma característica muito peculiar. – Snape falava tão baixo que Hermione teve que prender a própria respiração para escutá-lo. – Ela atinge o sistema nervoso humano, o deixando totalmente à mercê de perturbações externas... – Um brilho percorreu os olhos negros do bruxo, e ele encarou Hermione pela primeira vez. – Isso lhe é familiar de alguma forma, senhorita Granger? – Hermione não demorou muito para resgatar de sua memória algo que lembrava o que acabara de ouvir. E quando a verdade a atingiu, ela sentiu um frio percorrer todo o seu corpo e seu medo aumentou.
- A única coisa que deixa todo o controle de um bruxo à mercê de outro é... – sua voz falhou. – ...A Maldição Impérius.
- Correto. – respondeu calmamente. – Esta poção que está tentando revelar é uma poção que foi criada pelo Lord das Trevas, antes de sua derrota: Impera. Ela age exatamente como uma maldição impérius no bruxo que a beber. Esta está ridiculamente disfarçada como uma poção do amor, o que não extingue ou diminui o seu poder extremo de dominação da mente humana.
- Como nunca ouvimos falar dessa poção?
- Minha cara, quando o senhor Potter finalmente derrotou o Lord das Trevas, o Ministério achou que a poção era interessante demais para ser negligenciada. Os que são conhecidos como Inomináveis no Ministério devem estar estudando-a e, provavelmente, testando-a para o próprio benefício.
- Merlin... – sussurrou Hermione. Ela estava tão chocada com o que acabara de descobrir que nem ao menos viu o bruxo em sua frente levantar, a olhar com ares de deboche e sumir em meio aos bruxos a caminho do Beco Diagonal.
Quando se deu conta que Snape havia desaparecido sem deixar mais nenhuma explicação, o cérebro de Hermione começou a funcionar em um ritmo enlouquecido. A poção era um tipo de Impérius líquida, muito perigosa nas mãos de alguém com tantas más intenções como Draco Malfoy. Harry e Rony estavam atrás dele e se acabassem o encontrando sem saber sobre a verdade da poção eles corriam um grande risco. Sem contar que Draco poderia estar disfarçado de qualquer pessoa, já que tinha uma boa dose de poção polissuco com ele.
Quaisquer que fossem os planos de Malfoy para a Impera, o que mais importava agora era que Harry e Rony corriam grandes riscos. E Hermione sabia que devia avisá-los o mais rápido possível. Com um giro ali mesmo, no meio do Caldeirão Furado, Hermione desaparatou e aparatou no meio da cozinha d’A Toca, ignorando o susto que havia passado em Molly (ela estava mais vermelha que os próprios cabelos).
- Onde estão Harry e Ron? – perguntou sem rodeios.
- Eles saíram minha querida. – Respondeu Molly ainda ofegante.
- A senhora sabe onde eles estão? – O coração de Hermione batia forte. Algo dizia que ela tinha que encontrá-los e rápido.
- Não sei. Talvez Gina saiba responder. – Molly agora estava com uma expressão preocupada. Antes mesmo de agradecer, Hermione aparatou no quarto de Gina, assustando-a também.
- Por Merlin, Mi. Que diabos aconteceu? – Ela perguntou, apoiando seu peito acelerado com a mão, respirando fundo.
- Harry e Rony correm perigo. – Hermione sabia que Gina podia ouvir toda a verdade sem nenhum problema, o que não se aplicava a Molly Weasley. – Onde eles estão?
- Parece que se separaram. Harry foi para a antiga casa dos Malfoy e Rony está em Hogsmeade. – Gina atropelava as palavras, de tão rápido que tentava responder à pergunta. – É a poção?
- Vá atrás de Harry e diga que a poção que encontramos na casa de Snape é a Maldição Impérius líquida. – Gina continuou com uma expressão de dúvida. – Apenas diga isso a ele! Eu vou atrás de Ron. Vai!
Um estalo alto indicou que Gina já havia aparatado e Hermione fez o mesmo. Pensou fixamente na porta do Três Vassouras e girou seu corpo, desaparatando. A sensação que estava sendo comprimida cessou e ela se viu no meio da rua, bem em frente ao pub de Madame Rosmerta. Entrou correndo lá e procurou em meio às mesas o rosto conhecido do ruivo, mas ele não estava lá. Com a mesma pressa que entrou no lugar, saiu para as ruas novamente.
Hogsmeade tinha muitas ruas e inúmeros estabelecimentos espalhados, o que diminuía imensamente a chance de Hermione encontrar Rony rápido. Mas, procurar Draco Malfoy em lugares públicos não parecia ser a coisa mais inteligente a se fazer, já que o loiro estava desaparecido há tempos, sem ser visto em algum lugar. Hermione já se perguntava por que Rony tinha vindo justo para o único povoado bruxo para procurar um foragido, quando olhou ao longe e viu a silhueta de uma casa em cima do morro: A Casa dos Gritos.
Mesmo depois de descobrirem que a casa não era realmente assombrada por fantasmas, Hermione sabia que a lenda sobre aquela casa ainda permanecia nos contos do povoado e provavelmente ainda era um lugar inabitado. Lá seria um ótimo esconderijo para Draco Malfoy. E era provavelmente lá que ela encontraria Rony. Assim, Hermione subiu a estrada do pequeno morro correndo, e chegou à porta da Casa dos Gritos respirando alto.
Ela parou com a mão sobre a maçaneta da porta de entrada, respirou fundo até que se acalmasse o suficiente para entrar em silêncio. Abriu a porta vagarosamente, e prendeu a respiração ao entrar, passo após passo, na sala escura e abandonada da casa. O chão empoeirado da sala dava sinais que alguém havia andado recentemente por lá. Hermione seguiu o rastro limpo no chão e chegou à porta do que parecia ser a cozinha, onde podia ouvi vozes baixas.
Como a porta estava entreaberta, o som passava pela fresta de luz. Hermione pode ouvir as vozes abafadas de um homem e uma mulher, parecendo conversar calmamente. Encorajada, ela resolveu espiar pela abertura à sua frente e seu sangue gelou (o que já estava virando rotina) quando ela descobriu a quem pertenciam as sombras à sua frente.
Hermione observou atônita Rony parado no centro da cozinha, conversando em voz baixa com ninguém mesmo que ela mesma.
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