De volta ao lar.



O café da manhã foi menos animado ainda que o jantar na noite anterior. Harry e Rony saíram bem cedo para irem ao Ministério assim que o expediente começasse e não precisassem ficar dando explicações para todos os curiosos que os encontrassem no caminho do escritório do comandante Hart. Gina combinou com Hermione que iria para a sua casa assim que terminasse de ajudar a mãe com as tarefas de casa. Hermione entrou na lareira e com uma pontada de tristeza, saiu girando sem parar até a lareira de sua casa.
Quando finalmente parou de girar, deu de cara com sua sala impecavelmente arrumada e limpa. Ela sabia que o Ministério havia mandado alguém para arrumar toda a bagunça da invasão (elfos provavelmente era o que ela pensava), mas eles tinham realmente caprichado em tudo. A porta de seu escritório estava fechada e uma tristeza tomou conta de seu corpo: eles provavelmente não conseguiram recuperar os seus livros.
Ela respirou fundo quando chegou à conclusão que devia encarar a realidade. Ela tinha que entrar em seu escritório e contabilizar os prejuízos, para que pudesse reconstruí-lo aos poucos. Andando em passos firmes, girou a maçaneta e com um suspiro, abriu a porta. E quase caiu de costas com o susto que levou.
O escritório estava totalmente reconstruído, com as prateleiras todas abarrotadas de livros com aparência de serem novos e o cheiro de folha recém imprensa no ar. As estantes eram de uma madeira nobre e brilhante, pelo menos aparentavam ser muito mais caras do que as antigas. E a escrivaninha era feita da mesma madeira nobre e lustrosa, arrumada com uma luminária preta, um tinteiro e uma pena extremamente elegantes. Em cima do tampo de vidro da escrivaninha, havia uma carta endereçada a ela, com uma caligrafia que ela parecia conhecer vagamente. Sem mais rodeios, Hermione abriu a carta e sentou-se na poltrona confortável para ler.

“Querida Mi...

SURPRESA!
Tentamos restaurar o seu pequeno santuário. Provavelmente não há tantos livros bons e raros como antes, mas fizemos o possível para escolhermos uma biblioteca variada. Conseguimos restaurar todos os seus móveis e, com uma pequena ajuda de uma bruxa experiente no assunto, conseguimos ainda deixá-los mais “chiques e elegantes” (como a mesma senhora nos disse). Considere como um presente de Natal adiantado, já que sabemos que não aceitaria nada como presente sem nenhum motivo.
De seus amigos,
Harry e Rony.

PS: Rony pediu para deixar claro que ele mesmo escolheu e comprou o tabuleiro de xadrez-bruxo, uma série muito rara para que ele pudesse ganhar outras muitas partidas de você.”


Hermione não conseguiu segurar algumas lágrimas que correram pelo seu rosto. Com um misto de alegria e surpresa, ela percebeu que os amigos passaram todo o dia anterior planejando essa surpresa enquanto ela e Gina trabalhando na poção reveladora. O sorriso substituiu as lágrimas e ela saiu cantando baixinho até seu quarto, onde descarregou sua mala e arrumou suas coisas. Com a ajuda de sua varinha, levitou todos os frasquinhos de poções coloridas e os deixou em cima de sua mesa da cozinha.
Enquanto organizava os frasquinhos coloridos de acordo com sua densidade e sua provável origem, Hermione ouviu um pequeno ruído vindo de seu escritório. Quando chegou lá, levou um novo susto e seu sangue gelou ao ver uma coruja de aspecto formal batendo o bico em sua janela. O expediente no Ministério mal tinha começado, mas aparentemente a raiva da namorada de Rony por ela era bem maior do que podia imaginar. Ela pegou a carta com o emblema do ministério e repetiu a cena de respirar fundo e sentar-se na poltrona.

“Cara Hermione Granger,

Temos o dever de lhe informar que uma acusação formal contra a senhorita foi arquivada em nosso sistema, hoje, dia quatorze de agosto às oito horas no horário de Londres.
Os aurores Harry Thiago Potter e Ronald Weasley foram acusados juntamente com a senhorita e serão julgados sob as mesmas circunstâncias, no dia trinta de um de agosto às nove horas, no Ministério da Magia.
Você será julgada por uso de autoridade de auror não permitida para civis, posse indevida de artigos e/ou provas sob jurisdição da Seção dos Aurores e, posteriormente de posse indevida da identidade da cidadã britânica e auror July Scotland. A última acusação deve ser analisada em separado, em sessão a ser marcada posteriormente.
Como é de seu conhecimento, como secretária majoritária do Ministro da Magia, o seu cargo de confiança estará suspenso até a data do julgamento e sujeito à futura expulsão de acordo com o veredicto do júri.

Seção dos Aurores.
Ministério da Magia.”


Hermione teve que reler a carta mais de uma vez para entender tudo o que estava escrito. Ela estava não estava sendo acusada de um, mas de três diferentes crimes, muito graves pelo estatuto do regimento do Ministério da Magia. Se passar por uma auror já era motivo suficiente para que ela fosse mandada para Askaban, e o agravante de ter roubado uma prova da cena do crime exercendo essa falsa autoridade (ainda se passando por outra pessoa) não a ajudaria em nada perante o juiz. Ela era definitivamente culpada.

“Oh, Merlin! Quando isso vai acabar?” pensou enquanto apertava sua cabeça contra a mesa no centro de seu escritório.

Depois de respirar fundo durante uns minutos, Mione tentou recolocar sua cabeça em ordem e organizar todos os seus pensamentos. O seu julgamento junto com o de Harry e Rony estava se aproximando e apenas uma prova concreta de que a poção que eles haviam pegado na casa de Snape era mais perigosa que a Seção de Aurores imaginava poderia lhes dar alguma absolvição. Depois, para o seu julgamento de falsa identidade, ela arrumaria uma boa defesa e esperaria clemência pelos motivos que se passara por outra mulher.
Sem olhar novamente para a carta do Ministério, ela se levantou e andou lentamente até a cozinha, onde tinha deixado todas as poções separadas em pequenos frascos. Com o livro ainda em mãos ela começou a escrever em seu pergaminho os nomes dos frascos de ingredientes que conhecia. A maioria deles era muito comum e conhecida, mas a mistura entre eles era totalmente incomum.
Cada frasco que ela reconhecia o conteúdo, Hermione catalogava o líquido com o nome do ingrediente. Com o pergaminho anotado em suas mãos, ela andava de um lado para o outro, lendo linha por linha, tentando descobrir alguma ligação forte que a indicasse o efeito principal da poção. Ela notou que alguns ingredientes eram realmente os mesmos que usavam para produzir o aroma de uma poção do amor, mas aquilo não era nada mais do que ela esperava.
Uma erva específica que ela havia catalogado não se encaixava em nenhuma fórmula conhecida de poções. E seu efeito não era citado em nenhuma parte do livro, apenas seu nome. Mas ela parecia se encaixar muito bem com uma poção calmante, que atingia o sistema nervoso humano em apenas alguns segundos. Mais agitada do que estivera até ali, Hermione ficou horas andando sem parar de um lado para o outro de sua cozinha.
Quando o seu estômago fez um barulho alto de protesto, Hermione já estava exausta de pensar e achou que seria melhor descansar um pouco e descobrir uma forma mais segura de obter o efeito da poção do que especulações subjetivas. Ela estava preparando um almoço às pressas quando ouviu o leve toque de sua campainha. Correu até lá, sabendo que eram Harry e Rony que vinham ao seu encontro.

- Harry! Rony! – ela abraçou os dois amigos com força. – Muito obrigada pela surpresa.
- Que isso Mione, não foi nada. – respondeu um Harry ligeiramente corado.
- E o que descobriram? – Perguntou logo aos amigos, enquanto os três iam até a cozinha. Harry e Rony se entreolharam.
- Somos acusados de roubar a poção na casa do Snape. – disse Rony.
- Mas isso era óbvio, não era mesmo? – Hermione não entendia a cara séria dos dois. – Nós roubamos mesmo um frasco da poção.
- Você não entendeu Mione. – Harry tentou explicar. – Nós somos acusados de roubar TODA a poção que estava naqueles caldeirões. Na verdade, acham que roubamos toda a poção desconhecida e todo o caldeirão de polissuco também.
- O que?! – perguntou perplexa. – Como chegaram a essa conclusão absurda? Você acha que o comandante Hart queria um motivo para te colocar em roubada Harry?
- Acho que não. – Harry respondeu confiante. – Ele também pareceu muito surpreso com o tamanho do roubo. Acho que alguém entrou naquele calabouço antes dos aurores e levou toda a poção.
- Mas quem?! – Hermione perguntou distraída. Mas, antes mesmo que pudesse pensar em alguma coisa mais, uma lembrança voltou como um flash em sua mente. O policial trouxa passando por ele e aquele olhar de nojo que ele a olhou. Sim, agora ela tinha certeza do que aquele olhar significava. – Oh, Merlin. Harry, Rony... o policial trouxa que entrou sem permissão na casa! Era Draco Malfoy.
- Eu sabia! – Rony esmurrou a mesa com força. – Ele voltou para buscar suas preciosas poções.
- Isso quer dizer que seus planos ainda estão de pé. – Harry concluiu sério.
- Sim. Nós temos que nos apressar. – Hermione falou mais para si mesma do que para os amigos. E os três ficaram calados por uns instantes, cada um pensando em como todas as peças daquele quebra-cabeça poderiam se encaixar.

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