Conflitos
- O que acontecerá conosco? – Rony parecia ainda um garotinho assustado.
- Eu não sei. – Harry ainda exibia um rosto preocupado. – Mas algo me diz que isso não está certo. Esse julgamento sem motivo.
- Concordo Harry. – Gina estava séria e parecia a mais centrada de todos. – Toda essa história de julgamento por causa de um frasco de poção não está certo. Temos que descobrir o que está realmente acontecendo.
- Temos sim. – concordou Mione. – E o mais rápido possível. – seu cérebro estava a mil. – Vou escrever uma carta apressando a entrega do livro de poções e vou tentar descobrir o mais rápido possível do que ela se trata.
- Gina pode te ajudar. – ofereceu Harry olhando para a ruiva para ver se ela concordava. – Eu e Rony procuraremos saber mais sobre o julgamento.
Os quatro ficaram em silêncio por um minuto ou mais, cada um absorto em seus próprios pensamentos. O que Harry, Gina e Rony ainda não haviam percebido é que Hermione era a mais perdida em meio de muitas preocupações. Harry e Rony corriam risco de perderem seus empregos naquele julgamento, mas ela estava em apuros maiores.
Falsa identidade era um crime muito sério no mundo dos bruxos. E não demoraria muito a descobrirem que na verdade não era July Scotland que deveria ser julgada junto com os amigos. Pelos cálculos de Hermione, a namorada de Rony receberia a carta do Ministério no fim do dia e toda a confusão estaria armada. Ela provavelmente seria suspensa ou até expulsa de seu cargo de confiança, só pelo fato de estar sendo julgada de um crime como esses. E se fosse condenada poderia até mesmo ir parar em Askaban. Esse pensamento fez Hermione emitir um suspiro quase inaudível de medo, mas Rony pareceu perceber que a amiga estava diferente.
- Algum problema Mione? – ele pos a mão em seu ombro, preocupado.
- Nada, Ron. Nada. – Ela não queria preocupá-lo mais ainda. – Eu acho que vou me deitar um pouco. Gina, você pode escrever a carta para a Floreios e Borrões por mim?
- Claro. – respondeu a ruiva ainda séria.
- Obrigada. Até mais. – sem nem ouvir os murmúrios de desaprovação de Rony, ela saiu andando pelas escadas rumo ao quarto de Gina e atirou-se na cama sem querer pensar em mais nada.
A sua vida estava uma verdadeira montanha russa nos últimos dias. O seu reencontro com Rony e sua reaproximações de sues grandes amigos trouxe também muitas aventuras e muitos problemas. Não que ela reclamasse das aventuras, o que na verdade ela até gostava. Mas aqueles altos e baixos a deixavam insegura e a possibilidade de ver a sua vida desmoronar a deixava doente de preocupação. Mesmo sem querer, seu corpo cedeu ao cansaço e Hermione dormiu profundamente.
Estava tendo algum tipo de sonho turbulento quando acordou de súbito. O sol já havia se posto a um bom tempo aparentemente e ela ouvia vozes exaltadas se aproximando pelo lado de fora do quarto. Ainda no escuro, caminhou o mais silenciosamente possível para descobrir do que se tratava a confusão toda. Abriu uma fresta da porta e, pelo feixe de luz que chegava a seu rosto observou atônita a sombra de Rony e July parados no corredor.
- Por favor, vamos para o meu quarto. – Rony tentava manter o tom de voz baixo e parecia extremamente contrariado com a situação.
- Não tente me acalmar Ronald! – July falava alto e Hermione pode ver que estava vermelha de raiva. – Eu quero saber que história é essa agora!
- Por favor... – Rony olhava ainda constrangido e com o canto dos olhos olhou para a porta do quarto de Gina. Hermione levou um susto e escondeu-se atrás dela.
- Eu estou sendo acusada de quebra de sigilo Ronald! Você sabe como isso é sério! E quando eu venho descobrir o que está acontecendo, seu amigo Harry vem me dizer que foi tudo um mal entendido?! – Hermione não teve coragem de olhar mais para fora do quarto, as podia imaginar como July estava furiosa apenas pela voz.
- Foi realmente tudo um mal entendido. – Rony tentava acalmá-la. – Acontece que Harry, eu e Mione...
- Então era aquela garota que estava com você Ronald?! Foi ela que se passou por mim?!
- Sim. – admitiu falando em um tom ainda mais baixo.
- Eu vou denunciá-la agora mesmo!
- Não!!! – dessa vez Hermione assustou-se com o tom de voz alto de Rony. – Você não pode fazer isso July. Ela pode ser presa!
- Eu não vou ser julgada por um crime que eu não cometi Ronald. – a voz fria da mulher cortava o ar como se fosse uma faca. – E não me importo nem um pouco se aquela mulherzinha for presa por ter se passado por mim.
- Não fale assim de Hermione, July. Não foi a intenção dela...
- Eu não me importo. – repetiu friamente. – Não vou deixar minha reputação de Auror ser prejudicada por nada neste mundo.
- É isso tudo o que importa para você?! Sua reputação? – Rony agora falava com um tom perigoso, que Hermione já ouvira outras vezes. Ele estava prestes a explodir de raiva.
- Ser Auror sempre foi meu sonho, e não abro mão dele. – July respondeu com a voz firme. Péssima resposta para Rony, pensou Hermione.
- Sua egoísta! – agora Rony gritava para quem pudesse e quisesse ouvir. – Se seu emprego perfeitinho importa mais do que um pedido meu, então é melhor você sair daqui, e da minha vida, definitivamente. – concluiu com uma voz cheia de raiva.
- Adeus. – respondeu July com um tom de voz ainda mais frio, que lembrava vagamente a voz arrastada de Draco Malfoy. E Hermione pode ouvir um estalo, indicando que ela se fora. Se fora para sempre, pensou sentindo uma alegria incontrolável por dentro.
Antes mesmo que tivesse tempo de pensar no que fazer, ela foi empurrada com força e caiu no chão, quando a porta se escancarou de repente. Tentando se levantar, olhou para frente e viu o perfil alto e assombroso de Rony contra a luz. Ali de baixo ele parecia um gigante, o que deixou Hermione apreensiva.
- Me desculpe Ron, eu não pude deixar de... – ela tentava explicar ainda constrangida como ouviu sem querer toda a discussão anterior.
- Não pôde deixar de bisbilhotar a minha vida? – a voz fria de Rony atingiu Hermione com um raio. Ela não imaginava que ele ficaria tão bravo com ela, afinal, os dois gritaram a plenos pulmões durante a discussão.
- Não Rony... eu não queria... mas... vocês falavam alto... – ela estava totalmente sem fala. Ainda apoiada pelos braços caída no chão, sentia a presença enorme de Rony a sua frente a esmagar.
- Espero que esteja feliz agora. – disse ele, com a mesmo voz fria e saiu sem deixar tempo para uma resposta.
Raiva foi a única coisa que pôde sentir depois disso. Raiva daquele homem que estava descontando nela uma raiva que ela não tinha provocado. Depois de ter sido tão amigo e carinhoso com ela, agora agia como um completo e verdadeiro idiota legume insensível. E era isso que ele era. Um legume insensível.
Batendo a porta com a maior força que encontrou, Hermione deitou-se na cama ainda bufando de ódio de estar se sentindo tão magoada. Olhando para o teto sem conseguir dormir, ficou repassando em sua mente milhares de vezes as cenas em que o ruivo a olhava com ódio, minutos atrás. E ela tinha vontade de matá-lo e de morrer ao mesmo tempo.
Fingiu que estava dormindo quando Gina entrou no quarto, chamando pelo seu nome baixinho. Ela não queria conversar com ninguém até que todas as suas idéias estivessem de volta no lugar. Ela estava fora de órbita nos últimos dias e os conflitos intermitentes com Rony não a estavam ajudando em nada. “Talvez seja hora de voltar para casa” pensou sobriamente.
Quando a manhã clareou o quarto em que dormia, Hermione se levantou e andou automaticamente para a cozinha da casa. Parecia que tinha passado a noite toda em claro, afundada em sentimentos de raiva e tristeza. Molly Weasley, como sempre, já estava preparando o café.
- Bom dia, minha querida. – disse ainda se virando. Quando olhou finalmente para o rosto de Mione, ficou com um olhar preocupado. – Não dormiu bem?
- Infelizmente não, Molly. – respondeu sinceramente.
- Você e rony brigaram novamente? – perguntou com simplicidade. Hermione pensou por um instante e achou que não tinha motivos para mentir.
- Sim. Acho que ficarmos sob o mesmo teto não está nos fazendo bem. – Sentou-se desanimada. – Acho que minha estadia aqui deve acabar hoje.
- Minha querida, você não pode ir. – Hermione surpreendeu-se como tom meio alegre que havia no tom de voz da mulher. – Nós devemos enfrentar os nossos problemas de frente, não sabia?
- Eu estou causando problemas. – tentou explicar Hermione. – Eu vou enfrentar todos esses conflitos com Rony, mas realmente não acho necessário ficar aqui para isso.
- Oh minha querida. – Molly riu vagamente. – Eu não estou falando de você.
Com um misto de surpresa e entendimento, Hermione não pode deixar de rir ao ouvir o que a matriarca da família Weasley tinha acabado de lhe contar. Então realmente havia algum problema entre ela e Rony que ele não sabia como lidar. Uma sensação estranha tomou conta de suas entranhas. E ela imaginava se ele sofria os mesmo conflitos internos que ela mesma sentia, quando olhava no fundo daqueles olhos azuis.
Ela sempre temera confessar para si mesma os sentimentos que ela nutria pelo seu melhor amigo. O medo de perdê-lo era maior que a vontade de estar ao seu lado ou ter algum tipo de romance com ele. As confusões de sentimentos a deixavam fora de sério quando finalmente decidiu se entregar: ela era apaixonada por Rony e nada poderia mudar isso. Seria isso que Rony estava passando? Com um pontada de felicidade em seu peito, Hermione decidiu ficar mais alguns dias n’A Toca, mas o orgulho jamais deixaria que ela falasse com Rony até que ele se desculpasse devidamente.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!