Quebra de Sigilo
Já haviam se passado três dias desde que Hermione havia pedido o livro e ainda não obtivera resposta. Ela explicou para dois amigos impacientes que aquele livro não era um livro muito comum e que ela já esperava uma certa demora para recebê-lo. E a única alternativa que eles tinham era esperar.
Harry voltou a trabalhar normalmente todos os dias, então ela só via o amigo tarde da noite, quando ele chegava exausto e frustrado do Ministério, contando que a investigação na casa de Snape não havia saído do lugar. Aparentemente, nenhum dos aurores havia descoberto o calabouço escondido, e só estavam ainda no local terminando a desmemorização de alguns trouxas.
Gina ficava quase todo o dia ajudando a mãe com as tarefas de casa. Rony alternava seus dias em acompanhar Harry até o Ministério e fazer companhia para Hermione nas tardes ociosas pelos jardins da casa. Enquanto passavam boa parte do tempo juntos, eles conversavam sobre como tinham sido todos aqueles anos em que ficaram afastados. E surpreendentemente não houve nenhuma briga nenhuma discussão sequer entre os dois.
O fim de semana se aproximava e Hermione lembrou-se que tinha uma reunião marcada com o Ministro da Magia, sobre o projeto dos elfos domésticos. Ela acordou bem cedo naquele dia, pois teria que passar em casa para buscar alguma roupa decente antes de ir para o Ministério. Passou pelo seu apartamento sem ao menos olhara para seu escritório, que estava com a porta fechada. Arrumou-se e aparatou perto de sua antiga sala.
- Pois não? – um bruxo loiro estava sentado na mesa que pertencia antes a Christopher. Ele tinha cara de ser ainda um adolescente e não parecia estar nos melhores de seus dias.
- Eu desejo falar com o 2º secretário, por favor. – ela disse educadamente.
- E quem deseja? – ele estava realmente sendo rude. Por uma fração de segundos Hermione teve vontade e gritar que ela era a superior por ali, mas respirou fundo e falou com o tom mais calmo que conseguiu.
- Diga a Christopher que Hermione Granger deseja lhe falar. – o jovem bruxo a olhou espantado por um tempo, e pareceu que ia desmaiar de tão branco que estava.
- Perdão, Srta. Granger. O Sr. Secretário já está lhe aguardando. – e indicou para que ela entrasse.
Andando lentamente para dentro do seu escritório, viu que o seu sucessor havia mantido seu padrão antigo. Muitos livros em uma pequena estante e pilhas de papéis rigorosamente organizados empilhados sobre a mesa onde ele estava sentado. Quando viu Hermione entrando, Christopher sorriu.
- Bom dia, Hermione. O que a traz aqui? – e lhe deu um aberto firme de mão, sempre sorrindo.
- Ora Chris, eu vim para a reunião com o Ministro, esqueceu-se? As cópias dos relatórios que eu tinha em casa, infelizmente, foram queimadas e sei que mantém cópias arquivadas no escritório. – ela olhou para o seu sucessor e seu sangue gelou. Ele não a olhava nos olhos e parecia muito sem graça. – O que aconteceu?
- Sinto muito, Hermione, as coisas ficaram tão atarefadas por aqui que não tive tempo de lhe avisar. A sua reunião com o Ministro foi adiada.
- E o motivo?
- Bom, parece que o comandante da seção dos Aurores tinha um assunto muito urgente a tratar com ele.
- O Sr. Hart?! – perguntou surpresa. Algo dizia que o assunto tinha a ver com o crime na antiga casa de Snape.
- Sim, e parece que foi coisa séria. Ouvi boatos sobre uma quebra de sigilo séria por parte de alguns aurores.
- E que tipo de quebra de sigilo? – O coração de Hermione parecia ter parado de bater.
- Roubo.
- Oh, céus. – sussurrou Mione. – Eu tenho que ir.
Ela saiu andando apressada rumo ao elevador com os seus pensamentos fervendo a sua cabeça. De algum jeito tinham descoberto o calabouço escondido na antiga casa de Snape e percebido que faltava um pouco da poção desconhecida nos caldeirões. O que Hermione não entendia era porque o comandante estava mais preocupado com um pequeno frasco de uma poção do que o fato de existir essa poção ilegal. Ela tinha que contar para Rony e Harry.
Quando entrou no elevador, ia apertar o botão do andar da Seção dos Aurores, mas parou com a mão no ar, sem entender realmente porque hesitava. Com o raciocínio a mil, lembrou-se que ela seria uma das acusadas pelo roubo junto com Rony e Harry. Na verdade, July Scotland seria acusada e ela acabaria sendo descoberta e acusada de falsa identidade. O comandante não poderia vê-la, pelo menos não por enquanto. O seu nome ainda não ser conhecido por ele dava aos três uma certa vantagem.
Em vez de ir para a seção dos Aurores, Hermione subiu para o hall de entrada do ministério e, sem ao menos olhar para ninguém, voltou pela rede de flú para A Toca. Saindo pela lareira da cozinha, que estava vazia, correu até o corujal da casa e entregou um pequeno pedaço de papel escrito às pressas para Píchi, a corujinha de Rony.
“Rony e Harry. Voltem rápido para A Toca. Mi.”
Andando de um lado para o outro, ela olhava sem parar para o antigo relógio na parede da cozinha da família Weasley. O ponteiro de Rony estava apontado ainda para “trabalho”. Impaciente, correu escadas acima e chamou Gina apressada e as duas voltaram para a cozinha. Hermione voltou a olhar para o relógio e, aliviada, notou que o ponteiro do ruivo apontava para “viajando”. Segundos depois, Rony e Harry entraram correndo pela cozinha, com os rostos vermelhos.
- Mi, aconteceu alguma coisa com você? – Rony veio correndo desesperado em sua direção, e a olhava de cima a baixo para descobrir algo de errado com ela.
- Não Ron. – ela tentou acalmá-lo, ainda um pouco vermelha pela reação do ruivo. – Mas vai acontecer com vocês. Ou conosco – corrigiu a si mesma.
- O que foi Mione? – Harry abraçava Gina e os dois a olhavam muito preocupados.
- O comandante Hart está agora em reunião com o Ministro. Descobriram que pegamos um pouco da poção no calabouço de Snape. – soltou mais rápido do que imaginava.
- Então entraram no calabouço? – Harry andava de um lado para o outro.
- E a poção ilegal? – Gina fez a pergunta que Hermione esperava.
- É isso o que mais me intriga. – admitiu sinceramente Mione. – Parece que eles estão mais preocupados com o roubo da poção do que com a poção ilegal que estava lá.
Antes mesmo que alguém mais pudesse pensar na intriga que se formava, duas corujas castanhas entraram pela janela da cozinha, assustando os quatro. Pousadas sobre a mesa no centro, havia duas cartas, cada um delas endereçada a Rony e Harry. Rony pegou a sua, leu em voz baixa e entregou-a a Hermione, sem soltar nenhuma palavra.
“Caro Ronald Weasley,
Temos o dever de lhe informar que uma acusação formal contra o senhor foi arquivada em nosso sistema, hoje, dia sete de agosto às dez horas e quinze minutos no horário de Londres.
O motivo da acusação e nome do denunciante serão mantidos em sigilo por motivos de segurança até o dia de seu julgamento, que está marcado para o dia trinta de um de agosto às nove horas, no Ministério da Magia.
Como o senhor está apenas em intercâmbio no setor de Aurores de Londres, uma cópia desta foi enviada ao seu superior na Romênia e o senhor será submetido às punições do mesmo.
Os aurores Harry Thiago Potter e July Scotland foram acusados juntamente com o senhor e serão julgados sob as mesmas circunstâncias.
Seção dos Aurores.
Ministério da Magia.”
- Por Merlin... – sussurrou Hermione lívida, enquanto olhava para um Harry extremamente preocupado e para um Rony branco de susto.
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