O pedido.
Com o fim de semana todo pela frente, Harry e Rony não tiveram oportunidade de começar a investigar o julgamento secreto a que seriam submetidos. E também Hermione não recebera nenhuma carta ainda sobre o seu próprio julgamento. O que ela agradecia imensamente por isso.
Pela briga que havia ouvido no dia anterior de Rony e sua ex-namorada (pronunciar e enfatizar o “ex” era importante) ela sabia que assim que o Ministério abrisse na segunda-feira, July correria até o Ministro em pessoa só para fazer um escândalo e denunciá-la. Mas não queria pensar no assunto e sofrer antes de tudo realmente acontecer.
Hermione e Rony ainda não estavam se falando direito. Por muita insistência de Harry, estavam se cumprimentando polidamente, mas era o único tipo de tratamento que dirigiam um ao outro. Aparentemente o orgulho de Rony não permitia que ele pedisse desculpas com tamanha rapidez e o orgulho de Hermione não deixava que ela o perdoasse sem vê-lo pedir desculpas, mesmo que já não sentisse mais raiva nenhuma do acontecido.
Na manhã seguinte que Gina havia escrito a carta à loja de livros do Beco Diagonal, Hermione recebeu uma carta formal com um pedido de desculpas, e o livro também através de uma coruja. Já era fim de tarde enquanto ela devorava o texto, sentada na poltrona da sala, tentando absorver tudo o que pudesse antes de começar a trabalhar na poção. Ela não poderia errar, afinal o que estava em jogo era o emprego de seus dois melhore amigos. E sua própria absolvição, talvez.
- Já terminou de ler tudo? – Gina entrou na sala e sentou-se ao lado da amiga.
- Ainda não, mas não devo demorar muito. – sorriu confiante.
- Não quer fazer uma pausa? Harry e Rony estão fazendo uma limpeza no jardim e talvez nós pudéssemos ajudá-los. – Gina arqueou suas sobrancelhas com a expectativa, mas Hermione já estava pronta para esse tipo de conversa.
- Eu não vou fazer as pazes com seu irmão Gina. Ele me deve um pedido de desculpas. E um pedido muito arrependido, diga-se de passagem. – disse, fechando o livro calmamente.
- Você conhece aquele legume Mi. Ele está com medo de você não aceitar seu pedido. E você nem está com raiva dele, ou está? – Gina a olhava com olhos de súplica.
- Não, você sabe que não estou com raiva, mas francamente, Rony foi muito grosso comigo. – O assunto já estava a deixando chateada.
- Mas ele mandou aquela bruaca embora só por sua causa Mi! E não venha me dizer que não foi. Nós duas sabemos que é verdade. – Hermione ponderou por um segundo. “Bem, isso é verdade.” Pensou ela, mas não daria o braço a torcer tão facilmente.
- Porque você insiste tanto nesse assunto Gi? – ela estava meio aborrecida e meio curiosa com a insistência. – Francamente, você já viu Ronald e eu ficar brigados por muito mais tempo sem reclamar. – A ruiva ficou instantaneamente corada. E pareceu pensar se devia contar a verdade ou não.
- Bom... na verdade é que... – Ela parecia encabulada. – Prometa que não vai contar a ninguém.
- Claro que não conto Gi. O que é?
- Harry me pediu em casamento. – disse Gina, ficando tão vermelha quanto os próprios cabelos e olhando para o chão de vergonha. Hermione percebeu nessa hora como ela e Rony se pareciam, às vezes.
- Merlim! – Hermione explodiu em alegria e abraçou Gina do melhor jeito que pôde, com as duas ainda sentadas no sofá. – Isso é MARAVILHOSO!
- É. – concordou uma Gina muito sorridente.
- E o que Ronald e eu temos a ver com isso? – Era o que Mine não entendia.
- Ora Hermione. – Agora Gina parecia surpresa. – Rony é o melhor amigo de Harry e é claro que ele vai ser escolhido para ser o padrinho do casamento. E, bom, você é minha melhor amiga também... – o coração de Hermione deu um pulo de alegria. Ela queria rir e chorar ao mesmo tempo.
- Ah, Gina. Obrigada. Eu realmente... – quase chorou.
- Não seja boba, Mi. – agora Gina a abraçou. – Mas não se anime tanto. Eu e Harry decidimos que é melhor toda essa história de julgamento acabar para contar a todos.
- É prudente. – concordou Mione. – Mas o fato de eu estar brigada com Rony... – tentou protestar e dizer que não tinha nada a ver.
- Harry jamais colocaria vocês dois juntos sobre o altar sabendo que poderia haver algum tipo de constrangimento. Nós queremos você e Rony muito felizes quando tudo acontecer.
Hermione logo abriu a boca para revidar, mas a fechou sem dizer nada. Pensando melhor no assunto, ela percebeu que aquilo era exatamente o que ela esperaria de um amigo como Harry, sempre pensando no bem estar de todos antes do seu próprio. E teve que considerar a possibilidade de que, se fosse ela quem estivesse se casando e Harry estivesse brigado com Gina, ela provavelmente faria o mesmo que eles.
Não seria a primeira vez que Hermione e Rony fariam as pazes sem um pedido de desculpas da parte mais equivocada da briga. Na verdade, quase durante toda a sua vida, ela e Rony tinham que sofrer algum tipo de choque para voltarem a conversar normalmente. Era quando eles sentiam de verdade como era perder uma amizade que se esqueciam das brigas infantis do passado. Se sempre houve um motivo para uni-los, nada melhor do que a felicidade de Harry e Gina.
Sem ainda dizer nada, Hermione levantou-se e foi andando em direção à porta da cozinha d’A Toca que dava para os jardins. Gina a seguiu de perto pulando de alegria e agradecendo inúmeras e inúmeras vezes. Quando finalmente abriu a porta fazendo Gina calar-se, viu Rony e Harry andando tranquilamente para lados opostos, Rony indo em direção ao fundos do jardim. Ela começou a andar até lá, pensando no que diria em seguida.
- Ron? – ela perguntou com a voz aflita e viu como ele levou um susto ao ouvir seu nome.
- Olá Mione. – Ele virou e ficou parado, com a varinha no ar.
- Olá. – Ela devolveu o cumprimento. Um silêncio constrangedor se instalou entre os dois. Aquilo estava ficando ridículo, era o que Hermione pensava. Antes que pudesse inventar qualquer coisa para dizer, Rony falou primeiro.
- Me ajuda? – perguntou com olhar ansioso. – Nunca fui bom nisso. – Hermione sorriu e Rony retribuiu, parecendo mais tranqüilo.
- Claro. – e começaram a lançar feitiços com suas varinhas.
Com os dois trabalhando em conjunto a limpeza dos fundos do jardim foi bem rápida. Voltaram até o centro do jardim e ainda ajudaram Harry e Gina a terminarem sua parte. O tempo parece voar quando estão todos se divertindo e, quando Hermione se deu conta, já era noite, e Molly os chamava para jantar.
Rony aparentemente tinha voltado ao seu jeito carinho e atencioso com Hermione, o que não passara despercebido pela Sra. Weasley. Ela olhou significantemente para Hermione, quando os dois sentaram-se lado a lado à mesa para comer. Hermione não deixara de corar, mas Rony parecia alheio a tudo. O jantar foi divertido e amigável, agora que os dois conversavam normalmente. Eles puderam planejar o que fariam logo que a segunda feira chegasse.
- Nós temos que ir ao Ministério segunda. – afirmava Harry, entre uma garfada e outra de batatas. – E só vamos sair de lá com o motivo do julgamento.
- Aposto como o Ministro não vai ceder ao seu pedido. – Hermione pensou em voz alta. – Já têm um plano B? – ela olhava para Rony e Harry.
- Eu posso tentar falar com o comandante Hart. – Rony conseguiu completar uma frase antes de voltar a comer desesperadamente. Hermione não pode deixar de rir.
- É uma boa idéia, mas tome cuidado Ronald, porque o comandante não deve estar satisfeito nem com você. – Ponderou Mione.
- Talvez ele fale mesmo assim. – disse Harry com um olhar sombrio. – Ele não é muito bom em guardar segredos.
- Molly, muito obrigada pelo jantar. – Hermione se levantou da mesa. – Eu vou pala a sala terminar de estudar o livro de poções.
- Claro minha querida, fique à vontade. – Molly recolheu o seu prato.
Hermione sentou no sofá que estava mais cedo e começou a ler de onde havia parado. Mal havia lido o primeiro parágrafo quando sentiu um perfume amadeirado no ar, com toque leves de lavanda. Com um suspiro inaudível, levantou os olhos do livro e deu de cara com Rony, que estava parado a sua frente a observando calado.
- Pois não? – perguntou divertida, com cara de falsa surpresa.
- Oi. – as orelhas de Rony ficaram tão vermelhas que se confundiram com seus cabelos ruivos. – Você... é... precisa de ajuda?
- Bom... – Hermione fez um pequeno suspense, só por diversão.
- Eu sei que você não precisa de ajuda, mas... o que eu quis dizer é... você quer ajuda? – Rony parecia atrapalhado com suas palavras. Hermione riu abertamente. Ver a insegurança de Rony a deixava nervosa, mas ela sabia muito bem como disfarçar.
- Sente-se aqui. – E apontou seu lado no sofá. Rony sentou-se. – Vou ler em voz alta para você me acompanhar.
Ela leu em voz alta todos os feitiços que deviam ser feitos e os ingredientes necessários para separar a poção em seus ingredientes iniciais. Com eles listados, ela poderia fazer uma análise complexa sobre o seu possível efeito. Essa era a parte mais difícil, pois a combinação de um ou mais elementos podia ser feita de várias formas e com infinitos resultados. Mas ela precisava tentar.
Rony perguntava uma coisa ou outra durante a sua leitura, o que dava brecha a alguns instantes de diálogo entre os dois. Ele parecia extremamente interessado, apensar de Hermione mesmo achar o processo longo e trabalhoso demais. Mas ficou muito satisfeita e ter um motivo para olhar nos olhos azuis do homem ao seu lado. O perfume dele ainda era entorpecente e Hermione fazia um tremendo esforço para se concentrar no que estava lendo.
Quando todos os outros já haviam subido para os quartos, Hermione terminou a leitura do último capítulo. Rony estava com uma cara sonolenta e soltou um bocejo, meio sem querer. Hermione sorriu e ele retribuiu. Estava na hora de irem dormir. “Em camas separadas”, pensava Mione tentando se corrigir do pensamento anterior.
- Acho melhor subirmos. – disse ela depois de uns segundos.
- É, acho que sim. – Rony concordou. Os dois subiram pelas escadas em silêncio e Hermione parou na porta do quarto de Gina.
- Boa noite, Ronald. – ela sentia algo estranho em seu estômago, e surpreendentemente, não conseguia respirar normalmente.
- Boa noite Mi. – o arrepio que percorreu a espinha de Hermione foi maior do que o normal, porque Rony tinha praticamente sussurrado a última frase. Ele estava aproximando seu rosto lentamente do dela. Ela fechou os olhos quando sentiu os lábios do ruivo tocando seu rosto. Rony deu um beijo na bochecha de Hermione, e saiu andando tranquilamente enquanto ela deitava em sua cama com o seu coração a mil.
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