Apenas Uma Mancha
CAPÍTULO VI. APENAS UMA MANCHA...
Não seria fácil, ele sabia... Mas ninguém, nem mesmo a maravilhosa senhorita White, era perfeito. Não podia... Mas... White... Até mesmo o sobrenome dela já anunciava que se tratava de uma pessoa pura. Sem manchas. Mas era necessário encontrar alguma... Por menor que esta fosse... Porque, se ele não encontrasse, jamais se permitiria pensar em ficar com ela.
E talvez não houvesse lugar melhor para encontrar algo sobre alguém do que olhando nos arquivos do Ministério da Magia.
Um pequeno problema: ele não podia lá. Pelo menos não para vasculhar a vida das pessoas... Que, por sinal, faziam parte de um arquivo secreto... Apenas poucos aurores tinham acesso a tal acervo.
Sorte que ele conhecia quem tinha.
Quim Shacklebolt. Não que eles fossem grandes amigos, mas o auror jamais negaria um favor a um colega... A alguém que fosse um membro tão ativo da Ordem da Fênix... E não que Shacklebolt confiasse nele... Mas sabia que Dumbledore confiava... Logo, não suspeitaria... muito.
Naquela mesma noite em que Katrina tinha tão displicentemente beijado o canto da boca dele, ele enviou uma carta para o colega pedindo para que entrasse nos arquivos e lhe dissesse tudo que tinha lá sobre Katrina. Naturalmente, pediu segredo. Se Dumbledore soubesse que ele andava investigando a professora de Defesa Contra a Arte das Trevas, certamente procuraria saber os motivos... E aquele velho conseguia ler a mente das pessoas de tal maneira que ele ficaria exposto... E não sabia se estava pronto para deixar mais alguém saber do que se passava em seu coração.
‘Nada se passa em seu coração, Severo! Nada!’
Mas a resposta, a tão esperada resposta, apenas chegou no dia seguinte, no meio da tarde.
Ele estava no meio de uma aula... Sexto ano, Lufa-Lufa e Corvinal. Os pirralhos pareciam até estar aprendendo alguma coisa... O que não era mais que a obrigação deles, já que se preparavam para os NIEMs no próximo ano.
De repente, Salazar, a sua coruja, invadiu a sala.
Ele olhou. Sabia o provável conteúdo do papel que ela trazia. Sentiu o coração se acelerar. Mas não demonstrou nada. Aqueles pestinhas não tinham nada a ver com a vida dele, não deveriam saber quando ele estava excitado com alguma coisa.
- Continuem fazendo a poção. Quando eu voltar, quero que já estejam nos seus recipientes... E espero que não haja intercambio de informações. Se houver, eu saberei.
Como de costume, os alunos patéticos e desprezíveis só se ocuparam em o olhar por uma fração de segundo após ele terminar de falar. O medo era tão transparente... Ele quase riu. Logo depois, todos os estudantes, sem exceção nenhuma, voltaram para os seus afazeres.
Ele entrou na sua sala íntima. O pequeno pedaço de pergaminho parecia estar prestes a explodir na sua mão, tamanha era a ansiedade em ver o seu conteúdo.
‘Apenas uma mancha... É tudo o que eu peço... Apenas um deslize em sua vida... Apenas uma coisa que não a faça tão perfeita.’
Ele abriu o pergaminho. A caligrafia rebuscada de Shacklebolt dizia:
“Prezado Severo,
Não são muitas as informações existentes em arquivo sobre a tal professora de Defesa Contra a Arte das Trevas. Mas creio que uma das informações vai ser interessante para você. Eis exatamente o que constava na ficha dela.
‘WHITE, Katrina.
Nascimento: 13/07/1974
Filiação: Willian White e Mariann Lestrange White.
Obs.: Pais mortos por comensais da morte.’
Apenas isso. Sei que não são informações satisfatórias. Por isso, fui além e fiz algumas perguntas para um pessoal que conheço. Sinto informar que não descobri muita coisa.
O
tal ataque à casa dos White ocorreu durante a guerra anterior. O motivo é até hoje desconhecido, já que os White tinham puro sangue e, ao que se sabe, eram partidários daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Katrina tinha apenas cinco anos na época. Ela foi “adotada” por Hugh e Yllina Lestrange, seus avós. Pouco depois de a menina completar dez anos, o casal faleceu e Katrina ficou desamparada, foi mandada para um internato. Quando fez onze anos, alguém pagou os seus estudos na Beauxbatons. Até hoje não se sabe quem foi. Há dois anos, Katrina deixou a convivência bruxa. Viveu sem quase utilizar magia e, por motivos também desconhecidos, ela voltou.
Devo dizer que essa garota é um mistério. Ninguém a conhece direito.
Espero que tenha sido suficiente.
Sinceramente,
Quim Shacklebolt.”
Ele fechou a carta, atônito. Então ateou fogo nela – ninguém deveria saber que ele andara procurando informações sobre Katrina. No seu rosto, um sorriso ao mesmo tempo triste e irônico se formou.
Ele quisera encontrar um defeito nela... Alguma coisa em que ele pudesse se segurar para sentir que não estava fazendo a coisa errada se ela tentasse uma aproximação... Mas tudo que ele conseguiu foi se enterrar ainda mais na sua própria sujeira.
Ele participara do atentado à casa dos White.
‘Sujeira na qual Katrina não pode entrar.’
E ela jamais iria querer. Pelo menos assim que descobrisse que ele era um Comensal da Morte. Como ela ficaria do lado de um homem que faz parte do grupo que assassinou os pais dela? Jamais. Ela poderia até tentar se aproximar... Mas seria apenas vê-lo sem camisa, olhar para a marca negra, que ela saberia... E jamais voltaria a se aproximar dele novamente. Não iria querer nem mais olhar para a cara dele.
E então, ele se machucaria mais uma vez.
É... O amor não era para ele. O amor era para as outras pessoas, para aquelas que não tinham comprometimentos sérios na vida... Para alguém que não matava... No fundo, ele sempre soube que jamais conseguiria viver um amor... Apenas uma vez ele pensou...
Balançou a cabeça. Não valia a pena trazer um passado doloroso de volta. Agora, tudo que ele poderia fazer era voltar aos seus afazeres como professor... E deixar para remoer as mágoas de estar condenado a uma vida solitária mais tarde, quando não tivesse nada para fazer.
XxXxXxX
Ela sorriu, bebericando sozinha uma taça de vinho. Como tinha sido fácil... Ela mal pudera acreditar que, na noite passada, ela tinha deixado o professor Snape confuso e atordoado... E tinha sido tão fácil...
Primeiro a idéia do atraso. Tinha certeza que o Mestre devia ter ficado zangado... Se o conhecia bem, detestava esperar... Depois, a brilhante idéia da camisola de seda preta... Aquele pedaço de pano já estava estocado em seu armário há tanto tempo... Na verdade, ela nunca gostou de se vestir para dormir... Apenas tinha comprado para satisfazer as fantasias de um antigo namorado, que tinha um fetiche louco por seda preta.
A timidez... O “graças a deus” sussurrado alto o suficiente para que ele ouvisse, quando disse que não era casado. As coradas na hora certa... Tudo tinha sido parte do plano perfeito.
E por fim, a jogada de mestre: o beijo. Claro, ela não podia roubar um beijo dele... Seria muito forçado. Mas, um “incidente”, como o beijo foi, era bem aceitável...
Ela riu.
Ele tinha sido tão tolo... Caíra como um patinho!
Mas agora tinha que preparar a sua próxima jogada... Tinha que deixá-lo fervendo de desejo... Tinha que fazê-lo beijar ela... Até porque a imagem de boa moça que ela estava criando não permitiria que ela o beijasse. Mas como fazer isso...
Talvez se ela foss---
Os pensamentos dela foram interrompidos pelo farfalhar de asas que entravam pela sua janela. Ela virou o rosto num sobressalto. Era Lin, uma das corujas dos Malfoy. Ela tomou a carta da coruja numa jogada rude. Rasgou o envelope. A letra de Narcissa escrevia:
‘Katrina,
Eu sei que já faz muito tempo que a minha família não manda notícias para você... É uma pena, mas estávamos tristes pela prisão do meu marido. Mas, agora, trago boas notícias: O ministério está tentando encobrir, mas Lúcio fugiu de Azkaban! Nesse exato momento, ele está bem aqui, ao meu lado. Isso não é ótimo?
Bom, para comemorar, vamos fazer uma festa... Bom, não exatamente uma festa, mas uma reunião apenas com uma parte da família e os amigos mais próximos. O que, naturalmente, inclui você!
Espero-te amanhã à noite, a partir das dez horas, aqui na mansão. Não falte.
Carinhosamente,
Narcissa Malfoy.”
Ela rolou os olhos.
‘Mais essa, agora!’
XxXxXxX
‘Inferno!’
Tudo que ele não queria naquele dia era fingir-se de Comensal da Morte fiel e felicitar Malfoy pela sua brilhante fuga de Azkaban. Era incrível como aquele homem realmente acreditava que Severo era um de seus melhores amigos... O que era verdade, até ele começar a espionar para Dumbledore.
Ele entrou na mansão. Musica agradável, pessoas ricas e bem vestidas estimulando a sua hipocrisia... Um falando mal do outro... Todos se fingindo de amigos quando, na verdade, eram apenas cobras prestes a, na primeira oportunidade, dar o bote e fazer daquelas outras cobras vítimas dos seus venenos...
Comparado àquelas pessoas, até ele era um anjo.
Logo de longe, avistou o seu antigo amigo, Lúcio Malfoy. Aproximou-se. Tinha que parecer, mais uma vez, que estava do lado dele. E como ele odiava fazer isso.
- Lúcio.
Ele acenou educadamente com a cabeça. Manter a formalidade era imprescindível entre o circulo dos Comensais... Demonstrar afeto, qualquer tipo que esse fosse, era uma falta grave. O Lorde das Trevas dizia que eles se juntaram com propósitos políticos e ideológicos, e não para fazer amigos. Claro, ainda existia um ou outro que fugia da regra... Mas ele queria manter. Quanto menor o contato que tivesse com aquelas pessoas, melhor seria.
O loiro sorriu alegremente.
- Severo! Que bom que você veio me prestigiar!
- Eu não faltaria. Como você escapou?
Essa seria uma in formação valiosa para Dumbledore.
- Digamos que o sistema de segurança de Azkaban não é mais o mesmo desde que tiraram os Dementadores. Depois eu explico tudo, caso você precise.
As famosas alfinetadas de Lúcio Malfoy. Ele sentiu o sangue ferver. Desviou o seu olhar... E esse foi parar justamente numa figura que ele não esperava ver ali: Katrina.
O que ela fazia lá, ele não sabia... Mas ela estava deslumbrante! Um longo vestido azul discretamente acentuava as curvas luxuriosas do corpo dela. Os cabelos loiros estavam presos em um coque, o que revelava o seu pescoço longo, altivo, digno da realeza. Os grandes olhos azuis brilhavam em contentamento. E os lábios...
Os lábios carnudos e rosados exibiam o sorriso mais sincero que ele já vira nela...
Ele não conseguia tirar os olhos daquela visão. Ela estava tão bela... Era como uma visão de luz que viera salvá-lo da escuridão que se instaurava na sua vida ano após ano...
Naquele momento, ele teve certeza que aquela seria a mulher com quem ele passaria o resto da vida... Ele teve certeza de que ela, na plenitude da sua beleza, era a mulher que o tiraria da solidão. E teve certeza também de que ela era tão pura e boa que nem se importaria com o passado dele... Que acreditaria nele quando dissesse que tinha se arrependido das atrocidades que cometera e que tentava se redimir... Teve certeza que ela era tão pura que seria capaz de limpar a sujeira dele.
E então, para a sua desgraça, ele reconheceu: estava apaixonado.
E sentiu um cutucão em seu braço. Desviou o olhar daquele anjo, para encarar com ódio o diabo do Lúcio Malfoy.
- Ela é linda, não é? – Ele falou, um sorriso maníaco se abria em seus lábios. – Eu só queria que ela me desse uma chance! Acho que até me livraria de Narcissa e tentaria algo com ela, se ela não fosse tão dissimulada.
Ele quase riu da fala do colega. Como aquele anjo poderia ser falso? Até ele confiava plenamente nela!
- Dissimulada? Ela é a professora de Hogwarts, não?
- Sim. – O loiro voltou a olhar abobalhado para ela – Katrina White.
- E o que ela está fazendo aqui?
Lúcio voltou o olhar mais uma vez para ele e franziu o cenho.
- Você não sabe? – Ele ergueu uma sobrancelha – Ela é uma Comensal da Morte.
XxXxXxX
Reviews, por favor.
Dark-Bride: HuhAUhUahUAhUahH! Pois eh... Ele descobriu! Bjus!
Sheyla Snape: Eu pensei q vc tinha se eskecido d mim... Ond jah se viu, naum comentar nas minhas histórias! Heheheheheh! Brinkadeira...
O email... Jha respondi, e jah estou t devendo outro... Mas eu jah t esplikei o motivo, naum eh? Bjus!
Lara: HauhauHAuHAuHAuHU! Concordo plenamente com vc, a Katrina soh pode ser cega! Bjus!
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