Que o Jogo Comece



CAPÍTULO V. QUE O JOGO COMECE...

Já fazia três meses que ela tinha começado a dar aulas em Hogwarts a mando do seu Mestre... Nada tinha mudado muito... Fora, é claro, a atitude de Snape para com ela... Não se pode dizer que ele estava doce... Mas muito tinha mudado... Desde a primeira vez em que eles conversaram de verdade, muito tinham sido os avanços dela ao tentar conquistar o temido mestre de poções.

Ele tinha gostado muito de conversar com ela, ao que parece. Ela conquistou mais um. Sempre tivera o dom de fazer qualquer um gostar dela, mesmo... Isso não era surpresa. Bom, ele tinha gostado tanto de conversar com ela, que, ao fim daquela primeira noite em que os dois sentaram-se para conversar, ele a convidou para passar as noites de sexta com ele... Dissera que ela era uma das poucas pessoas em Hogwarts que valiam a pena conversar.

E assim tinha se passado até então. Todas as sextas-feiras, ela se arrumava e ia para as masmorras, a fim de ter uma longa e, ela tinha que admitir, prazerosa conversa com Severo... Sim, eles já se tratavam pelo primeiro nome!

Ela sorriu com esse pensamento.

Aquele homem a fascinava... Muito mais do que o recomendado, se tratando de apenas uma tarefa. Era incrível como, no fim das contas, ela se pegava contando os dias para que a sexta feira chegasse...

Ela sempre se assustava com a constatação: gostava do professor! Apreciava ficar junto dele... E não seria nenhum sacrifício ir para a cama com ele.

Ela mordeu o lábio. Tentou se concentrar na cerveja amanteigada que tinha nas mãos.

Era sexta-feira, finalmente. No momento, ela estava com os alunos em Hogsmeade, acompanhando-os em sua primeira visita de dezembro ao vilarejo. Na mesa do Três Vassouras, estavam ela, McGonagall e Dumbledore... Eles eram tão velhos e chatos! Era muito melhor ficar pensando em Severo do que participando da conversa que eles poderiam estar tendo!

Onde estaria ele? Certamente ficara nas masmorras – ele nunca sai de lá de qualquer forma! Deveria estar corrigindo provas, ou fazendo alguma coisa do tipo... O homem só pensava em trabalho... Mesmo quando estavam juntos, num momento descontraído, ele, vez ou outra, falava em algo relacionado aos alunos...

O barulho dos dois velhos tagarelas cessou. Ela voltou sua mente para a mesa do bar. Os dois a olhavam... Provavelmente perguntaram algo a ela... E ela não fazia idéia do que... E, sinceramente, nem queria saber. Apenas simulou um olhar cansado e assentiu.

- Katrina? – A voz irritantemente fraca do velho a chamou. – Você não me parece muito bem... Será que não deveria ter ficado em seus aposentos, cuidando de uma possível futura gripe?

Gripe! Ela nunca ficava doente! Estava fora de cogitação uma gripe!

Velho tolo!’

Sorriu cansada.

- Eu realmente não creio que esteja ficando doente... Certamente estou apenas fatig---

A conhecida sensação de queimação no seu braço esquerdo a fez interromper a frase. Prendeu a respiração por um momento... Quase cedera ao impulso de colocar a mão sobre a marca... Jamais poderia fazer isso na frente daqueles bruxos! Com a voz um pouco afetada, ela disse.

- Creio que seja apenas cansaço. Acho que vou andar um pouco.

Levantou-se e deixou o bar, sem dar tempo aos dois de responder. Seu Mestre não podia esperar... Ele não merecia esperar. Tudo que ele merecia era ser atendido imediatamente por todos os seus servos...

Caminhou rapidamente entre as ruas, até achar um beco vazio. Lá desaparatou.

Aparatou naquela casa fétida no meio do nada. Como da última vez, a cobra de estimação do seu mestre já a esperava. A olhou de uma forma um tanto hostil e rastejou pelas escadas.

Já fazia muito tempo eu o Mestre não a contatava... Ela não gostava dessa ausência. Sabia que ele era um homem ocupado, que não tinha tempo de falar com ela sempre... Mas, mesmo assim... Ela tinha esperanças que agora, quando finalmente recebera uma missão, como uma verdadeira comensal da morte, ela iria se encontrar mais vezes com aquele homem que era como um pai para ela.

Rangido da madeira velha.

- Katrina, minha querida!

Ela se ajoelhou, dessa vez com mais cuidado com o joelho, e reverenciou o mestre. Levantou-se.

- Como o senhor está passando, Mestre?

Ele a olhou profundamente.

- Você realmente se preocupa comigo, Katrina?

- Muito, o senhor sabe.

- Nesse caso, eu vou bem. Como está caminhando o trabalhinho que eu passei para você?

Ela mordeu o lábio.

- Eu estou trabalhando. Nesses três meses procurei ganhar a confiança de todos lá dentro, desde os alunos, até o diretor. Creio que me sai bem.

Voldemort começou a circulá-la.

- Eles desconfiam de algo?

- Não. Nunca dei nenhum motivo para que eles desconfiassem de mim.

- E Dumbledore?

- Acredita em mim cegamente.

- E Snape?

Ela mordeu com mais força. Sentiu o gosto do sangue.

- Ele parece gostar um pouco de mim. Eu tenho conversado com ele todas as sextas-feiras... Ele, agora, me recebe muito bem. Temos assunto suficiente para passar madrugadas e madrugadas falando.

- Companheirismo? Foi isso que eu pedi de você, Katrina?

Ela sentiu o coração se acelerar... Estava desagradando o Mestre! Isso não era bom! Não mesmo! A respiração dela ficou mais acelerada... Sentiu um nó na garganta.

- Eu apenas pensei que, se o atacasse sexualmente... Sem nenhum companheirismo... Ele desconfiaria.

- Explique.

- Ele sabe que não tem muitos atrativos físicos. Sabe que nenhuma mulher cairia na cama dele sem saber quem ele é... Principalmente uma que pretende ser colega de trabalho. Eu pensei que, talvez, se ele pensasse que eu realmente me apaixonei por ele... Talvez eu pudesse, ao invés de te dar paixão, como o senhor me pediu, eu pudesse te dar amor. Um homem que ama faz qualquer coisa. Um homem que ama revela qualquer coisa.

O mestre ficou parado, a observando por um tempo... Tempo suficiente para que o coração dela se acalmasse e ela pudesse voltar a respirar num ritmo certo. Ele, mansamente, falou.

- Você é inteligente, Katrina... Não posso dizer que fez errado. Mesmo assim, devo insistir para que você cumpra as minhas ordens... Se ele já confia em você, então já está na hora de você transformar esse companheirismo em algo mais... – ele a olhou sugestivamente – você sabe como fazer isso, não?

Ela assentiu. Não tinha mais escapatórias... Teria que ir para a cama com Severo... E o que mais assustava ela era não ter certeza se estava odiando ou adorando aquela história...

XxXxXxX

Ele checou o relógio pela terceira vez. Já passara uma hora e meia da hora que eles tinham combinado. Ela nunca tinha se atrasado antes... Era estranho...

Não, não era estranho. Era o esperado. O que ela poderia querer com ele? Era tão linda... Estava sempre de bem com a vida. Era uma pessoa boa, pura... Ela era tão o oposto dele.

Os opostos se atraem...’

Quem diria... Um pensamento feliz? Não. Estava mais para um consolo. Ele sabia que não era verdade... Que ela não podia se apaixonar por ele... Mas o que diabos ele estava pensando? Também não estava apaixonado por ela!

Sim, tinha que admitir que a queria... Que a atração que ela exercia sobre ele era forte... Mas daí a estar apaixonado? Isso não. Ele só se apaixonara duas vezes na vida, e elas só serviram para afirmar a ele que se apaixonar era a pior coisa que poderia acontecer na vida de uma pessoa. Ele prometera a si mesmo que jamais voltaria a se apaixonar... E até agora cumprira a sua promessa. Não ia ser agora que a descumpriria.

Mas, voltando ao assunto: o atraso de Katrina. Ele já deveria esperar por isso. Ela era uma bela jovem... Não deveria ser nada difícil encontrar algo melhor para fazer numa sexta-feira à noite... Aliás, quase tudo deveria ser melhor do que ter a companhia de um professor de Poções amargo.

Mas, mesmo assim, ela estivera aqui todas as sextas...’

Ele se levantou. Não valia a pena esperar... Era tão óbvio... Ela agora deveria estar se divertindo com alguns amigos... Talvez com um homem que fosse mais do que amigo dela.

Por que eu estou pensando nela, em primeiro lugar?’

Começou a caminhar para o seu quarto... Mas uma batida na porta o fez mudar imediatamente de direção. Ele quase sorriu.

Quase correu.

E, ao chegar na porta, buscou controle. Respirou fundo. Não deveria estar tão entusiasmado com a iminência de um encontro. Não era do feitio dele. Ele não podia. Não devia.

Apenas um rostinho bonito.’

Abriu a porta... E quase deixou o seu queixo cair.

Não esperava que ela fosse ao seu encontro vestindo apenas uma mínima camisola de seda preta. A seda se prendia no corpo dela, acentuando cada curva... Ela parecia ainda mais voluptuosa... Ainda mais... Ele temeu que a vontade que ele sentia de passar a noite com ela fosse muito transparente... Pigarreou e tirou os olhos daquele corpo que tanto lhe inspirava luxúria.

- Você está atrasada.

Ele disse. A sua voz saiu deliberadamente seca de emoções. Nada podia transparecer. Ele jamais poderia saber o que ele sentia...

Não! Eu não sinto nada!’

Ela apenas o olhou com aqueles olhos azuis.. Tão sinceros. Sorriu. Não o incomodou, dessa vez. Ela disse.

- Eu sei. Se você me deixar entrar, posso explicar.

A voz dela estava mais macia do que o normal. Ela parecia estar meio sonada. Ele se afastou, deixando-a entrar. Sem cerimônias, ela caminhou até a sala íntima. O jeito de ela andar também estava diferente... Talvez fosse culpa da seda apertada, mas ela parecia se mover mais graciosamente... Não... Mas sensualmente, seria a palavra.

Ela dava passos longos e lentos, mexendo os quadris suavemente... Parecia até tomar cuidado para não parecer vulgar... Mas não. Se tem uma coisa que aquela mulher não é, é dissimulada.

Ele tentou afastar os olhos dos quadris dela, mas era quase impossível. Uma força invisível parecia ligar os olhos deles aquela visão. Agradeceu a todos os deuses quando ela finalmente se sentou.

Ele, como de costume, serviu vinho para os dois e se sentou. Voltou a observar a mulher. Aqueles inocentes olhos azuis encontraram os dele novamente. Ela desviou o olhar. Sorriu... Parecia encabulada, ou algo assim. Então cruzou as pernas. Tão lentamente... Tão sensualmente. Ele fechou os olhos por uma fração de segundo, para evitar que o seu corpo começasse a responder aos pensamentos que se passavam em sua cabeça naquele momento.

- Então?

Ele exigiu. Era bom que eles começassem a conversar logo, ou ela poderia acabar percebendo o que ele realmente queria fazer.

- Eu estava muito cansada... Esqueci completamente do nosso compromisso – ela sorriu e voltou ao encarar. Ele sentiu um antigo calor no peito... Um calor que não queria mais sentir. – Me deitei, como você pode ver... E acordei no meio da noite, lembrando que era sexta.

Ela tinha deixado de dormir só para não deixá-lo esperando...

- Por que?

Ela franziu o cenho.

- Por que o que?

- Por que você veio? Se você estava dormindo, por que você veio?

Ela voltou a encarar o chão... E se levantou. Começou a caminhar pela sala, o que era bem diferente do que ela normalmente fazia. Passou pelas estantes onde ele guardava os seus numerosos livros. Voltou a olhar para ele, o sorriso doce já refeito.

- Mal tem livros na minha estante.

O que diabos ela estava falando? Se soubesse como odiava quando fazia uma pergunta e a pessoa desconversava... Ele, quase sem perceber, ergueu uma sobrancelha. Ela continuou.

- Eu lotei a estante com fotos da minha antiga família... Dos meus amigos... E principalmente com fotos de Nana e Phill, os amigos que moravam comigo. Eles são a minha família de agora. Mas você não tem nenhuma foto de família... Por que?

Família... Ótimo assunto para se falar com uma pessoa que acha que a única coisa que se pode aproveitar da sua família é o sobrenome. Mas aonde ela queria chegar? Nunca tinham conversado sobre nada muito pessoal... Ela já deveria saber que ele não gostava de falar sobre a sua vida pessoal!

Ele cruzou os braços, tentando se zangar com aquela criatura tão doce que estava na frente dele.

- Isso não é da sua conta. Eu não gosto da minha
família.

- Mesmo assim – ela insistiu –, deve haver alguém que valha a pena lembrar todos os momentos... – Ela mordeu discretamente o lábio... Se ela pensou que aquilo passaria despercebido por ele, não o conhecia suficiente – Uma esposa, talvez? Filhos?

Onde ela estava querendo chegar? Estava começando a não gostar do rumo da conversa... Talvez, se aquela mulher tivesse pretensões amorosas... Ela era tão pura... Mesmo que ela tivesse apaixonada por ele... E que ele tivesse apaixonada por ela...

O que não está acontecendo!’

Ele não podia! Ela era pura... Nada sabia dos fantasmas da vida dele... E ela não merecia ter tais fantasmas incorporados à vida dela. Ficar com ele só traria sofrimento... E ela não merecia nada que a fizesse chorar... E ele não a merecia. Ela era boa demais para ele.

Mesmo assim, não pode negar uma resposta sincera àqueles olhos tão inocentes.

- Eu nunca me casei. Não tenho filhos graças a Merlin.

- Graças a Merlin.

Ela quase sussurrou. Ele não deveria ter escutado, ele sabia. Mas escutou. Mais uma vez, sentiu o coração falhar. A olhou. Ela sorria timidamente. Parecia tentar segurar o sorriso. Ela transpirava alegria. O coração falhou mais uma vez.

Mas jamais demonstraria isso. Mantendo o seu olhar frio, ele perguntou, com a sua voz perigosamente aveludada.

- O que você disse?

Ela enrubesceu. Abriu a boca e fechou várias vezes, como se procurasse o que falar. Por fim, sorriu sem-graça, andou até o centro da sala, depositou o vinho sobre a mesa e falou:

- Nada. Er... Como eu disse, estou cansada. Tchau.

Foi até a porta e parou. Passou um tempo apenas parada, parecia calcular o que ia fazer em seguida. Sem que ele esperasse, ela voltou, se aproximou rapidamente dele e lhe deu um beijo no rosto.

Ele congelou.

O beijo deveria ser no rosto, mas foi no canto da boa dele. Ele se segurou à cadeira. Ela se afastou lentamente.

- Desculpe.

Ela sussurrou. Estava muito vermelha. Deixou a sala quase correndo.

Ele recostou a cabeça na cadeira. Era tão óbvio que ela também o queria... Será que ele podia se negar à felicidade mais uma vez?

Mas ela era tão pura...

Ou não. O que ele sabia dela? Quase nada. Talvez ele pudesse descobrir uma mancha naquela mulher tão perfeita... E então ele poderia sim entrar na vida dela... Sem nenhum remorso...

Ela apenas precisava encontrar uma mancha...

Embora tivesse certeza de que ela não tinha nenhuma.

XxXxXxX

Reviews, por favor.

Miri: Nossa, brigada! Fico mto feliz q vc esteja gostando! Continue lendo e revisando, por favor! Bjos!

Lara: O.o Nem invente d cortar os pulsos! A vida eh mto boa pra ser desperdiçada! E depois d morto naum se pode ler o lindo sevvie atuando em fics, neh! ;D Bjos!

Dark-Bride: Vem coisa pela frente! Hehehehe! Bjos!

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