Como um tapa na cara
Capítulo 23 – Como um tapa na cara
Dumbledore estava morto. Esse era o pensamento geral de quem se encontrava na ala hospitalar de Hogwarts no início daquela manhã. Dumbledore foi morto por Severus Snape.
Mas, ali, cercado por Molly, Arthur e Bill Weasley, mais Fleur Delacour e Nymphadora Tonks, o pensamento de Remus Lupin estava cravado justamente na auror que acabara de anunciar publicamente o ele a fez passar. Ele viu os olhares trocados por Hermione e Ginny, e os olhares surpresos de Harry e Ron antes de saírem da ala hospitalar. Havia ficado particularmente feliz com a entrada repentina de Hagrid no aposento, levando McGonagall e Harry para fora. Quase no mesmo instante, Molly mandou os outros garotos para seus dormitórios, e sobraram poucos na ala hospitalar.
Eles ficaram em silêncio por alguns momentos, e ele simplesmente não tinha coragem o suficiente para olhar para Tonks. Estavam lado a lado, as mãos quase se encostando, mas ele não conseguia olhar.
- Eu acho que já é hora de ir – falou Tonks, a voz estranhamente abafada, fazendo todos virarem para ela, com a exceção de Remus. – Desejem minhas melhoras a Bill. Nos vemos por aí.
Ele negou-se a olhar, e teve certeza de que ouviu um resmungo, como se Tonks estivesse fungando. Era óbvio que ia chorar. Ele, mesmo depois do som das portas se fechando, não arriscou levantar o olhar. Haveriam muitos olhos o olhando com desgosto. Ele sentia.
- Depois disse tudo ainde nam tem corragem de nos olharr? – falou uma voz, de repente. Fleur o olhava com um desgosto maior do que ele podia imaginar, os olhos cheios de lágrimas por Bill. – Ela o ama! Serrá que nam perceb’? Ela nam liga, e ainde assim você nam a querr!
- Faço isso pelo bem dela – falou Remus, sem se deixar abalar.
- Bem dela? Acha mesm’ que isso que esta fazendo é bom prra ela? Faça-me um favorr, Remus Lupin – a moça continuou, chegando perto dele, ameaçadoramente. – Da prróxima vez que a verr, tente nam pensar nesse prroblema idiot’. Na verrdade, você devia correr atrrás dela nesse exato momente e dizerr a ela o que sent’.
- Dizer a ela o que sinto? Sinto muito, Fleur, mas isso está além da sua compreensão, ela não será feliz comigo...
Naquele momento, tudo o que ele pôde ver foi a mão de Fleur voando até sua bochecha esquerda. Com um estalo surpreendentemente grande, ela o olhou, com desprezo.
- Se, porr acaso, Bill se tornarr um lobisomem como você – começou ela, de novo. –, rezo parra que não tenha o mesmo sentimento de culpa. Pois não conseguirria viverr sem ele. Tenho certeza que Tonks sente o mesmo porr você.
Fleur voltou ao lado de Bill, sem mais olhar para Remus. Ainda surpreso com o tapa que levou, ele simplesmente ficou parado, em silêncio, até que Molly lhe disse:
- Vá atrás dela. Verá como podem ser felizes se fizer isso.
Aquela era a hora. Era aquilo que ele devia fazer. Devia ficar com Tonks, fazê-la feliz. Fazer ambos felizes. Sem pensar duas vezes, ele fez que sim com a cabeça, e correu até as portas da ala hospitalar.
Correndo por aqueles corredores desertos que marcaram sua adolescência, tudo pareceu muito claro para ele: ele amava Tonks e Tonks o amava, ele não conseguia viver sem ela... Imaginar um mundo sem Tonks era como imaginar um mundo vazio, sem cor. Ele tirara a cor dos cabelos e o brilho dos olhos dela, e agora era a hora de trazê-los de volta.
Ele desceu rapidamente as escadas e chegou ao térreo. Olhando pelas janelas, tentou achar Tonks, mas foi em vão. Ele continuou andando pelo corredor, e, quando dobrou um deles, a viu. Andando rapidamente pelo corredor, Tonks não pareceu que ouvira passos atrás dela; pelo contrário: parecia decidida a não olhar para trás.
- Tonks! – chamou ele, mas ela não se virara. Ele estava apenas alguns passos atrás dela agora. – Nymphadora!
Ele se virara rispidamente, ele parando em frente a ela.
- Não me chame de Nymphadora – falou a auror, em um tom mais fraco do que Remus poderia esperar. Ela tinha os olhos vermelhos e as bochechas marcadas por lágrimas, mas já não chorava.
- Nymphadora, eu...
- Eu não preciso de duas rejeições num mesmo dia, Remus – falou ela, sem olhar nos olhos dele. – Pela primeira vez em meses, acho que preciso pensar sobre o assunto. E, francamente, será difícil faze-lo com você na minha frente.
Sem falar mais nada, ela continuou seu caminho, o deixando para trás. Talvez fosse melhor deixa-la pensar, mesmo. Deixa-la fazer o que ela quer, pois isso Remus não permitiu nos últimos meses.
*~*
Tonks estava decidida. Ela sempre estivera, era verdade, mas dessa vez era diferente. Ela pensara muito no assunto, e era definitivo. Só precisava falar com Remus agora. E esse seria um problema, pois ela não fazia idéia de onde ele estava. Hogwarts talvez? Ou talvez fosse melhor esquecer tudo e esperar Remus vir falar com ela. Ele teria que faze-lo, mais cedo ou mais tarde.
Ela decidira, por fim, ir até o Três Vassouras, talvez encontrasse alguém por lá. Já na estrada principal de Hogsmeade, a apenas alguns passos do pub, quando viu Remus vindo na sua direção.
- Boa noite – falou ele, olhando para Hogwarts, aonde o Sol já ia embora. Era impressão, ou ele parecia... nervoso?
- Ah, boa noite – falou Tonks, sem exatamente saber o que falar.
- Você... Quer entrar e tomar alguma coisa? Tenho a impressão de que precisamos conversar – perguntou ele, apontando para o pub um pouco à frente deles.
- Acho que não – respondeu ela. Desde quando Remus a convida para tomar alguma coisa? – Não me sentiria bem... Muitas pessoas ouvindo, entende...
- Ah, claro – falou Remus. – Vamos... Vamos só caminhar um pouco, então.
- Pode ser – falou a auror, começando a andar, calmamente. – Olha, Remus, eu queria te pedir desculpas por fazer aquela cena lá na ala hospitalar. A gente não precisa que o mundo inteiro saiba o que acontece entre nós. Foi ridículo e imaturo da minha parte não me controlar e me comportar daquela maneira.
- Eu realmente não sabia o que fazer, mas não há problema – disse ele, com indiferença. – Nymphadora, eu queria...
- Me deixe terminar, Remus – disse ela, sem prestar atenção na rua. Antes que pudesse recomeçar a falar, acabara tropeçando e Remus a segurou rapidamente pela cintura, impedindo-a de cair. – O-obrigada. Eu só queria dizer que... E-eu sinto muito por ter bancado a idiota o ano inteiro, por mais que eu ame você, não adianta obrigá-lo a me amar, e...
- Me obrigar a te amar? – repetiu ele, parecendo incrédulo, parando de repente.
- Bem, é – respondeu ela, continuando a caminhar. – Então, eu só espero que isso não tenha afetado em nada o que nós tínhamos antes disso tudo...
- Nymphadora, você não tem me obrigar a te amar – ele parou novamente, e, dessa vez, ela fez o mesmo.
- Isso não se pode fazer, eu sei – falou a auror, em tom vencido.
- O que eu estou querendo dizer – continuou ele, como se jamais tivesse sido interrompido. – é que você não precisa me obrigar a te amar. Eu já amo você há muito tempo. Eu amo você, Nymphadora Tonks. Ardentemente.
Ele contemplou o choque no rosto de Tonks por uma fração de segundo, antes de passar o braço pela cintura dela e puxa-la para si. Então, depois de muito tempo, quando tudo o que ele queria era dizer à Tonks que a amava, que queria beijá-la, abraçá-la, tudo aquilo estava sendo feito naquele momento.
- Me diz... Em nome de Merlin... O que foi isso – ofegou Tonks, após o beijo ser interrompido.
- E-eu...
- Você não parecia estar cheio de amores por mim de manhã – interpôs ela, com razão. – O que o fez mudar de opinião?
- Foi como um tapa na cara, na verdade – respondeu ele, sério. – Eu peço que me perdoe, Tonks. Eu fui um idiota o tempo inteiro. Eu percebi que não é me afastando de você que podemos ser felizes. O que eu estou querendo dizer, Nymphadora, é que eu não consigo viver sem você.
Tonks apenas o olhou por alguns instantes, igualmente séria. Parecia estar avaliando cada palavra que ele dizia, cada gesto, cada expressão.
- E quem me garante que você não vai mudar de opinião amanhã? – perguntou ela, de repente. – Como posso saber que o que você diz agora vai ser o mesmo que você dirá daqui a um mês?
- Eu garanto – respondeu ele. – Como posso mudar minha opinião quando eu acabei de lhe dizer tudo o que sinto? Tonks, o que digo agora é para sempre. Eu lhe garanto isso. Admito que lutei contra mim mesmo diante desse sentimento, mas eu simplesmente... Não pude evitar. Quando me dei conta, já estava perdidamente apaixonado por você, e me senti na obrigação de tentar faze-la esquecer de mim, mas isso não foi possível. Achei que, com o tempo e a saudade, o amor que sentíamos um pelo outro fosse morrendo aos poucos. O que o tempo e a saudade fizeram foi, no entanto, fazer crescer ainda mais, se é que isso é possível, o amor que sinto por você.
- Você disse, há algum tempo atrás que jamais me deixaria – disse Tonks. – Eu acreditei em você aquele diz, e você me deixou.
- Não – negou Remus. – Eu nunca a deixei. Eu pensava em você todos os dias, eu vivia para poder ver você de novo, falar com você, eu vivia para não decepcionar você. Já lhe disse que fui um idiota, e não pretendo continuar a ser um. Só peço que me dê uma chance.
- Você teve sua chance – ela começou séria, mas depois sorriu. –, e terá outra, com uma condição.
- Qual?
- Diga que me ama de novo.
- Eu amo você – falou ele, a beijando novamente.
A escuridão da noite não os permitia ser vistos por alguém que não passasse perto deles, e eles já não ligavam se alguém visse. Pela primeira vez em muito tempo, eles se sentiam à vontade um com o outro, como se nada nesse mundo pudesse mudar o que sentiam. E nada, de fato, podia mudar o que sentiam um pelo outro.
Naquela mesma rua, Fred, George e Molly Weasley vinham caminhando após passarem o dia ao lado de Bill Weasley.
- Ainda odeia a Fleur após o que aconteceu hoje, mamãe? – perguntou Fred, enquanto caminhavam até o Três Vassouras, onde encontrariam Arthur e Olho-Tonto.
- Eu nunca disse que odiava a moça! – protestou Molly. – Simplesmente não me adaptei ainda às circunstâncias de...
- Ei, Fred – interrompeu George, de repente. – Aqueles lá não são...
- São, sim – concordou Fred, olhando para frente. – Já estava mais do que na hora!
- Do que vocês estão...
- Ei, Remus, Tonks! – chamou George, antes que Molly terminasse de falar.
Eles chegaram mais perto e viram Remus e Tonks, definitivamente com cara de que não respiravam direito e com os cabelos totalmente bagunçados. Remus parecia um tanto encabulado, já Tonks não se via igual há meses.
- Ah, e aí, beleza, Fred, George? – falou Tonks, com um sorriso de orelha a orelha. – Oi, Molly!
- Boa noite aos dois – cumprimentou Molly, sorrindo. – Não querem tomar alguma coisa conosco no Três Vassouras?
Remus já ia responder, mas Tonks fora mais rápida:
- Na verdade, Molly – começou ela, olhando de relance para Remus. –, Remus já ia me levar pra casa. Não ia, Remus?
- Qu... Ah, ia, ia – respondeu ele, rapidamente.
- Mas ainda é tão cedo! – falou George, em um tom pouco convincente.
- Eu realmente preciso dormir – falou Tonks, tão convincente quanto George.
- Ah, e imagino que Remus vai até lá e volta ainda hoje, né? – perguntou Fred, com um sorriso presunçoso.
- Você não acha que é novo demais pra ficar pensando nessas coisas? – perguntou Tonks, pegando a mão de Remus e dando uns passos para trás. – Ele só vai me dar um beijo de boa noite – falou ela, em tom inocente. – Nos vemos amanhã.
Eles seguiram pela rua, abraçados, sem olhar para trás.
- Beijo de boa noite, sei – falou Fred. – Quero ser um bebê mandrágora se Remus não passar a noite lá.
- Eles são adultos, fazem o que acharem melhor – interrompeu Molly, embora tivesse um sorriso no rosto. – E Tonks tem razão, pare de pensar em besteiras.
- Você não parece pensar nisso quando vai até o quarto de Bill pra ver se ele está sozinho.
- Vamos achar seu pai, sim?
*~*
Eram nove e meia da manhã. O sol já irradiava Hogsmeade e os terrenos de Hogwarts há horas, e a grande maioria dos que viviam por lá já estavam acordados. Havia grande tumulto na rua principal de Hogsmeade. Era provável que o mundo bruxo inteiro já soubesse da morte de Dumbledore.
Entrementes, o resto de Hogsmeade parecia calmo e silencioso. Foi nesse silêncio que Nymphadora Tonks acordou naquela manhã. A mente dela demorou um pouco para se lembrar do que acontecera no dia anterior. No momento em que ela se lembrou, abriu os olhos e virou o rosto, vendo Remus Lupin dormindo ao seu lado. Ela sorriu ao vê-lo ali, ao seu lado, e resolveu não levantar. Ela se espreguiçou lentamente, e virou para o lado, a fim de tentar dormir novamente. Ela sempre fazia isso. Daquela vez, no entanto, no momento em que ela se virou...
TRABUM.
Caiu da cama, levando metade do lençol junto. Talvez fosse a recente falta de espaço, ocupada por Remus...
- Dora, você está bem? – falou Remus, os olhos arregalados, já que ele acabara de acordar de uma maneira um tanto indiscreta.
- Estou, sim – ela olhou para ele e começou a rir, de repente.
- Por que está rindo? – perguntou ele, enquanto ela voltava a deitar na cama.
- Não sei – respondeu a auror, apoiando a cabeça com o cotovelo. – Sabia que você é uma visão bem engraçada quando acorda?
- Sou, é? – repetiu ele, sorrindo. – E por que isso?
- Não sei, é engraçado, só isso – falou ela, ainda rindo um pouco, e beijando-o rapidamente. Eles ficaram alguns segundos se olhando, e logo o rosto de Tonks tinha uma expressão séria. – Você... Não se sente culpado? Quero dizer – falou a auror, rapidamente, ao ver que ele pareceu mais inquieto. –, quanto a tudo isso. Há pessoas lá fora chorando, e Dumbledore está morto e... Bom, nós estamos aqui, rindo, como se nada tivesse acontecido...
- Eu sei – concordou o lobisomem. – Mas Dumbledore não iria querer que ficássemos todos lamentando a morte dele.
- É, não iria, mesmo – ela sentiu algumas lágrimas virem aos seus olhos, e teve certeza de que Remus viu também; ele a puxou para perto e a abraçou fortemente. – Logo que eu havia chegado no castelo, ontem... Eu estava subindo as escadas para o segundo andar, e encontrei Dumbledore. Ele... A última coisa que ele me disse foi para não desistir do que eu quero... O último conselho que ele me deu eu não segui, eu havia desistido de nós dois, Remus, o que Dumbledore pensaria disso?
- Ele certamente ficaria feliz de ver que estamos bem, e provavelmente ele sabia que você desistiria em algum ponto. Ficaria mais feliz ainda em saber que você voltou ao normal. – respondeu ele. – Dumbledore sempre sabia, não importa como, ele sabia.
- Me sinto uma fraca – disse ela, rindo. – Ficar assim, desse jeito, pra sempre, faz de mim uma pessoa egoísta?
- Que jeito?
- Aqui, com você – respondeu ela. – Se me faz egoísta, eu não me importo.
- Nem a mim – concordou ele, rapidamente. – O problema é que teremos que sair daqui logo.
- Verdade, eu estou morrendo de fome – falou ela. Mal ela falou isso, ouviu-se três batidas na porta, fazendo a auror se sobressaltar.
- Acho que agora é a hora de sair daqui – falou ele, enquanto Tonks se levantava e colocava um roupão.
- É – falou Tonks, sorrindo, e em seguida já estava indo rumo à porta. Antes de abrir, perguntou, em tom monótono: – Quem é?
- Andrômeda Tonks – falou a voz por detrás da porta. Tonks gelou naquele momento. O que faria sua mãe se soubesse que a filha estava àquela hora do dia com um lobisomem de pijamas no seu apartamento? Certamente que nada de bom. – Casada com Ted Tonks, exilada pela família em razão do casamento, mãe de dois filhos, cuja filha têm estado excluída das relações familiares em função de uma depressão de razão pouco conhecida por mim... Ah, vamos, você sabe que sou eu.
- Hã... Só um minutinho! – falou Tonks, sem saber o que fazer.
Remus apareceu repentinamente na sala, parecendo intrigado.
- Quem é? – perguntou ele, sem se preocupar com o tom de voz, que a pessoa do lado de fora obviamente ouviria.
- Minha mãe! – exclamou Tonks, sussurrando e apontando freneticamente para a porta. Ela não era nem um pouco discreta. Remus se controlou para não rir, e perguntou, também sussurrando:
- O que fazemos?
- Não sei! – respondeu ela, fazendo que não com a cabeça ao mesmo tempo em que mexia as mãos abertamente. – Fique na cozinha, e não saia de lá até eu aparecer! Entendeu?
- Sim – foi tudo que Remus pôde dizer, para controlar as risadas. Tonks decididamente voltara a ser a mesma.
Enquanto Remus desaparecia, Andrômeda gritou impacientemente para a porta:
- Nymphadora, o que está havendo? Ande, deixe-me entrar!
- Já vou! – ela abriu a porta com um aceno de varinha, e Andrômeda rapidamente adentrou o apartamento, olhando de maneira suspeita para o pequeno cômodo em que se encontravam.
Tonks esperou um momento, e nunca se demorara tanto para fechar uma porta, com receio do que a mãe falaria e faria.
- Há mais alguém aqui? Pensei ter ouvido vozes – comentou ela, olhando novamente ao redor delas.
- Não, não, não há mais ninguém aqui, só eu, e você, é claro – respondeu ela, de um modo rápido demais, dando uma risadinha no final da frase.
- Claro. Pelo visto está melhor do que da última vez que nos vimos, querida. É realmente ótimo vê-la melhor, eu e seu pai estávamos preocupados – ela lançou um olhar profundo à filha, como que procurando saber o que ela estava pensando. Ainda bem que ela não é legilimente. – Não se preocupe, não pretendo me demorar. As notícias correm rápido e logo Hogsmeade estará lotada. Suponho que vá ficar para o funeral de Dumbledore, Nymphadora?
- A-acho que sim. Não depende somente de mim, é óbvio – falou Tonks, em tom pensativo.
- Não depende de você? – repetiu Andrômeda, sem entender.
- É, o... o Ministério, tenho que saber se continuarei aqui ou voltarei a Londres – disse a auror, indiferente.
- Bem, como você não nos visita há meses, achei que seria interessante fazer uma visita para lhe contar os últimos acontecimentos – começou a mãe, andando de um lado para outro.
- Acontecimentos? O que houve? Está tudo bem, ou...
- Está tudo ótimo com todos. Ou pelo menos estava até a hora que saí – respondeu Andrômeda, sem deixar a filha terminar. – Seu irmão... Cetus decidiu ir embora daqui. Irá para a América na semana que vem.
- Embora? Por quê? – perguntou a jovem, sem entender.
- Ele está falando nisso há algum tempo, diz que não quer pôr a família em risco. Achei que seria mais provável que soubesse por mim do que por carta, pois me parece que você nem abre mais sua correspondência – alfinetou Andrômeda, friamente.
- Eu abro, sim! – interpôs Tonks. – Só... Não tive tempo para responder, só isso.
- Tenho certeza de que responderá a partir de agora, que está melhor – falou ela, com um leve sorriso. – Espero que possa vir para casa essa semana, nos fazer uma visita. Seu irmão ficará muito feliz em vê-la.
- Sim, pode ter certeza de que irei. Agora... América? Papai não deve ter gostado nada da idéia.
- Nem um pouco. Vive falando para Cetus que ele se arrependerá, pois os americanos são piores que os Comensais. Não entendo como ele ainda tem essa mania idiota dos trouxas de não gostar dos americanos – reclamou Andrômeda, revirando os olhos. – São gente estranha, admito, mas a compara-los a Comensais da Morte, aí já é demais.
- Imagino que sim – falou Tonks, rindo.
- Sei que já disse isso, mas é ótimo vê-la feliz novamente. Afinal, o que aconteceu para essa mudança toda? – perguntou ela, em tom bondoso. Tonks sabia: ela estava tentando parecer despreocupada com o motivo para Tonks contar. Ela contaria, mas aquela não era a hora. Havia mais coisas a saber e, mais importante que isso, pessoas a serem apresentadas.
- Boa pergunta! – exclamou Tonks, sorrindo, embora estivesse nervosa. – Imagino que... Tenha sido aos poucos, e...
- Ah, aposto que foi – interrompeu a mãe, indo à porta. – Não esqueça de aparecer essa semana. E leve seu namorado, também, tenho certeza de que todos queremos conhecê-lo.
- Ah, eu lev... Como chegou à conclusão, precipitada, pelo visto, de que estou namorando, mamãe? – perguntou Tonks, tentando parecer natural. Incrível como sua mãe sabia. Ela sempre sabia.
- Bem, você estava falando com alguém antes de abrir a porta, obviamente falando para não aparecer, já que eu não sei de nada – falou Andrômeda, com uma naturalidade invejada pela filha. – E você está muito melhor, o que me garante que toda aquela tristeza era em razão de amor. Posso estar errada, baseando-me nisso, mas posso estar certa.
- Para ser franca, eu mesma não sei dizer, mamãe.
- Em todo caso, se você de fato está namorando, adoraria conhece-lo, se é que já não conheço. As meninas ficarão loucas ao ver que pode mudar de aparência de novo, se prepare para as mais esquisitas transformações...
- Mudar de aparência de novo? Mas eu... Eu nem tenho tentado, eu m-mudei? – perguntou ela, sem entender.
- A julgar pelo cor-de-rosa dos seus cabelos, mudou – respondeu Andrômeda, enquanto Tonks pegava uma mecha dos cabelos e sorria abertamente. – Parecem estar mais rosa do que costumava, estão até ofuscando... Enfim, foi ótimo vê-la, querida. Espero que tudo transcorra bem.
- É, eu também – falou Tonks, dando uma risadinha enquanto a mãe a abraçava. – Obrigada por vir, mamãe.
- Desculpe-me se atrapalhei alguma coisa – falou ela, com um sorrisinho presunçoso.
- Não, imagina, não atrapalhou nada – falou Tonks, acenando com a varinha para a porta. – E eu irei a Hertford essa semana. Prometo.
- Bom saber – comentou Andrômeda. – Até logo, filha.
- Até logo! – falou Tonks, e Andrômeda Tonks desaparecer à sua frente.
A auror fechou a porta e soltou um breve suspiro, mas em seguida se lembrou do que a mãe disse e foi correndo para a cozinha.
- Remus, por qu... – começou Tonks, abrindo a porta e tropeçando na mesma em seguida, caindo em cima de Remus, que estava sentado. – Aaai!
- Você está bem? – falou ele, enquanto ouvia a jovem bufando em seu colo.
- É claro que estou bem, eu só tropecei, não foi nada demais. Ah, você fez nosso café-da-manhã? Remus, não precisava – falou ela, levantando-se e ficando de frente para Remus, com um sorriso vacilante. – Por que é que não me disse que eu posso me metamorfosear?
- Achei que soubesse – falou ele, como se aquilo fosse óbvio.
- Bem, eu não sabia, aconteceu sozinho – falou ela, pensativa.
Em seguida, fechou os olhos e, numa fração de segundo, tinha os cabelos compridos vermelhos. Ela sorriu brevemente e transformou os cabelos em um tom azul-elétrico que lembrava o olho mágico de Moody, e logo tinha os cabelos loiros que há muito tempo não se via nela.
- Eu quase tinha me esquecido de como era! Bem melhor do que aquela cor chata e enjoada que eu tenho naturalmente – exclamou ela, rindo. – Ah, Remus, você não sabe como estou feliz!
- É uma pena que você tenha ficado tanto tempo sem ser assim – comentou Remus, enquanto a jovem mudava os cabelos para o rosa-chiclete de antes. – Mas eu não entendo como você não gosta dos seus cabelos.
- Não gosto e pronto – disse ela, sentando-se ao lado do lobisomem. – Mamãe descobriu que havia mais alguém aqui.
- E o que ela disse?
- Ela não perguntou quem era, apenas quando me convidou para ir à Hertford, disse que eu poderia levar meu namorado junto. Não que estejamos namorando, porque eu mesma não sei dizer se estamos – comentou Tonks, apressando-se em falar. –, mas é óbvio que eu gostaria que estivéssemos, e embora isso não venha ao caso, eu...
- Nymphadora – falou Remus, tomando um gole de café. –, depois de tudo isso, ainda tem dúvidas de que estamos namorando? Isso seria o mínimo, na minha opinião. O que você disse à sua mãe?
- Não falei que estava namorando, é óbvio – falou ela, após um momento de reflexão. – Mas disse que iria. Parece que meu irmão resolveu ir embora daqui e se mudará para a América, então seria ótimo se eu pudesse visitá-los antes que forem.
- É, imagino que sim – falou Remus. – E pretende levar seu namorado junto?
- Isso quem vai decidir vai ser ele – respondeu Tonks, chegando mais perto. – Acho que ele não iria querer, pois isso levaria nosso relacionamento a uma etapa mais séria. Você acha que ele gostaria de ir?
- Acho que ele estaria mais que disposto a levar o relacionamento a uma etapa mais séria – disse Remus, sério. – Acho também que a real condição do seu namorado deve ser revelada aos seus pais o quanto antes.
Tonks pareceu surpresa com a afirmação dele, e voltou sua atenção à torrada a sua frente. Como Remus esperava, ela não ficaria quieta por muito tempo, e logo retomou a conversa.
- Você acha mesmo que devíamos contar a eles logo, assim, de cara? – perguntou ela, parecendo ansiosa. – Mamãe já o conhece, mas é óbvio que agora vai querer conhecê-lo muito melhor. Não tenho muita certeza se devíamos dizer já no primeiro encontro.
- Você os conhece muito melhor do que eu, mas ainda assim... – ele pareceu ter dúvidas sobre o que falar. – É natural que expressem seu desgosto ao saber da notícia, e por isso acho melhor saberem o quanto antes.
- Acho que devíamos esperar – continuou Tonks, teimosa. – Eles deviam conhecê-lo sem saber de nada, seria bom ver como reagem depois disso. O que me diz?
- Como disse, você os conhece muito melhor do que eu. Se acha que assim será melhor, eu concordo.
- Ótimo – falou Tonks, aparentemente muito contente com o resultado da conversa. – Será que decidiram aonde será o funeral?
- Nada mais justo se for em Hogwarts – respondeu Remus.
Mal ele acabou de falar, uma coruja parda apareceu voando em direção a eles, com um envelope endereçado à Tonks. No momento em que Tonks, surpresa, desamarrou a carta, a coruja saiu voando pela janela.
- É do Ministério – disse a auror, enquanto lia a carta e Remus esperava. – Pelo visto não me querem mais aqui. Dizem para voltar a trabalhar em Londres na semana que vem.
- Imagino que agora esteja feliz, não? Sempre reclamou de Hogsmeade – comentou Remus.
- Eu já estava feliz antes da carta – ela o beijou rapidamente. – Mas não vem em boa hora, já que o antigo apartamento onde morava já deve ter sido alugado depois que eu saí de lá. Bem, terei que me contentar em ficar aqui por um tempo – concluiu ela, indiferente.
- Achei que aquele apartamento fosse seu – comentou ele.
- Não, eu o alugava – respondeu Tonks, novamente indiferente. – Será que é possível entrarmos em Hogwarts? Eu gostaria muito de ver Bill e falar com Fleur.
- É, eu também. Devo muito a Fleur.
- Por quê? – perguntou Tonks, olhando-o com o canto do olho, de modo suspeito.
- Foi ela quem me disse para ir atrás de você. Na verdade, ela chegou a usar de violência para me convencer a isso, e...
- A Fleur bateu em você? – perguntou Tonks, controlando uma risada.
- Por acaso estava com ciúmes?
- É claro que estava! Se você diz que deve muito a Fleur, eu não sei nem o que pensar, e... – ela parou de repente de falar, e deu um sorrisinho para ele após isso. – Remus, você sente cócegas?
- Eu... Quê? O que isso tem a ver com o que faláv...
Antes que Remus pudesse acabar de falar, Tonks começara a fazer cócegas nele. É, com certeza o relacionamento deles não seria difícil.
*~*
- Fica calmo, que logo acaba – falou Tonks, em tom nervoso, quando estavam na frente da porta da casa dos pais dela.
- Eu estou calmo – falou Remus, fazendo jus à afirmação. Tonks estava muito mais nervosa do que ele.
- Eles vão ser muito gentis, e não farão nada de ruim – ela falava como se estivesse falando para si mesma, e não para o namorado.
- Tenho certeza de que serão gentis, não há o que se preocupar. – Ao menos se aquela sua tia não está aqui para consolá-la.
- Consolar-me! – exclamou ela, com sarcasmo. – Tia Amélia não faz nada sem ter algum interesse. Siga meu conselho, Remus: jamais more com seus filhos perto da família, eles acabarão traumatizados. Ah, eu não consigo fazer isso!
Tonks soltou a mão dele impacientemente, deu mais uns passos e tentou olhar pela janela ao lado deles. Não havia ninguém.
- Oh, Merlin, eu vou ter um colapso – reclamou ela, encostando-se na parede e respirando fundo. – Por que eu estou nervosa? Não há nada para temer... Ai, eu sou realmente muito idiota, eu luto com Comensais e fico nervosa em apresentar meu namorado à minha família!
- Você não é idiota – negou Remus prontamente. – É normal sentir nervosismo, eu acho...
- Tudo bem, é agora ou nunca – ela voltou a apanhar a mão de Remus e tocou a campainha.
- Fique calma – falou Remus, beijando de leve as costas da mão dela, fazendo a auror sorrir. –, vai dar tudo certo.
- É, eu sei – disse ela. Assim que terminou de falar, a porta se abriu e Andrômeda Tonks apareceu diante dela.
- Eu realmente sinto muito, mas preciso que me contem quem vocês são – falou ela, séria.
- Nymphadora Tonks, sua filha, trabalho como auror no Ministério da Magia, faço parte de uma organização secreta cujo nome não seria bom mencionar – ela deu um risinho nervoso. – Venho aqui para ver minha família, já que meu irmão vai se mudar para a América, e aproveito a oportunidade para apresentar meu namorado, Remus Lupin... Ah, mãe, eu não sei mais o que falar! – reclamou ela, parecendo uma criança dizendo à mãe que não queria parar de brincar.
- Juro que nunca a ouvi falar com tanta polidez na minha vida – falou Andrômeda, sorrindo. – Eu pediria a Remus fazer a mesma coisa, mas como sei que você é você, basta perguntar se ele é, de fato, Remus Lupin.
- É, sim – disse Tonks, brevemente.
- Então, entrem – falou a Sra. Tonks, enquanto os dois entravam na casa. – Seu pai estava lá nos fundos com as meninas. Falei para brincarem por lá, porque já me foi suficiente a bagunça que você fazia quando era pequena. Estão impossíveis ultimamente, não puxaram Cetus, ele sempre foi tão quieto quando pequeno... Nymphadora, ao contrário, não parava quieta um só instante. Difícil de segurar essa menina. Fique à vontade, Remus. Dora pode lhe mostrar a casa, se quiser.
Assim, Andrômeda rumou à cozinha, onde Remus sabia aonde era graças à visita anterior.
- Mostrar a casa? – repetiu Tonks, como se não tivesse entendido. – Bem, não há muito para mostrar. Há uma sala, uma cozinha, e quartos e banheiros. Me pergunto como está o meu quarto agora. Vamos lá ver.
Tonks guiou-o pela escada ao lado da sala de estar. Tudo estava tão arrumado quanto à última vez que Remus viera a casa. Tonks abriu a segunda porta do corredor após a escada, e assim ele viu o quarto da Tonks adolescente.
Não era tão diferente do quarto de Tonks hoje em dia; a diferença maior é que havia um grande número de pôsteres nas paredes, e que estava arrumado, obviamente que graças à Andrômeda.
- Não venho aqui há mais de um ano – comentou Tonks, sentando-se na cama e olhando as paredes. – Ah, eu bem sabia que tinha um pôster autografado das Harpias de Holyhead. Falei que quando achasse daria para Ginny. Não é à toa que eu não achei, eu deixei aqui. A coitada deve estar esperando até hoje.
- Imagino que sim – falou Remus, sentando-se ao lado dela.
- Eu não sei porquê estava tão nervosa. Tenho certeza de que meu pai gostará de você, apesar de você ser o contrário dele – comentou a auror, olhando para os porta-retratos.
- Como assim?
- Bem, você é calmo, nem um pouco exasperado com as coisas e organizado em tudo o que faz – falou ela. – Já o velho Ted é bem desorganizado. Lembro-me que uma vez ele esqueceu aonde colocou a varinha. Acabou que minha mãe achou no armário do banheiro. Nem me pergunte como foi parar lá; eu mesma não tive coragem de perguntar.
Assim que Tonks parou de falar, os dois ouviram risadinhas vindas do guarda-roupa. Tonks levantou-se de um salto, com a varinha erguida. Este fato só trouxe mais risadinhas à tona, o que fez com que ela sorrisse para Remus e abaixasse a varinha. Ela seguiu cautelosamente para o armário, e assim que abriu a porta, duas menininhas saíram de dentro, quase pulando em cima de Tonks.
Tonks abraçou cada uma delas, falando as coisas, como ela falara antes de saírem de casa, de praxe: como as meninas cresceram, como elas estavam mais bonitas e como sentira a falta delas. Como ela mesma falou, no entanto, as coisas de praxe vinham naturalmente e com grande espontaneidade.
- Se lembram do Remus? – perguntou Tonks, de repente.
- Tio Remie! – falou uma das gêmeas, abraçando Remus.
- Incrível como não se esqueceram do apelido – comentou Tonks, com sarcasmo. – Agora, me digam: quem é quem? Me perdoem, mas eu não sei direito.
- Eu sou Susan – falou a menina de cabelos soltos totalmente bagunçados, que vestia um conjuntinho amarelo. Ela era também ligeiramente mais alta que a irmã.
- E eu sou Amanda – falou a menina de cabelos presos e vestido verde.
- É um prazer revê-las – falou Remus, sorrindo.
- Agora você é namorado da tia Dora? Porque a vovó disse que a tia Dora iria trazer o namorado dela, e a tia Dora trouxe você – falou Amanda.
- É, ele é meu namorado, Amanda – falou Tonks, pacientemente. – Aonde estão seus pais?
- Eles foram comprar alguma coisa que a vovó esqueceu pro almoço – respondeu Susan, enquanto Amanda saía correndo do quarto. – A gente estava brincando de esconder com o vovô, mas eu acho que ele não conseguiu achar a gente...
- De fato, vocês se esconderam melhor do que eu achei que se esconderiam – falou uma voz à porta. Ted Tonks aparecera de repente, com um sorriso no rosto. – Já estava na hora de você aparecer por aqui, Dora.
Tonks abraçou o pai brevemente, também sorrindo. Ted Tonks era um homem gorducho, que tinha seus quarenta e poucos anos, e tinha uma aparência muito simpática, que contrastava com o ar solene que Andrômeda tinha. Não que Andrômeda não fosse simpática; era apenas que Ted conseguia parecer simpático mesmo sério.
- E você deve ser Remus Lupin – ele estendeu a mão para Remus, que apertou rapidamente. – É um prazer conhece-lo. Então foi você que ganhou o coração de Dora? Fico contente em ver que é mais apresentável que outros que já estiveram aqui.
- Papai, isso realmente não é relevante – falou Tonks, com rapidez.
- Com certeza que não – respondeu ele, sem se abalar pelo jeito incomodado que Tonks transmitia. Ao invés disso, ele se dirigiu à Remus. – Ela não trouxe muitos namorados para conhecermos, foram quantos, três? – Tonks fez uma afirmação mínima com a cabeça, e tornou sua atenção à Amanda, que continuava no quarto. Remus não ficou abalado com aquilo, nem sentiu ciúmes; ele se divertiu ao imaginar os tipos de pessoa que Tonks trazia quando era adolescente. – É claro que o último faz uns três, lembro-me que ela havia começado o treinamento para auror. Desde então, eu espero que ela traga alguém mais apresentável. Vejo que a hora chegou.
- Considero isso um elogio – comentou Remus, sorrindo. Tonks podia falar o que quisesse do pai, mas não podia negar que seu bom humor certamente que viera dele, bem como a amabilidade.
- Não deveria, você nem se compara àqueles tipos – falou Ted, enquanto Amanda pedia à tia para ir procurar Susan no andar inferior. Assim, Tonks acenou levemente aos dois e deu um sorriso, após sair quase correndo do quarto com a menina ao seu lado. – Às vezes penso que ela ainda vai voltar correndo para mim querendo que eu conserte um vaso antes que Andrômeda veja – ele soltou uma risadinha descrente. – Difícil ver os filhos crescerem. Bem, não vamos ficar aqui o dia inteiro, vamos? Logo meu filho e a esposa chegarão; eles estavam um tanto curiosos para saber com quem Tonks viria hoje. Asseguro-lhe que não vão se decepcionar.
Eles desceram as escadas e seguiram para a cozinha, aonde Andrômeda conduzia algumas panelas, apontando a varinha para algumas.
- Cetus está demorando muito – comentou ela, olhando para o marido, preocupada. – Espero que não tenha acontecido nada. Ora, Remus, não fique aí, em pé, fique à vontade, sente-se – falou para Remus, bondosamente, enquanto Ted sentava-se em frente a ele.
Mal se sentaram, Tonks apareceu na cozinha, os cabelos, naquele dia ruivos, ligeiramente bagunçados. Ela estava um tanto vermelha, o que indicava que estivera correndo. Ela soltou uma risada gostosa ao vê-los ali, sentados, e juntou-se a eles.
- Qual o motivo de tanta alegria, Nymphadora? – perguntou Andrômeda, sorrindo ao ver Tonks praticamente jogar-se na cadeira ao lado de Remus.
- Não sei ao certo – respondeu ela, olhando para Remus. – É só que é realmente ótimo ver que estão se dando bem.
- Imagino que sim – concordou a mãe, olhando-a de modo suspeito. – Cadê as meninas?
- Elas ouviram Cetus chegando e correram para a porta – respondeu Tonks, levantando-se e olhando o quintal dos fundos pela janela. – Aparentemente, ele prometeu às duas que traria o mini-pufe delas, elas querem me mostrar. Aquelas rosas ficaram realmente ótimas no jardim. Quando as plantou? – ela apontou para o jardim que estivera observando.
- Há uns quatro meses – respondeu Andrômeda, com uma pitada de indiferença; era óbvio que Tonks queria evitar um silêncio na atmosfera, mas esse receio logo acabou com a chegada das sobrinhas e de seu irmão e a cunhada.
- Então finalmente estou vendo a prova de que minha irmã desnaturada apareceu! – exclamou o homem que Remus sabia ser Cetus.
Ele estava um tanto diferente da última vez que Remus o vira, apesar de que fora brevemente; seu rosto parecia preocupado e os cabelos estavam mais compridos do que da última vez, embora tivesse um sorriso que, sem dúvida alguma, era espontâneo. Ao seu lado estava uma moça que devia ter a mesma idade dele, que Remus sabia ser sua esposa, por volta dos vinte e seis, vinte e sete anos. Tinha cabelos loiros idênticos aos de suas filhas, embora os olhos fossem muito verdes, diferentes dos do marido, que eram castanhos.
A semelhança de Cetus com Dora seria muito mais evidente se ela estivesse em sua aparência natural; os cabelos castanho-claros, herdados do pai, eram iguais, pelo que Remus se lembrava. Já os olhos eram diferentes: enquanto Cetus tinha olhos castanho-claros, como os de Ted, Tonks possuía olhos muito negros, iguais aos de Andrômeda. Mas, para Remus, o olhar de Andrômeda se produzia muito diferente do que os de Tonks, que brilhavam como estrelas em uma noite – ele mesmo falara isso à ela, que riu da comparação – e irradiavam vivacidade e alegria. Não que Andrômeda não parecesse alegre: as expressões duras dos Black ainda estavam eu seu rosto, como se encontravam presentes no de Cetus.
- Venha, eu quero lhe apresentar alguém – falou Tonks, após abraçar o irmão e a cunhada. Ela chamou Remus com um aceno de mão, que se levantou no mesmo instante. – Remus, esse é meu irmão, Cetus, e minha cunhada, Melanie – falou ela, enquanto Remus trocava apertos de mão e sorrisos com ambos. – Cetus, Mel, este é meu namorado, Remus Lupin.
- É realmente um prazer conhecê-lo – falou Melanie, sorrindo, mas logo virou o rosto para Susan, que estava tentando ficar em pé em cima da mesa. – Nem pense em fazer isso, mocinha! Vovó não vai gostar de ver a bagunça que vocês duas andam fazendo por aqui! – a pequena voltou ao chão, após levar a bronca da mãe.
- Elas nos falaram sobre você no verão passado – falou Cetus, enquanto a esposa falava com Amanda, que passava por ali naquele instante. – Ficaram realmente muito entusiasmadas, e embora minha irmã nos tivesse falado que eram apenas amigos, as duas falavam a todos que quisessem ouvir que vocês iam se casar.
- Elas tem uma imaginação muito fértil – explicou Tonks, enquanto Amanda, ao lado de Remus, mostrava a língua para a tia, que mostrou a língua de volta. Parecia que ele já havia visto aquela cena, embora os pais da menina não puderam ver o “desrespeito” que esta fazia, apesar de ser apenas uma brincadeira.
- Quem mostra a língua é cobra! – falou a garotinha, saindo correndo em seguida. Ao menos Tonks não apareceu com a língua bifurcada como da última vez...
- Dora me contou que você foi professor em Hogwarts alguns anos atrás, Remus – falou Ted, enquanto Cetus, Remus e Tonks se encaminhavam para a mesa. – Me diga, como conseguia dar conta dos alunos? Se eles incomodavam tanto quanto alguns, tenho certeza de que não era nem um pouco fácil...
- Era mais complicado com os sonserinos, que sempre reclamavam de alguma coisa. Sem ofensa, Sra. Tonks – falou Remus, olhando para Andrômeda.
- Oh, não ofendeu, Remus. Ted fala coisas muito piores quanto a isso. E me chame de Andrômeda, por favor – pediu ela.
Tonks ficou observando a conversa deles por alguns minutos, sorrindo ao ver que o pai e o irmão estavam se dando incrivelmente bem com Remus, mas logo foi abordada pelas sobrinhas, mostrando uma coisinha peluda cor-de-rosa dentro de uma gaiola que tinha o nome de – e ela não pôde deixar de rir ao ouvir aquilo – Godofredo Esterlino. Pelo visto a criatividade da avó passara para as sobrinhas.
*~*~*
N/A: Presentinho de Natal! Espero que gostem do capítulo, ele ficou bem grande, até o.O Fico triste em dizer que no ano que vem não terei tanto tempo para postar com frequência, mas podem ter certeza de que a fic não ficará abandonada. ok? Agradeço a todos que comentaram o último capítulo e espero sinceramente não ter desapontado vocês nesse.
Qualquer dúvida, mandem-me um e-mail ou comentem perguntando ;D
Beijos e um ótimo Natal a todos,
Ju Tonks
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