Festinhas Atribuladas
Capítulo 11 - Festinhas Atribuladas
Ainda no dia 30 de Agosto de 1995.
Nymphadora Tonks se achava em seu cubículo no Quartel-General dos Aurores, naquele final de tarde, a mente trabalhando rapidamente. Não falara com Remus na reunião, nem se despedira.
É incrível, pensava ela, como os homens podem ser tão indelicados! Ela realmente nunca achara que poderia ter uma briga daquele tipo com Remus. Afinal, ele sempre fora tão cavalheiro, tão amigo... Mas a culpa não era dela! Afinal, tudo que ela fez foi ser sincera. Ele é que acabou criando confusão!
- Você parece um pouco impaciente com alguma coisa, Tonks – falou uma voz, que parecia vir de milhas distantes.
- Não é nada, Penélope – mentiu Tonks, descaradamente. Sabia que a amiga não ia acreditar.
- Se não quer me falar, tudo bem – disse Penélope, a contragosto. – Me deixe pensar no que podemos fazer para animar essa carinha...
- Você não tem que trabalhar, não? – quis saber a metamorfomaga, dessa vez se mostrando verdadeiramente impaciente.
- Teria, se tivesse que fazer alguma coisa – respondeu ela –, mas esse Quartel está tão parado quanto o Departamento de Ligação com os Centauros - Tonks foi obrigada a soltar uma risadinha; o Departamento de Ligação com os Centauros não funcionava, uma vez que nenhum centauro jamais apareceu para se informar. – Agora, não precisa descontar o seu mau-humor em mim. Eu ainda não sou paga pra isso.
- Engraçadinha – disse Tonks, enquecendo-se temporariamente de sua discussão com Remus. Então Kingsley adentrou a sala.
- Srta. Tonks, quero que leve isso até Weasley, no Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas – pediu ele, entregando um pergaminho enrolado. – E o que está fazendo aqui, srta. Farrew? Tenho certeza de que deixei duas pilhas de pergaminhos em sua mesa hoje de manhã, para ocupar o seu tempo.
Penélope saiu rapidamente (ela tinha uma leve queda por Kingsley) e Tonks pegou o pergaminho e, bufando, saiu em direção à sala de Arthur.
- Art... Digo, Sr. Weasley, Shacklebolt me pediu para entregar isso – ela já estava acostumada a fazer papel de coruja.
- Ah, sim – Arthur fez menção de ir pegar o pergaminho, então Tonks percebeu que este tinha alguma coisa a falar. Assim que chegou mais perto, ele falou: – Haverá uma pequena festinha na sede, hoje - informou ele, fazendo Tonks sorrir. – Molly me pediu para convidá-la, Ron e Hermione foram nomeados monitores!
- Que máximo! – exclamou ela, sem se preocupar com o tom. Pelo visto o outro cara (Tonks não se recordava do nome) que trabalhava com Arthur não viera hoje. - Falo com Kingsley?
- Sim, sim – pediu ele, e acrescentou, quando ela já estava saindo: – Então nos vemos mais tarde na sede?
A sede a fazia lembrar de sua recente briga com Remus.
- Ah, sim, nos vemos mais tarde.
- E... Só por perguntar... há alguma coisa a perturbando, Tonks? Você parece um pouco... Impaciente.
- Não há nada demais, Arthur – Será possível que estava tão na cara?, Pensou ela. – Até mais tarde.
- Até mais – ele terminou a frase com um sorrisinho no rosto.
*~*
Tonks aparatou até o Largo Grimmauld quando já eram sete horas, mas um estalo a fez erguer a varinha no momento em que parou na Praça do Largo.
- Não devia apontar sua varinha no meio da Londres trouxa, Tonks – falou Kingsley, naquele tom calmo de sempre.
- Não devia assustar ninguém assim! – exclamou Tonks, aborrecida. – Achei que pudesse ser um Comensal.
- Pelo visto a sua discussão com Remus hoje pela manhã a deixou um tanto mal-humorada – comentou ele, enquanto atravessavam a rua para ir até o nº12.
- Talvez – falou ela, com simplicidade. – Mas nem venha me dizer que eu estava errada, porque eu não estava!
- Eu não interfiro nesse tipo de assunto, Tonks, fique tranqüila – respondeu o auror, enquanto adentravam a cozinha, para ver Molly, Sirius e Remus.
- Ah, que bom que vieram! – falou Molly, obviamente radiante. – O quarto monitor na família! – e Tonks nem pôde responder que ela já havia voltado para seus afazeres.
- E aí, Sirius? – cumprimentou Tonks. Então se voltou para Remus, e disse, no tom mais frio possível: - Remus.
- Tonks – ele respondeu no mesmo tom que ela, e já havia se virado para conversar com Kingsley.
- Então, Tonks, por que aquela pequena discussão a afetou tanto? – perguntou Sirius, sem rodeios.
- Você ouviu a discussão, Sirius – falou a jovem em tom impaciente.
- Você realmente se parece muito com Andrômeda falando desse jeito – comentou ele, pegando um copo de uísque de fogo.
- Sério? – de repente, o mau-humor de Tonks desapareceu. Era realmente ótimo ouvir alguém a comparando à mãe; Tonks admirava muito Andrômeda e se sentia muito bem ao ser comparada a ela.
- É, eu acho muito chato o jeito que vocês duas falam 'Sirius' nesse jeito impaciente – respondeu Sirius, sincero demais, na opinião de Tonks.
- Sirius! – exclamou ela. Seu mau-humor voltara tão ruim quanto antes, se não pior, depois desse comentário do primo.
- Exatamente desse jeito!
Mal ele falara isso e os garotos chegaram à cozinha, e Tonks foi se juntar à Ginny e Hermione.
- Parabéns, Mione! – falou Tonks, abraçando a garota.
- Obrigada, Tonks – agradeceu Hermione, então falou num tom talvez mais radiante que Molly (se é que isso era possível): – Eu nem acredito que sou monitora!
- Eu acredito, Mione – falou Ginny, em tom sarcástico. – É a trigésima vez que ela fala isso!
A festa estava realmente melhor do que Tonks achava que estaria, ainda que ela estivesse evitando falar com Remus (se bem que ele parecia estar a evitando também, então isso facilitou as coisas). Tonks só achou um pouco estranho quando Harry saiu da cozinha, e Sirius, Remus e Olho-Tonto seguiram o garoto. Tonks teria ido também, mas foi abordada - para a sua infelicidade - por Ron, que, aparentemente, havia se esquecido de falar das qualidades de sua vassoura nova para Tonks. Era realmente chato, já que o garoto não parava de falar (Tonks começou a pensar que ele havia engolido o manual da vassoura e lançado um feitiço em si mesmo para que ele pudesse falar tudo o que estava escrito nele, mas aí lembrou que ele ainda era menor de idade e que, portanto, não poderia fazer magia fora de Hogwarts).
- Ron, dá pra parar de falar dessa vassoura? – interveio Ginny, de repente. – Daqui a pouco você vai anunciar o seu noivado com ela.
- Eu já ia parar, Ginny – falou Ron, com as orelhas vermelhas, dirigindo-se para Mundungus, Fred e George.
- Não agüento mais ouvir o Ron falando da vassoura nova e a Hermione falando que é monitora – comentou Ginny.
Mal ela falou isso e seu pai já mandava os garotos irem para a cama. Sob protestos, é claro. A única que já se levantava era Hermione.
- Mas papai... – suplicou Ginny.
- Já somos maiores de idade! – falaram Fred e George, visivelmente indignados.
- Mas agora que eu estava começando a falar com o Dunga... – para completar os protestos, Ron.
- Nada de “mas” – interrompeu Arthur, agora se voltando para os gêmeos. – E vocês podem ser maiores de idade, mas ainda seus meus filhos e ainda moram no mesmo teto que eu.
- Mas Bill também é seu filho, é maior de idade e mora no mesmo teto que você – protestou Fred.
- Mas tem mais autonomia, trabalha e vocês ainda estão em Hogwarts – interpôs Arthur, interrompendo George na mesma hora em que este abriu a boca para falar. – Sem discussão.
Vencidos, os garotos Weasley e Hermione saíram da cozinha.
- É hora de ir, também – falou Dunga, de repente se levantando. – Tenho negócios a fazer amanhã cedo.
- Acompanho você até a porta, Dunga – falou Arthur, levantando-se também. – O turno da noite é meu amanhã, melhorará consideravelmente se eu tiver uma boa noite de sono hoje.
Deram um boa-noite e saíram pela porta que, há pouco, os garotos passaram. Bill iniciou uma conversa com Tonks e Kingsley, e Sirius voltou-se para Remus.
- Então, não vai falar com a Tonks? – quis saber o animago.
- Por que eu falaria com ela? – quis saber o lobisomem.
- Eu não sei, é horrível ver dois amigos se tratando como estranhos.
- Que tocante, Sirius – disse Remus, em tom sarcástico.
- É sério! – exclamou ele. – Você tem que falar com ela, Aluado.
- Por que essa fixação toda, Sirius?
- Por que ela pode ser o amor da sua vida! – falou Sirius, sério (ainda que a afirmação não parecesse). – Você vai perder o amor da sua vida por causa de uma discussão idiota?
- Ela não é o amor da minha vida, Sirius – retrucou o amigo, rindo.
- Está bem, se não for para pensar assim, pense na amizade maravilhosa que vocês sempre tiveram!
- Somos amigos há dois meses, Almofadinhas – interpôs Remus.
- Mas são amigos!
- Eu não vou pedir desculpas, a culpa não foi minha – teimou ele.
- Se você não faz alguma coisa, eu faço – sibilou Sirius. – Bill, acho que ouvi Arthur o chamando.
- O que ele disse? – quis saber o jovem, surpreso.
- Alguma coisa sobre uma carta de uma tal de 'Fleur' - respondeu, astutamente, o animago, fazendo Bill sair quase que correndo da cozinha. – Ah, e Kingsley, eu estava querendo lhe falar em particular.
Kingsley se levantou, aparentemente sabendo alguma coisa que Remus e Tonks desconheciam.
- Accio varinhas! – disse Sirius, de repente
As varinhas de Remus e Tonks foram voando para as mãos de Sirius.
- Sirius, o que voc... – começou Tonks.
- Se resolvam, por favor – e saiu com Kingsley, trancando a porta.
Sirius sacudiu as mãos em que se encontravam a varinha, enquanto duas vozes atrás da porta queriam que esta fosse aberta.
- Foi esperto, Sirius – elogiou Kingsley. – Eu vou indo. Boa sorte com esses dois.
- Muito obrigado, Kingsley.
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