Seguir Conselhos de Sirius?!



Capítulo 10 - Seguir Conselhos de Sirius?!


30 de Agosto de 1995.
A sede da Ordem da Fênix estava movimentada naquela manhã. Grande parte dos membros se achava presentes, mas a reunião ainda não começara. Remus Lupin era o único que estava fora da cozinha, uma vez que precisava ler um relatório e também por causa da mais nova discussão entre Snape e Sirius.
Até que Nymphadora Tonks chegou, desta vez com cabelos muito pretos.
- Ah, bom dia, Remus – cumprimentou ela que, para a surpresa dele, não estava sonolenta, ainda que o Sol nem tivesse raiado ainda. – A reunião ainda não começou, suponho?
- Bom dia, Nymphadora – cumprimentou Remus, enquanto se pôde ouvir a voz de Sirius perdendo a paciência na cozinha. – Não, Dumbledore ainda não chegou. O resto está na cozinha ouvindo mais uma discussão de Sirius e Snape.
- Por que é que isso não me surpreende? – perguntou Tonks, sarcástica. – E é Tonks, Remus.
- Ah, me desculpe – pediu ele, enquanto ela desabava no sofá ao lado.
- Passei a noite acordada – comentou ela, sem manifestar sono. – Fiquei tentando fazer um relatório sobre o meu último turno.
- Por que "ficou tentando"?
- Porque Snape vive dizendo que os meus relatórios são tão compridos quanto uma mão de fada mordente – respondeu Tonks, calmamente –, então eu tentei fazer um pouco maior. Não deu certo, ele ficou mais curto do que o normal. Mas, pelo menos, eu consegui dizer ao Snape que os relatórios dele são tão interessantes quanto uma aula de adivinhação com a Trelawney, o que significa sono profundo.
- Seus relatórios não são ruins, só vão direto ao ponto – defendeu. – Bem melhores do que os do Snape, os dele só faltam dizer se o cabelo dele estava seboso ou não.
Ela riu gostosamente. Era realmente difícil ver Remus falando mal de alguém, mas, pelo visto, ele já estava aborrecido com alguém (possivelmente pela discussão na cozinha, já que devia estar impossível de ler lá).
- Então os lobos também têm senso de humor, é? – perguntou Tonks, sorrindo.
- Parece que sim – respondeu Remus, com simplicidade.
- Acho que vou até a biblioteca, pedi para o Sirius procurar um livro pra mim ontem – informou ela, que se levantou.
Já estava no terceiro degrau da escada quando tropeçou (aparentemente em seus próprios pés) e bateu com a cabeça no corrimão. Teria sido cômico se não fosse trágico.
- Você está bem, Tonks? – perguntou Remus, ajudando-a a se levantar.
- Obrigada – falou a jovem, com a mão na cabeça. – Ai... Essa doeu mais do que normalmente.
- Deixe-me ver – ele tirou a mão dela do hematoma. Não foi tão ruim assim, mas poderia ter sido. – Você devia tomar mais cuidado, Nymphadora.
- É Tonks – corrigiu a auror –, e eu estou bem, sério.
- Ainda bem, mas poderia ter sido mais grave do que você pensa – continuou Remus. – Você tem que se controlar e não se distrair, é por isso que você vive caindo e tropeçando.
- Eu sei disso, Remus – disse Tonks, começando a ficar impaciente –, mas eu sei me controlar e sei também que não é apenas distração.
- Só estou tentando ajud...
- Não me trate como se eu fosse uma adolescente que não entende os seus limites – interrompeu-o Tonks, em tom calmo.
- Eu não penso que você seja uma adolescente, Tonks – disse Remus, no mesmo tom.
- Pois parece – teimou ela, em um tom mais alto. – Muita gente aqui acha isso, e você também acha.
- O que a levou a pensar nisso?
- Você não me deixou lutar contra os Comensais aquele dia, na Travessa do Tranco – começou Tonks, finalmente falando o que estava em sua mente desde aquele dia –, eu só fui porque achei que devia. No meu primeiro turno, à noite, você foi junto, não apenas porque Dumbledore pediu. Quando fomos buscar o Harry, você ficou perto de mim o tempo inteiro, e eu sei que isso foi porque Dumbledore pediu. A verdade é que, pra você, Remus, eu sou apenas uma garota deslocada.
- E você é uma garota – teimou Remus, no mesmo tom impaciente que ela –, é jovem, mas isso não quer dizer que eu não confie em você! Você é inexperiente na Ordem, é por isso que Dumbledore sempre quer alguém mais experiente com você, para não fazer nenhuma besteira!
- Eu não sou uma de suas alunas, Remus – os olhos dela agora se encheram de lágrimas, mas ela trazia uma expressão de raiva no rosto. – Eu não sou uma garota de quinze anos, não sou imatura como muitos me acham!
Sem que eles reparassem, muitos dos que estavam na cozinha, inclusive Sirius, estavam agora assistindo àquela discussão.
- É mesmo? – debochou ele, calmamente. Então aumentou o tom: – Pela forma que está se comportando, não parece uma mulher madura!
- Então seus pensamentos estavam corretos, não é? – falou Tonks, as lágrimas caindo pelo rosto. – Afinal, eu sou apenas a prima idiota do seu melhor amigo, e você o lobisomem intocável!
- Exatamente isso, Tonks, você acertou – ele continuou no tom debochado.
- Então, a partir de agora, Lupin, somos apenas colegas – ela abaixou o tom, ainda que as lágrimas fossem insistentes. – Não imagino que alguém como você possa criar uma amizade com alguém como eu.
- ÓTIMO! – gritou ele, impaciente.
- ÓTIMO! – repetiu Tonks, subindo as escadas pesadamente, sem olhar para trás. Ele ficou olhando-a até ela desaparecer, fechando com força a última porta.
Ele se sentia péssimo. Nem foi ajudar Sirius a calar a boca da Sra. Black. Sentou no sofá onde estava antes, enquanto o pessoal que assistiu à cena voltava para a cozinha. Sem surpresa alguma, ele observou Sirius vir em sua direção, após ter acalmado a velha, e sentar-se ao seu lado.
- Então? – perguntou ele.
- Então, o quê? – repetiu Remus, mal-humorado.
- Como você se sente depois de uma discussão como essa? Quero dizer – ele tinha um sorriso maroto nos lábios –, a sorte de vocês foi que a sala está imperturbada, senão os garotos teriam acordado com essa briga.
- Como você acha que estou me sentindo? – perguntou ele, ignorando o último comentário. – Foi uma discussão sem pé nem cabeça, Tonks só pode estar naqueles dias...
- Talvez – falou Sirius, agora sério –, mas você não foi o que podemos chamar de delicado, não é?
- Você acha? – ele já não se sentia muito bem; depois dessa ele estava para desabar.
- Acho – ele não parecia estar brincando. – Fale com ela com mais calma mais tarde... Tenho certeza de que vão se resolver.
- Ah, claro, eu sou o culpado – falou Remus, se encostando ao sofá. – Ela vem me acusando de achá-la imatura, quando tudo o que eu fiz foi ver se ela havia se machucado quando caiu!
- O tempo passa e você continua tão teimoso quanto antes, meu amigo. Agora, vamos ser sinceros, Aluado – começou o amigo, voltando a ter o sorriso no rosto –, vocês pareciam dois namorados numa briguinha.
- Cala a boca, Sirius – falou Lupin, fechando a cara para o amigo.
- Está bem, está bem – disse Almofadinhas, percebendo a impaciência do amigo –, só acho que você devia falar com ela. E falando nela...
Tonks vinha descendo as escadas naquele instante, dessa vez com um ar completamente mais calmo do que antes.
- Vejo que achou o livro, Tonks! – falou Sirius, numa hora absolutamente péssima.
Remus já se preparava para ouvir o pior, quando ela respondeu:
- Ah, sim, obrigada por deixá-lo na escrivaninha para mim, Sirius – disse Tonks, em um tom simpático que não era dela. Então a jovem virou as costas e rumou para a cozinha.
- Só espero que ela seja assim com você, Remus – comentou Sirius. – Mas, se ela realmente for filha de Andrômeda como sei que é, você está enrascado.
Remo só ficou pensando. A culpa não era dele, Tonks é que criou confusão! E ele que iria seguir conselhos de Sirius...
As mulheres são complicadas demais.

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