Snakedragon




Iam ter a sua terrível e desprezível segunda aula de Poções. Snape, como sempre, estava com um humor de Sol radioso que incendeia as pobres casinhas de palha, deixando os moradores, ainda mais pobres do que já eram, mas não tão desafortunados como as pobres casinhas que sofreriam uma morte terrível.

- Sentem-se – ordenou friamente. – Hoje iremos falar de venenos de serpentes e como inutilizá-los. Aqui alguém me sabe dizer quais as três serpentes mais venenosas do planeta Terra?

Hermione ergueu imediatamente a mão, mas Harry também o fez, tentando a sua sorte.

- Potter? Queres participar na minha aula? Que inesperado! – observou Snape, com o seu sarcasmo irritante. – Então responde lá e mostra-nos essas tuas tão magníficas aptidões para o “nada”.

- O basilisk – respondeu Harry, engolindo todos os palavrões que lhe vieram à boca nesse momento, e que lhe valeriam uns 100 pontos a menos e um castigo abominável.

- Pode parecer incrível, contudo acertaste! – afirmou Snape cinicamente.

- Não precisa de falar assim. O senhor, com a nossa idade, também não era um cérebro – defendeu Karina, no seu tom frio de iceberg (que afundou mais que um Titanic, rsrsrs).

- Miss Droviski, cale-se, ou serei obrigado a castigá-la – volveu o professor.

- Castigue – desafiou Karina, encolhendo os ombros e encarando-o arrogantemente.

- Miss Granger, o que tem a dizer? – inquiriu Snape, ignorando Karina, que sorriu vitoriosamente.

- A Trixif também é uma serpente muito venenosa – arriscou Hermione calmamente, com toda a certeza do mundo.

- Está certo, Miss Granger, a Trixif é uma serpente muito venenosa, mas essa serpente é mais conhecida por ser rara. Cinco pontos a menos para os Gryffindor – ampliou-se um sorriso desdenhoso na face de Snape. – Alguém sabe? Podem ser pouco conhecidas e poucas pessoas saberem da existência delas, mas pensei que os meus alunos...

- O senhor refere-se à Snakedragon e à Vinespor – declarou Karina, balouçando-se na cadeira de braços cruzados.

- Exactamente, Miss Riddle, mas eu não lhe pedi para responder, nem para me interromper, nem muito menos para fazer da cadeira baloiço. Por isso, quero-a às 21 horas no meu gabinete, para termos uma conversa sobre o seu comportamento, e falarei também com o professor Karkaroff – informou Snape, com a sua disposição a piorar de minuto para minuto. Karina estava a fazer de propósito.

- Óptimo, fale – declarou Karina, continuando a balouçar-se na cadeira, contudo parou subitamente e ficou com um ar perplexo a olhar para Harry, como se só nesse momento o visse.

- Já se fartou, Miss Droviski? – perguntou o professor friamente.

- Bem... mais ou menos – respondeu, desviando o olhar de Harry e espreitou por debaixo da mesa. Quando levantou a cabeça tinha um ar espantadíssimo. – Harry, tens uma cobra por debaixo da cadeira – murmurou. – Não mexas as pernas ou ela ataca e provavelmente morrerás com o veneno.

- Tens a certeza? – inquiriu Harry, olhando-a sem reacção. Seria aquilo uma brincadeira de mau gosto?

- Completa. É uma Snakedragon.

Foi para debaixo da mesa e ergueu-se com a serpente na mão, agarrando-a pela cabeça para não morder, como se estivesse habituadíssima a esse género de coisa – Cá está. O que faço com ela, professor Snape? É que a pobrezinha não está muito calma…. E está diferente… - murmurou, fitando a cabeça do animal atentamente.

Snape apontou a varinha à serpente e petrificou-a.

- Dê-ma, Miss Droviski – ordenou Snape, estendendo as mãos.

Karina passou-lhe a serpente para os braços e Snape ficou a olhar para a mão de Karina atentamente.

- A sua mão está a sangrar – observou.

- Isto não é nada, é só um corte pequeno – riu-se Karina.

Mas não era “só” um pequeno corte. Harry a viu a começar a cambalear e acabou por cair ao chão, batendo com a cabeça numa das mesas, soltando um gemido.

- Karina! – exclamou Lena assustada, e se levantou do lugar.

- Miss Droviski, está tudo bem? – inquiriu Snape, baixando-se ao seu lado. – Acho melhor ir ter com Madame Pomfrey, esse corte foi feito pela serpente, não foi?

- Não! Isto foi ao pequeno-almoço com uma faca – murmurou Karina, levantando-se. – Agora se me der licença irei ter com o senhor às nove. Ad... – voltou a cambalear e foi Snape que a agarrou por um braço.

- A menina vai à enfermaria. E isto não é um pedido, é uma ordem.

- O senhor não é meu pai para me dar ordens – murmurou Karina, passando a mão pela testa. – Aquele maldito veneno...

- Karina, ouve o professor e vai! – pediu Lena. – Lembras-te o que aconteceu da última vez qui ti armaste en forte? Foste parar ao hospital mágico da Rússia, o que fica na Sibéria.

- Eu me lembro – afirmou Clarice feliz. – O braço dela ganhou uma cor azul, e a rapariga não se continha em pé, só com vómitos. A ferida do braço não parava de sangrar, ela ficou com anemia aguda... eu me lembro bem.

- Lógico que tu te lembras, querias que a Karina morresse! – afirmou Petro acusadoramente.

- Chega! – rosnou Snape. – Miss Vivan, leve Miss Droviski para a enfermaria, imediatamente.

- É melhor ir uno rapaz, siuno treque à Karina io non vou arrastá-la até à ala hospitalar – fez ver Lena.

- Potter, leva-a à ala hospitalar – ordenou Snape. – E sê rápido.

Harry se ergueu da cadeira sem discutir ou se manifestar, no final de contas era óptimo deixar de ver aquele cabelo durante uns minutos, e Karina pôs a mão sobre o ombro do rapaz para se segurar.

*


- Ainda bem que foste tu a vir, preciso de te dar uma palavrinha – confessou Karina, caminhando lentamente, enquanto se dirigiam já para a ala hospitalar.

- Podes dizer – informou Harry curioso. O que seria que a filha do seu inimigo teria de tão importante a falar?

- Aquela cobra estava ali para dar cabo de ti – informou a aluna de Durmstrang.

- Como sabes isso?! – perguntou, espantado. Possivelmente era outro presente envenenado de Voldemort.

- Não interessa – respondeu Karina. – O que interessa é que tens que ter muito cuidado. És serpentês, por isso é melhor estares de ouvidos bem atentos, as serpentes podem aparecer em todo lado, são animais deveras perigosos e muito calculistas.

- Mas, não compreendo… também és serpentês? – arriscou Harry, tentando disfarçar o pouco espanto, por saber que a rapariga era filha de Voldemort.

Karina o olhou durante uns segundos, como se não tivesse percebido a pergunta, ou pensasse numa hábil resposta.

- Não… mas consigo me comunicar telepaticamente com os animais – respondeu, por fim, não tirando os olhos no chão, o que fez Harry suspeitar de uma mentira.

Chegaram à ala hospitalar e Madame Pomfrey ficou espantada ao ver os dois ali.

- O que se passa, Mr. Potter? O que lhe aconteceu desta vez? – perguntou, levando as mãos às ancas num gesto severo.

- Desta vez nada, foi a Karina que foi ferida por uma Snakedragon – informou Harry rapidamente. – Não parece estar muito bem.

- Vocês não deviam inventar essas coisas – advertiu Madame Pomfrey, cruzando os braços, irritada.

- Mas não é invenção – insistiu Harry. – É um corte pequeno mas...

- Madame Pomfrey, pode parecer não ter o mínimo cabimento, mas é a verdade – interrompeu Karina. – Eu sou resistente a venenos, pode perguntar ao professor Karkaroff.

- Mas o veneno é mais forte que o do basilisk! – reclamou Madame Pomfrey estupefacta, e continuando a duvidar muito dos dois.

- Eu sei, mas, Madame Pomfrey, não tem nada para isto? É que não me estou a sentir nada bem – confessou a aluna, colocando a mão na testa.

Harry olhou para ela e viu que pequenas gotas de suor lhe escorriam pela cara. A mão livre continuava a segurar-se ao seu ombro.

- Vou ver o que posso fazer. Sente-se aqui em cima – disse, indicando a cama. – Mostre-me o ferimento.

Karina subiu na cama, mostrou-lhe o corte que tinha na mão e Madame Pomfrey foi buscar um líquido roxo que lhe espalhou pelo machucado. Depois, foi buscar uma garrafa com um remédio que fez Karina beber; pela cara que a rapariga fez, deveria saber horrivelmente.

- Agora a menina vai ficar aqui até ao almoço e o senhor, Mr. Potter, vai voltar para a sua aula – ordenou Madame Pomfrey autoritariamente.

Harry obedeceu-lhe, apesar de não ter vontade nenhuma de o fazer. Voltar para a aula de Poções era suicídio.

*


- Demoraste, Potter! – observou Snape, com os olhos a dardejar mais veneno que a Snakedragon. – O que disse Madame Pomfrey?

- Que a Karina deveria estar morta a esta hora – respondeu Harry, deturpando o que a exigente Madame Pomfrey dissera.

- Isso já eu sabia – reclamou o professor. – Ela vai ficar bem?

- Isso Madame Pomfrey não especificou.

- Se morrer também ninguém se vai importar. Mais Droviski, menos Droviski... não há diferença – observou Clarice, na sua típica indiferença.

- Dizem que a Karina podia estar morta? – inquiriu Leopold, preocupado. – Morte prematura, sem salvação?

- Não sei porque te continuas a importar com aquela coisa, Nelson, quando me tens a mim – fez ver Clarice, sorrindo-lhe e passando-lhe a mão pelos cabelos castanhos.

- Cale a boca – ordenou Leopold, desviando-se dela. – Tu não és nada comparada com a Karina.

Iam começar as discussões novamente. Tudo por causa de uma simples aluna, filha do maior feiticeiro negro dos últimos tempos. Aquilo estava a se tornar muitíssimo repetitivo.

- Meninos, silêncio! Vamos continuar a aula – ordenou Snape, impondo o silêncio tão característico das suas mórbidas aulas.

Após o final da aula, ele, Ron, Hermione, Lena, Petro e Karl foram ter com Karina à ala hospitalar. Karina estava deitada a ler um livro.

- Sejam bem vindos ao meu palácio! – riu-se a menina, erguendo a cabeça. – O que tão nobres senhores fazem por aqui?

- Viemos ver como stavas! – respondeu Lena, chegando-se à cama. – E então?

- Está tudo optimamente – respondeu Karina, encolhendo os ombros, como se não tivesse sido nada de importante. – E o que vieram cá fazer todos? – repetiu, como se não acreditasse que se inquietassem tanto com a sua saúde.

- Estávamos preocupados contigo. No final das contas, um arranhão de um dente de Snakedragon não é muito bom – notou Hermione.

- És uma querida, Mione! – sorriu-lhe Karina sarcasticamente. – Agora, a sério, eu quero ir à aula de educação física.

- Madame Pomfrey disse para ficares até ao almoço, por isso eu acho melhor ficares – opinou Harry, mas sabia perfeitamente a ansiedade e o tédio que uma pessoa tinha quando se encontrava deitada numa cama sem nada para fazer.

- Eu sinto-me optimamente, e isto é uma seca – queixou-se Karina. – E vocês não me vão impedir – declarou, levantando-se.

- O que se passa aqui? – inquiriu Madame Pomfrey, entrando. – O que pensa que está a fazer, Miss Droviski?

- Madame Pomfrey, eu quero ir à aula de educação física.

- Só se for mesmo para assistir, porque caso contrário ficará aqui – informou Madame Pomfrey.

- Mas, mas... – tentou argumentar.

- Nem mas nem meio mas! Ou a menina assiste ou fica aqui. É tão simples quanto isso – Madame Pomfrey parecia incapaz de compreender o sofrimento que isso causava a qualquer pessoa que gostasse de se treinar fisicamente e se sentisse perfeitamente bem.

- OK, como a senhora quiser, eu assisto à aula – cedeu Karina, mais contrariada que um basilisk vendado. – Posso ir?

- Agora sim. Vá lá com os seus amigos e se cuida – aconselhou a curandeira num tom maternal. – E vocês não a deixem por nada deste mundo fazer aquela aula!

Os sete se apressaram a concordar e se dirigiram para os campos, encontrando o professor Naphrelans encostado a uma árvore a meditar… ou a dormir!

- Professor!!! La Karina hoje non pode fazer educacion física – disse Lena rapidamente, e numa voz extremamente alta. Se o professor estava a dormir, acordou com imensa facilidade depois de uma demonstração tão intensa de vocalização.

- Porque? – perguntou o professor, olhando-a espantado. – Parece-me estar em boa forma.

- Ela foi mordida por una cobra que quase lhe arrancou la mão e...

- Lena, não exageres – pediu Karina, soltando um suspiro que, insistentemente, lhe subia à boca sempre que Lena falava. – Foi um arranhão.

- A Madame Pomfrey disse que podias ter morrido! – lembrou Hermione.

- Também estás a exagerar – notou Karina. – A Snakedragon até tinha um ar simpático.

- Por Dios! Esta rapariga non é boa da cabeça! – Lena levantou os braços ao céu, o que fez com que todos se rissem, principalmente o professor.

- Então isso quer dizer que vou ter mais uma pessoa com quem parlar – gracejou o professor. – Vamos só esperar que os outros cheguem para lhes dar algo para fazer. Hoje farão uma aula de iniciação ao tiro ao arco.

- Isso deve ser interessante... – murmurou Hermione pensativamente.

- E muito fácil! É tudo uma questão de pontaria.

Esperaram pacientemente a presença dos outros alunos, que se fizeram demorar mais quinze minutos que a hora prevista de chegada. No entanto, o professor não parecia minimamente preocupado, sendo que, um sorriso lhe brincava nos lábios, um sorriso malicioso.

- Meninos, vamos começar a aula e Draco, hoje fazes a aula sozinho porque a Karina não se sente muito bem – informou o professor.

- Hey! Isso é mentira! – protestou Karina. – Sinto-me óptima!

- Mas não vais fazer a aula – implementou o professor.

Karina se sentou no chão com um ar chateado, e dez minutos depois, após uma breve explicação de como se usava o arco e a flecha, e de como não se matava o parceiro, o professor juntou-se-lhe.

Harry sentia que tinha bastante jeito para aquilo, e, ao seu lado, Clarice fazia de tudo para acertar no alvo, mas a flecha cravava-se no solo a quatro ou cinco metros de distância do mesmo.

- Não estás a fazer bem! Tens que ter mais firmeza no braço… - disse Harry, segurando-lhe no braço.

- Não tenho força...

Harry decidiu então irritá-la. Merecia-o mais que ninguém.

- Se fosse a Karina, fazia-lo na perfeição – observou, como quem não queria a coisa.

Clarice ficou escarlate de um momento para o outro e mandou arco e flecha para o chão num gesto abrupto e não calculado, com toda a ferocidade, pisando-os com força, como para expulsar a raiva.

- Não… me voltes… a falar… dessa… anormal! – disse, ao ritmo que pisava os instrumentos de guerra.

- Porque? Limitei-me a dizer a verdade – declarou Harry, disfarçando um sorriso maldoso.

- Verdade uma ova! Essa anormal não sabe fazer nada de jeito, é uma incapaz!

- Ou então és tu que gostavas de ser como ela e não consegues… - murmurou Harry, olhando para a sua flecha.

- Clarice! – gritou a voz do professor, chocado com o que via. – O que é que estás a fazer aos instrumentos? Estás maluca?

A rapariga parou a sua tortura ao arco e à flecha, e respirou fundo, continuando mais corada que uma lagosta. Parecia possessa.

- O que se passa contigo? – perguntou o professor, pousando-lhe a mão no ombro. – Eu sei que às vezes pode ser frustrante não se acertar no alvo… mas isto é um exagero, Clarice.

- Peço desculpa, professor – murmurou a aluna, baixando os olhos.

O professor passou a mão pelos olhos. Nunca pensara que dar aulas fosse tão difícil.

- Harry, poderias dar uma mãozinha à Clarice, se ela precisar? – pediu, como último recurso. – Não posso ajudar todos ao mesmo tempo, e por o que vejo, tens jeito para a coisa.

Harry concordou. O que mais poderia fazer se Clarice era o seu par?

Naphrelans afastou-se, indo ter novamente com Neville, que continuava com sérios problemas em manejar o arco.

- Potter, diz-me o que achas de mim – ordenou Clarice.

Harry olhou a rapariga, estupidificado. O que queria ela que ele dissesse? Que a achava uma idiota, convencida, metediça e mais um número sem fim de defeitos?

- Não respondas, pela tua cara já sei o que pensas. Achas-me lindíssima, inteligente, fantástica e adoras-me – afirmou Clarice, brincando com uma flecha na ponta dos dedos. Resultado: um corte no dedo indicador da mão esquerda.

- Não é bem isso… – respondeu Harry, com vontade de rir às gargalhadas, pura e simplesmente aquela rapariga não existia. – Diria antes que tens certas tendências muito egocêntricas. Inteligente não te acho, conheço pessoas muito mais bonitas que tu e, por fim, não gosto minimamente de ti.

Clarice mostrou-se ultrajada e olhou-o com o ódio estampado na cara.

- Como te atreves a dizer tal coisa de mim? – perguntou numa voz esganiçada. – Eu sou melhor que todas as raparigas deste mundo!

- Não és não, muito pelo contrário.

- Seu anormal, testa de cicatriz... como é que o Lorde das Trevas não te conseguiu matar? Um imbecil com tu...

- Diz o que quiseres, talvez o teu “Lorde das Trevas” seja mais imbecil que eu – arrematou Harry, agora já não tão divertido quanto isso. Aquela rapariga conseguira irritá-lo também com toda a sua prepotência.

- Há aqui tanta gente que odeio... – murmurou Clarice.

- Deixa-me adivinhar, todos os Gryffindor, o Karl, o Petro, a Lena e, principalmente, a Karina. Acertei? – inquiriu o rapaz, revirando os olhos. Sempre a mesma conversa…

- Sim, acertaste – anuiu Lena sarcasticamente.

Harry ignorou-a o resto da aula e à hora de almoço não estava com apetite nenhum.

As aulas da tarde passaram muito lentamente. Harry só se sentiu bem à noite, e foi porque conseguiu ter uma conversa minimamente decente com Sirius.

- Ainda bem que podemos falar agora – suspirou Harry, cansado.

Ainda não percebera o porquê de ter de suportar pessoas tão cansativas, quando a sua vida até ali tinha sido um eterno martírio de perdas de vidas indispensáveis, uma tortura de vida em casa dos Dursleys. Era revitalizante ter alguém com quem falar, alguém que o compreendesse como Sirius o fazia. Será que poderia contar ao seu padrinho sobre Karina?

- Tens ar de estar cansado – observou Sirius, perspicaz. – O que fizeram hoje?

- Tivemos aulas de poções, uma de educação física, uma aula de História, e outra de adivinhação – respondeu Ron. – E o pobre do Harry teve de aturar a Rixovick, o Snape, o Bins e a Trelawney. Tive pena dele, mas também tive pena minha…

- As únicas aulas fixes são as do Lupin – confessou Harry, despenteando o cabelo já por si desalinhado.

- Claro que sim, o Lupin sempre foi… como hei de dizer… ora, não sei! Mas sabem uma coisa? Gosto de estar de novo nesta sala – informou Sirius nostalgicamente, olhando em seu redor. – E vocês são uma boa companhia.

Harry ia dizer que concordava, que era óptimo tê-lo ali, todavia ouviu um ruído, tal como os outros três, e Sirius voltou a se transformar em cão, esperando o pobre ser que interrompera a conversa. Era só Karina.

- O que fazes acordada a esta hora? – perguntou Ron rispidamente.

- Vim à procura do meu livro. Não o viram? – inquiriu a rapariga, olhando em volta.

Snuffles abocanhou o livro que estava em cima de um sofá e levou-lho.

- ‘Brigada Snuffles, és um cãozinho adorável – agradeceu, fazendo-lhe festas e ignorando a baba que se fazia notar no livro. – Vocês deviam estar a falar, desculpem a interrupção.

- Não faz mal. Sentes-te bem? – inquiriu Hermione.

- Sim. Por que perguntas? – quis saber Karina meia confusa.

- As palavras “serpente” e “veneno” dizem-te alguma coisa?

- Ah! Isso! Estou em óptima forma! – respondeu Karina sorrindo-lhes. – Boa noite aos quatro!

- Até amanhã! – despediu-se Harry.

A aluna de Durmstrang começou a subir as escadas que levavam ao dormitório das raparigas. Só cinco minutos depois Sirius voltou à sua forma humana.

- Que miúda intrometida! – praguejou Ron. – Veio coscuvilhar.

- A Karina não é cusca! – defendeu Hermione. – Eu conheço-a.

- E conhece-la donde? – inquiriu Ron. – Não sabias da existência dela se Durmstrang não estivesse cá.

- Isso é mentira! Os pais da Karina têm, ou tinham, uma casa de férias em frente à minha e nós conhecíamo-nos, éramos amigas! – declarou Hermione. – Conheci-a quando tinha oito anos. Caso não saibam, a Karina foi adoptada. Antes vivia... acho que num orfanato

- A Karina é órfã pela segunda vez? – inquiriu Sirius chocado. – Coitada...

- E já não vê os irmãos há três anos. Ela adorava-os – informou Hermione. – Depois tem aquele problema de ser introvertida...

- Introvertida?! Eu chamar-lhe-ia muita coisa, mas isso não. E por acaso estamos aqui para falar da Karina? – perguntou Ron, cruzando os braços.

- Tu és tão... tão... – murmurou Hermione furiosa. – Vou dormir. Sirius, Harry, até amanhã.

Virou-lhes as costas e seguiu o caminho que Karina tinha percorrido há pouco.

- O que é que lhe deu? Qualquer dia vai inventar uma de B.A.B.K., Brigada de Apoio ao Bem-estar da Karina – protestou Ron, levantando-se do sofá onde estava sentado e se aproximando da lareira. – Quem é que entende as raparigas?

- Tu de certeza que não és – respondeu Harry rindo-se. - Mas, Sirius, como sabia que os pais da Karina tinham morrido?

- Digamos que as pessoas simpatizam muito com a minha forma canina - riu-se o padrinho de Harry, levantando-se. - Agora vou deitar-me, é tarde – murmurou Sirius bocejando. – Vou dormir.

*


Quebram-se as ondas na maresia
Da praia dos longínquos pensamentos
Na areia clamando melancolia,
Descansados, deitados nos ventos.

Ali a verdade confunde-se no carisma
Dos alegres contágios iludidos.
Oh! O pôr-do-sol fascina
E os inocentes choram comovidos.

Voltam todos e sempre à praia,
Vêem brilhar olhos de si mesmos.
São crianças sem sua aia,
São enganos de mil espelhos.

Harry se encontrava sentado de olhos fechados num meditar preocupado. Ainda não tinha tido notícias do seu filho. Por o que parecia Raphael ainda nem tinha começado a sua investigação! Como se lembrara de compactuar com um irresponsável?

Como que chamado pela brisa do vento, a voz de Raphael Flanders fez-se soar e Harry abriu os olhos, uns olhos frios e, no mínimo, reprovadores. Com eles penetrou no lilás profundo e impenetrável de Raphael; um esforço vão.

- O que tens andado a fazer? – perguntou asperamente.

- Sabias que há uma Riddle na escola? – quis saber Raphael, ignorando a sua pergunta descontraidamente. – Uma bela rapariga, diria eu, inteligente, com uma personalidade forte…

- Sim, eu sei. Mas isso não me interessa. Já começaste a eliminar as pessoas da lista?

Raphael olhou durante vagos instantes para o tecto pensativamente.

- Parece que não, escapou-me esse pequeno pormenor. Mas está tudo sobre controle, começarei hoje mesmo, Lord das Trevas, e até Dezembro resolveremos este pequeno problema de… descendência. Não se preocupe.

Harry olhou para a porta do compartimento onde se encontrava, mas era como se esta fosse inexistente, um mero objecto sem importância, mas o que teria importância? Uma vida reles entre a escória do mundo mágico e muggle? Não… acabaria com esses medíocres seres, fundaria um mundo perfeito de poder e grandiosidade, de fiéis sangue-puro, e fazê-lo-ia sozinho.

- Vai e sê discreto, não quero falhanços, não quero imperfeições.

- Eu serei perfeito. Eu sou perfeito! Contudo de uma forma muito subtil. Verás… - sussurrou.

Que ilha é esta de mentiras?
Que paraíso imenso de azuis sonhos negros?
Biografia de essências realistas
Banhada em incompreensíveis simples erros.

Feitiço é de seu porte,
De cosmos banido para o fim,
Ilha sua, do Fado, da Sorte,
Finito encanto, encantado assim.





N.A.: Espero que tenham gostado... tenho a leve impressão de que este capítulo ficou horrível xD.

Fico à espera de coments

bjs****

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