Flechas de Fogo
Acordou, não dormiu,
Sonhou, tudo viu,
Era cruel, diabólico,
Pesadelo melancólico.
Treme, teme-me a mim,
Espreito eu atrás de ti.
Foge, o lobo está à solta,
Uiva enquanto dormes assustado,
Espera-te escondido e velado.
Nos seus dentes reflecte-se o sangue,
Nos seus olhos o mal,
E a graça do sofrer
É o seu bem natural.
Oh, treme, que de vil tens-me a mim
Num sorriso assassino,
Retalhado pedaço por pedaço, assim
Como a morte sou, maldito felino.
Harry abriu os olhos subitamente e, desorientado, olhou de um lado para o outro, com a respiração acelerada. O que tinha sido aquilo? Quem era o homem que falava com ele… e quem era ele próprio?
Sentou-se e passou as mãos pela cara. A cicatriz doía-lhe imenso, como se tivesse levado uma pancada na testa. Respirou fundo. Tinha que ordenar os pensamentos, aquilo poderia ser uma mensagem importante.
Olhou em volta. Continuavam todos a dormir, nenhum tinha sido perturbado pelo seu turbulento pesadelo. Sirius não se encontrava no dormitório, possivelmente ficara com o seu amigo de infância Remus Lupin.
Levantou-se de um salto. Tinha que contar o seu sonho a alguém e esse alguém seria o professor Dumbledore.
Após vestir-se, olhou para o relógio. Cinco horas da manhã… Será que o professor estaria a dormir? Importar-se-ia que ele o acordasse, ou seria melhor esperar pelo amanhecer? Em todo o caso, não conseguiria voltar a adormecer.
Pegou na sua Flecha de Fogo e desceu para a sala Comum, onde, para seu espanto, se encontrava mais alguém, sentado a uma pequena mesa, a escrever qualquer coisa. Os seus cabelos negros compridos ondulavam quando mexia a cabeça para acenar para a própria carta. Era Karina.
- Bom dia – cumprimentou Harry, aproximando-se da aluna de Durmstrang.
- Hum… ah olá! – Karina voltou a cabeça para trás e sorriu-lhe. – Não devias estar a dormir? Ainda é muito cedo.
Harry achou vergonhoso dizer que tinha tido um pesadelo, então preferiu seguir por outro lado, do que dar a verdadeira explicação.
- O mesmo se aplica a ti, não é?
Karina riu-se e voltou a olhar para a carta.
- Não tinha sono, então decidi fazer uma coisinha que tinha em mãos, e que era urgente – explicou, mesmo sem Harry perguntar.
- Posso saber o que é?
- Saberás mais tarde. Amanhã talvez – respondeu a rapariga, enrolando o pergaminho e selando-o com cera de uma vela que lhe iluminava o afazer. – O professor Dumbledore anunciá-lo-á.
Harry deixou-se cair num sofá escarlate e soltou um suspiro, enquanto observava os próprios pés. E, até Dezembro, resolveremos este pequeno problema de… descendência…
Para esse sábado de manhã Harry organizou a primeira reunião com a sua equipa de Quidditch, no estádio. Apesar de já os conhecer, sentia um nervoso miudinho que lhe atormentava o estômago, as ditas “borboletas”.
- Bom dia, malta! – cumprimentou, ainda não sabendo muito bem por onde começar. – Como sabem, a professora McGonagall elegeu-me para treinador da equipa… - um estrondoso aplauso fez-se ouvir vindo dos irmãos Weasley – …e deu-me a tarefa de adquirir um novo Keeper. Enquanto não escolhemos um, tenho aqui uma lista de cada equipa que jogará contra nós. E tenho esperança numa derrota para todos eles.
Harry passou a lista a Fred e George. A equipa dos Slytherin tinha três novos jogadores, Crabbe, Goyle e um rapaz chamado David Badcon. O que mais admirara Harry, quando McGonagall lhe dera a lista, nessa manhã, fora a constituição das equipas de Durmstrang, tendo observado-a atentamente, especialmente esta:
Chaser1 – Ching Lee
Chaser2 – António
Chaser3 – Richard
Beater1 – Boku
Beater2 – Abdull
Seeker – ?
Capitão – ?
- Não têm capitão? – inquiriu Angelina, franzindo as sobrancelhas e tocando no ponto essencial da questão.
- Têm, mas está em vias de sair porque o director de Durmstrang não concorda com uma coisa qualquer – informou Harry. – Mas perguntarei ao Karl quem é.
- E quem será o seeker? Penso que seja a mesma pessoa, faz sentido – observou Fred. – É que ‘tás a ver, precisamos de andar informados.
- O capitão e seeker é a Karina Droviski – respondeu Alicia, merecendo o olhar de toda a equipa por esta informação tão preciosa.
- A Karina? – Harry espantou-se.
- Sim, senhor. Ouvi dizer que é uma óptima seeker, e costumava treinar com o Victor Krum – Alicia parecia estar a ganhar energia em falar, com toda esta atenção.
- É uma rapariga – observou Fred, encolhendo os ombros.
Angelina, Alicia e Katie olharam-no azedamente, um olhar que Fred aguentou com coragem.
- O que o Fred queria dizer era que ninguém passa o nosso Harry, o melhor seeker que o mundo já viu! – corrigiu George rapidamente, salvando o irmão de alguma tortura feminina.
Harry coçou a cabeça, sem saber muito bem o que dizer. Decidiu-se por informações vitais à equipa, algo que o preocupara.
- Nisto tudo há só um problemazinho – comentou. – Os alunos de Durmstrang têm todos flechas de fogo.
- O quê? Mas isso é uma injustiça! – protestou Fred, levantando-se do banco, mais que ultrajado.
- Claro que é Fred, eles querem ganhar à força – observou Angelina. – Temos que treinar muito ou estamos lixados, porque as equipas com que vamos jogar na primeira etapa são todas de Durmstrang.
Os membros da equipa de quidditch dos Gryffindor olharam de uns para os outros, imaginando o pior. O que fariam contra vassouras topo de gama? Era um jogo muito sujo por parte das equipas de Durmstrang.
- Iremos ganhar, com ou sem Flechas de Fogo – garantiu Harry, num incentivo aos colegas. – Já o fizemos antes, no segundo ano, quando enfrentámos os Slytherin com as suas nimbus 2001.
- Sim, mas nimbus 2001 não são flechas de fogo… - murmurou Katie.
- Mas vocês não acreditam que o Harry consiga treinar-nos para campeões? – perguntou Fred, pondo de lado a ideia de perder contra uma escola de trapaceiros que queriam ganhar à força.
- Não é isso! Claro que o Harry é capaz mas…
- Não há mas nem meio mas! Harry continua o que tens a dizer-nos – ordenou Angelina, irritada com a amiga.
O rapaz respirou fundo. Aquela confusão tinha-o enervado um pouco, e pequenas gotas de suor escorriam-lhe pela face.
- Agora o keeper. Temos de fazer provas para encontrar um. Que tal na próxima semana? No sábado? – inquiriu Harry, olhando todos para uma confirmação.
Nada tinham contra. Sem mais nenhum assunto para discutir, Harry deu a reunião por encerrada e voltaram à torre dos Gryffindor com um aspecto soturno.
Ao entrar, através do buraco do retrato, Ron correu até si, com um ar desesperado.
- Harry…
- O que se passa? – perguntou Harry, temendo o pior. Nos últimos tempos estava sempre a temer o pior. Desde a morte de Cedric e do regresso de Voldemort que se sentia como que perdido e tinha medo de perder alguém, principalmente os seus amigos.
- É a Hermione… ela endoideceu! Com aquela história dos elementos, ou seja o que for! Agora andou a pesquisar na biblioteca, e não pára de falar de fenixes e dragões… está insuportável!
- Preferias que ela falasse do Vicktor Krum? – perguntou Harry maldosamente, erguendo a sobrancelha num tom sarcástico.
A face de Ron obscureceu-se e olhou o amigo ameaçadoramente.
- Não me fales no nome dessa coisa…
- Peço-te imensa desculpa! – Harry ergueu as mãos em sinal de arrependimento, com um sorriso brincalhão. – Mas mostra-me lá onde está a nossa querida amiga.
Ron guiou-o até a um sofá de pele vermelha em frente à lareira apagada, onde Hermione, confortavelmente acomodada, segurava um livro que, possivelmente, pesava tanto ou mais que uma blugger, com dois palmos de largura.
- Harry! Ainda bem que apareceste! – disse, levantando os olhos do livro. – Tenho aqui uma coisa muitíssimo interessante para te mostrar! Encontrei imensas referências ao feitiço, interligações entre os diferentes elementos, e os seres mágicos que representam cada elemento.
- Ah… - murmurou Harry, sem muito interesse também, apesar de não querer ver a amiga irritada. – Fantástico!
- Podes crer! Por exemplo, existem três dragões, uma fada e uma fénix, sendo que os dragões pertencem aos elementos água, gelo e ar, a fada ao elemento terra, e a fénix…
- Ao elemento fogo – completou Harry, revirando os olhos com pouca paciência.
- Exactamente. A água é um elemento estabilizador, que tem um pleno relacionamento com a Terra e com o Ar, no entanto tem um conflito aberto com o gelo, por ter o mesmo tipo de essência de uma forma deveras diferente. Apesar de ser contrário ao fogo, têm um contacto sereno e a água consegue acalmá-lo, esfriá-lo… num estado mais avançado, pode mesmo obliterá-lo.
- Muito interessante…
- O Ar é um elemento rebelde, com um poder intenso em atiçar as chamas do Fogo, é o elemento que auxilia a Terra nas suas sementeiras, sendo a ele atribuída a conduta de inspirar a vida. A fénix do Fogo, o elemento da ira e dos sentimentos mais fortes, tanto pode ser um amigo como um inimigo, de uma intensidade vultuosa; só o Gelo consegue ter o pleno controlo deste elemento, assim como o contrário, só o Fogo consegue derreter o Gelo…
Harry soltou um longo suspiro de desespero… tinha que se livrar daquela proclamação “elemental”.
- Olha Hermione, eu tenho que me ir vestir…
- Espera, espera! Diz a ordem em que os puderes se vão revelando! – disse Hermione segurando-o pela manga laranja do equipamento. – Diz que começa pelo Gelo, numa cadeia que se vai uniformizando num elo sagrado. Por exemplo, se soubermos quem é o Gelo, conseguimos supor quem possa ser o fogo ou a Água!
- Óptimo! Agora preciso mesmo de me ir despir… - Harry puxou pela manga para se soltar e afastou-se do alcance da amiga. – Por acaso viste o Snuffles por aí?
- Eu? Não… Há pouco estava aqui, enquanto eu estava a falar com o Ron, mas depois desapareceu…
Harry percorreu a sala com um olhar, mas não viu nenhum cão negro e enorme.
- Se o vires… - baixou a voz - …diz-lhe que preciso de falar com ele.
Hermione concordou, voltando a sua atenção para o profundo livro, deixando Harry em paz, finalmente.
O menino que sobreviveu, subiu para o seu dormitório, reflectindo numa ideia que lhe vinha a formar há alguns dias… contar a história de Karina a Sirius, tinha que desabafar com alguém; não poder contar aos amigos estava a consumi-lo por dentro. E tinha de ir ainda falar com Dumbledore…
Caiu sobre a cama e deitou-se a olhar para o dossel. Gostava imenso que o Quidditch o pudesse ajudar a esquecer… não, a amenizar os seus problemas… talvez uma namorada!
Assim ficou durante uma hora, e ficaria mais tempo se Sirius não tivesse entrado no dormitório. O cão fechou a porta e (Harry riu-se com o que o viu fazer) trancou-a com a ajuda dos dentes e da língua comprida. De seguida voltou à sua forma original, sentando-se ao lado do afilhado.
- Estás com um ar preocupado – disse-lhe, pousando-lhe a mão no ombro.
Harry soltou um suspiro de cansaço e sentou-se, tirando os óculos da face e observando-o.
- Talvez, um pouco… tenho que te contar uma coisa. O professor Dumbledore disse para não contar, mas é demais para mim, preciso de falar com alguém, e sei que és uma pessoa de confiança. O Ron e a Hermione também… mas compreenderás melhor. Para contar à Hermione teria que dizer também ao Ron e penso que ele não aceitaria.
Harry tentou dizer tudo de uma só vez e Sirius não interrompeu, ao que ficou muito grato.
- O Dumbledore disse-me que a Karina era filha do Voldemort.
Os olhos azuis de Sirius abriram-se de um enorme espanto, mas continuou sem dizer uma única palavra.
- Fiquei muito espantado, e diria mais, ainda consigo desconfiar dela, apesar de o professor me ter garantido que ela nada sabe do seu parentesco – Harry levantou a cabeça e fitou o padrinho.
- Compreendo-te perfeitamente.
- Mas o que pensas disto tudo? Achas que posso confiar nela? – perguntou Harry. Queria tanto que alguém lhe desse uma resposta, que se pudesse apoiar num braço amigo.
- Bem eu preferia que fosses tu a fazer essa escolha, que seguisses o teu coração. Mas eu confio nela, o meu instinto canino nunca falha, e os olhos de um cachorrinho fofinho também não! – Soltou uma gargalhada de divertimento que conseguiu levantar a moral a Harry. – Querias dizer-me mais alguma coisa?
Harry levantou-se e começou a caminhar de um lado para o outro, chegando a reparar que Trevor os observava de um canto, sem soltar um único coachar.
- Sim, queria… Hoje de madrugada tive um sonho e… posso estar enganado, mas eu era o Voldemort! E alguém estava a falar comigo, alguém chamado Raphael. Todavia não faço a mínima ideia de quem seja, nunca o vi antes.
Sirius premiu os lábios num esforço meditativo.
- O que falaram?
- Eu… o Voldemort, estava irritado com esse tipo por ele ainda não ter começado a eliminar as pessoas de uma lista… e falaram da Karina, eles sabem da sua existência! Pela forma como o tal de Raphael falou dava ideia de que ele a conhecia pessoalmente... e que a conheceu cá na escola! A maneira como falou era como se se referisse a acontecimentos recentes!
A expressão de Sirius tinha-se obscurecido, sabia o que o afilhado estava a sugerir.
- Achas que temos um espião entre nós? – perguntou Harry preocupado.
- Não sei… já contaste isso ao Dumbledore?
- Não, ainda não tive tempo…
- Penso que o deverias fazer, já – Sirius ergueu-se do colchão. – Anda.
Voltou à sua forma de cão e Harry destrancou a porta do dormitório, descendo a seguir a Sirius. Passou por Hermione que mal os viu e Ron tinha desaparecido do mapa.
Os corredores estavam vazios e não encontram ninguém, excepto o professor Naphrelans e o professor Louis, que saiam do gabinete do primeiro.
- Bom dia, Harry – cumprimentou Naphrelans num tom entusiasmado. – Por aqui sozinho? O Ron e a Hermione?
- O Ron não faço a mínima ideia, a Hermione está a ler um livro na sala comum – respondeu, contudo não lhe apetecia muito ficar na conversa com os professores.
- Faz ela muito bem! E devias fazer o mesmo, aprenderias muito mais – informou o professou Louis, sorrindo-lhe amavelmente.
-Ah… não faz muito o meu género, mas obrigado pelo conselho, professor – agradeceu Harry, continuando o seu caminho sem parar. – Até logo!
Queria falar com Dumbledore o mais depressa possível, antes que se pudesse esquecer de algum pormenor do seu sonho e, para isso, não se poderia empatar. O seu passo apressado guiou-o até à gárgula que daria passagem para o gabinete do director.
- Pulgas fritas com caju – pronunciou para a feia gárgula e esta animou-se de imediato, desviando-se para lhes dar passagem.
Subiram a débil escada em caracol até ao cimo e bateram à porta escura de madeira. Um “entre” simpático não se fez esperar. Sirius e Harry seguiram a dica e empurraram a porta para a frente deixando chegar até eles um leve cheiro a menta. Dumbledore encontrava-se sentado à sua secretária a beber o que parecia ser chá esverdeado.
- Agrada-me imenso a vossa visita – disse, sorrindo-lhe amigavelmente. – Sentem-se!
Fez aparecer uma segunda cadeira para emparelhar com a que já estava à frente da secretária, onde ambos se acomodaram.
- Presumo que queiram um pouco deste néctar tão refrescante – disse, e com um gesto simples de varinha fez surgir dois copos de cristal brilhante e floreado, com desenhos de beija-flores em prata.
Ouviram a porta a trancar-se sozinha e, feito isso, Dumbledore sorriu a Sirius que, percebendo a intenção do director, voltou à sua forma original de humano.
O homem idoso serviu ambos por um jarro que retinha um líquido verde-mar brilhante e fluído.
Ficaram em silêncio durante alguns segundos, a olhar para os próprios copos.
- Podem beber, não tem veneno – incentivou Dumbledore, levando o seu copo aos lábios. – Deveras saboroso. Essência de Ardília, a nova delícia de Madame Rosmerta, e não é alcoólica, vejam bem!
Harry riu-se e levou o copo à boca. Dumbledore tinha razão, tinha um sabor óptimo. Parecia uma mistura de menta com groselha, de textura escorregadia, e bastante leve. Deixava uma frescura não só na boca, como por todo o corpo. Naquele momento Harry sentiu-se mais revitalizado que nunca.
- Mas será que terei de perguntar o que vos traz ao meu tão aborrecido gabinete? – inquiriu Dumbledore, mirando-os por cima dos seus óculos de meia-lua penetrantemente.
- Eu tive um sonho… - começou Harry.
- Uma coisa normalíssima, eu próprio tenho muitos – riu-se Dumbledore. – Por exemplo hoje sonhei que um duende irritante me tinha roubado todos os ovos das nossas cozinhas, um problema enorme, porque eu adoro ovos… mas enfim, continua lá Harry.
- Eu penso que sonhei com o Voldemort…
- Pensas?
- Sim, bem… era ele sim – decidiu-se Harry, e contou toda a história que antes tinha contado a Sirius no dormitório dos rapazes do quinto ano.
Chegando ao fim, Dumbledore fixava o seu copo semi-vazio, interiorizando cada palavra que Harry dissera, na descrição de Raphael.
- O que achaste de mais fantástico nesse sujeito? – inquiriu, sem tirar os olhos do copo.
Harry meditou um pouco, mas nem isso precisava de fazer. Tudo no indivíduo parecia fantástico, todavia, o que se realçava mais na sua mente era os seus olhos lilases, uns olhos que lhe lembravam os felinos africanos (ou Americanos) que se passeavam pelas selvas, em busca de uma presa desprevenida.
- Foram os olhos sem dúvida.
- Lilases… não tenho todas as certezas, mas…
Harry e Sirius olharam-no na expectativa, esperando pela opinião do director. O seu aspecto foi-se modificando, passando de meditação para uma séria preocupação.
- Se for um vampiro, temos razão para nos preocupar…
- Um vampiro, professor? – inquiriu Sirius, abrindo os olhos desmesuradamente.
Harry não via onde estava o problema. O próprio Ron tinha um vampiro no sótão que se limitava a bater nos canos, era inofensivo…
- Há várias estirpes de vampiros – declarou Dumbledore, como se soubesse o que Harry pensava. – Uns bem mais perigosos que outros. Há quem diga que são corpos que saem das suas campas de noite para sugar o sangue dos vivos, nos seus pescoços ou estômagos, regressando depois aos seus cemitérios, mas são muito mais que isso. Têm mais “vida” do que se dá a conhecer. Pelo que me disseste, este falava a Voldemort como se fosse um igual, o que me faz pensar que deve ser um vampiro poderoso, um vampiro antigo. Como deves saber os vampiros são praticamente imortais, sendo poucos os seus pontos fracos. Tenho que reflectir mais sobre este assunto.
Harry percebera que era altura de sair, já dissera tudo o que tinha a dizer. Levantou-se e Sirius seguiu-lhe o exemplo, voltando à sua forma canina em poucos segundos.
- Vão almoçar, devem estar com fome – disse Dumbledore pensativamente.
Quando Harry desceu as escadas, sabia que tinha uma coisa a fazer nos próximos dias: pedir a Hermione informações sobre vampiros.
No dia seguinte de manhã, após tomarem o pequeno-almoço, Dumbledore ergueu-se do lugar e fez um comunicado a toda a gente presente no salão. Um comunicado que os deixou, no mínimo, boquiabertos.
- Bom dia meninos! Espero que tenham dormido bem e que este ano lhes esteja a correr ainda melhor – disse Dumbledore, sorrindo-lhes. – O que vou informar aqui interessa maioritariamente aos alunos de Hogwarts e sei que vão ficar bem felizes. Uma pessoa pediu-me para oferecer a cada membro das equipas de Quidditch de Hogwarts uma Flecha de Fogo.
Antes de se ouvir qualquer bater de palmas em sinal de aprovação ou agradecimento, um grito interrompeu tudo o que ainda nem começara.
- O quê?!?! – inquiriu Karkaroff, gritando e levantando-se. Não olhava para Dumbledore, mas para alguém da mesa dos Gryffindor. – Explica-te, já!!!
- Está a falar comigo? – perguntou Karina calmamente, pousando o garfo com o qual estava a comer ovo mexido.
- Com quem querias que estivesse a falar? – gritou-lhe Karkaroff.
- Não tenho de lhe dar explicações – declarou Karina calmamente. – O dinheiro é meu, faço o que quiser com ele.
- Mas eu sou director da escola que frequentas!
- E o que é que isso tem a ver? – perguntou Karina. – Se eu quisesse oferecia uma casa a toda a gente.
-Também acho, lo dinero é da Karina! E ela non é como o senore qui quiere ganhar à força. La Karina é justa. Por isso deu Flechas de Fogo a tottos – defendeu Lena.
Karkaroff estava a ficar com tons estranhos de tanta raiva contida. Se tivesse sozinho com Karina, possivelmente estrangulava-a.
-Tu vais dar-nos Flechas de Fogo? – perguntaram Fred e George, aproximando-se de Karina por trás.
- Sim. Porquê? – inquiriu Karina.
- Obrigado! – agradeceram os dois, abraçando-a. – És a nossa nova Deusa, a nossa salvadora!
- Calma rapazes, estão a estrangular-me – murmurou Karina.
Contudo Karkaroff ainda não dissera tudo o que tinha dizer, e as suas próximas palavras causaram um terramoto geral.
- Então que fique claro, minha menina, que não jogarás na equipa de Quidditch! Não serás nem capitã, nem seeker! Tu assim o quiseste – gritou-lhe Karkaroff.
- Desculpe professor? – perguntou Karl, levantando-se também, e estremecendo a cada palavra que dizia. – O senhor não pode tirar a Karina da equipa.
- O senhor esteja calado ou perderá o lugar como keeper – ordenou Karkaroff.
- Karl, senta-te por favor – pediu Karina.
- Não sento. Se o professor me quiser tirar o lugar de keeper que tire – disse Karl, olhando o professor ferozmente, como se o desafiasse.
- E non é só a ele que tilalá o lugal, se a Kálina non jugal, eu non jogo e aplesento a minha demissão – informou Ching Lee, um aluno do sexto ano.
Depois de o chinês (ou japonês, ou tailandês…) ter dito isto, vários alunos de Durmstrang, tanto na mesa dos Hufflepuff como na dos Ravenclaw ameaçaram com a sua demissão Karkaroff, e até Leopold se levantou em sinal de protesto.
Dumbledore sorriu olhando em volta da sala e, não era o único, maior parte dos professores o faziam, até Snape.
- Está a ver professor Karkaroff, se a Karina não jogar Durmstrang com todas as certezas perde – disse Karl vitoriosamente.
Karkaroff ficou azul.
- O senore fez mui mal en tier dado Flechas de Foego a tottos os alunos de Durmstrang com lo dinero da Karina, pois saibam que essas Flechas de Foego que vocês têm foram compradas pela mia colega e io teno mui respeito por ela, non é totta la gente qui por mais rica que seja dê Flechas de Foego a totto lo mundo, sem ajuda de ninguém – declarou Helena.
Karkaroff ficou verde de raiva (N/A belo arco-iris que o homem deve ser!)
- Que assim seja. A Karina pode jogar, mas isto vai ficar no teu processo – avisou.
- E o que é que vai escrever no processo? – inquiriu Leopold sarcasticamente. – Que a Karina andou a oferecer Flechas de Fogo a todas as equipas que participaram no torneio para que a que ganhasse o fizesse por ser a que jogasse melhor?
- Cale-se Mr. Leopold, porque se eu quisesse fazia-o sair da equipa de Quidditch, e por si ninguém protestaria – disse Karkaroff sorrindo-lhe cinicamente.
Leopold corou até à raiz dos cabelos e sentou-se rapidamente.
- Vocês foram um máximo – Karina sorriu-lhes, agradecida.
- E as vassouras quando é que vêm? – perguntou George rapidamente, com os olhos a brilhar de ânsia.
- Devem chegar amanhã pelo correio – respondeu a polémica aluna de Durmstrang, enchendo uma torrada de manteiga.
- Para a semana há uma saída a Hogsmeade, queres vir connosco? – perguntou Fred, sentando-se ao seu lado.
- Eu acho que vou com a Lena, com o Petro e com o Karl – respondeu. – Desculpem lá, a sério.
- No problem – afirmou Fred, encolhendo os ombros. – Mas temos que te mostrar uma coisa, anda.
- Eu já venho – disse Karina para os amigos e seguiu os gémeos Weasley.
- O que é que aqueles andam a tramar? – inquiriu Ron pensativo. – Não me cheira a coisa boa.
- Nem a mim. Se é alguma coisa ilegal... – murmurou Hermione. – Não vou deixar que escapem impunes.
- Hermione, não sejas mazinha! – pediu Harry.
- Tenho que fazer justiça como prefeita que sou – declarou Hermione.
O Menino que Sobreviveu revirou os olhos e sorriu. Era tão bom estar com os amigos…
Mas é a esperança, é ela!
Acena-te e abre-te os braços.
Corres feliz para a bela
Que te abraça no regaço.
Oh! E sentes-te seguro,
As preocupações adormeceram.
Não durmas tu contudo,
Elas cedo te esperam.
N/A - Espero que tenham gostado xD Ah... este capítulo ainda não foi betado... bigada plos coments de todos!
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