A morte de Errol
Quem sabe o que é sofrer?
Quem conhece aquela lágrima
Do virar de cada página?
Quem chora o doer?
Choras tu, choro eu,
Chora o mundo,
Por aquele defunto
Que em dias morreu.
E o outro, não ri, não chora.
Que sabe ele do sentir?
Sei-o eu, sabe-lo tu definir
No segundo de cada hora.
Pois dói dentro, dor comedida,
Algures profundamente.
Compete, complexamente,
Ao êmbolo da vida.
Reapareceram segundos após a materialização em frente à casa da família Weasley, e parecia que Mrs. Weasley os esperava ansiosamente à porta de casa, pois mal apareceram, veio a correr buscar Harry.
- Obrigada Sirius. — Agradeceu Mrs. Weasley. — Vem Harry.
A mãe de Ron tinha um ar muitíssimo triste, e duas fundas olheiras rodeavam-lhe os olhos castanhos.
- Claro. — Concordou Harry. — Mas penso que o Sirius…
- Deixa estar Harry, eu posso falar com o Arthur noutra altura – murmurou Sirius olhando Mrs. Weasley atentamente, sentia que se passava alguma coisa, ainda não sabia era bem o quê.
- Então pronto… Até qualquer dia, depois hei-de mandar-te alguma carta – informou Harry.
- OK, vemo-nos por aí. — Retribuiu Sirius e materializou-se para um lugar incerto.
Harry seguiu a mãe de Ron por um caminho mal tratado que as ervas daninhas faziam questão de tentar conquistar a força. Mrs. Weasley caminhava meia vergada, como se transportasse um enorme peso sobre as costas.
Quando entrou na pouco arquitectónica casa dos Weasley, Harry se deparou com um cenário que realçava o estado de espírito de Mrs. Weasley: todos sentados à mesa, fazendo com que a melancolia pairasse no ar. Aí estava algo mais deprimente que a casa do professor Lupin. De Mr. Weasley, o mais velho, a Ginny, a mais nova, todos se encontravam lá, exceptuando Charlie, Bill e Percy que possivelmente estariam a trabalhar.
- Bom dia. — Cumprimentou a medo.
- Olá. — Disseram todos em tom baixo de tristeza, mas, apesar disso, audível.
Harry dirigiu-se para a mesa carcomida pelo tempo e pela humidade e sentou-se ao lado de Ron. Não percebia o que se passava, nem a pouca atenção que lhe dirigiam, o que o deixava intrigado. Todos assim tão tristes… teria alguma coisa acontecido? Teria morrido alguém? Não se manifestavam, só estavam ali sentados à mesa de braços cruzados, a olhar para o nada infinito que o ar deixava escapar da sua essência, perdidos nos seus pensamentos.
- O que se passa? — Perguntou Harry a Ron em voz baixa cerca de 30 minutos depois de se ter sentado, o que foi uma espera surpreendente por parte de alguém que estava ruído de curiosidade.
- Eu explico-te lá em cima, anda. — Disse o amigo levantando-se lentamente.
Harry seguiu Ron até ao seu quarto por umas escadas íngremes de madeira velha, que chiava a cada passo. Ao chegar lá deixou-se cair para cima da cama com um ar fatigado. Era um quarto pequeno e em tons de laranja, combinando com a equipa de Quidditch de Ron: os Chudley Cannons.
- Então, o que se passa? — Repetiu Harry já irritado.
- Foi a Errol. — Respondeu Ron.
- O quê?! O que foi que ela fez? Entregou uma carta à pessoa errada? Foi? — Riu-se Harry. – Esses ares decadentes, por causa de uma coruja atarantada?
- Se fosse isso tudo bem, mas não. Ela… morreu. — Murmurou Ron melancolicamente não fitando o amigo.
- Mo…mo…morreu? — Perguntou Harry como se não acreditasse muito nas palavras de Ron, apesar de saber que era bem possível, pois Errol já era uma ave muito antiga, pelo que sabia.
- Sim, isso mesmo. — Afirmou Ron. — E a Pig é a que’ tá a sofrer mais, nem quer comer. — Disse Ron tristemente, e, para surpresa de Harry, quase a chorar. Nunca tinha visto o amigo tão mal.
- Tenho imensa pena. — sussurrou Harry ao amigo. — E a Hermes?
- Essa...— Disse Ron começando a falar altíssimo, tal era o seu estado nervoso. — Está felicíssima! Ela odiava a Errol! Com aquele ar pomposo típico do dono… Se eu lhe meto as mãos em cima... degolo-a!
- Calma, Ron! — Pediu Harry assustado, mas controlando-se ao máximo para não dizer coisas do género de “era só uma coruja”.
- Eu estou calmo, eu estou super calmo, eu estou calmíssimo. — Murmurou Ron. — Se visses... Quando a Errol levava uma carta, a Hermes começava numa piadeira que metia nervos, dava vontade de lhe mandar um tijolo à cabeça! E só se calava quando o Percy lhe dava uma carta para entregar a alguém. Invejosa. De certeza que ela envenenou a Errol.
- Ron...
- Se calhar ela vai tentar envenenar a Pig! — Murmurou Ron abrindo imenso os olhos com ar de quem está em estado de choque.
- Ron, por amor de Deus! — pediu Harry.
- O que foi? — Quis saber o amigo de olhos vermelhos.
- Estás a divagar! Uma coruja nunca faria isso. Estás a fazer com que pareça pior que o Voldemort! – Ron estremeceu à menção do nome do Senhor das Trevas. – Vamos esquecer este assunto por uns tempos e…
- Isso é impossível!
- Oh! Cala-te e deixa-me falar, tenho uma coisa para te dizer, e acho que vais gostar da notícia.
- Nada me vai animar nos próximos anos – murmurou Ron decadentemente.
- O professor Lupin vai voltar a dar aulas em Hogwarts – anunciou Harry, ignorando o comentário do amigo.
- Estás a brincar comigo? — Inquiriu Ron, e de repente pareceu esquecer qualquer história que tivesse a ver com corujas assassinas e assassinadas.
- Nem por sombras. — Respondeu Harry sorrindo.
- Eu não acredito… que bacana! — Disse Ron alegremente.
- Eu nem quis acreditar quando o professor Lupin me disse. — Informou Harry sentando-se na cama ao lado do amigo, que tinha uma colcha dos Chudley Cannons.
- Tu estiveste a falar com o professor Lupin? Quando? — Perguntou Ron curioso.
- Hoje mesmo, o Sirius antes de me trazer teve que passar por casa do professor Lupin. — Informou Harry. – Tenho a impressão que está a viver em casa dele.
- E os homens do ministério não o detectam?
- Parece que não… pelo menos ele foi me buscar a casa dos Dursley, levou-me à casa do Lupin, trouxe-me aqui… enfim… mas devias ver a casa do professor, era, como o Sirius disse, “bizarra”. Dava arrepios.
- Tipo a cabana dos gritos? – inquiriu Ron impressionado.
- Não! Isso também já era muito exagerado. Mas é antiga, muito antiga…
- E isso mete arrepios? – Ron revirou os olhos. – A minha casa também é velha.
- Sabes o que a Hermione te diria se estivesse aqui? “Velho” não é o mesmo que “antigo”. “Antigo” dá um ar senhorial e grandioso, e “velho” é mais do tipo de “cair aos bocados”.
- A minha casa não está a cair aos bocados... e por falar na Hermione, temos que dizer-lhe. Vou buscar um pergaminho para lhe escrever. — Disse Ron.
- Um pergaminho, mas ela não vem cá a tua casa passar férias? — Perguntou Harry, franzindo as sobrancelhas, era o que normalmente acontecia, Hermione ia também para casa dos Weasley. Harry só ainda não percebera como a família Weasley conseguia sustentar tanta gente, tão pobre como era.
- Claro que vem, mas é só para a semana, e eu não perco uma hipótese para demonstrar que sei mais que ela. — Riu-se Ron, como se fosse óbvio.
- Mas isto não é uma questão de inteligência Ron, é uma questão de informação, se eu lhe tivesse contado primeiro, ela saberia antes de ti. — Fez ver Harry.
- Vai dar tudo ao mesmo. — Disse Ron encolhendo os ombros.
- Mas, pensando bem, porquê que não lhe dizemos pessoalmente?
- Talvez porque não sabemos qual a morada dela? — Inquiriu Ron sarcasticamente.
- Mas não precisamos, porque o Sirius me deu isto. — Disse Harry mostrando-lhe o botão de transporte que o padrinho lhe dera.
- Com uma peúga (meia) velha, rota e mal-cheirosa? — Inquiriu Ron.
- Também pensei isso ao princípio, mas não é. Isto é um botão de transporte. — Explicou Harry. — Uma inovação, pensas em algo e instantaneamente apareces lá.
- Deve ter sido caríssimo! Só a mim é que ninguém me dá prendas dessas. — Comentou Ron rabugento.
- Vamos com o botão de transporte ou não? — Quis saber Harry.
- Claro que sim! — Exclamou Ron mudando o seu estado de espírito de tristeza para entusiasmado.
Tocaram os dois na meia esburacada e desapareceram.
Mas o Passado passa,
E em si o Presente recebe
Aquela bela prece
Da esperança chegada.
É um dia, uma alegria,
É a vida já não dorida,
Que de braços abertos, agradecida,
Acolhe enigmática magia.
A chama de Prometeu,
Essa dádiva celestial!
O começo e não o final
Do ansioso Futuro meu!
Meu, teu e de todos!
Vem, fica e recomeça!
A mais teatral peça,
No eixo dos sonhos.
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Autora: Bem, obrigada por todos os coments! e espero que gostem deste capitulo, apesar d ter as minhas dúvidas... eu ri-me enquanto o escrevia por tão "sem sentido" que ele é... mas enfim... estava cansada de ouvir dizer que a coruja já estava quase a morrer... pois bem, matei-a muahahah!!
Vá, não se assustem com esta demonstração de crueldade, a culpa não é minha... por isso podem deixar os vossos amáveis comentários =D
bjx****
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