Sirius
Cerra-se a luz em escuro,
A tristeza é serena,
E sussurra-se um leve murmúrio
Do deslizar de uma pena.
Coberto dorme em véus,
Descansa da vida,
Recolhe da estrela os céus
Que da noite colheria
Se do nada sorrisse,
Se do tudo chorasse,
Se sonâmbulo abrisse
Os olhos e tocasse
No dourado do seixo,
No brilho do baço.
Mas dorme no leito
Do leve abraço.
Como é óbvio, a quilómetros de distância do local da reunião de devoradores da morte entre o seu mestre, encontrava-se Harry Potter, o menino que sobreviveu. Nesse preciso momento não sabia de nada do que estava a acontecer e dormia descansadamente sonhando, talvez, com o impossível que o sonho transporta. A sua cicatriz não o atormentara uma única vez desde que saíra de Hogwarts, o que parece quase impossível, como os sonhos de Harry, levando-o a pensar que talvez tudo seja possível. Harry não fazia a mínima ideia do porquê de tal facto, mas havia-o mencionado ao seu padrinho que provavelmente o comunicara a Dumbledore, não que a ideia lhe agradasse muito. Não queria mostrar uma excessiva preocupação por um pormenor que possivelmente pouca importância tinha.
O rapaz foi acordado repentinamente por vários «tic» e vários «tac» provindos da sua pequena janela que o ajudava a comunicar com o mundo. É verdade que saía de casa (desde o final do seu terceiro ano que os Dursleys andavam mais simpáticos, se se puder usar essa palavra com seres tão desprezíveis que possivelmente a mancham como uma nódoa de óleo que dificilmente se consegue retirar), mas raramente o fazia, pois vários eram os vizinhos que lhe lançavam um olhar deveras assustador. Harry preferia nem imaginar o que os Dursleys teriam andado a dizer sobre si. Nada de bom com certeza.
Harry olhou pelo baço vidro da janela e vislumbrou seis corujas que batiam insistentemente no vidro. Foi abri-la e deixou-as entrar e acomodarem-se sobre a sua pequena secretária.
Dirigiu-se à primeira que era, nem mais nem menos, que Pigwidgeon, conhecida por Pig, a pequena coruja do seu melhor amigo. Esta esticou-lhe prontamente a pata onde havia uma carta preza e pegou num embrulho que esta deixara cair sem muita preocupação. Pelo que parecia, o tal embrulho era de Ron (como já previra), a letra em que estava escrito dizia-lho isso como se falasse. A carta dizia o seguinte:
"Harry
Feliz Aniversário!…"
Ele nem sequer se tinha lembrado que fazia anos, com tanto que tinha para pensar, todos os incidentes do Torneio dos Três Feiticeiros... um desastre…
"… espero que estejas bem e que gostes do presente."
Harry abriu a prenda e ficou a olhar abismado. Era um livro cujo título era “Gárgolas galopantes” e era enorme! Aquilo não era mesmo típico do Ron. Trazia um bilhete anexado:
"Eu sei que parece estranho… mas a Hermione obrigou-mo a ler e sinceramente… Não achei muito mau, até é interessante e muito cómico! Ah sim, também é muito útil, tem uns feitiços espectaculares que ainda não pude experimentar mas que o hei-de fazer! E espero que o utilizes sabiamente (que horror! Já pareço a Hermione a falar!).
Bem, vê-mo-nos por aí e não digo mais nada, talvez alguém diga XD
Ron
P.S. Acho que vais gostar bastante da carta do Sirius."
- Interessante! – exclamou Harry espantado.
Tirou a carta da pata da coruja seguinte, era da sua amiga Hermione Granger. Mas desta vez abriu primeiro o presente.
Quando o viu, a primeira coisa que lhe ocorreu foi que o presente era uma snitch. Tinha todo o aspecto disso! Uma bolinha pequena e dourada, com duas asas prateadas e muito sensíveis.
"Querido Harry
Muitos parabéns, espero que gostes da snitch que te enviei.
Se não reparaste, ou não leste as instruções que vinham dentro do embrulho..."
Definitivamente Harry não os vira.
"…não é uma snitch verdadeira, mas um botão de transporte hiper funcional, com imensas utilizações. Basta pensares no local onde queres aparecer que isso instantaneamente te faz aparecer lá. É uma espécie de materialização. Muito útil, mas não lhe segures por muito tempo, podes aparecer em algum local inesperado e podes não gostar da experiência.
Beijos da tua sempre amiga
Hermione"
Harry seguiu o concelho de Hermione e pousou a pequena “snitch botão de transporte” em cima da cama. De seguida abriu o presente de Hagrid, que era, e para grande infelicidade de Harry, um espelho dos inimigos, igual ao do Moody “falso”. A carta era muito pequena:
"Caro Harry
Muitos parabéns. O espelho dos inimigos que te enviei é uma maneira de ‘tares mais protegido.
Espero que gostes.
Hagrid"
Aquilo trazia-lhe muitas más recordações.
Depois abriu o presente de Mrs. Weasley, que era um bolo e algumas tartes. Não trazia carta alguma, a do Ron bastava para dar os parabéns pela família inteira, que não era pequena. Só achou um facto estranho: Errol, a antiga coruja da família Weasley, não tinha aparecido. Possivelmente a tarefa de levar um presente a Harry já seria árdua em demasia para aquela debilitada ave.
O presente de Sirius era… uma meia suja e rasgada, e, por um breve momento o que Harry pensou ser, um crachá da B.A.B.E. Mas não, este tinha um botão no centro.
A carta de Sirius era assim:
"Harry
Feliz Aniversário!
Espero que gostes dos presentes e que os saibas utilizar. A meia é um botão de transporte recente…"
Parece que toda a gente pensara em oferecer a Harry botões de transporte.
"… pensas para onde queres ir e ele faz como os outros. A outra, podes andar com ela no bolso, ou coisa assim. Carregas no botão e ele faz um escudo protector à tua volta experimentei-o e é… enfim, útil! Pode ajudar-te em alguma ocasião de perigo.
Espero que os Dursleys te estejam a tratar bem.
Um abraço do teu padrinho:
Sirius Black
P.S. Harry amanhã vou-te buscar aos Dursleys para ires para casa do Ron, quer os Dursleys queiram, quer não."
Na face de Harry espelhou-se um sorriso enorme da mais pura e essencial alegria. Sirius iria lá buscá-lo! Mas, ao mesmo tempo… não seria muito arriscado? Harry preferia nem pensar nisso, o que está feito, está feito e convencer Sirius do contrário seria impossível. Teimoso e insistente como ele era, viria ainda nessa noite.
Só faltava a carta de Hogwarts com os livros para o seu quinto ano.
Resta-lhe esperar cansado
Ouvir o que diz
O desejo desejado
De ser alegre ou feliz.
Ver o sensível deslizar
De um sonho efémero,
Ver o frágil desabrochar
De um amor eterno.
E acordar adormecido
Na esperança do renascer,
Esse sonho destemido
Da estrela do amanhecer.
No dia seguinte, Harry levantou-se mais cedo, pois a ansiedade de ver o padrinho não o deixara dormir sossegado. Pensou que seria melhor ir dizer ao tio Vernon do Sirius ou iria haver confusão e das grandes.
Na mesa, ao pequeno-almoço, Harry decidiu ter essa conversa com o tio Vernon. Arriscar-se ia a levar com a comida em cima se lhe desse algum ataque de fúria, mas era um risco a correr por uma boa causa.
- Tio, posso falar consigo na sala? – Perguntou Harry.
- Sobre quê? – Rosnou o tio Vernon.
- O meu padrinho. – Respondeu Harry firmemente.
- O teu quê?! Mas porquê? Qual é a tua ideia fedelho? – Perguntou o tio Vernon tentando mostrar-se calmo, mas era óbvio o seu medo.
- Podemos falar ou não? – Voltou a repetir o sobrinho friamente.
- Muito bem, vamos para a sala – Decidiu o tio com pouca vontade.
Encaminharam-se para a sala e sentaram-se cada um na sua cadeira tensamente. Era um local arrumado e extremamente limpo. A sua tia fazia por isso e qualquer grão de pó era uma calamidade.
- É assim… - Começou Harry respirando fundo. – O meu padrinho vem cá buscar-me hoje. – Disse, o mais depressa possível para amenizar a reacção do tio.
- O teu padrinho vem cá buscar-te?! - vociferou o tio Vernon levantando-se da cadeira e fulminando-o com o olhar. Tentativa de amenização falhada.
- Sim, para me levar para a casa do Ron, um amigo meu. – Respondeu-lhe Harry.
- Vais pôr um assassino dentro da minha casa? Queres matar-nos a todos, não é?!?! – Gritou o tio Vernon tremendo bastante.
- Ele vem quer o senhor queira ou não e não vale a pena chamar a policia ele é um feiticeiro… - disse, quando viu o tio a pegar no telefone.
O tio passou de vermelho a arroxeado, com ar de quem vai rebentar. Harry pensou que seria melhor voltar para o seu quarto, não queria aborrece-lo mais.
Algumas horas depois do almoço ouviu-se a campainha a tocar e Harry desceu as escadas a correr, saltando os degraus de três em três. A tia Petúnia foi abrir. Era um cão preto enorme que fizera questão de entrar, enquanto a tia se afastava com medo.
- Sirius! – Exclamou Harry feliz ao avistar o cão preto.
- O teu padrinho é um cão?! – Perguntou o tio Vernon que também tinha aparecido à porta e olhava para o cão petrificado.
- Não, não é. – Respondeu Harry friamente.
O cão penetrou dentro da casa até à sala e Dudley, que estava sentado na cadeira, correu para o quarto ao avistar o cão.
Quando todos lá chegaram, o cão tinha desaparecido. No seu lugar encontrava-se um homem de pé. Era alto e elegante, cabelo negro pelos ombros e olhos azuis que irradiavam uma experiência de vida notável.
- Leve o Harry e vá-se embora imediatamente. – Ordenou o tio Vernon aflito, enquanto olhava para todos os lados.
- Não seja por isso Dursley. Harry…?
- Vou só buscar as minhas malas. – Disse o afilhado subindo as escadas a correr.
- Vamos com a tua meia, para ser mais rápido! – Gritou Sirius, para avisar Harry.
- Importa-se, de não gritar?! — Rosnou o tio Vernon incomodado.
- Peço imensa desculpa! – observou Sirius sarcasticamente, a ver se irritava o tio Vernon ainda mais. – É mais forte que eu. Hábitos de Azkaban. Tínhamos que gritar aos guardas, eram meios surdos.
O tio Vernon empalideceu ao ouvir o nome do lugar onde Sirius tinha estado preso.
- Já aqui estou! — Informou Harry. — Vamos?
Trazia o malão numa mão e na outra a gaiola de Hedwig vazia, possivelmente encontrar-se-iam em casa dos Weasley.
- Sim, claro. Quando mais depressa melhor.
- Não encontrará ninguém que mais concorde consigo que eu – murmurou Vernon olhando-o de lado com um aspecto indisposto.
-- Adeus! — Despediu-se Harry felicíssimo, com a meia na mão.
Mas repentinamente, Sirius tirou-lha.
- O que…
- Temos que passar por casa do Lupin primeiro. – Disse Sirius prontamente, como se soubesse que Harry lho ia perguntar.
- Ah, tudo bem. Mas porquê? – Perguntou Harry interessado.
- Preciso de ir lá buscar uma coisa muito importante. – Disse Sirius num tom de voz que dizia a Harry que era melhor ficar por ali.
Tocaram ambos na meia e desapareceram para grande alívio dos Dursleys. Não sabia Harry que Sirius lhes deixara um pequeno presente provindo dos gémeos Weasley: bombinhas de estrume com cheiro ultra-durador.
Ir-se na ida
Na leve passagem do ar,
Ao condensar-se em brisa,
No seu subtil soar.
Doce mistério encantado,
Como é belo sonhar!
Dormir acordado
Num abstracto embalar
Por mãos amadas
Em beijos suaves.
Memórias conquistadas
Respirados milagres!
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Autora: Bem... espero que tenham gostado como eu gostei, ou seja: MUITO!!! XD Apesar de eu ter a minhas dúvidas...
Comentem e dêem nota please! não se esqueçam que em parte a fic é para vocês! (e depois, como já disse, a minha vida depende disso, sejam caridosos rsrsrs)
bjx***
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