Epílogo: Ausência



Muitos anos se passariam até que Harry pudesse abraçar Hermione novamente.
Antes, ele nunca tinha pensado nela daquela forma. Um carinho. Uma necessidade. Um desejo mascarado de cuidado... Uma série de sentimentos que ele não sabia definir. Que ele não sabia nomear.
Depois daquele maldito dia, as coisas mudaram. Ele agora sabia exatamente o que sentia. E aquilo o martirizava dia-após-dia...

A ausência dela trouxe mais do que tristezas à vida dele. Trouxe um sem fim de dúvidas, incertezas e divagações.
No começo, apenas a saudade. Saudade do sorriso doce, do jeito mandão e responsável, do olhar...
Saudade do cheiro, de encontrar fios de cabelo castanhos em seus próprios cachecóis. Saudade de sempre a ver carregando uma infinidade de livros e mais livros.
Saudade dela.

Mas a saudade é apenas uma dor. E mesmo que seja uma das mais profundas dores que um ser humano pode carregar durante a vida, como todas as dores, um dia ela cicatriza. O que, de modo algum, a faz extinguisse. Ela apenas adormece. E volta a sangrar quando menos se espera.

A dele não era diferente. Alguns dias ele conseguia sorrir e transformar a presença dela em apenas uma lembrança. Alguns dias ele conseguia não lembrar. Não se culpar. Mas o que o matava, lentamente, a cada dia... eram as dúvidas. Os vários “Se...” que tinham preenchido os pensamentos dele desde que ela partira.

Se os beijos dela seriam mais doces do que os da garota que ele estava namorando.
Se ela gostaria da roupa que ele usara no dia da Formatura do Curso de Auror.
Se ela teria a pele tão suave quanto ele imaginava.
Se... o amor deles teria continuado tão forte e imutável durante todos aqueles anos.

Era o não saber que o matava. Era o não saber que tirava a luz até mesmo dos dias mais brilhantes de sol...

Às vezes ele conversava com ela. Quando estava triste ou mesmo quando estava feliz e queria que ela compartilhasse daquele momento com ele.
Ele quase podia ouvi-la sorrindo...
Ele quase desistia de tudo.
Mas por mais que lhe apetecesse a idéia de abandonar o barco, sabia que não podia fazer isso. Sacrifícios demais haviam sido feitos para que ele continuasse a existir. Desistir agora seria covardia. Egoísmo.
E ele pensava já ter sido suficientemente egoísta por toda sua vida.

Ele tinha que continuar. Por eles. Por ela.
Anos se passaram.
Ele se apaixonou outras vezes. Casou-se. Teve filhos. Mas nunca deixou de ir visitar o túmulo dela. Nunca deixou de se perguntar... “Como seria se...”. Ele nunca deixou de sofrer. O vazio persistia. E Persistiria, ele sabia, para todo o sempre.








Aos 71 anos de idade, Ronald Weasley caminhava pelas lápides do cemitério de Hogsmade. A cerimônia de velório havia acabado a pouco e ele ainda tinha lágrimas nos olhos. Seus pés, outrora firmes, necessitavam agora do apoio de uma bengala para mantê-lo de pé. Rony estava triste. Rony estava sozinho.

Harry tinha partido no dia anterior.
Seu amigo. Seu companheiro de toda uma vida.

Ao olhar para o céu daquela noite de setembro, no entanto, apenas uma fina lágrima caiu de seus olhos, fazendo caminho pelas rugas de seu rosto e se perdendo em meio ao seu estranho sorriso. Sentiu uma mão frágil tocar em seu ombro e não precisou se virar pra saber quem era. Luna, sua esposa.

-Está tudo bem? Você está sorrindo, querido?

Rony ainda sorria um pouco quando se virou para a figura agora idosa da antiga garota de cabelos loiros e olhos azuis.
-Eles se encontraram, Lu. Enfim.

Levantando seus olhos até as estrelas e logo após dando um pequeno sorriso em consentimento, Luna guiou o marido para fora do cemitério.

No céu, duas estrelas cadentes riscavam o manto negro-azulado.
Ele e Ela. Ela e Ele.
Juntos. Na plenitude. Por fim.





“Se alguma vez teu peito se detém,
se algo deixa de andar ardendo por tuas veias,
se tua voz em tua boca se vai sem palavra,
se tuas mãos se esquecem de voar e dormem,

Matilde, amor, deixa teus lábios entreabertos
porque esse último beijo deve durar comigo,
deve ficar imóvel para sempre em tua boca
para que assim também me acompanhe em minha morte.

Morrerei beijando tua louca boca fria,
abraçando o cacho perdido de teu corpo,
e buscando a luz de teus olhos fechados.

E assim quando a terra receber nosso abraço
iremos confundidos numa única morte
a viver para sempre de um beijo a eternidade.”


Soneto XCIII do Livro Cem Sonetos de Amor, do poeta chileno Pablo Neruda.







N/A: Acabou! =(
Sei que muitos de vocês queriam um final feliz, mas esse foi o final mais feliz que eu pude pensar pra uma situação dessas. Harry amava Hermione. Hermione amava Harry. Mas as coisas nem sempre saem como a gente pensa (e quer!), e a história deles era assim. A saudade é uma das piores coisas que existe, mas a dor de nunca ter amado é ainda pior. Pra mim, Harry e Hermione foram felizes. Eles tiveram, mesmo que por poucos segundos, a certeza do amor um do outro... e aquilo foi o suficiente pra Harry suportar o resto da vida dele sem ela. A maioria das pessoas passa pela vida sem nunca sentir algo nem semelhante...

Enfim, espero que todos tenham gostado! Comentem, ok?! Não me abandonem, senão não escrevo mais! Hehehehehe
Bjus, Poly_fi

P.s:1: essa fic ia ter só um capitulo, mas me empolguei tanto que fiz até um epílogo, né? hehehhe
p.s2: to tentando parar de escrever dramas. Uma comédia-romântica pode vir por ai...
p.s3: essa n/a ta quase maior que a fic! Hahaha
p.4: desculpem a demora. Tinha prometido pra semana passada, mas minha vida foi uma loucura esses últimos dias. trabalho, concursos...aff!
p.s5: COMENTEM!

bjuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuussssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss

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