Nada é ao Acaso




CAP. 15_Nada é ao acaso




Já eram quase 10:30 horas e Harry ainda nem sequer havia levantado da cama. Apesar de não ter dormido muito tarde ainda estava lá, deitado, revirando de um lado para outro a algum tempo. Resolveu então levantar pois suas costas já estavam doloridas de tanto ficar deitado. Se espreguiçou um pouco e foi tomar uma ducha.
Hermione também estava quase na mesma situação. Acordou, ficou um bom tempo deitada na cama rolando enquanto ele estava na ducha.

_Até parece um sonho. - Harry disse pra si mesmo saindo do banheiro.

_ Um sonho? Do que está falando? - ela perguntou.

_De nós. Pouco mais de um mês atrás nunca imaginei que voltaria a acordar de manhã e te encontrar ao meu lado na cama.

_Nem eu. – disse após um longo suspiro.

_Bom...se levanta logo. – disse puxando os lençóis.

_Porque? – protestou cobrindo-se novamente.

_Porque vamos ao cinema.

_Cine...O que é isso? – perguntou ao ouvir um barulho vindo do exterior do quarto.

_O quê?

_Não está ouvindo nenhum barulho. – Harry calou-se tentando ver se escutava algo.

_Tem alguma porta que está abrindo e fechando. - ela disse prontamente levantando-se.

_Será do vento?
Ambos abriram a porta semi aberta do quarto e depararam com Lily no meio do corredor. Na mão direita segurava a varinha de Harry.

_Lily o que está fazendo com isso nas mãos?

_Eu...estava experimentando uma coisa. – falou em tom baixo fugindo do olhar de indignação de Hermione.

_Não devia estar brincando com isso. – falou passando a frente de Harry e preparando-se pra pegar a varinha, mas este segurou-a no braço.

_Calma, Hermione. - aconselhou Harry.

_Calma? Como posso ter calma, você sabe que é proibida a prática de magia aos menores.

_Mas a varinha é minha e por isso não tem problema.

_Exactamente, a varinha é sua, o que significa que você devia tê-la guardado em algum local seguro.

_Debaixo da almofada serviria? - perguntou em tom irónico.

_Não faça gracinhas com coisas sérias.

_Eu aprendi a fazer um feitiço querem ver? – a menina perguntou estusiasticamente.

_Claro que sim! -exclamou Harry ao mesmo tempo que Hermione respondia um forte ‘não’.

Hermione espingardeou Harry com o olhar enquanto balança a cabeça negativamente.

_Prontos? – Lily perguntou posicionando a frente da porta do seu quarto que se encontrava fechado, pronunciou. – Alohomora!
Ouviu-se um ruído e pouco depois a porta abriu-se. _Viram? - perguntou virando-se pra os pais num largo sorriso.

_Não me admira, Hermione era a melhor aluna da nossa sala em Feitiços. E quando você também for pra Hogwarts com certeza que será das melhores. - o moreno disse orgulhoso.

_Eu vou mesmo pra lá? Sério?
A menina inquiriu olhando pra Hermione que ainda estava perplexa tentando perceber como ela havia conseguido aquilo.

_Claro que vai, daqui a uns aninhos. - o moreno esclareceu.

_Então você não se importa que eu vá treinando com a sua varinha?

_Não, aliais vou-te ensinar alguns feitiços básicos como...

_Harry? - chamou Hermione.

_Hum...-falou descontente tentando antever o que veria pelo tom com que ela havia pronunciado o nome dele.

_Ela só tem sete anos...

_Quase oito. – corrigiu Lily.

_E então? - perguntou ele.

_E então que eu acho que ela não deva ser incentivada tão cedo pra ‘esse lado’.

_Relaxa, Hermione. Ela não vai estar comentando isso por aí, pois não querida? - a menina fez um sinal negativo.- Pronto, não vejo mal algum em ela aprender umas coisinhas. -perguntou virando e fitando Hermione.

_Umas coisinhas? São feitiços, Harry!

_Meu Mérlim, é impressionante como você consegue enxergar sempre em primeiro lugar o lado mais aborrecido das coisas.

_Pois, mas há que o fazer de vez em quando. Onde aprendeu a fazer isso, Lily? - questionou.

_Aham...eu li nuns livros que estavam no sótão e aí tentei pra ver se funcionavam mesmo.

_Ótimo! - Harry disse sobre o olhar luterano de Hermione. _Que tal irmos ao cinema agora?

_Eu posso ir pra a casa de Fred e George? Fiquei de pegar uns livros pra aprender a fazer outros feitiços. Posso levar a sua varinha, papai? – pediu à Harry.

_Óbvio, desde que ela volte inteira. - consentiu pra a alegra da filha.

_Eu sabia! - bradou Hermione repentinamente. - Eles estão te incitando a fazer feitiços em casa?

_Ao menos irá ler, Hermione. Só saber que ela vai estar interagida com livros não te deixa contente?

_Interagida com livros de Feitiço, não sabemos até a que ponto isso pode perturbá-la mentalmente.

_Nossa...

_Pra não falar que Fred e George não são propriamente o tipo de exemplo que uma criança deva seguir.

_Eles só estão a...

_A ensiná-la a quebrar regras. - interrompeu ela.

_Eu diria algo mais como, ‘descobrir a magia’, mas tudo bem. E concordo que eles por vezes exageram um pouco.

_Um pouco? Eles foram expulsos no quinto ano, Harry?

_Aff...não me vai dizer que a Umbridge não mereceu.

_Sim. Ok, mereceu... – concluiu por fim.

_Então pronto, vamos esquecer o assunto e vamos nos arranjar.

_Tudo bem, mas não pense que concordei plenamente com isso.

**
_Ok. Diga! - Draco disse pra Gina quando ela entrou no apartamento.

_Bem...-fez uma pausa lançando um olhar analisador sobre o apartamento como se tratasse da sua primeira ida lá.

_ Não quer se sentar? - sugeriu o loiro simpaticamente.

_Não, não vim pra demorar.

_E...?

_E o quê? - perguntou ela prestando atenção só então no que ele havia afirmado e no próprio Draco.

_Ora...Gina. No celular você parecia estar aflita e disse que tinha algo urgente pra falar comigo.

_Aham...claro. É um assunto bastante sério e de uma certa forma chato pra ser falado com uma pessoa como você.

_Como assim, ‘uma pessoa como eu’?

_Esquece...

_Hum...não me diga que não há nenhum padre em Londres disposto a escutar as suas confissões. – ele insinuou passando a mão pela barba rasa.

_Não, não há, por isso mesmo decidi me confessar a pessoa mais idiota que conheço e que por acaso esse idiota é o pai do meu filho. – retruquiu sarcasticamente.

Draco engoliu em seco e olhou horrorizado pra a ruiva. Sentiu as pernas fraquejarem o que o levou a sentar-se no sofá. Recompôs-se esperando que ela dissesse: ‘Pronto, Draco, estou brincando, não precisa ficar assim’, mas não aconteceu.
Havia escutado bem ela? Ele seria o quê?
Draco começou a rir e cada segundo que passava isso contribuía pra o aumento da irritação de Gina. Gargalhando, Draco caminhou até uma mesinha no canto da sala onde serviu um copo de uísque.

_Eu... eu sou o quê? - perguntou entre risos.

_Pra além do mesmo imbecil do costume, é o pai do meu filho. – disse naturalmente e com mais calma pra que ele captasse as palavras.

_Ok...você é diferente Gina.

_Diferente? Como assim diferente? Diferente do quê? -inquiriu levantando uma sobrancelha.

_Diferente.- parou pra tomar um gole de seu copo. - Simplesmente diferente de tudo o que eu já vi.

_Aff...não me está levando a sério?

_Claro, claro que estou. Confesso que fiz umas pequenas maldades pra você, algumas brincadeiras e tal...mas, poxa, inventar que está grávida de mim...foi original, eu estava quase acredito em ti. Nossa...você é louca, mas uma louca original.

_Obrigada pelo ‘elogio’, eu não estou brincando Draco. - a ruiva disse tentando manter a serenidade. Ambos se fitaram durante um tempo até ele decidir cortar o silêncio:

_Ah Gina, não está esperando que eu caía nessa né?

_Uff...como queira. Nem sei porque me dei ao trabalho de te informar.

_Porque você pensa que eu ...

_Não você é realmente. – cortou ela. -E eu só te contei porque achei que essa nova fase poderia te fazer sentir menos supérfluo e imbecil.

_Eu não me sinto supérfluo e muito menos imbecil.

_Como queira. Quando decidir parar com essas brincadeiras infantis me liga, talvez eu ainda esteja disponível a te deixar fazer parte de alguma coisa.

**

Depois do cinema, saíram limpando o canto dos olhos de tantas gargalhadas que davam.

_Parecemos crianças Hermione...

_Aham. Podemos completar comendo no McDonald’s. Que tal? - ele sugeriu.

_Está bem. Vamos.

_Faça o seu pedido. – pediu o funcionário.

_Quero um número 1. – disse ele.

_Pra mim pode ser o número 4. E em vez do refrigerante suco de maça.
Os dois pagaram e foram para uma mesa.

_Que “light” você é. Suco em vez de refrigerante.

_Não gosto muito de refrigerante, me estufa. E depois não conseguirei comer todo o almoço.

O moreno pegou seu hambúrguer, segurou com o guardanapo e deu uma mordida. Nisso, todo o molho dele, saiu para fora, melecando sua mão. Ele limpou-se.

_Harry, você parece uma criança que está aprendendo a comer agora. – ela deu um sorriso. – Tem molho no seu rosto. – ela pegou um guardanapo e limpou.

_Obrigada. Mas não é só eu. Você também por vezes acorda de manhã pra assistir desenho animado... – ele deu uma risada.

_Hum...Mas você também não se importa, tanto que fica do meu lado e da Lily a frente da tv. – disparou.

_Eu só assisto pra não se sentirem sozinhas. E deviam era agradecer a minha adorável companhia.

_Sei...Nunca pensei que nessa idade ainda assistiria a desenhos, ainda mais com um homem presunçoso do meu lado. – ao ouvir isso Harry deu uma gargalhada.

_Pois é...
Nesse dia, os dois se divertiram bastante. Depois de comerem, ainda foram a um parque caminhar. Ao ver o parquinho, onde se estavam a dar as mudanças temporais típicas do início de Outono, Hermione não resistiu e foi direto para o baloiço. Ele foi atrás. Tiraram os sapatos sentido a aragem e caminharam na grama verde. Sentaram-se e balançaram.

Do nada, Harry levantou-se, e fez com que Hermione caísse no chão, nisso os dois começaram a correr, como crianças pequenas, dando muita risada e com muita alegria a mistura. O vento soprava forte dando vida aos cabelos castanhos e negros. Nesse dia, eles não eram aurores, não eram adultos, eram apenas duas pessoas brincando, esquecendo todos os momentos áridos do passado.

**


_ ‘Quando decidir parar com essas brincadeiras infantis me liga, talvez eu ainda esteja disponível a te deixar fazer parte de alguma coisa.’ Foi a última coisa que lhe disse. Você tinha de ter visto a cara que ele fez. Ficou pálido, tremeu, fez aquele olhar de incredulidade, levou a mão ao peito, acho que até as pernas fraquejaram e ainda deu umas gargalhadas. - Gina contou à Hermione com certa perversidade na voz.

_Por vezes até eu me assusto com as coisas que você é capaz de fazer. Isto é tão errado e eu estou contribuindo pra que o seja cada vez mais. – lamentou a morena.

_Qual errado Hermione? Vai dar tudo certo. Ele irá ver. Quem pensa que é pra me trocar em menos de vinte e quatro horas? – falou baixo pra si.

_Isso é ciúmes? – a pergunta de Hermione saiu mais como uma afirmação.
_Não!

_Está se sentindo ultrapassada?

_Não, não.

_Hum...então não quer ser apenas mais uma?

_É, é mais por aí.

_E não acha muito exagerado fingir uma gravidez? Podia se vingar dando aquela foto dele com o ‘amiguinho’ pra o profeta. Seria o suficiente, não acha?

_Não.

_Sabe, eu sempre quis saber como é ter uma pessoa que faz tudo o que pedimos?

_Não entendi.

Gina respirou fundo e explicou: _Grávida, ele fará tudo que eu quiser e poderei passar uns meses deslumbrantes. E só depois daria a foto pra os jornais que quisessem. Aí sim, seria o suficiente.-disse olhando demoradamente pra as mãos que se encontravam sobre os joelhos.

_E se ele descobrir ou se simplesmente não querer assumir a paternidade?

_ Não diga uma coisa dessas.

_A paternidade não será problema, confia em mim. Já pensei em tudo, em cada detalhe. E ele não descobrirá porque você vai me ajudar né? – Gina pediu.

_Não tenta essa da cara inocente, não me convence.

_Ta...

_E como pensa aumentar o volume?
A ruiva sorriu enquanto segurava a varinha.

_Essa será a arma que me vai ajudar a realizar todos os meus sonhos. - ao ouvir isso Hermione revirou os olhos.



No dia seguinte, o loiro não parava um segundo que fosse. A conversa com Gina estava lhe ocupando a mente.
Com as mãos no bolso da bermuda caminhava de um lado pra o outro na varanda do quarto tentando entender o que havia acontecido nas noites em que estivera com a ruiva.

Tentando aceitar o que aconteceu incluindo a nova posição que viria a ocupar na vida dela, mas não sabia como.
Por breves momentos, desenhou-se-lhe um recatado sorriso enquanto pensava se seria menino ou menina.
Contudo, não sabia se estava pronto pra assumir essa nova posição, mas pelo menos parte dele queria acreditar e aceitar. ‘Seria algo novo.’-pensou pra si mesmo.
Algo pra a qual não estava preparado, porém ter um filho era uma ideia que nunca descartou mas também que não fazia parte de seus objectivos naquela altura.

Andou até a cama, onde se deixou cair. Outra coisa que o deixava intrigado, era a ausência de arrependido. Não estava arrependido, nem um pouco...
Mas porquê? Ser pai do filho de Gina não era algo sobre o qual tivesse tido tempo alguma vez pra reflectir, aliais, ele nunca sequer havia reflectido acerca do que implicava ou como era ser pai.
Ter um filho de Gina, não poderia ser algo assim tão desagradável. ‘Desde que não tenha a personalidade dela’, pensou.

Tinha de admitir, às vezes, era difícil compreendê-la, mas mais difícil ainda seria admitir que a amava. Draco abanou a cabeça a imaginar as gargalhadas sarcásticas que ela daria caso ele se atrevesse a confessar algo do género.

**

Gina estava sentada na sala de Draco, no Ministério, esperando que ele chegasse. Como estava demorando decidiu servir-se de uma bebida que estava lá. Instantes depois, Draco entrou na sala.

_Talvez não devesse beber, afinal está grávida não é? -o loiro advertiu.

_Eh, ainda não me habituei a esse novo conceito. – fala repousando o copo. _Me mandou vir cá porque?

_Pra apreciar o quanto fico atraente de fato. - disse sardónico.

_Esse seu humor mordaz deixa-me encantada. Diga logo, pois ao contrário de você tenho mais que fazer.

_Ok, vamos directo ao assunto. Quer ir morar comigo? - Gina olhou-o espantada. _Eu estou disposto a responsabilizar-me pelos meus actos.

_Nossa, Draco, quem te viu e quem te vê. É só por isso que me fez deslocar até aqui?

_Sim. Mas quer ou não?

_E porque eu aceitaria uma coisa dessas vindo de você?

_Porque tal como referiu ontem, eu sou o pai.

_Hum...

_E além disso não estou preparado pra te ver ingerir álcool durante a gestação.

_ Eu não estava ingerindo álcool. – reclamou Gina afastando-se das garrafas.

_Como não? Nesta sala só tem isso. Eu sinto o cheiro no ar.- disse o loiro espevitando o nariz.

_Então está admitindo que é um bêbado capaz de sentir cheiro de álcool a distância?

_Não!

_Eu só estou te deixando ir lá pra casa porque a cada segundo que passa eu me questiono se você saberá cuidar de um bebé sendo que nem conta de si sabe cuidar.

_E você sabe?

_Não. – respondeu o loiro embaraçado. – Mas é diferente. Você é uma louca imatura.

_Até ontem eu era uma louca original.

_Não se preocupe que não faltam adjectivos pra te caracterizar. Vai se sentir bem lá, te garanto, com direito a tudo de que gosta.

_Aff...pára de pensar que me conhece.

_E conheço. Você é Virgínia Weasley, mais conhecida por Gina, é ruiva, chata, irritante e uma das suas obsessões é tentar me fazer passar vergonhas e talvez, um dia ver o meu fim. Gosta de se comunicar com qualquer cara independemente da língua, ou seja, uma cabeça de vento obstinada e muito sociável que fala sobre tudo. Mas lá no fundo não passa de uma menininha caprichosa. Gosta de vermelho e adora comer maças a seguir ao almoço. O seu humor é muito inconstante. Morre de medo de uma montanha russa, mas não admite. Tal como também não admite que simplesmente me adora. E apanha um choque cada vez que se enche de fast food e depois sobe na balança. Quer que continue? - terminou e olhou pra Gina que provavelmente estaria utilizando todos os tipos de xingando existentes e inexistentes a face da Terra.

_Andou brincando de detective atrás de mim?

_Nem por isso, digamos que tresloucadas como você, não passam despercebidas.

_Ah, e adora assistir a comédias todos os domingos à tarde.

_Eu te odeio, sabe?

_Sei...
**
O moreno apressou-se a retirar as duas malas que trazia consigo. Havia muito barulho tanto da multidão como dos aviões que ora levantavam voo ora chegavam a pista do aeroporto londrino.
Julian bufou aborrecido enquanto se encaminhava pra a saída afim de apanhar um táxi. Olhou em redor desprezivelmente. Como ela, Hermione, poderia ter preferido aquele ambiente que Julian caracterizou no mínimo como ‘enfadonho’ em vez da cidade de Veneza?



Harry estava se olhando no espelho e dando os últimos retoques na gola da camisa. Sentada na poltrona e com uma mão apoiando o queixo, Hermione o observava pacientemente, analisando cada pormenor ou gesto que o moreno executava.

_Nossa...onde terá ido o Harry Potter tímido que conheci a uns anos atrás? -inquiriu-se soltando um longo suspiro e de seguida retirou uma colherada de sorvete que estava numa taça a frente dela, sobre a mesa.

_Aqui, a sua frente, mas numa nova versão.

_Hum...uma nova versão? – inquiriu meia confusa.

_Sim, mais sedutor, cavalheiro, encantador, gentil...enfim tudo de bom e do melhor. – disse aproximando-se dela.

_Contudo, também convencido e arrogante. Tem horas pra chegar hoje?

_Me controlando desde já? Ainda nem sequer nos casamos, Hermione.

_Bobo, não estou te controlando, apenas quero saber se valerá a pena te esperar.

_Ora...ora...agora é a minha vez de perguntar onde terá indo a Hermione Granger que preferia fazer noitadas ao lado dos livros.-disse recebendo uma careta dela.

_Não foi a lado nenhum, ela ainda permanece aqui. E o senhor não fique surpreendido se for trocado uma noite destes por algum livro. - falou em tom sisuda dispensando novamente a atenção à sua taça.

_Sério? Olha que ter Harry Potter não é a mesma coisa que ter um livro.

_Eu sei que não, mas nunca se sabe.

_ Você era capaz disso? - perguntou interessado.

_Não é uma coisa que eu excluiria de todo dos meus planos.

_ Sei...mas ficará acordada a minha espera? -pergunta marotamente próximo ao ouvido dela. – Hermione esboçou uma expressão pensativa e de dúvida obrigando-o a continuar com convicções. - Eu prometo que valerá a pena. Aliais, você sabe que comigo vale sempre a pena esperar.

_Eh mesmo? Tem a certeza. – pronunciou em tom de provocação enquanto se levantava e o enlaçava a volta da nuca.

_A certeza absoluta... – e não teve tempo de dizer mais nada pois no entanto Hermione já o estava beijando o lóbulo esquerdo descendo até ao pescoço onde demorou meros segundos, meros segundos esses que Harry adoraria prolongar. O moreno já estava ficando ruborescido e ansioso, tanto que suas mãos já subiam devagarinho pelas costas dela, em suaves e sensuais movimentos e seus lábios já procuravam os dela e nisso ela virou o rosto. _Então? – perguntou não escondendo a frustração vendo-a empurrá-lo delicadamente.

_Melhor pararmos. - falou sensatamente.

_Não somos adolescentes, Hermione, não vejo o porquê de pararmos.

A morena levou outra colher de sorvete a boca e afirmou: _Talvez o melhor seja mesmo deixar pra mais logo.

_ Me diga, Hermione, como você consegue?

Ela arqueou uma sobrancelha perguntando: _ Como consigo o quê,
Harry?

_Como consegue se controlar, se conter de algo que quer?

Hermione gargalhou e respondeu:
_Nós somos irresistíveis juntos, Harry. Mas você tem de compreender que a vida não acaba em dois dias.

_Mas de qualquer das formas, ela é muito curta na mesma.- redarguiu ele.

_ Eh, e pra além disso não quero amachucar a sua camisa e desarrumar seus cabelos. - desculpou-se dando-lhe as costas. Tinha consciência de que aquele argumento tinha sido inútil, ela fizera de propósito pra que o fosse.

O moreno deixou escapar um gemido de decepção e afirmou: _ Isso não é justificação pra nada, desarrumado fico com ar ainda mais viril, foi o que você falou. - disse encarando-a de perto.

_Eu sei o que falei. E não me olhe desse jeito. - diz Hermione apressada desviando os olhos dos dele.

_Qual jeito? - perguntou enquanto fixava os olhos verdes nos castanhos que mordia constantemente os lábios.

_Esse jeito que você está fazendo agora.

_Está com medo de se render a mim? - perguntou com malícia na voz.

_Aham...mas agora o melhor é ir pra o Ministério senão chegará atrasado pra a sua reunião com o senhor Weasley. – ela advertiu tentando não ceder.

_Posso ligar a adiar pra outro dia, a Lily está dormindo, estamos aqui só nós dois com uma taça de sorvete e sem vontade nenhuma de dormir...

_Como você é desavergonhado. Mesmo com todas essas oportunidades tentadoras, acho melhor você não faltar. Ele disse que estava ansioso pra falar contigo e você prometeu que iria lá, hoje e promessas são promessas, senhor Potter.

_Ok, já que faz tanta questão de se ver livre de mim...

_Sabe de uma coisa, estive pensando no que temos vindo a falar desde Veneza.

_E exactamente em quê? Falamos de tantas coisas.

_De eu e você...um novo começo, a família...e...o casamento.

_Mudou de ideias em relação ao casamento? -perguntou Harry esboçando um sorriso. _Eu sabia!

_Não, nessa parte não. – disse e o sorriso dele murchou.

_Então...

_Pensei no novo começo, na família e concordo plenamente. Podíamos voltar atrás. Voltar ao início, quando tínhamos dado tudo como seguro?

_Mas continua tudo seguro, não tenha dúvida. - disse acarinhando o queixo dela.

_Eu sei que sim e por isso...-ela fez uma pausa e respirou profundamente, de seguida estendeu-lhe a mão e num tom de voz calmo falou: -Prazer, o meu nome é Hermione Granger.

_O prazer é todo meu senhorita, o meu é Harry Potter e fique sabendo que não ficarei totalmente descansado enquanto não a tornar numa Potter.- Harry manteve o tom sério até ela não aguentar mais e começar a rir. Ele abraçou-a e saiu pela porta fora.
Hermione foi até a cozinha buscar mais sorvete quando ouviu a campainha tocar. Foi abrir e foi atacada pela boca de Harry que a beijava de forma apressada e sôfrego. Ele afastou-se e falou: _Esqueci-me de te dar um beijo e dizer que te amo.

_Também eu, mas procura não esquecer mais nada.

_Ok. Até mais. - despediu-se.

Hermione voltou ao sofá onde se aconchegou. Pegou a taça em cima da mesa. Quando ia a ligar tv ouviu novamente a campainha. Teria Harry esquecido algo? Há segundos atrás ele entrara reclamando o beijo que esqueceu de lhe dar. Mal abriu a porta, Hermione foi logo afirmando: _Desse jeito chegará atrasado pra a reunião. Esqueceu outro beijo foi... – começou, porém ao ver quem era parou.
Ao ver quem estava a frente dela o sorriso desvaneceu dando lugar ao embaraço e a baralhação.
Tentou pronunciar algo, mas o som não saía. Era a figura dele que estava ali projectado diante dela? É, ele estava mesmo lá.

_Bem...eu não tenho reunião nenhuma e quanto ao beijo, não me importo de fingir que esqueci dele. – o moreno falou.

Hermione tentou repetidamente dizer algo, mas foi em vão. Entrando, ele pegou na mão dela onde depositou um delicado beijo antes de se servir de uma colher da taça que ela tinha na mão.

_Nossa...Não vai falar nada Hermione? - inquiriu entrando.

_Julian? – perguntou surpresa fechando a porta e dirigindo-se à sala onde este já se tinha acomodado.

_Em pessoa. Quanto tempo né?

_Eh...

_Nunca te conheci mais linda. -elogiou Julian.

_E eu nunca te conheci tão...acomodado. Pelos vistos o seu olho melhorou. -disse assim que decidiu parar de ficar especada e sentar-se numa poltrona.

_Eh, desapareceu uns dias depois de passar gelo, mas não vim aqui pra falar desse infeliz acontecimento e...

_E veio pra quê? -disse após repousar a taça na mesa e se virar pra ele.

_Senti saudades suas e aí resolvi fazer uma visitinha. Estou incomodando alguma coisa? - perguntou avaliando pela expressão dela.

_Não, mas podia ter avisado antes, pelo telefone sabe? - falou tentando ocultar o quanto estava sendo ‘aborrecido’ ou talvez indesejável tê-lo por lá.

_Quis fazer uma surpresa pra você. Não gostou?

_Hum...não, quer dizer nem por isso.

_Pensei que gostaria.

_Eu preferiria era que tivesse avisado antes, só isso. Como descobriu onde eu moro?

_Ora, isso é segredo. Por acaso, o seu...hum... amigo está por cá?

_Qual amigo? – fez-se de desperdiçada.

_Aquele...o pai da sua filha. – disse Julian por fim com algumas falhas na voz.

_O Harry?

_Sim, esse.

_Bem...ele não é apenas um amigo e pai dos meus filhos, sabia?

_Imagino...Onde ele está? -perguntou levantando-se e observando a sala como que esperando que Harry surgisse de algum canto a qualquer momento.

_Fique descansado, Julian. Ele saiu.

_Então quer dizer que ele mora contigo? -perguntou admirado.

_Eh, mora.

_Aff...como pôde ter permitido uma coisa dessas? Ele se acomodou usando argumentos que tem haver com a menina, é tão típico isso.

_Não...

_Deu um de pai saudoso e preocupado, foi isso não foi?

_Não...

_Então...já sei, fez pressão psicológica.

_Não... – Hermione repetiu pela terceira vez.

_Ele te deu alguma poção?

_Não, e pára com essa paranóia. - bradou pondo-se também de pé e fazendo Julian calar-se.

_Ok, desculpa.

_O Harry não está aqui porque me deu poção alguma, e muito menos houve alguma pressão psicológica, aliais isso foi a coisa mais absurda que alguma vez ouvi. O que aconteceu foi que a gente conversou e...

_Não precisa continuar... o que interessa realmente é que a gente está aqui, a frente um do outro...-começa segurando as mãos de Hermione e se aproximando o rosto do dela.
Hermione começou a sentir a respiração de Julian e sentiu-se aterrada, mirou os lábios de Julian que já vinham em sua direcção e soltou as mãos das deles.

_O que é isso Julian? O que você pensa que está fazendo? – retruquiu ela, sem o mínimo de contentamento na voz.

_Calma Hermione. – sussurrou ele perto dela. – Só quero olhar melhor pra essas fotos aí.
A cada palavra dele, a morena podia sentir o corpo dele pressionando-a ligeiramente cada vez mais.
Ela olhou pra atrás e viu as fotos que Julian usara como desculpa pra se chegar ainda mais perto dela, numa tentativa de a provocar.

_Julian saí, está me apertando. -reclamou.

_Oh, desculpe não notei. -fala descolando-se dela, todavia continuava a frente dela não dando espaço pra fazer o que quer que fosse a não ser parar respirar.

Julian fitou novamente, porém esta vez ele estava sério e nos olhos cor de avelã, Hermione pode ver algo que não tinha antes. Seria desejo? Ela sabia do que se tratava e decidiu ignorar. Julian começou a acariciar a face dela com o polegar.

_Se voltar a olhar assim pra mim, juro que te deixo mais roxo e tão de pressa não sairá de um hospital. E não me refiro a um simples soco no olho. -falou brava e Julian pode ver a mão direita fechada num punho.

_Ok, vejo que não está nos seus melhores dias. – diz afastando-se.

_E visto que não estou nos meus melhores dias eu sugeria que fosse embora...

– Você não entende Hermione… – falou um tanto exasperado.

_Não entendo o quê? - bufou no mesmo tom.

– Que eu estou apaixonado por você. - declarou por fim.

_Ta, agora pode sair?

_Não vai responder?

_Garanto que não irá gostar da resposta que tenho pra dar...

_Quer casar comigo? - interrompeu impaciente.

Hermione parou por uns segundos pra raciocinar, o que seria que Julian teria tomado que o estava deixando tão fora de si?

_Não vai dizer nada? -inquiriu confuso. O ritmo cardíaco tal como a sua ansiedade aceleraram desvairadamente. Os segundos que ela estava ali calada estavam o deixando desesperado e de uma certa forma também esperançado.

Hermione mirou-o mais uma vez e decidiu então ser directa. – Mas eu não. Desculpa Julian, mas não estou apaixonada por você e tão pouco me casaria contigo. Eu e Harry estamos juntos e eu amo ele.

– Me dê uma chance. – agarrou-lhe as mãos. – Por favor!

– Por Merlin, você não me ouviu? – Hermione revirou os olhos soltando-se das mãos dele.

– Então...-Julian disse caminhando de um lado pra o outro._Ele não precisa saber que a gen…

– O QUÊ? Enlouqueceu? O que tomou antes de vir me chatear?

_Nada, como estava dizendo ele não precisaria...

_Está sugerindo que o traía? – questionou claramente fria com os olhos perfurando o homem a sua frente.

_Calma, me deixa explicar.

_Julian saí daqui e pra o seu bem, espero que não volte a aparecer. -diz abrindo a porta pra ele sair.

continua


N/A_Capítulo novo!!!!Não deu pra postar mais cedo porque estou sem net por enquanto, o que dificulta um pouco a postagem dos capts. Era suposto que a fic terminasse no próximo capt, mas terá mais um capt devido à DG, a propósito que acharam do plano da Gina?!? Bjs

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