Desencontros
Três dias depois da Lua cheia, Remus partiu para a Albânia pela rede internacional de Flu. O motivo oficial de sua viajem era uma pesquisa sobre DCAT que estaria fazendo para Hogwarts. Ele deveria se apresentar ao departamento de regulação e controle das criaturas mágicas do Ministério de lá e caso fosse ficar até a próxima Lua cheia deveria renovar sua autorização de permanência. Por medida de segurança se comunicaria apenas com Dumbledore e raramente.
Tonks também esteve muito ocupada, como era uma das mais novas no Departamento sempre ficava com os serviços mais trabalhosos e enfadonhos. Ela não se arriscava a enviar cartas a Sírius, mas estava preocupada com o primo.
As investigações realizadas por Remus demoraram mais que o previsto e ele só retornou próximo ao natal. Assim que chegou mandou uma coruja a Dumbledore e outra a Sírius querendo um encontro com ambos.
Ainda resistiu por dois dias, mas no terceiro enviou um bilhete a Tonks dizendo apenas que estava de volta e bem.
Ele não queria aceitar, mas não conseguia mais fugir do óbvio. Nesses últimos dois meses não houve um só dia em que ele não pensasse em Nimphadora Tonks. E mesmo quando conseguia controlar os pensamentos durante o dia a jovem aparecia em seus sonhos. Ele ainda tentava se convencer de que havia passado muito tempo sozinho e que ela era uma grande amiga, mas estava ficando cada vez mais difícil de acreditar em tal desculpa.
Naquela mesma noite Tonks apareceu no apartamento dele. Assim que ele abriu a porta ela o abraçou com força.
-- Ah, que bom que você está bem!! – Disse com alívio – Fiquei tão preocupada! – a voz dela estava abafada, pois se encontrava muito próxima do colarinho da camisa dele.
Remus sentiu um arrepio passar por seu corpo quando o hálito quente dela acariciou seu pescoço. Automaticamente ele a abraçou pela cintura. Ela afastou-se apenas o suficiente para olhá-lo. Seu sorriso era de felicidade. O coração do maroto perdeu um compasso.
-- Tive medo de que algo ruim acontecesse e nós não tivéssemos como saber e como te ajudar.
-- Não precisava se preocupar tanto, Nim.... Tonks! – passou a mão pelo rosto dela e sorriu tranqüilizador – Eu estou bem e mantive contato com Dumbledore com alguma freqüência.
Algo o impedia de soltar a cintura e se afastar dela. Ele estava se sentindo feliz de vê-la ali tão preocupada com ele. Porque afinal havia resistido tanto em avisar a ela que havia voltado, ele estava louco de saudades!
Ele a olhou novamente, ela estava tão linda! Os olhos brilhantes. Os lábios rosados naquele sorriso que sempre surgia na mente dele o deixando mais leve. Desviou o olhar para eles e desejou beijá-los. Por segundos ele quis esquecer quem era, esquecer sua maldição e mandar tudo para o inferno. Quis apenas beijar Nimphadora.
Então a realidade o atropelou, ele estava apaixonado! E por Tonks. Ele Remus Lupin, apaixonado! E por ninguém menos que a prima de seu melhor amigo, dezesseis anos mais nova que ele e auror.
Ele soltou a cintura dela e tentou se afastar lentamente. Quando achou que ela não estava prestando atenção respirou fundo tentando controlar suas emoções.
****************************** Flashback********************************
Remus havia se tornado lobisomem ainda quando criança. Ele era sensível e romântico, em nada se parecia com seus amigos Sírius e James. Tornou-se um adolescente tímido e introvertido, convencendo-se que nunca poderia ter uma vida afetiva normal. Nenhuma garota aceitaria namorar um lobisomem, por outro lado não suportava a idéia de mentir para alguém de quem gostasse.
Quando os marotos descobriram seu segredo e o aceitaram ele criou a ilusão de que talvez pudesse ter uma vida normal.
Finalmente quando estava no sexto ano se apaixonou por uma colega. Eles começaram a namorar, mas como havia imaginado se sentia muito mal de mentir para ela nas noites de lua cheia. Apos três meses ele decidiu contar a ela seu segredo.
A reação da moça foi a pior possível! Ela ficou apavorada, saiu correndo da sala onde estavam conversando. Para sorte de Remus a garota foi imediatamente procurar a Prof. McGonagal. O rapaz foi atrás de Dumbledore e eles a encontraram na sala da professora, no entanto a namorada estava tão apavorada que o Diretor não teve outra alternativa a não ser lançar um “obliviate” nela.
Remus ficou muito magoado, no dia seguinte inventou um motivo e terminou o namoro.
Este episódio serviu para ele ver a realidade e aceitar que nunca teria uma vida normal. Durante os últimos anos de escola ele agiu como Sírius e James, ficava com algumas colegas, mas nada sério, não se envolvia de verdade.
Nunca mais se permitiu outra paixão. Depois de adulto havia tido breves namoros. Ele tinha medo de ser rejeitado e de magoar alguém de quem gostasse de verdade. O relacionamento mais longo que teve foi com uma moça que também era Lobisomem, mas nunca a amou. Quando ela morreu Remus convenceu-se de que o amor não era para ele.
******************************* Fim do Flashback*************************
De alguma forma Tonks deslizou por baixo das defesas criadas por ele e conquistou o coração de Remus. Tantas coisas passavam pela cabeça dele e com uma velocidade incrível. Ele estava atordoado com a percepção do sentimento que tinha por Tonks, mas sabia que não podia deixá-la perceber. A fez sentar no sofá e sentou-se na poltrona afastado dela. Tentou não pensar no redemoinho de sentimentos e manter uma conversa normal.
Ele conseguiu manter o controle. Contou-lhe sobre suas descobertas e expressou sua preocupação sobre Harry estar competindo no Torneio Tribruxo.
Ela ainda estava lá quando chegou a coruja de Dumbledore marcando um encontro para dali a dois dias. Tonks tentou convencê-lo a levá-la, mas ele se negou. Combinaram que ela retornaria no dia seguinte ao encontro para ele lhe contar as novidades.
Quando a Auror se foi Remus estava exausto pelo esforço de não demonstrar seus sentimentos. Mas algo o estava preocupando, a menos que ele estivesse muito enganado, Tonks também estava se apaixonando por ele. Em todos esses anos “fugindo” do amor ele havia aprendido a reconhecer quando os sentimentos de uma mulher estavam ultrapassando o limite seguro da amizade.
Do fundo de sua cabeça vinha uma voz igual a de Sírius que dizia “Mas ela sabe sobre você! Ela não vai se assustar”.
Não! Ele não podia. Ele deveria afastá-la, ela merecia alguém melhor! – uma lágrima correu por sua face – Ela não era para ele!
Remus levantou-se e seguiu para seu quarto, estava muito cansado. Em outro momento pensaria em como protegê-la.
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No dia e hora marcados Remus encontrou-se com Dumbledore e Sírius. Contou-lhes que Berta Jorkins chegou à Albânia, alguns dias depois saiu para um passeio com uma outra pessoa e simplesmente não retornou. Ele não conseguiu uma boa descrição desse acompanhante, apenas sabiam que era um homem.
Ele entrou em contato com os lobisomens da região, mas tudo que descobriu foi que havia um lugar no coração da floreta que os animais evitavam. Ele foi até lá, mas não encontrou nada.
Remus retornou a Londres com uma única preocupação: Tonks. Ela retornaria no dia seguinte e ele apesar de saber o que deveria fazer não sabia se teria forças. Demorou muito para dormir naquela noite e quando finalmente conseguiu teve pesadelos.
O encontro foi melhor do que ele poderia sonhar. Apesar de cansado conseguiu disfarçar bem sua recém-descoberta paixão.
Tonks convidou Remus para passar a noite de ano novo com ela, mas ele não aceitou lhe dando respostas evasivas e uma desculpa esfarrapada. Teve certeza de ver a decepção nos olhos dela, mas se convenceu de que era melhor assim.
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Ano novo, vida nova!! E com o início do novo ano Remus conseguiu um emprego. Já havia passado por duas luas cheias e ainda estava nele, isso era quase um recorde.
Estavam no final do mês de março, o início de primavera já deixava as pessoas mais alegres. Aquele final de tarde de sábado estava especialmente bonito e Remus acabava de sair do trabalho quando viu Tonks e um rapaz andando um pouco a frente dele. O casal conversava entretido e com o Beco Diagonal cheio ele conseguiu passar despercebido. Quase sem perceber os seguiu, porém quando eles entraram em uma pequena rua menos movimentada, Remus lançou um feitiço de desilusão em si e ficou próximo a esquina.
Ele agia por instinto, mas sua razão começava a lhe perturbar. “O que você está fazendo Remus Lupin? Seguindo Tonks? Você não vai gostar de ver o encontro deles!”
Assim que o casal entrou na ruela, Tonks se dirigiu ao rapaz e ela parecia estar com raiva.
-- Steve, você já esta me irritando! Já lhe disse que não vou dizer aonde vou!
-- Droga, Tonks! Você é ou não minha namorada? – Ele também estava muito irritado.
-- Posso ser sua namorada – bufou – mas não sou sua propriedade! E não tenho que lhe dar satisfações de tudo que faço! – Então respirou fundo, fechou os olhos por alguns segundos. Parecia estar tentando retomar o controle. Falou um pouco mais calma – Olhe Steve, quando nós decidimos voltar, combinamos que não haveria mais mentiras. Eu não vou mentir! Vou ver uma pessoa, mas não vou te dizer quem é – elevou um pouco o tom de voz.
Steve continuava irritado, mas sorriu sarcástico.
-- Você quer que eu acredite que vai fazer uma visita de caridade num sábado a noite?!! – Ele segurou o braço dela com força.
Remus teve ímpeto de puxar o cara para longe de Tonks, mas controlou-se a tempo.
-- Solte o meu braço, Steve! – falou baixo com um olhar assustador.
Ele soltou rapidamente e passou a mão nos cabelos parecendo nervoso.
-- Não quero que você acredite em nada! – ela continuou – Eu disse que estava cansada para sair hoje à noite, mas que ia aproveitar para fazer algo que estive sem tempo nos últimos meses.
-- Ou seja, você vai se encontrar com alguém, não quer me dizer quem, e acha que eu tenho que ficar feliz com isto, Tonks?!! – Ele voltou a elevar a voz – Que espécie de idiota você acha que eu sou?
-- Deixe de ser paranóico! Do jeito que você esta falando até parece que eu... – Ela parou de falar e estreitou os olhos.
Remus pensou que nunca havia visto Tonks tão ameaçadora.
Quando falou sua voz era baixa e carregada de raiva.
-- Que tipo de mulher você acha que eu sou?! – Se afastou um pouco dele, balançou a mão completando – Não! Não responda! Eu não preciso ouvir isso! – Olhou-o novamente e seu olhar irradiava uma frieza que não deixava dúvidas em relação ao seu parentesco com Bellatrix Lestrange – Se você pensa tão mal de mim, não sei por que estou aqui perdendo meu tempo. Não irei mais me preocupar em explicar nada a você, Steve. A nossa história termina aqui. Adeus!
Ela não esperou ele dizer mais nada, em um giro desaparatou.
Remus foi pego de surpresa pelo fim brusco da discussão, mas ainda pode ouvir o rapaz dizer para o lugar onde a moça estivera um segundo antes:
-- Você me paga Nimphadora Tonks! Eu vou descobrir quem é ele e porque você o esconde. – Em seguida desaparatou também.
Remus ficou preocupado com a ameaça do rapaz. No fundo de seu coração ele sabia que essa pessoa que Tonks escondia era ele. Ela já havia feito isso antes, mentiu para o namorado para poder ir ao encontro dele. Não da forma como o tal Steve estava insinuando, mas a verdade era esta! Ele estava novamente atrapalhando a vida daqueles que se importavam com ele. Teria que dar um jeito de avisá-la sobre a raiva do ex-namorado.
Ele desaparatou para o beco próximo ao seu apartamento.
Levou um grande susto quando encontrou Tonks sentada no chão em frente a sua porta. Ela nem se dera ao trabalho de se disfarçar. Remus percebeu que ela tinha os olhos úmidos, mas não chorava.
-- Eu decidi esperar um pouco para ver se você chegava – disse ficando de pé – Mas não quero te incomodar! Se você tiver algum compromisso....
-- Você não incomoda nunca – interrompeu-a. – Sem compromissos para hoje – disse sorrindo para tentar disfarçar a surpresa e a alegria de vê-la ali.
Abriu porta e os dois entraram. Era óbvio que ela ainda estava abalada pela discussão, mas Remus não podia dizer-lhe de repente que havia presenciado tudo.
-- Você está bem? – Ela concordou com a cabeça e lhe deu um breve sorriso.
Remus percebeu que ela segurava o choro. Vê-la assim lhe cortava o coração. Ele sabia que iria sofrer muito por estar se aproximando tanto dela.
-- Vamos me conte o que aconteceu! – disse abraçando a moça e acariciando seus cabelos.
-- Tive uma briga com o idiota do Steve. Droga, Remus! Eu não sei por que aceitei reatar com ele. – então ela baixou muito a voz e parecia que seus pensamentos haviam simplesmente escapado – O pior é que você sabe sua burra! – recriminou-se.
Remus pode ouvir. Respirou fundo. Era óbvio que ela não era para ele. Já havia se passado quase três meses desde o último encontro deles quando achou que ela estava apaixonada por ele. Se nesse tempo ela havia decidido voltar com o ex-namorado devia ser porque gostava dele e Remus iria ajudá-la, por mais que isso fosse destruí-lo.
-- Talvez você tenha voltado porque gosta dele. Que tal esse motivo? – Deu-lhe um breve sorriso. Seu coração doía, sabia que a estava jogando nos braços do outro.
Ela lhe sorriu e soltando-se dos braços dele virou-se um pouco de costas.
-- Nunca gostei de Steve, não dessa forma – A voz dela estava tranqüila – Ele parecia um cara legal, gostava dele como um amigo – deu de ombros – Mas depois de hoje não quero vê-lo tão cedo – terminou com um pouco de raiva.
Remus ficou pasmo. Ele até achava que ela deveria estar com raiva do ex-namorado pela forma com que ele segurou seu braço e pelas insinuações grosseiras que havia feito. Só que não esperava ouvi-la assumir com tanta naturalidade que não era apaixonada por ele. Antes que pudesse dizer qualquer coisa ela virou-se novamente para ele e perguntou:
-- Você tem namorada?
A pergunta foi tão inesperada que ele respondeu sem pensar.
-- Não! – então se recuperando, completou – mas não é de mim que estamos falando. É de você e Steve – Falou cansado.
-- Não quero falar mais nada sobre ele! A nossa estória acabou! Fim! The End! – sentou-se e então o chamou para sentar-se ao seu lado. – Porque você não tem namorada, Remus?
De repente Tonks pensou que na verdade nunca o havia visto com ninguém, ele também nunca havia mencionado uma namorada, ela é que havia suposto que um cara como ele não ficaria sozinho. Bom se ele não estava com ninguém e ela havia mandado Steve plantar batatas....
-- Porque a pessoa certa não está disponível! – respondeu novamente pego de surpresa.
Ela riu e ele sentou-se ao lado dela lhe devolvendo o sorriso.
-- Certo! Foi uma maneira horrível de me expressar. O que quis dizer e que
às vezes gostamos de uma pessoa, mas não podemos ficar com ela, então....
-- É melhor ficar sozinho – ela completou ainda sorrindo – Pois é eu devia ter pensado assim. Foi um erro ter voltado com ele. Devia ter dado mais atenção ao ditado trouxa que o meu pai sempre diz “antes só do que mal acompanhado”.
-- É uma boa dica – disse sorrindo novamente, mas parou de falar, pois ela havia ficado séria e o olhava com tanta intensidade que ele achou que seu coração ia parar.
-- O que se faz quando nos apaixonamos e não sabemos o que o outro sente? – perguntou sem desviar seus olhos dos dele.
Sem saber como, pois sua boca estava seca e seu coração batia tão alto e acelerado que ele achou que ela ouvia, ele respondeu.
-- Você tem que descobrir o que ele sente! – não conseguia desviar os olhos dela.
Ela sorriu brevemente e se aproximou beijando-o.
Remus sabia que não devia ceder aquela tentação. Não, ele não devia! Mas há tanto tempo que sonhava em beijá-la que não quis resistir. Pelo menos uma vez na vida Remus Lupin deixou de ser racional e não pensou nas conseqüências. Pensou apenas nele, em Tonks e no maravilhoso momento que viviam.
Ele passou as mãos pela cintura dela, colando o corpo dela ao seu. Ela o abraçou pelo pescoço e aprofundou o beijo. Remus sentia descargas elétricas descerem por sua espinha. Aquele beijo era melhor do que qualquer sonho que ele pudesse ter tido.
Ela entrou com uma mão pelo cabelo dele enquanto com a outra acariciou suas costas. Ele manteve-a próxima com um dos braços e a outra mão acariciou o corpo jovem. Ela suspirou ao toque e ele percebeu o quanto aquilo o excitava.
Antes que perdesse todo o controle ele interrompeu o beijo. Tonks não percebeu a luta interna daquele maroto.
-- Agora que já sei o que ele sente; o que faço? – sorriu inocente.
Mas Remus precisava voltar a ser racional. Não podia se deixar levar. Ele sabia que se continuassem ela terminaria em seu quarto. E apesar de no momento o seu maior desejo fosse fazer amor com Tonks, ele não podia. Ele tinha que afastá-la, sabia que iria sofrer muito quando ela se decepcionasse com o que ele era e com o pouco que tinha para oferecer a ela e fosse embora.
Levantou-se do sofá, pensando em como dizer à moça que qualquer coisa entre eles não daria certo. Ela achava que estava apaixonada por ele, mas não podia ser. Era melhor que terminassem tudo antes que ela tivesse do que se arrepender. Ele a amava demais deveria protegê-la dele!
-- Tonks, isso não deveria ter acontecido. Nos não podemos. – tentou manter a voz calma e controlada.
Apesar da reação dele ter sido muito semelhante à de Sírius, Tonks sentiu-se diferente. Sentiu-se rejeitada.
-- Porque não Remus?! – Ela sentiu um aperto doloroso no coração.
Tinha certeza de que estava completamente apaixonada por ele, como nunca estivera por ninguém, mas ele não parecia sentir o mesmo.
-- A não ser que... – fechou os olhos e respirou fundo para controlar as lágrimas.
Não conseguia nem sentir raiva dele, ela o havia beijado, era óbvio que se ele não tivesse interrompido o beijo as coisas iriam evoluir. Remus era um homem íntegro, não a levaria para cama estando apaixonado por outra, pois estava claro que ele estava apaixonado, Tonks achou que fosse por ela, mas agora via que estava enganada.
-- Desculpe Remus. Acho que andei confundido as coisas – Levantou-se rápido. Precisava sair dali, não queria que ele a visse chorando ou tivesse pena dela.
Ele percebeu as mudanças em Nimphadora. “Ela está achando que eu não gosto dela! Por Merlin! Ela é tudo o que eu quero! E não posso deixá-la ir magoada!!”
-- Não! Espere Tonks – Ele se pôs entre ela e a porta da rua impedindo que ela fosse antes que ele se explicasse. – Olhe para mim, Tonks! Veja quem eu sou! O QUE eu sou!
Ela não pode mais segurar as lágrimas. Não estava entendendo o que ele queria com aquilo. Ela o amava e ele não, tinha que sair logo dali. Sair antes que fizesse mais uma besteira.
-- Tonks – falou mais calmo – Você merece alguém melhor que eu, alguém mais jovem, alguém.... – deu um suspiro, seu coração doía por estar empurrando ela para longe dele. Baixou a voz – ...normal!
Ela finalmente entendeu, ele estava tentando provar a ela que não era digno de seu amor. Tentando mostrar que ela estava enganada em achar que estava apaixonada por ele. Seu coração se apertou. Ela passou a mão pelo rosto dele, tentou sorrir, mas naquela situação foi impossível.
-- Não precisa se diminuir para me consolar, Remus. Existem coisas com as quais temos que aprender a lidar. Eu me apaixonei por você e infelizmente – suspirou – não é recíproco. – Ela respirou fundo para tentar controlar as lágrimas – Você é um cara incrível, sabia? Não vai ser fácil, mas eu vou superar isso. – A voz dela quase sumiu.
O desejo de Remus era abraçá-la dizer que também estava apaixonado. Beijar novamente aqueles lábios macios e dizer que ela era muito mais do qualquer sonho que ele tivesse tido.
Ele sentiu que ela retirava a mão de seu rosto.
-- Eu vou ficar bem. Espero que essa minha atitude impulsiva não estrague a nossa amizade.
Passou por ele e saiu. Remus estava paralisado e só saiu do transe quando ouviu a porta bater. Ainda correu, mas ela já havia desaparatado.
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Ted e Andrômeda estavam sentados na sala assistindo um filme na televisão quando a porta da frente abriu e fechou com um estrondo. Nimphadora passou feito uma bala.
O casal trocou um olhar e Andie foi atrás da filha. Encontrou-a sentada na cama, com as luzes apagadas e olhando um ponto fixo do outro lado do quarto. Ela não se moveu nem quando a mãe entrou, fechou a porta e sentou-se ao seu lado.
-- O que houve Nimphadora? – perguntou numa voz calma.
Tonks ainda permaneceu em silêncio por um tempo.
-- Eu sou uma burra, mãe! Porque eu achei que um cara como ele ia querer algo comigo? – as lágrimas continuavam a correr livremente por sua face.
-- Você está falando de Remus? – Andrômeda já havia percebido o interesse de sua filha em Lupin, mas nunca haviam falado sobre isso.
A moça concordou com a cabeça.
-- Ele deve me achar uma boba infantil. Sei lá!
A mãe a abraçou e falou baixinho e acariciando os cabelos da jovem.
-- Me conte o que aconteceu! Quem sabe uma visão imparcial ajude.
-- Ah, mãe desde o natal que eu percebi que estava afim dele.
Andrômeda olhou-a interrogativa, a filha nunca foi de ficar esperando homem nenhum tomar a iniciativa. E se ela já estava interessada em Remus há quase três meses porque havia voltado a namorar aquele tal Steve.
-- Eu achava que ele tinha uma namorada, sei lá ele sempre foi tão na dele. Chamei-o para ir a festa de ano novo comigo, mas ele me deu uma desculpa, eu percebi que ele estava desconfortável, parecia que queria me manter longe. – ela chorou mais.
-- Remus é tão educado que imaginei que ele não estava querendo ser grosseiro, achei melhor me afastar um pouco. – suspirou.
Andrômeda nunca tinha visto a filha assim por nenhum de seus namorados.
-- Tinha decidido ir vê-lo hoje, terminei tendo uma discussão com Steve. – respirou irritada – Fui para casa de Remus. – Abraçou a mãe – Ah droga! Você sabe como eu sou, perguntei na lata se ele tinha alguém.
A mãe arregalou os olhos, mas teve vontade de rir, a filha sempre havia sido impetuosa e incontrolável.
-- Ele disse que não, então eu o beijei.
Andie ainda não tinha entendido o que teria dado errado.
-- E ele?!
-- Pois isso é que está estranho! – falou um pouco pensativa – parecia que ele estava gostando, mas depois – ela voltou a chorar – Disse que era errado, que não devíamos!
Tonks sorriu brevemente.
-- Parecia um pouco com Sírius quando eu o beijei na Grécia, mas com Remus é diferente, mãe! Eu vi nos olhos dele, ele está apaixonado, eu achei que era por mim – os olhos marejaram. – Oh Deus! E ele é tão perfeito. – as lágrimas rolaram.
Andrômeda teve vontade de chorar ao ver como sua filha estava sofrendo.
-- Ficou tentando justificar que ele não era bom o suficiente para mim! Vê se pode! – abraçou novamente sua mãe.
Dessa forma Nimphadora não pode ver o entendimento que passava pelo rosto da Sra. Tonks. Ela estava muito envolvida com a situação para entender, mas Andrômeda havia percebido exatamente o porquê da reação de Remus. O coração e a ética dos Grifinórios. Ele deveria estar apaixonado por ela desde antes do natal e provavelmente por isso tentou afastá-la, hoje quando ela o beijou, ele aceitou para em seguida perceber o quanto era impróprio e por isso novamente a afastou. Andrômeda não poderia esperar nada menos de um Grifinório, ele era bem mais velho que sua filha, o melhor amigo do primo desta e um lobisomem. Sem a menor dúvida ele não era o sonho de namorado para a filha de ninguém! E ele tinha consciência disto. Mas ela não tinha dúvidas de que Nimphadora o amava e sendo assim ele era o melhor para ela e Andie iria ficar ao lado deles.
Perdida em seus pensamentos não percebeu que a filha havia parado de chorar e adormecido abraçada a ela como fazia quando era apenas uma garotinha.
Colocou-a deitada e a cobriu, falou baixinho enquanto acariciava os cabelos coloridos:
-- Vamos esperar alguns dias, se ele não a procurar eu vou ter uma conversinha com o Sr. Lupin.
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Olá Julie Tonks, Marcela Almeida e 'Kyra*Black - Eu já coloquei esse capítulo na FF.net há mais de uma semana, mas a F&B estava fora do ar. Espero que vcs continuem acompanhando a minha Fic.
Esses dois realmente são muito enrolados, mas está chegando a hora deles...
Um beijão para todos
Diana Black
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